quinta-feira, 7 de setembro de 2017

O LIVRO DOS ESPÍRITOS
Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita
Item VI
Como o dissemos, os seres que assim se comunicam designam a si próprios pelo nome de Espíritos ou gênios e como tendo pertencido, pelos menos alguns, aos homens que viveram na Terra. Eles constituem o mundo espiritual, como nós constituímos, durante nossa vida, o mundo corporal.
Resumimos, aqui, em poucas palavras, os pontos mais marcantes da doutrina que eles nos transmitiram, a fim de responder mais facilmente a algumas objeções.
“Deus é eterno, imutável, imaterial, único, todo-poderoso, soberanamente justo e bom.
Criou o Universo que compreende todos os seres animados e inanimados, materiais e imateriais.
Os seres materiais constituem o mundo visível ou corporal, e os seres imateriais, o mundo invisível ou espírita, isto é, dos Espíritos.
O mundo espiritual é o mundo normal, primitivo, eterno, preexistente e que sobrevive a tudo.
O mundo corporal é apenas secundário; ele poderia deixar de existir, ou jamais ter existido, sem alterar a essência do mundo espiritual.
Os Espíritos revestem, temporariamente, um envoltório material perecível, cuja destruição pela morte devolve-os à liberdade.
Entre as diferentes espécies de seres corporais, Deus escolheu a espécie humana para a encarnação dos Espíritos que chegaram a um certo grau de desenvolvimento, é o que lhe dá a superioridade moral e intelectual sobre todas as outras.
A alma é um espírito encarnado e o corpo é apenas seu envoltório.
Há no homem três coisas: 1o) o corpo ou ser material, análogo aos animais e animado pelo mesmo princípio vital; 2o) a alma ou ser imaterial, Espírito encarnado no corpo; 3o) o elo que une a alma e o corpo, princípio intermediário entre a matéria e o Espírito.
O homem tem, assim, duas naturezas: por seu corpo, ele participa da natureza dos animais dos quais possui os instintos; pela sua alma, ele participa da natureza dos Espíritos.
O elo ou perispírito que une o corpo e o Espírito é uma espécie de envoltório semi-material. A morte é a destruição do envoltório mais grosseiro, o Espírito conserva o segundo envoltório que constitui para ele um corpo etéreo, invisível para nós no estado normal, mas que pode tornar-se, acidentalmente, visível e até tangível, como acontece no fenômeno das aparições.
Assim, o Espírito não é, absolutamente, um ser abstrato, indefinido, que apenas o pensamento pode conceber; é um ser real, circunscrito, que, em certos casos, é apreciável pelos sentidos da visão, da audição e do tato.
Os Espíritos pertencem a diferentes classes e não são iguais nem em poder, nem em inteligência, nem em saber, nem em moralidade. Os da primeira ordem são os Espíritos superiores, que se distinguem dos outros por sua perfeição, seus conhecimentos, sua proximidade de Deus, a pureza de seus sentimentos e seu amor pelo bem: são os anjos ou puros Espíritos. As outras classes afastam-se cada vez mais dessa perfeição: os das ordens inferiores são inclinados à maioria de nossas paixões: o ódio, a inveja, o ciúme, o orgulho, etc.; eles se comprazem no mal. Entre estes, há os que nem são muito bons, nem muito maus; mais perturbadores e intrigantes do que malvados, a malícia e as inconsequências parecem ser sua característica: são os Espíritos inconsequentes ou levianos.
Os Espíritos não pertencem perpetuamente à mesma ordem. Todos se melhoram, passando pelos diferentes graus da hierarquia espírita. Esta melhora se dá pela encarnação que é imposta a uns, como expiação e a outros, como missão. A vida material é uma prova a que devem se submeter, repetidamente, até que tenham atingido a perfeição absoluta; é uma espécie de peneira ou filtro de onde saem mais ou menos purificados.
Deixando o corpo, a alma retorna ao mundo dos Espíritos de onde tinha saído, para retomar uma nova existência material, após um lapso de tempo mais ou menos longo, durante o qual ela permanece no estado de Espírito errante.[1]
Devendo o Espírito passar por várias encarnações, daí resulta que todos nós tivemos várias existências e que ainda teremos outras, mais ou menos aperfeiçoadas, seja nesta Terra, seja em outros mundos.
A encarnação dos Espíritos sempre aconteceu na espécie humana; seria um erro acreditar que a alma ou Espírito pudesse encarnar-se no corpo de um animal.
As diferentes existências corporais do Espírito são sempre progressivas e nunca regressivas; porém a rapidez do progresso depende dos esforços que fazemos para chegar à perfeição.
As qualidades da alma são as do Espírito que está encarnado em nós: assim, o homem de bem é a encarnação de um bom Espírito e o homem perverso, a de um Espírito impuro.
A alma possuía sua individualidade antes de sua encarnação; ela a conserva após sua separação do corpo.
No seu retorno ao mundo dos Espíritos, a alma aí reencontra todos aqueles que conheceu na Terra, e todas as suas existências anteriores se desenham em sua memória, com a lembrança de todo o bem e de todo o mal que fez.
O Espírito encarnado está sob a influência da matéria; o homem que supera esta influência, através da elevação e depuração de sua alma, aproxima-se dos bons Espíritos, com os quais estará um dia. Aquele que se deixa dominar pelas más paixões e coloca todas as alegrias na satisfação dos apetites grosseiros, aproxima-se dos Espíritos impuros, dando preponderância à natureza animal.
Os Espíritos encarnados habitam os diferentes globos do Universo.
Os Espíritos não-encarnados ou errantes não ocupam uma região determinada e circunscrita: eles estão por toda a parte, no Espaço e ao nosso lado, vendo-nos e esbarrando em nós incessantemente; é toda uma população invisível que se agita em torno de nós.
Os Espíritos exercem, sobre o mundo moral e até sobre o mundo físico, uma ação incessante; agem sobre a matéria e sobre o pensamento, e constituem uma das potências da Natureza, causa eficiente de uma multidão de fenômenos até então inexplicados ou mal explicados, e que não encontram uma solução racional senão no Espiritismo.
As relações dos Espíritos com os homens são constantes. Os bons Espíritos nos estimulam ao bem, nos sustentam nas provas da vida e nos auxiliam a suportá-las com coragem e resignação; os maus nos incitam ao mal: é para eles uma satisfação ver-nos sucumbir e assemelhar-nos a eles.
As comunicações dos Espíritos com os homens são ocultas ou ostensivas. As comunicações ocultas acontecem pela influência boa ou má que eles exercem sobre nós, à nossa revelia; cabe à nossa razão discernir as boas e as más inspirações. As comunicações ostensivas se dão por meio da escrita, da palavra ou outras manifestações materiais, com mais frequência por intermédio dos médiuns que lhes servem de instrumentos.
Os Espíritos se manifestam espontaneamente ou mediante evocação. Podem-se evocar todos os Espíritos: os que animaram homens obscuros, como os dos personagens mais ilustres, qualquer que seja a época em que tenham vivido; os de nossos parentes, de nossos amigos ou de nossos inimigos, e deles obter, através das comunicações escritas ou verbais, conselhos, informações sobre sua situação de além-túmulo, sobre seus pensamentos a nosso respeito, assim como as revelações que lhes é permitido fazer-nos.
Os Espíritos são atraídos em razão de sua simpatia pela natureza moral do meio que os evoca. Os Espíritos superiores se comprazem nas reuniões sérias, onde dominam o amor do bem e o desejo sincero de se instruir e de se melhorar. Sua presença afasta destas os Espíritos inferiores que encontram, ao contrário, um livre acesso e podem agir com toda liberdade, entre as pessoas frívolas ou guiadas apenas pela curiosidade e onde quer que se encontrem maus instintos. Longe de obter deles bons conselhos, ou informações úteis, não se deve esperar deles senão futilidades, mentiras, brincadeiras de mau gosto ou mistificações, pois, frequentemente, tomam nomes venerados para melhor induzir ao erro.
A distinção dos bons e dos maus Espíritos é extremamente fácil; a linguagem dos Espíritos superiores é constantemente digna, nobre, impregnada da mais elevada moralidade, livre de qualquer paixão inferior; seus conselhos exalam a mais pura sabedoria e têm sempre por objetivo nosso melhoramento e o bem da Humanidade. A dos Espíritos inferiores, ao contrário, é inconsequente, frequentemente trivial e até grosseira; se eles dizem, às vezes, coisas boas e verdadeiras, dizem-nos, mais frequentemente, coisas falsas e absurdas, por malícia ou por ignorância; zombam da credulidade e se divertem às custas daqueles que os interrogam, lisonjeando sua vaidade, embalando seus desejos com falsas esperanças. Em resumo, as comunicações sérias, na mais ampla acepção do termo, só se dão nos centros sérios, naqueles cujos membros estão unidos por uma comunhão íntima de pensamentos, objetivando o bem.
A moral dos Espíritos superiores se resume, como a do Cristo, nesta máxima evangélica: Agir para com os outros, como quereríamos que os outros agissem para conosco; isto é, fazer o bem e não fazer absolutamente o mal. O homem encontra neste princípio a regra universal de conduta para suas menores ações.
Eles nos ensinam que o egoísmo, o orgulho, a sensualidade são paixões que nos aproximam da natureza animal, prendendo-nos à matéria; que o homem que, ainda neste mundo, se desligue da matéria através do desprezo às futilidades mundanas e do amor ao próximo, aproxima-se da natureza espiritual; que cada um de nós deve se tornar útil, conforme as faculdades e os meios que Deus colocou em suas mãos para experimentá-lo; que o Forte e o Poderoso devem apoio e proteção ao Fraco, pois aquele que abusa de sua força e de seu poder para oprimir seu semelhante viola a lei de Deus. Ensinam, finalmente, que nada podendo estar oculto, no mundo dos Espíritos o hipócrita será desmascarado e todas as suas torpezas reveladas; que a presença inevitável e de todos os instantes daqueles para com os quais tivermos agido mal é um dos castigos que nos estão reservados; que ao estado de inferioridade e de superioridade dos Espíritos correspondem penas e gozos que nos são desconhecidos na Terra.
Mas eles nos ensinam, também, que não há faltas irremissíveis e que não possam ser apagadas pela expiação. Para tal, o homem encontra o meio nas diferentes existências que lhe permitem avançar, conforme o seu desejo e seus esforços, no caminho do progresso em direção à perfeição, que é seu objetivo final.
Este é o resumo da Doutrina Espírita, assim como ela resulta do ensinamento dado pelos Espíritos superiores. Vejamos, agora, as objeções que se lhe opõem.

Questões para estudo:

01) comente explicando e justificando as assertivas abaixo:

01a) "O mundo espirita e o mundo normal, primitivo, eterno, preexistente e sobrevivente a tudo. "O mundo corporal e secundário; poderia deixar de existir, ou não ter jamais existido, sem que por isso se alterasse a essência do mundo espirita."

01b) "Ha no homem três coisas: 1) o corpo ou ser material análogo aos animais e animado pelo mesmo principio vital; 2), a alma ou ser imaterial, Espirito encarnado no "corpo; 3) o laco que prende a alma ao corpo, principio intermediário entre a matéria e o "Espírito. "Tem assim o homem duas naturezas: pelo corpo, participa da natureza dos animais, cujos "instintos lhe são comuns; pela alma, participa da natureza dos Espíritos."

01c) ""Os Espíritos não ocupam perpetuamente a mesma categoria. Todos se melhoram passando pelos diferentes graus da hierarquia espirita. Esta melhora se efetua por meio da "encarnação, que e imposta a uns como expiação, a outros como missão. A vida material e "uma prova que lhes cumpre sofrer repetidamente, ate que hajam atingido a absoluta perfeição moral.
"Deixando o corpo, a alma volve ao mundo dos Espíritos, donde saíra, para passar por nova existência material, apos um lapso de tempo mais ou menos longo, durante o qual "permanece em estado de Espírito errante."

01d) ""As relações dos Espíritos com os homens são constantes. Os bons Espíritos nos atraem para o bem, nos sustentam nas provas da vida e nos ajudam a suporta-las com coragem e resignação. Os maus nos impelem para o mal: é-lhes um gozo ver-nos e assemelhar-nos a eles.
"As comunicações dos Espíritos com os homens são ocultas ou ostensivas. As ocultas se verificam pela influencia boa ou má que exercem sobre nos, a nossa revelia. Cabe ao nosso juízo discernir as boas das mas inspirações.
As comunicações ostensivas se dão por meio da escrita, da palavra ou de outras manifestações materiais, quase sempre pelos médiuns que lhes servem de instrumentos."




[1] Há entre esta doutrina da reencarnação e a da metempsicose, tal como a admitem algumas seitas, uma diferença característica que é explicada na sequência desta obra.
Conclusão do Estudo da Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita
Itens 3 a 5
QUESTOES PARA ESTUDO:

1 - O que representou para o Espiritismo e a Sociedade da época o fenômeno das mesas girantes?
"Como quer que seja, as mesas girantes representarão sempre o ponto de partida da Doutrina Espírita." Allan Kardec ("O Livro dos Médiuns") Embora as experiências com as mesas girantes já ocorressem desde o começo da idade moderna (e até mesmo antes), é a partir de 1850 que surge um aumento na frequência por todo o mundo. A princípio, encarado como brincadeira (era um evento social, como ir ao cinema ou a uma roda de amigos), coube a Allan Kardec observar que por de trás daquela situação havia a atuação de inteligências extracorpóreas (os espíritos desencarnados); o que deu início às suas pesquisas (basicamente: perguntas e respostas a estas inteligências) levando-o à constatação de um mundo não visível normalmente (o mundo espiritual) povoado por essas inteligências e a possibilidade de comunicação com elas. Das observações extraídas desses contatos, passadas pelo crivo da razão, emergiu um corpo doutrinário: a doutrina espírita.

2 - Que Kardec quis dizer com esta assertiva: "E que ninguém imaginou os Espíritos como meio de explicar o fenômeno; foi o próprio fenômeno que revelou a palavra".?
Embora as pessoas participassem dessas experiências, ninguém até então havia compreendido a causa daquele fenômeno. Pois a maioria das pessoas que lidaram com elas (inclusive Kardec) pertenciam à escola fluidicista (isto é achavam que era o próprio pensamento das pessoas presentes que fazia com que as mesas dessem as pancadas, ditando poemas, textos e outras comunicações); porém, as "próprias mesas" passaram a ditar comunicações onde afirmavam que eram manipuladas por inteligências extracorpóreas (autodenominando-se espíritos), que nada mais eram do que as criaturas ditas "mortas". Daí o "próprio fenômeno" ter revelado sua causa.

3 - Que representaram as cestas no intercambio mediúnico, a época da Codificação?
Quando passou a frequentar as reuniões na casa da família Baudin, Kardec conheceu um novo método para a recepção das respostas dos espíritos: o método das cestas (muito mais rápido e prático). Com essa agilização na transmissão das informações, houve possibilidade de um estudo menos superficial do assunto, por parte de Kardec. Aliás, "O Livro dos Espíritos" foi quase todo escrito por intermédio das senhoritas Baudin (que eram adolescentes à época).

4 - Qual o significado da palavra Médium segundo a Introdução do LE?
Nada mais são do que criaturas dotadas de uma característica peculiar que as torna intermediárias entre os espíritos e o mundo material, corporal; ou seja, onde se encontrem há uma facilitação na transmissão de informações do plano espiritual para o nosso (das mais diversas formas - visão, audição, efeitos físicos e outras).

5 - Kardec teve sua atenção chamada pelas "mesas girantes" o que fez com que ele procurasse a causa do fenômeno e passasse a pesquisar a respeito do assunto. Essa característica investigativa da Doutrina Espirita existe ou não existe na atualidade. Fale um pouco sobre isto.
 A característica investigativa da Doutrina Espirita continua existindo, embora de maneira mais lenta, visto que hoje em dia somente nas casas espiritas se usa da "comunicabilidade com os espíritos" e isto na maioria das vezes somente nos trabalhos de desobsessão. O caractere cientifico do Espiritismo, ficou obscurecido pelo lado religioso da Doutrina. Felizmente já existem grupos espiritas ligadas a faculdades e universidades, que estão estudando mais a fundo este aspecto do espiritismo. O próprio Kardec nos exorta de que o espiritismo tem que caminhar ao lado da ciência.

6 - Quem ou o que são os Espíritos que se comunicavam e se comunicam através dos médiuns?
 Sabemos que os espíritos que se comunicavam e se comunicam através dos médiuns são as almas dos seres humanos que desencarnaram e portanto passiveis de falhas e muitas vezes trazendo sua opinião pessoal sobre algum assunto, razão pela qual não devemos seguir cegamente ao que diz uma entidade e nem um médium a não ser que seja comprovada através de outras comunicações por espíritos e médiuns diferentes a mesma assertiva. Esse foi o método usado por Kardec para a codificação da Doutrina Espirita.

7 - O que vem a ser mediunidade?
palavra derivado do latim médium +  _idade.
Faculdade que quase todas as pessoas possuem de sentirem a presença de espíritos. Em algumas pessoas essa faculdade é latente e manifesta-se esporadicamente. Em outras pessoas temos a chamada mediunidade ostensiva que necessita ser disciplinada e educada para que possa ser equilibrada. É atributo do Espirito.
A mediunidade existe independentemente das condições morais da pessoa, entretanto, uma boa condição moral, pela lei de afinidade, facilita atrair Espíritos cada vez mais adiantados.

8 - O que podemos constatar sobre a origem da psicografia, ou seja como ela evoluiu até chegar nos moldes que é praticada hoje.
 Kardec começou seus experimentos usando uma cesta à qual amarrava-se um lápis, com o tempo passou-se a escrever diretamente, tirando todos os artefatos já que não eram necessários, visto que o processo que se usa hoje de o próprio médium empunhar o lápis é mais rápido.

P.S.Bibliografia adicional:
"Revenue Spirite", 1858, pp. 36 e 315/317;
"As mesas girantes e o Espiritismo" - FEB; Zêus Wantuil
"Doutrina e Prática do Espiritismo" - FEB, Leopoldo Cirne, volI, 1921, p. 37.

Disponível em http://www.cvdee.org.br/est_letexto.asp?id=002&showc=S#conclusao


Estudo do Livro dos Espíritos
Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita
Itens III a V
III
A Doutrina Espírita, como qualquer coisa nova, tem seus adeptos e seus contraditores.
Vamos tentar responder a algumas das objeções destes últimos, examinando o valor dos motivos sobre os quais eles se apoiam, sem ter, entretanto, a pretensão de convencer a todos, pois há pessoas que acreditam que a luz foi feita apenas para elas. Nós nos dirigimos às pessoas de boa-fé, sem ideias preconcebidas ou mesmo inflexíveis, porém, sinceramente desejosas de se instruir, e nós lhes demonstraremos que a maioria das objeções que se opõe à doutrina provém de uma observação incompleta dos fatos e de um julgamento emitido com muita leviandade e precipitação.
Lembremos, primeiramente, em poucas palavras, a série progressiva dos fenômenos que deram origem a esta doutrina.
O primeiro fato observado foi o de objetos diversos postos em movimento; designaram-no, vulgarmente, sob o nome de mesas girantes ou dança das mesas. Este fenômeno, que parece ter sido observado primeiramente na América, ou melhor, que se repetiu nesse país, pois a História prova que ele remonta a mais remota Antiguidade, produziu-se acompanhado de circunstâncias estranhas, tais como ruídos insólitos, pancadas sem causa ostensiva conhecida. Daí, propagou-se rapidamente pela Europa e por outras partes do mundo; a princípio, despertou muita incredulidade, porém a multiplicidade das experiências, em pouco tempo, não mais permitiu duvidar da realidade.
Se esse fenômeno se tivesse limitado ao movimento dos objetos materiais, poderia explicar-se por uma causa puramente física. Estamos longe de conhecer todos os agentes ocultos na Natureza e todas as propriedades daqueles que conhecemos; a eletricidade, aliás, multiplica, diariamente, ao infinito, os recursos que proporciona ao homem e parece ir clarear a Ciência com uma nova luz. Portanto, nada haveria de impossível em que a eletricidade, modificada por certas circunstâncias, ou qualquer outro agente desconhecido, fosse a causa desse movimento. A reunião de várias pessoas, aumentando o poder de ação, parecia apoiar essa teoria, pois podia-se considerar esse conjunto como uma pilha múltipla cuja potência estivesse na razão do número dos elementos.
O movimento circular nada apresentava de extraordinário: ele está na Natureza; todos os astros se movem circularmente; poderíamos, portanto, ter em ponto menor, um reflexo do movimento geral do Universo, ou, melhor dizendo, uma causa até então desconhecida, podia produzir, acidentalmente, com pequenos objetos, e em dadas circunstâncias, uma corrente análoga àquela que arrasta os mundos.
Mas o movimento não era sempre circular; muitas vezes ele era brusco, desordenado; o objeto era violentamente sacudido, revirado, levado numa direção qualquer e, contrariamente a todas as leis da estática, suspenso do solo e mantido no espaço. Nada nestes fatos que não possa ser explicado pelo poder de um agente físico invisível. Não vemos a eletricidade derrubar os edifícios, desenraizar as árvores, lançar a distância os corpos mais pesados, atraí-los ou repeli-los?
Supondo que os ruídos insólitos, as pancadas não fossem um dos efeitos comuns da dilatação da madeira, ou de qualquer outra causa acidental, ainda poderiam muito bem ser produzidos pela acumulação do fluido oculto: a eletricidade não produz os ruídos mais violentos?
Até aqui, como se vê, tudo pode caber no domínio dos fatos puramente físicos e fisiológicos. Sem sair deste círculo de ideias, havia ali matéria de estudos sérios e dignos de prender a atenção dos sábios. Por que não foi assim? É penoso dizê-lo, mas isto deriva de causas que provam, entre mil fatos semelhantes, a leviandade do espírito humano. Primeiramente, a vulgaridade do objeto principal que serviu de base às primeiras experimentações talvez não fosse estranha para eles. Que influência uma palavra, muitas vezes, não tem tido sobre as coisas mais graves! Sem considerar que o movimento podia ser impresso a um objeto qualquer, a ideia das mesas prevaleceu, com certeza, porque era o objeto mais cômodo, e porque é mais natural sentar-se em torno de uma mesa do que de qualquer outro móvel. Ora, os homens superiores são algumas vezes tão pueris que nada haveria de impossível em que alguns espíritos de elite tenham acreditado estar abaixo deles se ocupar com o que se convencionara chamar de a dança das mesas. É até provável que, se o fenômeno observado por Galvani o tivesse sido por homens comuns e tivesse permanecido caracterizado por um nome grotesco, ele estaria ainda relegado, junto com a varinha mágica. Com efeito, qual o cientista que, não acreditaria rebaixar-se, ocupando-se da dança das rãs?
Alguns, no entanto, bastante modestos para convir que a Natureza bem poderia não lhes ter dito sua última palavra, quiseram ver, para o bem de sua consciência; mas aconteceu que o fenômeno nem sempre respondeu à sua expectativa, e do fato de não se ter produzido à sua vontade, e conforme seu modo de experimentação, eles concluíram pela negativa; apesar de sua sentença, as mesas, visto que há mesas, continuam a girar, e podemos dizer com Galileu: e todavia elas se movem! Diremos mais, é que os fatos se multiplicaram de tal forma que, hoje, eles têm o direito de cidade, importando apenas encontrar para eles uma explicação racional. Pode-se concluir alguma coisa contra a realidade do fenômeno, pelo fato de que ele não se produz de uma maneira sempre idêntica, segundo a vontade e as exigências do observador? Os fenômenos de eletricidade e de química não estão subordinados a certas condições, e devemos negá-los porque eles não se produzem fora dessas condições? O que há, portanto, de surpreendente em que o fenômeno do movimento dos objetos pelo fluido humano tenha, também, suas condições de ocorrer e deixe de se produzir, quando o observador, colocando-se no seu próprio ponto de vista, pretende fazê-lo ao sabor de seu capricho, ou sujeitá-lo às leis dos fenômenos conhecidos, sem considerar que para fatos novos, pode e deve haver leis novas? Ora, para conhecer essas leis, é preciso estudar as circunstâncias nas quais os fatos se produzem, e este estudo não pode ser senão o fruto de uma observação embasada, atenta e, frequentemente, muito longa.
Porém, alegam algumas pessoas, há, com frequência, fraude evidente. Nós lhes perguntaremos, primeiramente, se elas estão bem certas de que haja fraude, e se elas não tomaram como tal, efeitos que elas não podiam explicar, mais ou menos como aquele camponês que considerava um sábio professor de Física, que fazia experiências, um hábil escamoteador. Supondo até que isso tenha podido acontecer algumas vezes, seria isto uma razão para negar o fato? Será preciso negar a Física, porque há ilusionistas que se decoram com o título de físicos? Aliás, é preciso levar em conta o caráter das pessoas e o interesse que elas poderiam ter em enganar. Seria, então, uma brincadeira? Pode-se bem se divertir por um instante, mas uma brincadeira indefinidamente prolongada seria tão enfadonha para o mistificador quanto para o mistificado. De resto, haveria numa mistificação que se propaga de uma extremidade do mundo à outra, e entre as pessoas mais austeras, mais honradas e mais esclarecidas, algo pelo menos tão extraordinário quanto o próprio fenômeno.
IV
Se os fenômenos com os quais nos ocupamos se tivessem limitado ao movimento dos objetos, eles teriam permanecido, como o dissemos, no domínio das ciências físicas; mas isto não ocorreu: estava-lhes destinado colocar-nos no caminho de fatos de uma ordem estranha. Acreditou-se descobrir, não sabemos através de que iniciativa, que a impulsão dada aos objetos não era somente o produto de uma força mecânica cega, mas que havia nesse movimento a intervenção de uma causa inteligente. Uma vez aberto esse caminho, era um campo totalmente novo de observações; era o véu levantado de sobre muitos mistérios. Haverá, com efeito, um poder inteligente? Essa é a questão. Se esse poder existe, qual é ele, qual a sua natureza, sua origem? Está acima da Humanidade? Tais são as outras questões que decorrem da primeira.
As primeiras manifestações inteligentes aconteceram por meio de mesas que se levantavam e batiam com um pé um número determinado de pancadas, e respondendo, assim, através de sim ou de não, conforme a convenção, a uma pergunta feita. Até aí nada de convincente, certamente, para os cépticos, pois podiam crer num efeito do acaso. Obtiveram-se, em seguida, respostas mais desenvolvidas através das letras do alfabeto: com o objeto móvel batendo um número de pancadas correspondente ao número de ordem de cada letra, chegava-se, assim, a formular palavras e frases, que respondiam às questões propostas. A justeza das respostas, sua correlação com a pergunta, causaram espanto. O ser misterioso que assim respondia, interrogado sobre sua natureza, declarou que ele era Espírito ou gênio, atribuiu-se um nome, e forneceu diversas informações a seu respeito. Isto é uma circunstância muito importante que deve ser assinalada. Porquanto ninguém imaginou os Espíritos como um meio de explicar o fenômeno, foi o próprio fenômeno que revelou a palavra. Frequentemente, nas ciências exatas, fazem-se hipóteses para se ter uma base de raciocínio; ora, aqui não foi, absolutamente, o caso.
Esse meio de correspondência era demorado e incômodo. O Espírito, e isso é ainda uma circunstância digna de nota, indicou um outro. Foi um desses seres invisíveis que deu o conselho de adaptar um lápis a uma cesta ou a um outro objeto. Essa cesta, colocada sobre uma folha de papel, é posta em movimento pela mesma potência oculta que faz mover as mesas; mas, em vez de um simples movimento regular, o lápis traça, por si mesmo, caracteres que formam palavras, frases, e discursos inteiros de várias páginas, tratando das mais elevadas questões de Filosofia, de Moral, de Metafísica, de Psicologia, etc., e isso com tanta rapidez, como se escrevesse com a mão.
Esse conselho foi dado, simultaneamente, na América, na França e em diversos países. Eis os termos nos quais ele foi dado em Paris, em 10 de junho de 1853, a um dos mais fervorosos adeptos da doutrina, que já há vários anos, e desde 1849, ocupava-se com a evocação dos Espíritos: “Vai pegar, no quarto ao lado, a cestinha; prende-lhe um lápis; coloca-o sobre o papel; põe os dedos sobre a borda”. Alguns instantes depois, a cesta pôs-se em movimento e o lápis escreveu, muito legível, esta frase: “Proíbo-vos, expressamente, de dizer o que vos digo aqui; da primeira vez que eu escrever, escreverei melhor.”
O objeto ao qual se adapta o lápis, sendo apenas um instrumento, sua natureza e sua forma são completamente indiferentes; procurou-se a disposição mais cômoda; é assim que muitas pessoas se utilizam de uma pequena prancheta.
A cesta, ou a prancheta, só podem ser postas em movimento sob a influência de certas pessoas dotadas, para isso, de um poder especial e que designamos sob o nome de médiuns, isto é, meios, ou intermediários entre os Espíritos e os homens. As condições que dão esse poder remontam a causas, ao mesmo tempo, físicas e morais ainda imperfeitamente conhecidas, pois encontramos médiuns de todas as idades, de ambos os sexos e em todos os graus de desenvolvimento intelectual. Essa faculdade, aliás, desenvolve-se pelo exercício.
V
Reconheceu-se, mais tarde, que a cesta e a prancheta, na realidade, formavam apenas um apêndice da mão, e o médium, pegando diretamente o lápis, posse a escrever através de um impulso involuntário e quase febril. Dessa maneira, as comunicações se tornaram mais rápidas, mais fáceis e mais completas; hoje, é o meio mais utilizado, tanto mais que o número das pessoas dotadas desta aptidão é bem considerável e se multiplica todos os dias. Finalmente, a experiência revelou muitas outras variedades na faculdade mediadora, e soube-se que as comunicações podiam, igualmente, acontecer através da palavra, da audição, da visão, do tato, etc., e até pela escrita direta dos Espíritos, isto é, sem o concurso da mão do médium, nem do lápis.
Obtido o fato, restava constatar um ponto essencial: o papel do médium nas respostas, e a parte que nelas pode tomar, mecânica e moralmente. Duas circunstâncias capitais que não poderiam escapar a um observador atento, podem resolver a questão. A primeira é a maneira pela qual a cesta se move sob sua influência, unicamente pela imposição dos dedos sobre as bordas; o exame demonstra a impossibilidade de qualquer direcionamento. Esta impossibilidade se torna patente, sobretudo, quando duas ou três pessoas se colocam, ao mesmo tempo, junto à mesma cesta; seria preciso, haver entre elas uma concordância de movimento verdadeiramente fenomenal; seria preciso, ainda, concordância de pensamentos para que elas pudessem se entender sobre a resposta a dar à questão proposta. Um outro fato, não menos singular, vem ainda aumentar a dificuldade: é a mudança radical da escrita, conforme o espírito que se manifesta, e toda vez que o mesmo Espírito retorna, sua escrita se reproduz. Seria preciso, portanto, que o médium tivesse treinado a mudança de sua própria caligrafia de vinte maneiras diferentes e, principalmente, que pudesse lembrar-se daquela que pertence a esse ou àquele Espírito.
A segunda circunstância resulta da própria natureza das respostas que estão, na maioria das vezes, sobretudo quando se trata de questões abstratas ou científicas, notoriamente fora dos conhecimentos e, algumas vezes, do alcance intelectual do médium, que, de resto, mais comumente, não tem consciência do que se escreve sob sua influência; que com muita frequência não entende ou não compreende a pergunta feita, visto que ela o pode ser numa língua que lhe é estranha, ou mesmo mentalmente, e que a resposta pode ser dada nessa língua. Enfim, acontece com frequência que a cesta escreva espontaneamente, sem pergunta preliminar, sobre um assunto qualquer e inteiramente inesperado.
Em alguns casos, essas respostas têm um cunho de sabedoria, de profundidade e de propósito; elas revelam pensamentos tão elevados, tão sublimes, que não podem emanar senão de uma inteligência superior, impregnada da moralidade mais pura; de outras vezes, elas são tão levianas, tão frívolas, tão triviais mesmo, que a razão se recusa a acreditar que possam proceder da mesma fonte. Esta diversidade de linguagem só pode se explicar pela diversidade das inteligências que se manifestam. Essas inteligências estão na Humanidade ou fora da Humanidade? Este é o ponto a esclarecer, e cuja explicação completa encontrar-se-á nesta obra, tal como foi dada pelos próprios Espíritos.
Eis, portanto, efeitos patentes que se produzem fora do círculo habitual de nossas observações, que não ocorrem misteriosamente, mas à luz do dia, que todo o mundo pode ver e constatar, que não são privilégio de um único indivíduo, mas que milhares de pessoas repetem, todos os dias, à vontade. Esses efeitos têm, necessariamente, uma causa, e desde o momento em que revelam a ação de uma inteligência e de uma vontade, eles saem do domínio puramente físico.
Várias teorias foram emitidas a esse respeito; nós as examinaremos em breve, e veremos se elas podem explicar todos os fatos que se produzem. Admitamos, por enquanto, a existência de seres distintos da Humanidade, uma vez que esta é a explicação fornecida pelas inteligências que se revelam e vejamos o que eles nos dizem.

QUESTOES PARA ESTUDO:

1 - O que representou para o Espiritismo e a Sociedade da época o fenômeno das mesas girantes?

2 - Que Kardec quis dizer com esta assertiva: "E que ninguém imaginou os Espíritos como meio de explicar o fenômeno; foi o próprio fenômeno que revelou a palavra"?

3 - Que representaram as cestas no intercambio mediúnico, a época da Codificação?

4 - Qual o significado da palavra Médium segundo a Introdução do LE?

5 - Kardec teve sua atenção chamada pelas "mesas girantes" o que fez com que ele procurasse a causa do fenômeno e passasse a pesquisar a respeito do assunto. Essa característica investigativa da Doutrina Espirita existe ou não existe na atualidade. Fale um pouco sobre isto.

6 - Quem ou o que são os Espíritos que se comunicavam e se comunicam através dos médiuns?

7 - O que vem a ser mediunidade?

8 - O que podemos constatar sobre a origem da psicografia, ou seja como ela evoluiu até chegar nos moldes que é praticada hoje.



Conclusão do Estudo da Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita

1) Que significa a assertiva de Kardec que diz para as coisas novas necessitam-se palavras novas?
Para diferenciar o novo do antigo. Como o Espiritismo espalharia novas luzes sobre o conhecimento do mundo espiritual, os termos antigos poderiam dar interpretações incoerentes com a nova doutrina.

2) Há diferencia entre Espiritualismo e Espiritismo?
Qualquer crença na sobrevivência do ser espiritual apos a morte do corpo físico e espiritualista. As religiões cristas são espiritualistas, assim como o budismo, hinduismo, etc.
Já espiritismo segue os postulados da doutrina espirita, codificada por Kardec.

3) O que o Espiritismo considera como Alma?
Alma e o ser que sobrevive a morte do corpo, e a essência. Devemos observar que quando nos estudos de O Livro dos Espíritos, o termo alma se refere ao espirito quando encarnado, e o termo espirito se designa os espíritos errantes, ou seja, libertos do corpo físico.

4) Qual o seu entendimento  para os conceitos Principio vital e Fluido Vital, acima citado por Kardec.?
Principio Vital e uma transformação da matéria primitiva e que possibilita a vida orgânica, através do fluido vital, que e absorvido pelas criaturas vivas.
O fluido vital se origina do principio vital, que e como uma energia mais sutil.
Este assunto será tratado com mais profundidade quando estudarmos o cap.IV, de O Livro dos Espíritos.

2ª etapa do estudo:

1) O que objetivou Kardec ao afirmar que "para se designarem coisas novas são precisos termos novos"?
 Kardec quis deixar claro por que não se utilizaria de vocábulos como "espiritualista" e "espiritualismo" no trato da nova doutrina que surgia para o mundo. Esses termos já eram utilizados à época para definir outras ideias, que não as trazidas pelos Espíritos. O seu emprego para se referir à Doutrina dos Espíritos, certamente,  iria gerar confusão, misturando-se acepções diferentes. Assim, para melhor identificar as novas  ideias,  criou  os termos "espiritismo", "espírita" e "espiritista", aproveitando o mesmo radical da palavra "espírito".

 2) Podemos dizer que todo espírita é espiritualista e vice-versa?
 Como dissemos, Kardec se utilizou de novos termos porque estava trazendo coisas novas.  Espiritualista é, desde aquela época, todo aquele que aceita a crença na existência de alguma coisa no homem além da matéria de que é composto o seu corpo físico. Espírita é aquele que aceita a doutrina ditada pela falange de Espíritos Superiores e estudada e codificada por Allan Kardec. O espírita, seguindo o que ensina a Doutrina dos Espíritos, crê na existência de algo no homem além da matéria. Logo, é também espiritualista. No entanto, o espiritualismo não implica, necessariamente, na crença nos princípios espíritas. Sendo assim, nem todo espiritualista é espírita.


3) Por que Kardec destacou como um dos princípios doutrinários as relações do mundo material com o invisível, se essas relações podem ocorrer em quaisquer dos segmentos religiosos existentes?
 Porque o Espiritismo estuda estas relações, o que não é admitido pela maioria das correntes religiosas existentes.
Muitas delas chegam a proibir qualquer tipo de relação entre os dois planos de vida. Sendo um de seus pilares,
Kardec o destacou logo em sua introdução.

 4) Qual o conceito de alma, adotado pelo Espiritismo?
 O termo "alma" é utilizado com múltiplas acepções. Para uns, é o princípio da vida material orgânica. Confunde-se com a própria matéria e com ela se aniquila. É a concepção aceita pelo materialismo. Para outros, é um princípio inteligente universal, do qual cada ser orgânico absorve uma certa porção dessa  única  alma  existente.  Morto o  organismo, esta porção retornaria ao todo de onde se originou. Não tendo a alma individualidade, trata-se de um conceito bem próximo do materialismo, pois o resultado final é o mesmo: o aniquilamento do princípio inteligente individualizado.
 Finalmente, para outra corrente, a alma é um ser moral; distinto e independente da matéria e que sobrevive à morte do organismo físico, conservando sua individualidade. É a acepção mais aceita e a adotada pelo Espiritismo.
Todavia, como a Doutrina estuda as questões da alma tanto enquanto ela permanece no corpo físico como após a morte deste, Kardec e os Espíritos utilizam este termo para se referir ao princípio inteligente enquanto encarnado, ou seja, enquanto está habitando um corpo material. Quando, pela morte deste, ele se desprende, é tratado pelo termo "espírito".


5) Qual a principal função do fluido vital e de onde ele é tirado?
 A função principal do fluido vital é a de unir o espírito, através de seu períspirito, ao corpo de carne, animalizando a matéria. O fluido vital é extraído do fluido cósmico universal, do qual se constitui modificação.