sábado, 29 de fevereiro de 2020


Estudo do livro Nosso Lar


O UMBRAL

Este estudo é baseado em reflexões informadas pelo capítulo em questão.

O estudo do capítulo 12 tem como informações gerais:
1)  Personagem: André Luiz, Lísias
2)  Temas: Umbral, religião

12
O UMBRAL
Após receber tão valiosas elucidações, aguçava-se-me o desejo de intensificar a aquisição de conhecimentos relativos a diversos problemas que a palavra de Lísias sugeria. As referências a espíritos do Umbral mordiam-me a curiosidade. A ausência de preparação religiosa, no mundo, dá motivo a dolorosas perturbações. Que seria o Umbral? Conhecia, apenas, a ideia do inferno e do purgatório, através dos sermões ouvidos nas cerimônias católico-romanas a que assistira, obedecendo a preceitos protocolares. Desse Umbral, porém, nunca tivera notícias.

No parágrafo acima, André reflete sobre a importância da religião.
No dicionário, o significado relacionado a religião, informa que é um “é um conjunto de sistemas culturais e de crenças, além de visões de mundo, que estabelece os símbolos que relacionam a humanidade com a espiritualidade e seus próprios valores morais.”
E ao meditar a respeito da pontuação realizada por ele, é essencial que se depare para a importância das crenças, posições e decisões utilizadas pelo encarnado, visto que isto pode ser algo primordial para a sua vida como desencarnado.
Ter conhecimento de que o indivíduo quando encarnado precisa se preparar para o porvir, principalmente, no que tange as questões internas, tal como a transformação íntima: acreditar que há algo além do que os olhos da matéria conseguem compreender.
Além disso, cabe salientar que ele não se preparou religiosamente, logo se encontrava na situação em que se achava (Umbral), ocasionando “dolorosas perturbações”, uma vez que “a ideia do inferno e do purgatório” ainda o detinha a cultura adquirida quando estava na carne como encarnado.

Ao primeiro encontro com o generoso visitador, minhas perguntas não se fizeram esperar. Lísias ouviu-me, atencioso, e replicou:
- Ora, ora, pois você andou detido por lá tanto tempo e não conhece a região?
Recordei os sofrimentos passados, experimentando arrepios de horror.
- O Umbral - continuou ele, solícito - começa na crosta terrestre. É a zona obscura de quantos no mundo não se resolveram a atravessar as portas dos deveres sagrados, a fim de cumpri-los, demorando-se no vale da indecisão ou no pântano dos erros numerosos. Quando o espírito reencarna, promete cumprir o programa de serviços do Pai; entretanto, ao recapitular experiências no planeta, é muito difícil fazê-lo, para só procurar o que lhe satisfaça ao egoísmo. Assim é que mantidos são o mesmo ódio aos adversários e a mesma paixão pelos amigos. Mas, nem o ódio é justiça, nem a paixão é amor. Tudo o que excede, sem aproveitamento, prejudica a economia da vida. Pois bem: todas as multidões de desequilibrados permanecem nas regiões nevoentas, que se seguem aos fluidos carnais. O dever cumprido é uma porta que atravessamos no Infinito, rumo ao continente sagrado da união com o Senhor. É natural, portanto, que o homem esquivo à obrigação justa, tenha essa bênção indefinidamente adiada.

Conforme a explicação de Lísias, o Umbral é um local onde os espíritos desencarnados que não cumpriram os programas elevados de transformação íntima se localizam.
Em virtude disso, é primordial a reflexão sobre as atitudes feitas pelo próprio encarnado a fim de que ele não permaneça no vale do sofrimento de acordo com as escolhas concretizadas por ele.
Concernente a isso, é imprescindível que o mesmo procure o trabalho do bem e do amor edificando uma estrada em que a porta seja benéfica de paz e de felicidade.

Notando-me a dificuldade para apreender todo o conteúdo do ensinamento, com vistas à minha quase total ignorância dos princípios espirituais, Lísias procurou tornar a lição mais clara:
- Imagine que cada um de nós, renascendo no planeta, somos portadores de um fato sujo, para lavar no tanque da vida humana. Essa roupa imunda é o corpo causal, tecido por nossas mãos, nas experiências anteriores. Compartilhando, de novo, as bênçãos da oportunidade terrestre, esquecemos, porém, o objetivo essencial, e, ao invés de nos purificarmos pelo esforço da lavagem, manchamo-nos ainda mais, contraindo novos laços e encarcerando-nos a nós mesmos em verdadeira escravidão. Ora, se ao voltarmos ao mundo procurávamos um meio de fugir à sujidade, pelo desacordo de nossa situação com o meio elevado, como regressar a esse mesmo ambiente luminoso, em piores condições? O Umbral funciona, portanto, como região destinada a esgotamento de resíduos mentais; uma espécie de zona purgatorial, onde se queima a prestações o material deteriorado das ilusões que a criatura adquiriu por atacado, menosprezando o sublime ensejo de uma existência terrena.
A imagem não podia ser mais clara, mais convincente.

De acordo com o esclarecimento de Lísias, o encarnado ao voltar à carne precisa não só praticar o bem, como também, pensar nele, extraindo da sua atmosfera psíquica todo o pensamento destrutivo do caminho evolutivo do ser espiritual.
Quando um ser humano nasce, ele está adquirindo uma nova oportunidade de se melhorar espiritualmente para que não sofra nem faça todos a sua volta sofrer também; e, isso, ele faz mudando através da alteração de comportamento e da maneira de pensar.
No entanto, infelizmente, a maioria não consegue concretizar a metamorfose interior e acaba por perder a oportunidade ofertada voltando para a pátria espiritual perdido em inquietações sofredoras.

Não havia como disfarçar minha justa admiração. Compreendendo o efeito benéfico que me traziam aqueles esclarecimentos, Lísias continuou:
- O Umbral é região de profundo interesse para quem esteja na Terra. Concentra-se, aí, tudo o que não tem finalidade para a vida superior. E note você que a Providência Divina agiu sabiamente, permitindo se criasse tal departamento em torno do planeta. Há legiões compactas de almas irresolutas e ignorantes, que não são suficientemente perversas para serem enviadas a colônias de reparação mais dolorosa, nem bastante nobres para serem conduzidas a planos de elevação. Representam fileiras de habitantes do Umbral, companheiros imediatos dos homens encarnados, separados deles apenas por leis vibratórias. Não é de estranhar, portanto, que semelhantes lugares se caracterizem por grandes perturbações. Lá vivem, agrupam-se, os revoltados de toda espécie. Formam, igualmente, núcleos invisíveis de notável poder, pela concentração das tendências e desejos gerais. Muita gente da Terra não recorda que se desespera quando o carteiro não vem, quando o comboio não aparece? Pois o Umbral está repleto de desesperados. Por não encontrarem o Senhor à disposição dos seus caprichos, após a morte do corpo físico, e, sentindo que a coroa da vida eterna é a glória intransferível dos que trabalham com o Pai, essas criaturas se revelam e demoram em mesquinhas edificações. "Nosso Lar" tem uma sociedade espiritual, mas esses núcleos possuem infelizes, malfeitores e vagabundos de várias categorias. É zona de verdugos e vítimas, de exploradores e explorados.

Acrescentando informações, Lísias elucida que o Umbral é um local criado pela espiritualidade maior a fim de contribuir para que espíritos menos esclarecidos permaneçam por determinado tempo recebendo orientação e acolhimento necessário para o seu fortalecimento para que consiga seguir na jornada da sua evolução benéfica na construção do seu próprio bem e o de todos.
Vale, ainda, pontuar e meditar a respeito das palavras do Mestre Jesus Cristo: “Há muitas moradas na casa de meu Pai.”  Por conseguinte, há de direcionar o pensamento e a crença na existência de divergentes localidades em benefício do ser espiritual conforme o seu grau evolutivo ou natureza psíquica, onde espíritos afins se encontram sejam para auxiliar ou serem acolhidos.

Valendo-me da pausa, que se fizera espontânea, exclamei, impressionado:
- Como explicar? Então não há por lá defesa, organização?
Sorriu o interlocutor, esclarecendo:
- Organização é atributo dos espíritos organizados. Que quer você? A zona inferior a que nos referimos é qual a casa onde não há pão: todos gritam e ninguém tem razão. O viajante distraído perde o comboio, o agricultor que não semeou não pode colher. Uma certeza, porém, posso dar-lhe: - não obstante as sombras e angústias do Umbral, nunca faltou lá a proteção divina. Cada espírito lá permanece o tempo que se faça necessário. Para isso, meu amigo, permitiu o Senhor se erigissem muitas colônias como esta, consagradas ao trabalho e ao socorro espiritual.

Nesta passagem, esta evidente a existência de diferentes vertentes de trabalho e edificação no bem; e, apesar da presença de diversas localizações, nenhuma delas é feita sem orientação e direção de organizadores experientes e elevados a fim de que todos possam ser beneficiados seja com o trabalho seja com o amparo.
- Creio, então - observei -, que essa esfera se mistura quase com a esfera dos homens.
- Sim - confirmou o dedicado amigo -, e é nessa zona que se estendem os fios invisíveis que ligam as mentes humanas entre si. O plano está repleto de desencarnados e de formas-pensamento dos encarnados, porque, em verdade, todo espírito, esteja onde estiver, é um núcleo irradiante de forças que criam, transformam ou destroem, exteriorizadas em vibrações que a ciência terrestre presentemente não pode compreender. Quem pensa, está fazendo alguma coisa alhures. E é pelo pensamento que os homens encontram no Umbral os companheiros que afinam com as tendências de cada um. Toda alma é um ímã poderoso. Há uma extensa humanidade invisível, que se segue à humanidade visível. As missões mais laboriosas do Ministério do Auxílio são constituídas por abnegados servidores, no Umbral, porque se a tarefa dos bombeiros nas grandes cidades terrenas é difícil, pelas labaredas e ondas de fumo que os defrontam, os missionários do Umbral encontram fluidos pesadíssimos emitidos, sem cessar, por milhares de mentes desequilibradas, na prática do mal, ou terrivelmente flageladas nos sofrimentos retificadores. É necessário muita coragem e muita renúncia para ajudar a quem nada compreende do auxílio que se lhe oferece.

Mediante a presença destes tipos de localidades, é essencial que todo espírito atende a maneira pela qual direciona o seu pensamento para que este não se transforme em tormentos voluntários de destruição do amor, da fé e da esperança em seu ser espiritual.
Segundo as pontuações de Lísias, no caso do Umbral, este local foi criado conforme a vibração mental de todos os espíritos com pensamentos destrutivos e afins. De qualquer maneira, nenhum ser espiritual encontra-se sem amparo dos que já conseguiram trabalhar as suas mentes em favor de si mesmos.

Interrompera-se Lísias. Sumamente impressionado, exclamei:
- Ah! como desejo trabalhar junto dessas legiões de infelizes, levando-lhes o pão espiritual do esclarecimento!
O enfermeiro amigo fixou-me bondosamente, e, depois de meditar em silêncio, por largos instantes, acentuou, ao despedir-se:
- Será que você se sente com o preparo indispensável a semelhante serviço?

Finalizando, o interlocutor traz uma reflexão a respeito deste local: o espírito pode até se localizar neste ponto; porém, de que modo ele deseja estar: trabalhando ou dando trabalho?
Se escolher o trabalhando, atente para o uso adequado da luz e da sombra já que são atitudes mentais necessárias da vigília e da oração.


Leitura Complementar

Melhorar Sempre
Emmanuel
"Por isso também os que sofrem segundo a vontade de Deus encomendem suas almas ao fiel Criador, na prática do bem." - Pedro (I Pedro, 4:19.)
Justo lembrar que a Providência Divina nos endereça todos à paz e à felicidade, ao aperfeiçoamento e à vitória.
Entretanto, quantas vezes e quantos de nós, a meio caminho para o triunfo, nos motivamos para a frustração e marginalizamo-nos por tempo indeterminado em desânimo e pessimismo?
Prendemo-nos ao lado negativo de contratempos salvadores e costumamos dizer:
- Nada posso.
- Tudo é contra mim.
- Só vejo trevas.
- Sou um caso perdido.
- Moro no azar.
- Sou sempre infeliz.
- A vida é uma carga insuportável.
Na fieira de semelhantes condenações, esquecemo-nos de que cada qual de nós tem o seu mundo próprio, e, se induzimos o nosso próprio mundo ao fracasso, quem nos livrará do fracasso, se somos todos criaturas de Deus com a faculdade de criar os nossos próprios destinos?
Consideremos isso, selecionando expressões e afirmações compatíveis com a nossa condição de espíritos imortais, ante as Leis do Universo.
Uma frase estabelece determinada disposição.
Determinada disposição produz certa atividade específica.
Certa atividade específica gera circunstâncias.
E circunstâncias constroem a vida.
Em todos os lances da existência, procuremos palavras de esperança e fé, alegria e bênção para usá-las a benefício próprio, de vez que, ainda mesmo nos últimos degraus do sofrimento, dispomos nós todos, com o amparo de Deus, do privilégio de renovar e da felicidade de servir.


SOFRIMENTO E AMOR
Joanna de Ângelis
Antes de tomares a indumentária carnal, objetivando o processo reencarnacionista, solicitaste a bênção do sofrimento como refúgio de segurança em relação aos perigos que defrontarias.
Recebeste, em razão do ministério que deverias exercer, uma organização física muito bem equipada, portadora de lucidez mental e equilíbrio emocional, a fim de que pudesses aplicar todo o fluido vital mantenedor da argamassa celular no ministério de iluminação.
Suplicaste pelo amparo dos mentores amigos, e diversos deles prontificaram-se a acompanhar-te o passo, na condição de orientadores e mantenedores da tua fé nos momentos mais difíceis da jornada.
Conseguiste dose dupla de saúde, a fim de que as mortificações dos trabalhos não diminuíssem o vigor e pudesses avançar intimorato, com largo sorriso na face, cantando as glórias do Altíssimo.
Diante de muitas concessões, também solicitaste o ferretear de alguns fenômenos conflitivos que vinham de existências pregressas.
Experimentaste solidão e dificuldade, dores e angústias complexas de solução, mas nunca te faltaram os socorros dos Céus através de variados recursos que diminuíram o desencanto e a aflição.
À semelhança de um córrego que enfrenta escolhos no seu curso e impedimentos inesperados, avançaste vagarosamente e com segurança, vencendo largo trecho do caminho.
Tuas mãos suadas no trabalho e teus sentimentos estiolados não te impediram de avançar, e mesmo quando os joelhos se desconjuntaram, reunias forças e prosseguias.
Houve instantes penosos e sombrios sob cúmulos de tempestades que te vergastaram. Mesmo aí conseguiste perseverar e em nenhum momento pensaste em desistir.
O teu devotamento atraiu almas abnegadas de ambos os lados da Vida, a fim de auxiliarem no desiderato sublime a que dedicaste a existência.
A palavra do Senhor dava-te segurança e Sua Luz apontava-te o rumo em plena escuridão.
Lentamente a obra de amor planejada pelos guias espirituais da Humanidade ergueu-se e começou a albergar os filhos do Calvário com doçura e encantamento.
Choveram perseguições de ambos os planos, o material e o espiritual, e continuaste sorrindo, e chorando fiel Àquele que te convidou.
Sucederam-se vidas, por outras substituídas, que continuaram velando por ti e sustentando-se nos testemunhos redentores. Em momentos cruciais, quando tudo parecia ruir sob o tropel de forças desgovernadas, Jesus te amparou e ao grupo, de modo que os alicerces mantiveram os edifícios do bem em segurança.
Alcanças o momento das grandes transformações. E as dores se te apresentam excruciantes, assustando-te.
Não temas! O amor a tudo vence a tudo transforma.
Continua amando, sem te importares com as respostas que te chegam.
Este é um período muito grave para o processo histórico da Humanidade. E é natural que sejas igualmente afetado.
Esperaste por esta ocasião entre encantamentos, desolação, e ao surgir a oportunidade anelada, não titubeies, insiste e ama. Ama indiscriminadamente.
*
Quando o amor se apresenta reticente, é preconceituoso e egoico, pois que, na sua intimidade, tudo deve entender e ajudar.
Ao sedento não importa o vaso que se lhe ofereça a linfa refrescante e salvadora. Ao doador, vale matar a sede de quem lhe pede com os recursos possíveis.
O amor é a alma do Universo, e por isso João, o discípulo amado, informou ser o próprio Deus.
A Terra necessita de compaixão, e todos os seres sencientes aguardam o alimento do amor para nutrir-se e desenvolver-se.
Enquanto o amor avança lentamente, o ódio e a indiferença estimulam a insensatez e o desinteresse em favor do triunfo de um instante.
A caravana dos autossatisfeitos é muito grande e cresce ao influxo das mentes em desalinho que enxameiam no Mais-além inferior, nutrindo-se das excessivas distrações e prazeres cada vez mais exorbitantes das suas vítimas.
Reveste-te de ternura para romper a carapaça que envolve os indiferentes e egoístas.
Sorriem por momento, mas não se furtarão às lágrimas que os buscarão oportunamente.
Quanto a ti, trabalha-te e exaure-te pelo Reino de Deus, permanecendo confiante.
Não fraquejes agora por estares em carência.
Somente houve a gloriosa ressurreição do Mestre, porque antes aconteceram os aziagos fenômenos de traição, de dor e de abandono, que culminaram na Sua morte.
São muitos os seareiros da luz que te pedem coragem e perseverança na batalha que estás travando entre lágrimas e desconsolo.
Ora mais e penetra-te de paz e confiança, amando sem cessar, mesmo que não venhas a receber a resposta afetiva desejada.
*
Cristão sem condecoração do sofrimento ainda não passou pelo campo de batalha.
Assim, transforma as tuas dores e expectativas num hino de amor e de alegria, certo da vitória final ao lado daqueles que também te amam.
Sofrimento e amor são termos luminosos da equação existencial.

Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na noite de 28.3.2016, na sessão mediúnica do Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

O Umbral. Disponível em: <https://espiritismodaalma.wordpress.com/2017/11/12/o-umbral/> Acesso em 29 fev 2020.

Religião. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Religi%C3%A3o>. acesso em 29 fev 2020.

Sofrimento e amor. Disponível em: <http://www.divaldofranco.com.br/mensagens.php?not=416>. Acesso em 29 fev 2020.

XAVIER, Francisco Cândido. Fonte de Paz. Espíritos Diversos. IDE. Capítulo 7.

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