Estudo do
livro Nosso Lar
NOTÍCIAS DO PLANO
O estudo do capítulo 11
tem como informações gerais:
1) Personagem: André Luiz, Lísias
2)
Temas: Organização
colonial
“11
NOTÍCIAS DO PLANO
Desejaria meu generoso
companheiro facultar-me observações diferentes, nos diversos bairros da
colônia, mas obrigações imperiosas chamavam-no ao posto.
- Terá você ocasião de
conhecer as diversas regiões dos nossos serviços - exclamou bondosamente -'
pois, conforme vê, os Ministérios do "Nosso Lar" são enormes
células de trabalho ativo. Nem mesmo alguns dias de estudo oferecem ensejo à
visão detalhada de um só deles. Não lhe faltará oportunidade, porém. Ainda
que me não seja possível acompanhá-lo, Clarêncio tem poderes para obter-lhe
ingresso fácil em qualquer dependência.”
“os Ministérios do
"Nosso Lar" são enormes células de trabalho ativo.” Enormes células? Trabalho ativo?
Em todo lugar do
universo há trabalho e há lugares imensos onde permite que todos exerçam
atividades produtivas em prol do próprio progresso espiritual e dos que estão
ao redor.
“Voltamos ao ponto de passagem do aeróbus, que
não se fez esperar. Agora, sentia-me quase à vontade. A presença de muitos
passageiros não me constrangia. A experiência anterior fizera-me benefícios
enormes. Esfervilhava-me o cérebro de úteis indagações. Interessado em
resolvê-las, aproveitei o minuto para valer-me do companheiro, quando possível.
- Lísias, amigo -
perguntei -, poderá informar-me se todas as colônias espirituais são idênticas
a esta? Os mesmos processos, as mesmas características?
- De modo algum. Se nas
esferas materiais, cada região e cada estabelecimento revelam traços
peculiares, imagine a multiplicidade de condições em nossos planos. Aqui, tal
como na Terra, as criaturas se identificam pelas fontes comuns de origem e pela
grandeza dos fins que devem atingir; mas importa considerar que cada colônia,
como cada entidade, permanece em degraus diferentes na grande ascensão. Todas as experiências de grupo diversificam-se entre si e
"Nosso Lar" constitui uma experiência coletiva dessa natureza.
Segundo nossos arquivos, muitas vezes os que nos antecederam buscaram
inspiração nos trabalhos de abnegados trabalhadores de outras esferas; em
compensação, outros agrupamentos buscam o nosso concurso para outras colônias
em formação. Cada organização, todavia, apresenta particularidades essenciais.”
Toda
organização tem trabalhos diversos a serem realizados por espíritos que se
identificam por afinidades seja de evolução, de pensamentos e/ou atitudes.
“Observando que o
intervalo se fazia mais longo, interroguei:
- Partiu daqui a
interessante formação de Ministérios?
- Sim, os missionários
da criação de "Nosso Lar" visitaram os serviços de "Alvorada
Nova", uma das colônias espirituais mais importantes que nos
circunvizinham e ali encontraram a divisão por departamentos. Adotaram o
processo, mas substituíram a palavra departamento por Ministério, com exceção
dos serviços regeneradores, que, somente com o Governador atual, conseguiram
elevação. Assim procederam, considerando que a organização em Ministérios é
mais expressiva, como definição de espiritualidade.”
Na
maioria das vezes, diante dos obstáculos, o ser espiritual, - encarnado ou
desencarnado -, se desespera e, como sempre, o tempo se encarrega de colocar a
situação em ordem e se ajustando e se adequando as novas situações.
“- Muito bem! - acrescentei.
- E não é tudo -
prosseguiu o enfermeiro, atencioso -, a instituição é eminentemente rigorosa,
no que concerne à ordem e à hierarquia. Nenhuma condição de destaque é
concedida aqui a título de favor. Somente quatro entidades conseguiram ingressar,
com responsabilidade definida, no curso de dez anos, no Ministério da União
Divina. Em geral, todos nós, decorrido longo estágio de serviço e aprendizado,
voltamos a reencarnar, para atividades de aperfeiçoamento.”
Todo
ser espiritual precisa praticar atividades e tentar aprender a fim de se
aperfeiçoar e evoluir.
“Enquanto eu ouvia essas informações,
justamente curioso, Lísias continuava:
- Quando os
recém-chegados das zonas inferiores do Umbral se revelam aptos a receber
cooperação fraterna, demoram no Ministério do Auxílio; quando, porém, se
mostram refratários, são encaminhados ao Ministério da Regeneração. Se revelam
proveito, com o correr do tempo são admitidos aos trabalhos de Auxílio,
Comunicação e Esclarecimento, a fim de se prepararem, com eficiência, para
futuras tarefas planetárias. Somente alguns conseguem atividade prolongada no
Ministério da Elevação, e raríssimos, em cada dez anos, os que alcançam
intimidade nos trabalhos da União Divina. E não
suponha que os testemunhos sejam vagas expressões de atividade idealista. Já
não estamos na esfera do globo, onde o desencarnado é promovido
compulsoriamente a fantasma. Vivemos em circulo de demonstrações ativas. As
tarefas de Auxílio são laboriosas e complicadas, os deveres no Ministério da
Regeneração constituem testemunhos pesadíssimos, os trabalhos na Comunicação
exigem alta noção da responsabilidade individual, os campos do Esclarecimento
requisitam grande capacidade de trabalho e valores intelectuais profundos, o
Ministério da Elevação pede renúncia e iluminação, as atividades da União
Divina requerem conhecimento justo e sincera aplicação do amor universal. A
Governadoria, por sua vez, é sede movimentada de todos os assuntos
administrativos, numerosos serviços de controle direto, como, por exemplo, o de
alimentação, distribuição de energias elétricas, trânsito, transporte e outros.
Aqui, em verdade, a lei do descanso é rigorosamente observada, para que
determinados servidores não fiquem mais sobrecarregados que outros; mas a lei
do trabalho é também rigorosamente cumprida. No que concerne ao repouso, a
única exceção é o próprio Governador, que nunca aproveita o que lhe toca, nesse
terreno.”
Há
sempre trabalho para todo e qualquer criatura que deseja sair da zona do
sofrimento; assim como, toda uma organização preparada para recebê-la
auxiliando no seu progresso e o do Universo.
“- Mas, nunca se
ausenta ele do palácio? - interroguei.
- Somente nas ocasiões
que o bem público o exige. A não ser em obediência a esse imperativo, o
Governador vai semanalmente ao Ministério da Regeneração, que representa a zona
de "Nosso Lar" onde há maior número de perturbações, dada a sintonia
de muitos dos seus abrigados com os irmãos do Umbral. Numerosas multidões de
espíritos desviados ali se encontram recolhidas. Aproveita ele, pois, as tardes
de domingo, depois de orar com a cidade no Grande Templo da Governadoria, para
cooperar com os Ministros da Regeneração, atendendo-lhes os difíceis problemas
de trabalho. Nesse mister, priva-se, às vezes, de alegrias sagradas, amparando
a desorientados e sofredores.”
Todos
na Colônia Espiritual precisam trabalhar; assim como, ter o descanso necessário
para o refazimento de suas energias; e, todos, podem utilizar o tempo
disponível para realizar as tarefas que desejarem.
“Deixara-nos o aeróbus
nas vizinhanças do hospital, onde me aguardava o aposento confortador.
Em plena via pública,
ouviam-se, tal qual observara à saída, belas melodias atravessando o ar.
Notando-me a expressão indagadora, Lísias explicou fraternalmente:
- Essas músicas procedem
das oficinas onde trabalham os habitantes de "Nosso Lar". Após
consecutivas observações, reconheceu a Governadoria que a música intensifica o
rendimento do serviço, em todos os setores de esforço construtivo. Desde então,
ninguém trabalha em "Nosso Lar", sem esse estimulo de alegria.
Nesse ínterim, porém,
chegáramos à Portaria. Atencioso enfermeiro adiantou-se e notificou:
- Irmão Lísias,
chamam-no ao pavilhão da direita para serviço urgente.
O companheiro
afastou-se, calmo, enquanto eu me recolhia ao aposento particular, repleto de
indagações íntimas.”
Tudo
é harmonia nas diversas casas do Pai desde a “simples” paisagem como o som
transmitido com amor e por amor.
Textos relacionados com o capítulo que servem de reflexão e compreensão
Relações de Além-túmulo
274. As diferentes
ordens de Espíritos estabelecem entre estes uma hierarquia de poderes; há entre
eles subordinação e autoridade?
“Sim, muito grande; os
Espíritos têm uns sobre os outros uma autoridade relativa à sua superioridade,
que eles exercem por um ascendente moral irresistível.”
Necessidade do Trabalho
675. Só se devem
entender por trabalho as ocupações materiais?
“Não; o Espírito
trabalha, assim como o corpo. Toda ocupação útil é um trabalho.”
683. Qual é o limite do
trabalho?
“O limite das forças;
além disso, Deus deixa o homem livre.”
685. O homem tem
direito ao repouso, na sua velhice?
“Sim, sua obrigação vai apenas até o limite de
suas forças.”
a) Mas de que recurso
disporá o velho que precisa trabalhar para viver e não
pode?
“O forte deve trabalhar
para o fraco; não tendo ele família, a sociedade deve
fazer as vezes desta: é a lei de caridade.”
(Livro dos Espíritos)
É pela bênção do trabalho que podemos esquecer os
pensamentos que nos perturbam, olvidar os assuntos amargos, servindo ao
próximo, no enriquecimento de nós mesmos.
Com o trabalho, melhoramos nossa casa e engrandecemos o
trecho de terra onde a Providência Divina nos situou.
Ocupando a mente, o coração e os braços nas tarefas do bem,
exemplificamos a verdadeira fraternidade, e adquirimos o tesouro da simpatia,
com o qual angariaremos o respeito e a cooperação dos outros.
Quem não sabe ser útil não corresponde à Bondade do Céu,
não atende aos seus justos deveres para com a Humanidade nem retribui a
dignidade da pátria amorosa que lhe serve de Mãe.
O trabalho é uma instituição de Deus.
*
"Quem move as mãos no serviço,
Foge à treva e à tentação.
Trabalho de cada dia
É senda da perfeição."
XAVIER, Francisco
Cândido. Pai Nosso. Pelo Espírito Meimei. FEB.
Disponível em http://www.reflexoesespiritas.org/mensagens-espiritas/1472-bencao-do-trabalho
“Dever e Trabalho
O compromisso de trabalho inclui o dever de associar-se a
criatura ao esforço de equipe na obra a realizar.
Obediência digna tem o nome de obrigação cumprida no
dicionário da realidade.
Quem executa com alegria as tarefas consideradas menores,
espontaneamente se promove as tarefas consideradas maiores.
A câmara fotográfica nos retrata por fora, mas o trabalho
nos retrata por dentro.
Quem escarnece da obra que lhe honorifica a existência,
desprestigia a si mesmo.
Servir além do próprio dever não é bajular e sim entesourar
apoio e experiência, simpatia e cooperação.
Na formação e complementação de qualquer trabalho, é
preciso compreender para sermos compreendidos.
Quando o trabalhador converte o trabalho em alegria, o
trabalho se transforma na alegria do trabalhador.”
Francisco Cândido
Xavier. Da obra: Sinal Verde.
Ditado pelo Espírito André Luiz.
42a edição. Uberaba, MG: CEC, 1996.
Ditado pelo Espírito André Luiz.
42a edição. Uberaba, MG: CEC, 1996.
Disponível em
http://www.fraseespirita.com.br/2014/12/dever-e-trabalho-andre-luiz.html
“O Valor do Trabalho
Ninguém contestava os
nobres sentimentos de Cecília Montalvão; entretanto, era de todos sabida sua aversão
ao trabalho. No fundo, excelente criatura cheia de conceitos filosóficos, por indicar ao próximo os
melhores caminhos. Palestra fácil e encantadora, gestos
espontâneos e afetuosos, seduzia quem lhe escutasse o verbo carinhoso. Se a
família adotasse outros princípios que não fossem os do Espiritismo cristão, Cecília
propenderia talvez à vida conventual. Assim, não ocultava sua admiração pelas
moças que, até hoje, de quando em quando se recolhem voluntariamente à sombra
do claustro. Mais por ociosidade que por espírito de adoração a
Deus, entrevia nos véus freiráticos o refúgio ideal. No
entanto, porque o Espiritismo não lhe possibilitava ensejo de
ausentar-se do ambiente doméstico, a pretexto de fé religiosa,
cobrava-se em longas conversações sobre os mundos felizes. Dedicava-se,
fervorosa, a toda expressão literária referente às esferas de paz reservadas
aos que muito sofreram nos serviços humanos. As mensagens do Além, que
descrevessem tais lugares de repouso, eram conservadas com especial dedicação.
As descrições dos planetas
superiores causavam-lhe
arroubos indefiníveis. Cecília não cuidava de outra coisa que não fosse a
antevisão das glórias celestiais. Embalde a velha mãezinha a convocava à
lavanderia ou à copa. Nem mesmo nas ocasiões em que o genitor se recolhia
ao leito,
tomado de tenaz enxaqueca, a jovem abandonava semelhantes atitudes de
alheamento às tarefas necessárias. Não raro discutia sobre as festividades
magnificentes a que teria direito, após a morte do
corpo. Ao seu pensar, o
círculo evolutivo que a esperava devia ser imenso jardim de Espíritos
redimidos, povoado de
perfumes e zéfiros harmoniosos.
No grupo íntimo
de preces da
família, costumava cooperar certa entidade generosa e evolvida, que se dava a conhecer pelo nome de Eliezer. Cecília interpretava-lhe as
advertências de modo puramente individual. Se o amigo exortava ao trabalho, não
admitia que a indicação se referisse a serviços na Terra.
– Este planeta –
dizia enfaticamente – é lugar indigno, escura paragem de almas
criminosas e enfermas. Seria irrespirável o ar terrestre se não fora o antegozo dos
mundos felizes. Oh! como deve ser sublimes vida em Júpiter, a beleza dos dias
em Saturno, seguidos de noites iluminadas de
anéis resplandecentes! O pântano terrestre envenena as almas bem formadas
e não poderemos fugir à repugnância e ao tédio doloroso!...
– Mais, minha filha –
objetava a genitora complacente –, não devemos adotar opiniões tão extremistas. Não é
o planeta inútil e
mau assim. Não será justo interpretar
nossa existência terrena como fase de preparação educativa? Sempre
notei que qualquer trabalho, desde que honesto, é título de glória para a criatura...
Todavia, antes que a
velha completasse os conceitos, voltava a filha intempestivamente, olvidando
carinhosas observações de Eliezer:
– Nada disso! A
senhora, mamãe, cristalizada como se encontra, entre pratos e caçarolas, não me
poderá compreender. Suas observações resultam da rotina cruel, que se esforça por não quebrar. Este mundo
é cárcere sombrio, onde tudo é miséria angustiosa e creio mesmo que o
maior esforço,
por extinguir sofrimentos, seria igual ao de alguém que desejasse
apagar um vulcão com algumas gotas d’água. Tudo inútil. Estou
convencida de que a Terra foi criada para triste destinação. Só a morte física
pode restituir-nos a liberdade. Transportar-nos-emos a esferas ditosas, conheceremos paraísos iluminados e sem-fim.
A senhora Montalvão
contemplava a filha, lamentando-lhe a atitude mental,
e, esganando os móveis, por não perder tempo, respondia tranquila, encerrando a
conversa:
– Prefiro crer, minha
filha, que tanto a vela de sebo, como a estrela luminosa, representam dádivas
de Deus às criaturas. E, se não sabemos
valorizar ainda a vela pequenina que está neste mundo, como nos atreveremos a
invadir a grandeza dos astros?
E antes que a moça
voltasse a considerações novas, a bondosa genitora corria à cozinha, a cuidar
do jantar.
Qualquer tentativa,
tendente a esclarecer a jovem, redundava infrutífera. Solicitações enérgicas
dos pais, pareceres criteriosos dos amigos, advertências do plano espiritual, eram relegados a completo esquecimento.
Fervorosa admiradora da vida
e obras de Teresa de Jesus, a notável religiosa da Espanha do século XVI,
Cecília endereçava-lhe ardentes rogativas, idealizando a
missionária do Carmelo num jardim de delicias, diariamente visitada por Jesus e
seus anjos. Não
queria saber se a grande mística trabalhava,
ignorava-lhe as privações e sofrimentos, para só recordá-la em genuflexão ao pé
dos altares.
Acentuando-se-lhe a
preguiça mental, vivia segregada, longe de tudo e de todos.
Essa atitude influía
vigorosamente no seu físico, e muito antes de trinta anos Cecília regressava ao
plano espiritual, absolutamente envolvida na atmosfera de ilusões. Por isso
mesmo, dolorosas lhe foram as surpresas da vida real.
Despertou além-túmulo,
sem lobrigar vivalma. Depois
de longos dias solitários e tristes, a caminhar sem destino,
encontrou uma Colônia espiritual, onde, no entanto, não havia criaturas em ociosidade. Todos trabalhavam afanosamente. Pediu, receosa, admissão à
presença do respectivo diretor. Recebeu-a generoso ancião, em espaçoso
recinto. Observando-lhe, porém, as lânguidas atitudes, o
velhinho amorável
sentenciou:
– Minha filha, não
posso hoje dispor de muito tempo ao seu lado, pelo que espero manifeste seus
propósitos sem delongas.
Estupefata ante o que
ouvia, ela expôs suas mágoas e desilusões, com lágrimas amargurosas. Supunha
que após a morte do
corpo não houvesse trabalho. Estava confundida em angustioso abatimento. Sorriu
o ancião benévolo e acrescentou:
– Essas fantasias são
neblinas no céu dos pensamentos. Esqueça-as, bondosa menina. Não se gaste em
referências pessoais.
E entremostrando
preocupação de serviço, concluía:
– Por não termos
descanso para hoje, gostaria dissesse em que lhe posso ser útil.
O velhinho pensou
alguns momentos e esclareceu:
– Não disponho de
auxiliares que possam ajudá-la, mas posso orientá-la quanto à direção que
precisa tomar.
Colocada a caminho,
Cecília Montalvão viu-se perseguida de elementos inferiores; figuras repugnantes apresentavam-se-lhe na estrada,
perguntando pelas regiões de repouso. Depois de emoções amargas, chegou à
antiga residência, onde os familiares não lhe perceberam a nova forma. Ia retirar-se em pranto, quando viu alguém
sair da cozinha num halo de
luz. Era o generoso Eliezer que a ela se dirigia com sorriso afetuoso. Cecília
caiu-lhe nos braços fraternais e queixou-se, lacrimosa:
– Ah! meu venerando amigo,
estou abandonada de
todos. Compadecei-vos de mim!... Guiai-me, por caridade, aos caminhos da paz!...
– Acalma-te – murmurou o benfeitor plácido e
gentil –, hoje estou bastante ocupado; entretanto, aconselho-te a orar
fervorosamente, renovando resoluções.
– Sim, sim, de dias a
dias coopero no serviço das verdades
divinas, mas tenho outras responsabilidades a atender.
– E que tereis no dia
de hoje, em caráter tão
imperativo, abandonando-me também à maneira dos outros? – interrogou a
recém-desencarnada revelando
funda revolta.
– Devo auxiliar tua
mãezinha nos encargos domésticos – ajuntou Eliezer brandamente –, logo mais
tenho serviço junto a irmãos nossos. Não te recordas do tintureiro da esquina
próxima? Preciso contribuir no tratamento da filha, que se feriu no trabalho,
ontem à noite, por excesso de fadiga no ganha-pão. Lembras-te do nosso
Natércio, o pedreiro? O pobrezinho caiu hoje de grande altura, machucou-se
bastante e aguarda-me no hospital.
A interlocutora estava
envergonhada. Somente agora se reconhecia vítima de si mesma.
– Não poderíeis localizar-me
aqui, auxiliando a mamãe? – perguntou suplicante.
– É impossível, por
enquanto – esclareceu o amigo solícito –, só podemos cooperar com êxito no
trabalho para cuja execução nos preparamos devidamente. A preocupação de fugir
aos espanadores e
caçarolas tornou-te inapta ao concurso eficiente. Estiveste mais de vinte e
cinco anos terrestres, nesta casa, e teimaste em não compreender a laboriosa tarefa da genitora. Não é possível que te
habilites a ombrear com ela no trabalho, de um instante para outro.
A jovem compreendeu o
alcance da observação e chorou amargamente. Abraçou-a Eliezer, com ternura
fraternal, e falou:
– Procura o conforto
da prece. Não
eras tão amiga de Teresa? Esqueceste-a? Essa grande servidora de Jesus tem a seu cargo numerosas
tarefas. Se puder, não te deixará sem a luz do serviço.
Cecília ouviu o
conselho e orou como nunca havia feito. Lágrimas quentes lavavam-lhe o rosto
entristecido. Incoercível força de
atração requisitou-a a imenso núcleo de atividade espiritual, região essa, porém, que conseguiu atingir somente após
dificuldades e obstáculos oriundos da influenciação de seres inferiores, identificados com as sombras que lhe envolviam o coração.
Em lugar de maravilhosos encantos naturais, a ex-religiosa de Espanha recebeu-a
generosamente. Ante as angustiosas comoções que paralisavam a voz da
recém-chegada, a servidora do Cristo esclareceu amorável:
– Nossas oficinas de
trabalho estão hoje grandemente sobrecarregadas de compromissos; mas as
tuas preces me
tocaram o coração. Conforme vês, Cecília, depois de abandonares a oportunidade
de realização divina, que o mundo te oferecia, só encontraste, sem deveres,
as criaturas infernais. Onde haja noção do Bem e da Verdade, há imensas
tarefas a realizar.
Vendo que a jovem
soluçava, continuou:
– Estás cansada e
abatida, enquanto os que trabalham no bem se
envolvem no manto generoso da paz, mesmo nas esferas mais rudes do globo
terrestre. Pedes medicamento para teus males e
recurso contra tentações; no entanto, para ambos os casos eu somente poderia
aconselhar o remédio do trabalho. Não aquele que apenas saiba
receitar obrigações para outrem, ou que objetive remunerações e vantagens
isoladas; mas o trabalho sentido e vivido dentro de ti mesma. Este é o guia na
descoberta de nossas possibilidades divinas, no processo evolutivo do
aperfeiçoamento universal. Nele, Cecília, a alma edifica
a própria casa, cria valores para a ascensão sublime. Andaste enganada no
mundo quando julgavas que o serviço fosse obrigação exclusiva dos homens. Ele é
apanágio de todas as criaturas, terrestres e celestes. A verdadeira fé não
te poderia ensinar tal
fantasia. Sempre te ouvi as orações; no entanto, nunca abriste o espírito às minhas respostas fraternais. Ninguém vive aqui em
beatitude descuidosa,
quando tantas almas heroicas
sofrem e lutam nobremente na Terra.
Enquanto a voz da
bondosa serva do Evangelho fazia uma pausa, Cecília ajuntou de mãos postas:
– Benfeitora amada,
concedei-me lugar entre aqueles que cooperam convosco!...
– Os quadros de meus
serviços estão completos, mas tenho uma oportunidade a oferecer-te. Requisitam
minha atenção num
velho asilo de loucos, na Espanha.
Desejas ajudar-me ali?
Cecília não cabia em si
de gratidão e júbilo.
E, naquele mesmo dia,
voltava à Terra com obrigações espirituais, convicta de que, auxiliando os
desequilibrados, havia de encontrar o próprio equilíbrio.
Disponível
em
https://dirceurabelo.wordpress.com/2011/12/09/chico-xavier-obra-completa-em-ordem-cronologica/
“O Trabalho como
Benção da Vida
Você já reparou quantas
vezes reclamamos do trabalho? Se vamos falar de trabalho, sempre o associamos à
dificuldade, ao desprazer, a algo
difícil e penoso de
se fazer.
A origem da
palavra trabalho remonta à Roma antiga, quando essa palavra era associada a um
instrumento de tortura, o tripalium.
Vem daí a conotação do
trabalho com sofrimento. Mas será essa mesma a função do trabalho?
Se observarmos a natureza, será fácil verificar que não há quem não trabalhe. Seja o
joão-de-barro construindo o ninho para acolher sua companheira e a futura
prole; ou a lagarta, tecendo o casulo que guarda a beleza da borboleta em
gérmen; ou ainda a abelha colhendo o pólen para fabricar seu doce alimento.
Para os animais, o
trabalho é sinônimo de sobrevivência. Trabalha a ave, o inseto, o grande e o
pequeno, todos trabalham, como lei de
sobrevivência, lei do instinto que os faz buscar o alimento, construir o abrigo,
proteger a prole.
E para que serve o
trabalho para nós?
Longe da conotação
latina de tortura, devemos entender o trabalho como ferramenta que a Divindade
nos oferece como processo de aprendizado.
Sendo o trabalho toda
ocupação útil a que nos vinculamos, serve como exercício do desenvolvimento de
nossas capacidades intelectuais, morais ou emocionais.
Dessa forma, trabalha a
dona de casa, ao buscar o asseio do lar, ao confeccionar a comida saborosa para
nutrir a família.
Trabalham o pedreiro e
o engenheiro na construção do edifício, trabalha o voluntário, doando seu tempo
em nome do amor ao
próximo.
De uma ou de outra
forma, é o trabalho a ferramenta bendita que a Divindade nos oferece para
o progresso pessoal.
O ócio, o tempo
descomprometido, servem como oportunidades para que os desajustes de nossa
intimidade ganhem corpo, ao longo das horas vazias.
Ao contrário, a hora
preenchida pela ocupação útil é oportunidade de aprendizado, de interiorizar
novas capacidades, nos mais variados campos de nossa intimidade.
Jesus nos lembrava que
Ele trabalhava sem cessar, assim como o Pai Celeste igualmente trabalha.
Assim, nunca reclamemos
do trabalho que a vida nos ofereça. Ao contrário, a cada dia, agradeçamos a
Deus o trabalho bendito e honesto, que nos será passaporte para dias mais
felizes, nessa e na outra vida.
O descanso é
necessidade natural do
organismo, e direito de todos nós, após a jornada de
trabalho, a fim de refazer ânimos e recuperar as energias.
Mas jamais nos permitamos o descanso em excesso, fazendo como aqueles que se iludem com os objetivos da vida, imaginando-se em um parque de diversões.
Mas jamais nos permitamos o descanso em excesso, fazendo como aqueles que se iludem com os objetivos da vida, imaginando-se em um parque de diversões.
Tenhamos em mente que
nascemos todos em bendita oficina de trabalho, que é a Terra, a fim de forjar
nossos caracteres e valores.
E, ao início e fim de
cada jornada de
trabalho, agradeçamos a ocupação útil, remunerada ou voluntária, dentro ou fora
do lar, lembrando de todos aqueles que adorariam
poder estar em nosso lugar.”
Disponível
em http://www.caminhosluz.com.br/detalhe.asp?txt=4222
“Indispensabilidade
do Trabalho
O progresso, nas suas mais variadas expressões, tem as suas diretrizes
fixadas na lei do
trabalho, sem o que não se conseguiria sustentar.
Desse modo, em todo o
Universo, o trabalho é a expressão de grandeza que reflete a glória do Pai Criador.
O silêncio sideral é
somente pobreza da humana acústica, quanto o repouso é colocação improcedente,
de referência às realidades da vida.
Em tudo e em toda a parte, onde
pulsa a vida, a lei do
trabalho produz e comanda as soberanas realizações.
Ninguém que dele se
encontre isento a pretexto algum ou possa prescindir do seu relevante
cometimento.
Portanto, não te
escuses do seu sagrado compromisso.
Vives o teu maior
momento e é imprescindível que o aproveites com sabedoria,
galgando os degraus da evolução, a penates que
sejam de dor e
pranto, de ansiedade e sofrimento, porém, com as mãos na charrua da ação
edificante, amando e servindo sem cansaço.
Aqueles que encontramos
Jesus, aprendemos que serviço é a honra que nos cumpre disputar em qualquer
situação em que nos encontremos.
Há sofrimento que nos
espia e ação que nos aguarda.
Os santos, os
cientistas e heróis não nasceram concluídos, fizeram-se através de infatigável
trabalho com que se lapidaram as arestas, superando-se, até poderem esculpir no
imo d’alma a destinação gloriosa de todos nós.
Mediante o trabalho,
fomenta-se a grandeza do mundo e estabelecem-se as condições de harmonia e paz entre as criaturas humanas.
Regiões insalubres,
vales tristes e ermos, pântanos letais, desertos sáfaros aguardam a ação do
trabalho com que se converterão em celeiros de bênçãos e oásis de paz.
Trabalha e trabalha
sempre, renovando-te sem cessar.
Jesus, o Excelso
trabalhador,
continua até hoje laborando a nosso benefício e aguardando que, a nosso turno, façamos
o mesmo a benefício próprio e do mundo.”
Por Joanna de Angelis
Disponível em
http://www.caminhosluz.com.br/detalhe.asp?txt=2086
“Felicidade e Trabalho
Felicidade e trabalho -
dois temas da vida que se complementam - à maneira do teto e do alicerce de uma
construção.
Indubitavelmente, a
Terra ainda é uma estância de provas
regenerativas, sem possibilidade de oferecer-nos a felicidade integral; entretanto, nela encontramos todo o material de que necessitamos para alteá-la na categoria dos
mundos.
Dificuldade,
tribulação, sofrimentos e atritos são alguns dos agentes, com os
quais se nos fará possível organizar o aperfeiçoamento de nós mesmos.
Se podemos sugerir o
começo do imenso trabalho alusivo á realização que demandamos, é preciso
erradicar a insatisfação que tantas vezes nos caracteriza, instalando em nós
outros, o amor e
a humildade, a paciência e a coragem, por instrumentos
de serviço que nos será possível manejar com acerto, em nosso próprio
benefício.
Não existe pântano que
não possa ser drenado e nem penúria que
a benemerência não consiga extinguir.
Em suma, estamos todos
- os espíritos vinculados à Terra - num plano de grandes conflitos, carregando o fardo de nossas imperfeições, adquiridas ao
longo dos milênios, mas o Supremo Pai jamais nos sonegou a
bênção da esperança e, em razão disso,
ser-nos-á possível aceitar os agentes de que
dispomos, a fim de melhorar-nos, melhorando a vida, em torno de nós.
A vida no Planeta é
assinalada por embates e antagonismos diversos, no entanto, a paz e a alegria se
nos farão companheiros em todos os dias da Terra e do Mais Além, se nos
dispusermos a aceitar a existência que nos foi concedida, a amar aos nossos semelhantes
e a servir incessantemente, realizações que demandam unicamente uma só atitude:
- Trabalhar.”
Por Emmanuel
Disponível em
http://www.caminhosluz.com.br/detalhe.asp?txt=4491
“Beneficência e
Trabalho
Abeiramo-nos de uma
época em que a bênção da caridade precisará nascer no imo da prestação de serviço e,
por esta mesma razão, as
próprias casas de beneficência, no porvir, se manterão por si próprias à custa
do esforço e
da colaboração dos que se beneficiam delas e daqueles que as dirigem com alma e
coração.
O homem compreenderá um dia que, colocado à frente do trabalho, encontrará
nesse apoio o caminho das próprias realizações.
Tudo se move pelo
trabalho, tudo se faz pelo trabalho e com o trabalho sempre mais digno a
Humanidade descobrirá os seus mais altos roteiros de redenção.”
Por
Batuíra
Disponível
em http://www.caminhosluz.com.br/detalhe.asp?txt=5471
Leitura Complementar
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS:
FRANCO, Divaldo. Oferenda. Pelo espírito Joanna de
Angelis. Salvador: Livraria Leal, 2004.
KARDEC, Allan. A
Gênese: os milagres e as predições segundo o Espiritismo. Trad. de Guillon
Ribeiro da 5. ed. francesa. 48. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005.
______. O céu e o
inferno ou A Justiça divina segundo o Espiritismo. Trad. de Manuel Justiniano
Quintão. 57. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005.
______. O Evangelho
segundo o Espiritismo. Trad. de Guillon Ribeiro da 3. ed. francesa rev.,
corrig. e modif. pelo autor em 1866. 124. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004.
______. O Livro dos
Espíritos: princípios da Doutrina Espírita. Trad. de Guillon Ribeiro. 86. ed.
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XAVIER, Francisco
Cândido. Mais luz. Pelo espírito Batuíra.
Editora GEEM, 1970.
_______. Monte Acima. Pelo espírito Emmanuel. Editora GEEM, 1985.
_______. Pai Nosso. Pelo espírito Meimei. Editora FEB, 1952.
_______. Reportagens de Além-túmulo. Pelo
espírito Humberto de Campos. Brasília: Lake, 1943.
_______. Sinal Verde. Pelo espírito André Luiz. Brasília:
Edição CEC, 1972.
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