quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Estudo do livro Nosso Lar


PROBLEMA DE ALIMENTAÇÃO


O estudo do capítulo 9 tem como informações gerais:
1) Personagem: André Luiz, Lísias
2) Temas:
·         Respiração e absorção de princípios vitais à atmosfera.
·         Organização do ambiente
Ministérios:
Ø  Elevação
Ø  Esclarecimento;
Ø  Regeneração (recebia alimento)
Ø  União Divina
Ø  Auxílio (recebia alimento)
Ø  Economia

9
“PROBLEMA DE ALIMENTAÇÃO
Enlevado na visão dos jardins prodigiosos, pedi ao dedicado enfermeiro para descansar alguns minutos num banco próximo. Lísias anuiu de bom grado.
Agradável sensação de paz me felicitava o espírito. Caprichosos repuxos de água colorida ziguezagueavam no ar, formando figuras encantadoras.”

Mãe natureza, és bela e formosa em todo e qualquer canto universal! E a paz que transmite?! Só quem tem os olhos de ver consegue senti-la.
Ah! Não se pode esquecer-se da água: água colorida?! Sim. Água colorida. Quem nunca conseguiu apreciar os diferentes contornos formosos realizados por esta benção divina?!

“- Quem observa esta colmeia imensa de serviço - ponderei - é induzido a examinar numerosos problemas. E o abastecimento? Não tenho notícia de um Ministério da Economia...
- Antigamente - explicou o paciente interlocutor - os serviços dessa natureza assumiam feição mais destacada. Deliberou, porém, o atual Governador atenuar todas as expressões de vida que nos recordassem os fenômenos puramente materiais.”

Este capítulo traz explicações detalhadas a respeito de cada unidade assistencial da colônia; e, o primeiro apontamento realizado foi referente ao Ministério da Economia, cujo órgão somente pertence aos planos de quem se encontra encarnado.
 “As atividades de abastecimento ficaram, assim, reduzidas a simples serviço de distribuição, sob o controle direto da Governadoria. Aliás, a providência constitui medida das mais benéficas. Rezam os anais que a colônia, há um século, lutava com extremas dificuldades para adaptar os habitantes às leis da simplicidade. Muitos recém-chegados ao "Nosso Lar" duplicavam exigências. Queriam mesas lautas, bebidas excitantes, dilatando velhos vícios terrenos. Apenas o Ministério da União Divina ficou imune de tais abusos, pelas características que lhe são próprias; no entanto, os demais viviam sobrecarregados de angustiosos problemas dessa ordem.”

Para cada espaço, seja no plano dos desencarnados ou dos encarnados, há um tempo de adequação as normas vigentes da localização onde se começa a fazer parte; e, isso não foi diferente no início da formação de mais uma morada na casa do Pai, ou seja, na colônia conhecida como Nosso Lar.

“O Governador atual, todavia, não poupou esforços. Tão logo assumiu obrigações administrativas, adotou providências justas. Antigos missionários, daqui, puseram-me ao corrente de curiosos acontecimentos. Disseram-me que, a pedido da Governadoria, vieram duzentos instrutores de uma esfera muito elevada, a fim de espalharem novos conhecimentos, relativos à ciência da respiração e da absorção de princípios vitais da atmosfera. Realizaram-se assembleias numerosas. Alguns colaboradores técnicos de "Nosso Lar" manifestavam-se contrários, alegando que a cidade é de transição e que não seria justo, nem possível, desambientar imediatamente os homens desencarnados, mediante exigências desse teor, sem grave perigo para suas organizações espirituais. O Governador, contudo, não desanimou.”

Apesar de tudo, ninguém está desamparado; e, neste caso, por alguém com mais experiência, - que, no caso, o Governador Geral -, destreza e, acima de tudo, com muito amor a fim de saber agir de maneira a não prejudicar os procedimentos organizacionais desta “cidade de transição”; e, isso tudo, foi realizado com o maior desprendimento e sem escusar quaisquer empreendimentos, inclusive solicitar o auxílio de outros irmãos a fim de se manter a ordem e o cumprimento das regras necessárias para evolução e o bem estar de todos os habitantes da morada celestial.

“Prosseguiram as reuniões, providências e atividades, durante trinta anos consecutivos. Algumas entidades eminentes chegaram a formular protestos de caráter público, reclamando. Por mais de dez vezes, o Ministério do Auxílio esteve superlotado de enfermos, onde se confessavam vítimas do novo sistema de alimentação deficiente. Nesses períodos, os opositores da redução multiplicavam acusações. O Governador, porém, jamais castigou alguém. Convocava os adversários da medida a palácio e expunha-lhes, paternalmente, os projetos e finalidades do regime; destacava a superioridade dos métodos de espiritualização, facilitava aos mais rebeldes inimigos do novo processo variadas excursões de estudo, em planos mais elevados que o nosso, ganhando, assim, maior número de adeptos.”

Sem preocupação com o tempo, o administrador geral de Nosso Lar soube gerenciar o ambiente e os irmãos com carinho paternal característico.

“Ante pausa mais longa, reclamei, interessado:
- Continue, por favor, meu caro Lísias. Como terminou a luta edificante?
- Depois de vinte e um anos de perseverantes demonstrações, por parte da Governadoria, aderiu o Ministério da Elevação, passando a abastecer-se apenas do indispensável.”

Com paciência, a ordem e a disciplina foram instauradas permitindo a Governadoria organizar e adequar melhor a necessidade apropriada para cada órgão.

“O mesmo não aconteceu com o Ministério do Esclarecimento, que demorou muito a assumir compromisso, em vista dos numerosos espíritos dedicados às ciências matemáticas, que ali trabalham. Eram eles os mais teimosos adversários. Mecanizados nos processos de proteínas e carboidratos, imprescindíveis aos veículos físicos, não cediam terreno nas concepções correspondentes daqui.”

Apesar de tudo, obstáculos apareceram por parte de alguns irmãos, - ligados, ainda, ao plano material -; contudo, o tempo é um recurso em que a paciência e a serenidade trabalham em conjunto para o bem estar de todos.


“Semanalmente, enviavam ao Governador longas observações e advertências, repletas de análises e numerações, atingindo, por vezes, a imprudência. O velho governante, contudo, nunca agiu por si só. Requisitou assistência de nobres mentores, que nos orientam através do Ministério da União Divina, e jamais deixou o menor boletim de esclarecimento sem exame minucioso. Enquanto argumentavam os cientistas e a Governadoria contemporizava, formaram-se perigosos distúrbios no antigo Departamento de cooperadores do Esclarecimento, os espíritos menos elevados que ali se recolhiam entregaram-se a condenáveis manifestações.”

O que falar deste parágrafo? A União faz a força; e, o amor é a chave  que direciona o melhor caminho para a paz .

 “Tudo isso provocou enormes cisões nos órgãos coletivos de "Nosso Lar", dando ensejo a perigoso assalto das multidões obscuras do Umbral, que tentaram invadir a cidade, aproveitando brechas nos serviços de Regeneração, onde grande número de colaboradores entretinha certo intercâmbio clandestino, em virtude dos vícios de alimentação. Dado o alarme, o Governador não se perturbou. Terríveis ameaças pairavam sobre todos.”

Com a mente desorientada, abriu-se a brecha para que as pedras e os espinhos machucassem todos que estivessem invigilantes.

 “Ele, porém, solicitou audiência ao da União Divina e, depois de ouvir o nosso mais alto Conselho, mandou fechar provisoriamente o Ministério da Comunicação, determinou funcionassem todos os calabouços da Regeneração, para isolamento dos recalcitrantes, advertiu o Ministério do Esclarecimento, cujas impertinências suportou mais de trinta anos consecutivos, proibiu temporariamente os auxílios às regiões inferiores, e, pela primeira vez na sua administração, mandou ligar as baterias elétricas das muralhas da cidade, para emissão de dardos magnéticos a serviço da defesa comum. Não houve combate, nem ofensiva da colônia, mas resistência resoluta. Por mais de seis meses, os serviços de alimentação, em "Nosso Lar", foram reduzidos à inalação de princípios vitais da atmosfera, através da respiração, e água misturada a elementos solares, elétricos e magnéticos.”

Assim como os encarnados, os desencarnados, - sejam eles evoluídos ou não -, recebem auxílio; e, se for necessário procedimentos rígidos para que a ordem e a disciplina se tornem fatores de bem estar para o bem geral de todos os habitantes.

“A colônia ficou, então, sabendo o que vem a ser a indignação do espírito manso e justo. Findo o período mais agudo, a Governadoria estava vitoriosa. O próprio Ministério do Esclarecimento reconheceu o erro e cooperou nos trabalhos de reajustamento. Houve, nesse comenos, regozijo público e dizem que, em meio da alegria geral, o Governador chorou sensibilizado, declarando que a compreensão geral constituía o verdadeiro prêmio ao seu coração. A cidade voltou ao movimento normal. O antigo Departamento da Regeneração foi convertido em Ministério. Desde então, só existe maior suprimento de substâncias alimentícias que lembram a Terra, nos Ministérios da Regeneração e do Auxílio, onde há sempre grande número de necessitados. Nos demais há somente o indispensável, isto é, todo o serviço de alimentação obedece a inexcedível sobriedade. Presentemente, todos reconhecem que a suposta impertinência do Governador representou medida de elevado alcance para nossa libertação espiritual. Reduziu-se a expressão física e surgiu maravilhoso coeficiente de espiritualidade.
Lísias silenciou e eu me entreguei a profundos pensamentos sobre a grande lição.”

A antiga frase “depois da tempestade vem a bonança” retrata o período tumultuoso pelo qual Nosso Lar passou.
De qualquer forma, quem obtém o conhecimento de todos estes momentos consegue apreender que o amor incondicional e a dedicação de um ser consegue destruir muralhas, mesmo que elas sejam a da persistência em continuar com certos hábitos que não são saudáveis ao espírito em evolução.




Leitura Complementar


Textos:
1)

A ILUSÓRIA NUTRIÇÃO DOS ESPÍRITOS
Esse ambiente constitui uma grande esfera fluídica, onde todas as nossas impressões tomam corpo de realidade.
Lá existe, ainda, a nutrição, contudo, o espírito geralmente absorve os elementos, que regeneram sua vitalidade, no próprio oxigênio que respira, em inimagináveis condições de pureza e nas mais delicadas composições químicas da atmosfera.
Alguns seres, aí aportando, necessitam, por força dos arraigados hábitos, de alimentos análogos aos da Terra, o que obtém por algum tempo, mas apenas na aparência de realidade, ilusão esta que é consentânea com as superficialidades do corpo somático, até que se acostumem com as novas modalidades de sua existência.
Livro Cartas de uma Morta - Psicografia Chico Xavier

2)

Alimentação dos desencarnados
— Como se verifica a alimentação dos Espíritos desencarnados?
— Encarecendo a importância da respiração no sustento do corpo espiritual, basta lembrar a hematose no corpo físico, pela qual o intercâmbio gasoso se efetua com segurança, através dos alvéolos, nos quais os gases se transferem do meio exterior para o meio interno e vice versa, atendendo à assimilação e desassimilação de variadas atividades químicas no campo orgânico.
O oxigênio que alcança os tecidos entra em combinação com determinados elementos, dando, em resultado, o anidrido carbônico e a água, com produção de energia destinada à manutenção das províncias somáticas.
Estudando a respiração celular, encontraremos, junto aos próprios arraiais da ciência humana, problemas somente equacionáveis com a ingerência automática do corpo espiritual nas funções do veículo físico, porque os fenômenos que lhe são consequentes se graduam em tantas fases diversas que o fisiologista, sem noções do Espírito, abordá-los-á sempre com a perplexidade de quem atinge o insolúvel.
Sabemos que para a subsistência do corpo físico é imprescindível a constante permuta de substâncias, com incessante transformação de energia.
Substância e energia se conjugam para fornecer ao carro fisiológico os recursos necessários ao crescimento ou à reparação do contínuo desgaste, produzindo a força indispensável à existência e os recursos reguladores do metabolismo.
O alimento comum ao corpo carnal experimenta, de início, a digestão, pela qual os elementos coloidais indifusíveis se transubstanciam em elementos cristalóides difusíveis, convertendo-se ainda as matérias complexas em matérias mais simples, acessíveis à absorção, a que se sucede a circulação dos valores nutrientes, suscetíveis de aproveitamento pelos tecidos, seja em regime de aplicação imediata, seja no de reserva, destinando-se os resíduos à expulsão natural.
A ciência terrena não desconhece que o metabolismo guarda a tendência de manter-se em estabilidade constante, tanto assim que, reconhecidamente, a despesa de oxigênio e o teor de glicemia em jejum revelam quase nenhuma diferença de dia para dia.
É que o corpo espiritual, comandando o corpo físico, sana espontaneamente, quando harmonizado em suas próprias funções, todos os desequilíbrios acidentais nos processos metabólicos, presidindo as reações do campo nutritivo comum.
Não ignoramos, desse modo, que desde a experiência carnal o homem se alimenta muito mais pela respiração, colhendo o alimento de volume simplesmente como recurso complementar de fornecimento plástico e energético, para o setor das calorias necessárias à massa corpórea e à distribuição dos potenciais de força nos variados departamentos orgânicos.
Abandonado o envoltório físico na desencarnação, se o psicossoma está profundamente arraigado às sensações terrestres, sobrevém ao Espírito a necessidade inquietante de prosseguir atrelado ao mundo biológico que lhe é familiar, e, quando não a supera ao preço do próprio esforço, no auto reajustamento, provoca os fenômenos da simbiose psíquica, que o levam a conviver, temporariamente, no halo vital daqueles encarnados com os quais se afine, quando não promove a obsessão espetacular.
Na maioria das vezes, os desencarnados em crise dessa ordem são conduzidos pelos agentes da Bondade Divina aos centros de reeducação do Plano Espiritual, onde encontram alimentação semelhante à da Terra, porém fluídica, recebendo-a em porções adequadas até que se adaptem aos sistemas de sustentação da Esfera Superior, em cujos círculos a tomada de substância é tanto menor e tanto mais leve quanto maior se evidencie o enobrecimento da alma, porquanto, pela difusão cutânea, o corpo espiritual, através de sua extrema porosidade, nutre-se de produtos sutilizados ou sínteses quimioeletromagnéticas, hauridas no reservatório da Natureza e no intercâmbio de raios vitalizantes e reconstituintes do amor com que os seres se sustentam entre si.
Essa alimentação psíquica, por intermédio das projeções magnéticas trocadas entre aqueles que se amam, é muito mais importante que o nutricionista do mundo possa imaginar, de vez que, por ela, se origina a ideal euforia orgânica e mental da personalidade. Daí porque toda criatura tem necessidade de amar e receber amor para que se lhe mantenha o equilíbrio geral.
De qualquer modo, porém, o corpo espiritual, com alguma provisão de substância específica ou simplesmente sem ela, quando já consiga valer-se apenas da difusão cutânea para refazer seus potenciais energéticos, conta com os processos da assimilação e da desassimilação dos recursos que lhe são peculiares, não prescindindo do trabalho de exsudação dos resíduos, pela epiderme ou pelos emunctórios normais, compreendendo-se, no entanto, que pela harmonia de nível, nas operações nutritivas, e pela essencialização dos elementos absorvidos, não existem para o veículo psicossomático, determinados excessos e inconveniências dos sólidos e líquidos da excreta comum.
Uberaba, 16/04/1958
EVOLUÇÃO EM DOIS MUNDOS (pelo Espírito André Luiz)

3)

710. Nos mundos em que a organização é mais apurada, os seres vivos têm necessidade de se alimentar?
“Sim, mas seus alimentos correspondem à sua natureza. Esses alimentos não seriam bastante substanciosos para vossos estômagos grosseiros; assim como eles não poderiam digerir os vossos.”
Livro dos Espíritos – Lei da Conservação



Para a passagem deste capítulo, o Evangelho segundo o Espiritismo apresenta a seguinte mensagem:

“A paciência
7. A dor é uma benção que Deus envia a seus leitos, portanto, não vos aflijais quando sofrerdes, ao contrário, bendizei a Deus Todo-Poderoso que vos marcou pela dor aqui neste mundo, para a glória no céu.
Sede pacientes; a paciência também é uma caridade e deveis praticar a lei da caridade ensinada pelo Cristo, enviado por Deus. A caridade que consiste na esmola dada aos pobres é a mais fácil de todas; existe, porém, uma muito mais penosa e bem mais meritória: é a de perdoar aqueles que Deus colocou no nosso caminho, para serem os instrumentos de nosso sofrimento e submeterem à prova a nossa paciência.
A vida é difícil, eu sei; ela se compõe de mil insignificâncias que são como picadas de alfinetes que acabam nos ferindo. É preciso, no entanto, olhar os deveres que nos são impostos e, por outro lado, as compensações e consolações que recebemos, então constataremos que as bênçãos são muito mais numerosas do que as dores.
O fardo que carregamos parece menos pesado, quando olhamos para o alto do que quando curvamos a cabeça para a terra.
Coragem, amigos, o Cristo é vosso modelo; Ele sofreu mais do que qualquer um de vós, e nada fez que pudesse ser reprovado, enquanto que tendes que expiar o vosso passado e vos fortificar para o futuro. Portanto, sede pacientes, sede cristãos; essa palavra resume tudo. (Um espírito amigo. Havre, 1862.)”


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

FRANCO, Divaldo P. O ser consciente. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 3.ed. Rio de Janeiro: Leal, 1996.
KARDEC, Allan. A Gênese: os milagres e as predições segundo o Espiritismo. Trad. de Guillon Ribeiro da 5. ed. francesa. 48. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005.
______. O céu e o inferno ou A Justiça divina segundo o Espiritismo. Trad. de Manuel Justiniano Quintão. 57. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005.
______. O Evangelho segundo o Espiritismo. Trad. de Guillon Ribeiro da 3. ed. francesa rev., corrig. e modif. pelo autor em 1866. 124. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004.
______. O Livro dos Espíritos: princípios da Doutrina Espírita. Trad. de Guillon Ribeiro. 86. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005.
LOPES, Lourival. Gotas de esperança. Brasília: Editora Otimismo, 2012.
XAVIER, Francisco Cândido. O Consolador. Pelo espírito Emmanuel. Editora FEB, 1941.

_______. Vinha de luz. Pelo espírito Emmanuel. 28.ed. Brasília: FEB, 2015.