domingo, 28 de agosto de 2016

Introdução - Item III - Noticias Históricas

Para bem se compreenderem algumas passagens dos Evangelhos, necessário se faz conhecer o valor de muitas palavras nelas frequentemente empregadas e que caracterizam o estado dos costumes e da sociedade judia naquela época. Já não tendo para nós o mesmo sentido, essas palavras foram com frequência mal interpretadas, causando isso uma espécie de incerteza. A inteligência da significação delas explica, ademais, o verdadeiro sentido de certas máximas que, à primeira vista, parecem singulares.
Samaritanos. – Após o cisma das dez tribos, Samaria se constituiu a capital do reino dissidente de Israel. Destruída e reconstruída várias vezes, tornou-se, sob os romanos, a cabeça da Samaria, uma das quatro divisões da Palestina. Herodes, chamado o Grande, a embelezou de suntuosos monumentos e, para lisonjear Augusto, lhe deu o nome de Augusta, em grego Sebaste.
Os samaritanos estiveram quase constantemente em guerra com os reis de Judá. Aversão profunda, datando da época da separação, perpetuou-se entre os dois povos, que evitavam todas as relações recíprocas. Aqueles, para tornarem maior a cisão e não terem de vir a Jerusalém pela celebração das festas religiosas, construíram para si um templo particular e adotaram algumas reformas. Somente admitiam o Pentateuco, que continha a lei de Moisés, e rejeitavam todos os outros livros que a esse foram posteriormente anexados. Seus livros sagrados eram escritos em caracteres hebraicos da mais alta antiguidade. Para os judeus ortodoxos, eles eram heréticos[1] e, portanto, desprezados, anatematizados e perseguidos. O antagonismo das duas nações tinha, pois, por fundamento único a divergência das opiniões religiosas; se bem fosse a mesma a origem das crenças de uma e outra. Eram os protestantes desse tempo.
Ainda hoje se encontram samaritanos em algumas regiões do Levante, particularmente em Nablus e em Jaffa. Observam a lei de Moisés com mais rigor que os outros judeus e só entre si contraem alianças.
Nazarenos. – Nome dado, na antiga lei, aos judeus que faziam voto, perpétuo ou temporário, de guardar perfeita pureza. Eles se comprometiam a observar a castidade, a abster-se de bebidas alcoólicas e a conservar a cabeleira. Sansão, Samuel e João Batista eram nazarenos. Mais tarde, os judeus deram esse nome aos primeiros cristãos, por alusão a Jesus de Nazaré.
Também foi essa a denominação de uma seita herética dos primeiros séculos da Era Cristã, a qual, do mesmo modo que os ebionitas, de quem adotava certos princípios, misturava as práticas do mosaísmo com os dogmas cristãos, seita essa que desapareceu no século quarto.
Publicanos. – Eram assim chamados, na antiga Roma, os cavalheiros arrendatários das taxas públicas, incumbidos da cobrança dos impostos e das rendas de toda espécie, quer em Roma mesma, quer nas outras partes do Império. Eram como os arrendatários gerais e arrematadores de taxas do antigo regímen na França e que ainda existem nalgumas regiões. Os riscos a que estavam sujeitos faziam que os olhos se fechassem para as riquezas que muitas vezes adquiriam e que, da parte de alguns, eram frutos de exações e de lucros escandalosos. O nome de publicano se estendeu mais tarde a todos os que superintendiam os dinheiros públicos e aos agentes subalternos. Hoje esse termo se emprega em sentido pejorativo, para designar os financistas e os agentes pouco escrupulosos de negócios. Diz-se por vezes: “Ávido como um publicano, rico como um publicano”, com referência a riquezas de mau quilate.
De toda a dominação romana, o imposto foi o que os judeus mais dificilmente aceitaram e o que mais irritação causou entre eles. Daí nasceram várias revoltas, fazendo-se do caso uma questão religiosa, por ser considerada contrária à Lei. Constituiu-se, mesmo, um partido poderoso, a cuja frente se pôs um certo Judá, apelidado o Gaulonita, tendo por princípio o não pagamento do imposto. Os judeus, pois, abominavam o imposto e, como consequência, todos os que eram encarregados de arrecadá-lo, donde a aversão que votavam aos publicanos de todas as categorias, entre os quais podiam encontrar-se pessoas muito estimáveis, mas que, em virtude das suas funções, eram desprezadas, assim como os que com elas mantinham relações, os quais se viam atingidos pela mesma reprovação. Os judeus de destaque consideravam um comprometimento ter com eles intimidade.
Portageiros. – Eram os arrecadadores de baixa categoria, incumbidos principalmente da cobrança dos direitos de entrada nas cidades. Suas funções correspondiam mais ou menos à dos empregados de alfândega e recebedores dos direitos de barreira. Compartilhavam da repulsa que pesava sobre os publicanos em geral. Essa a razão por que, no Evangelho, se depara frequentemente com a palavra publicano ao lado da expressão gente de má vida. Tal qualificação não implicava a de debochados ou vagabundos. Era um termo de desprezo, sinônimo de gente de má companhia, gente indigna de conviver com pessoas distintas.
Fariseus (do hebreu parush, divisão, separação). – A tradição constituía parte importante da teologia dos judeus. Consistia numa compilação das interpretações sucessivamente dadas ao sentido das Escrituras e tornadas artigos de dogma. Constituía, entre os doutores, assunto de discussões intermináveis, as mais das vezes sobre simples questões de palavras ou de formas, no gênero das disputas teológicas e das sutilezas da escolástica da Idade Média. Daí nasceram diferentes seitas, cada uma das quais pretendia ter o monopólio da verdade, detestando-se umas às outras, como sói acontecer.
Entre essas seitas, a mais influente era a dos fariseus, que teve por chefe Hillel[2],  doutor judeu nascido na Babilônia, fundador de uma escola célebre, onde se ensinava que só se devia depositar fé nas Escrituras. Sua origem remonta a 180 ou 200 anos antes de Jesus Cristo. Os fariseus, em diversas épocas, foram perseguidos, especialmente sob Hircano — soberano pontífice e rei dos judeus —, Aristóbulo e Alexandre, rei da Síria. Este último, porém, lhes deferiu honras e restituiu os bens, de sorte que eles readquiriram o antigo poderio e o conservaram até a ruína de Jerusalém, no ano 70 da Era Cristã, época em que se lhes apagou o nome, em consequência da dispersão dos judeus.
Tomavam parte ativa nas controvérsias religiosas. Servis cumpridores das práticas exteriores do culto e das cerimônias; cheios de um zelo ardente de proselitismo[3], inimigos dos inovadores, afetavam grande severidade de princípios; mas, sob as aparências de meticulosa devoção, ocultavam costumes dissolutos, muito orgulho e, acima de tudo, excessiva ânsia de dominação. Tinham a religião mais como meio de chegarem a seus fins, do que como objeto de fé sincera. Da virtude nada possuíam, além das exterioridades e da ostentação; entretanto, por umas e outras, exerciam grande influência sobre o povo, a cujos olhos passavam por santas criaturas. Daí o serem muito poderosos em Jerusalém.
Acreditavam, ou, pelo menos, fingiam acreditar na Providência, na imortalidade da alma, na eternidade das penas e na ressurreição dos mortos. (Cap. IV, item 4.) Jesus, que prezava, sobretudo, a simplicidade e as qualidades da alma, que, na lei, preferia o espírito, que vivifica, à letra, que mata, se aplicou, durante toda a sua missão, a lhes desmascarar a hipocrisia, pelo que tinha neles encarniçados inimigos. Essa a razão por que se ligaram aos príncipes dos sacerdotes para amotinar contra Ele o povo e eliminá-lo.
]Escribas.Nome dado, a princípio, aos secretários dos reis de Judá e a certos intendentes dos exércitos judeus. Mais tarde, foi aplicado especialmente aos doutores que ensinavam a lei de Moisés e a interpretavam para o povo. Faziam causa comum com os fariseus, de cujos princípios partilhavam, bem como da antipatia que aqueles votavam aos inovadores. Daí o envolvê-los Jesus na reprovação que lançava aos fariseus.
Sinagoga (do grego synagogê, assembleia, congregação). – Um único templo havia na Judeia, o de Salomão, em Jerusalém, onde se celebravam as grandes cerimônias do culto. Os judeus, todos os anos, lá iam em peregrinação para as festas principais, como as da Páscoa, da Dedicação e dos Tabernáculos. Por ocasião dessas festas é que Jesus também costumava ir lá. As outras cidades não possuíam templos, mas apenas sinagogas: edifícios onde os judeus se reuniam aos sábados, para fazer preces públicas, sob a chefia dos anciães, dos escribas, ou doutores da Lei. Nelas também se realizavam leituras dos livros sagrados, seguidas de explicações e comentários, atividades das quais qualquer pessoa podia participar. Por isso é que Jesus, sem ser sacerdote, ensinava aos sábados nas sinagogas.
Desde a ruína de Jerusalém e a dispersão dos judeus, as sinagogas, nas cidades por eles habitadas, servem-lhes de templos para a celebração do culto.
Saduceus. – Seita judia, que se formou por volta do ano 248 antes de Jesus Cristo e cujo nome lhe veio do de Sadoque, seu fundador. Não criam na imortalidade, nem na ressurreição, nem nos anjos bons e maus. Entretanto, criam em Deus; nada, porém, esperando após a morte, só o serviam tendo em vista recompensas temporais, ao que, segundo eles, se limitava a Providência divina. Assim pensando, tinham a satisfação dos sentidos físicos por objetivo essencial da vida. Quanto às Escrituras, atinham-se ao texto da lei antiga. Não admitiam a tradição, nem interpretações quaisquer. Colocavam as boas obras e a observância pura e simples da Lei acima das práticas exteriores do culto. Eram, como se vê, os materialistas, os deístas e os sensualistas da época. Seita pouco numerosa, mas que contava em seu seio importantes personagens e se tornou um partido político oposto constantemente aos fariseus.
Essênios ou esseus. – Também seita judia fundada cerca do ano 150 antes de Jesus Cristo, ao tempo dos macabeus, e cujos membros, habitando uma espécie de mosteiros, formavam entre si uma como associação moral e religiosa. Distinguiam-se pelos costumes brandos e por austeras virtudes, ensinavam o amor a Deus e ao próximo, a imortalidade da alma e acreditavam na ressurreição. Viviam em celibato, condenavam a escravidão e a guerra, punham em comunhão os seus bens e se entregavam à agricultura. Contrários aos saduceus sensuais, que negavam a imortalidade; aos fariseus de rígidas práticas exteriores e de virtudes apenas aparentes, nunca os essênios tomaram parte nas querelas que tornaram antagonistas aquelas duas outras seitas. Pelo gênero de vida que levavam, assemelhavam-se muito aos primeiros cristãos, e os princípios da moral que professavam induziram muitas pessoas a supor que Jesus, antes de dar começo à sua missão pública, lhes pertencera à comunidade. É certo que ele há de tê-la conhecido, mas nada prova que se lhe houvesse filiado, sendo, pois, hipotético tudo quanto a esse respeito se escreveu.
Terapeutas (do grego therapeutai, formado de therapeuein, servir, cuidar, isto é: servidores de Deus ou curadores). – Eram sectários[4] judeus contemporâneos do Cristo, estabelecidos principalmente em Alexandria, no Egito. Tinham muita relação com os essênios, cujos princípios adotavam, aplicando-se, como esses últimos, à prática de todas as virtudes. Eram de extrema frugalidade[5] na alimentação. Também celibatários, votados à contemplação e vivendo vida solitária, constituíam uma verdadeira ordem religiosa. Fílon, filósofo judeu platônico, de Alexandria, foi o primeiro a falar dos terapeutas, considerando-os uma seita do Judaísmo. Eusébio, São Jerônimo e outros Pais da Igreja pensam que eles eram cristãos. Fossem tais, ou fossem judeus, o que é evidente é que, do mesmo modo que os essênios, eles representam o traço de união entre o Judaísmo e o Cristianismo.
Questão para estudo:

1 - Por que Jesus contou a parábola do Bom Samaritano (cap. XV - ESE)?






Informações adicionais:

Notícias Históricas: dos Samaritanos aos Terapeutas

1) O que é uma seita?
A seita é formada a partir de um grupo de indivíduos que professa uma doutrina diferente daquela considerada ortodoxa. Daí a heresia no campo da religião. Quando, porém, ela se institucionaliza, acaba constituindo uma nova Igreja. Um exemplo: as Igrejas protestantes.

2) Quais as seitas ou divisões que havia na época de Jesus?
De acordo com as Notícias Históricas, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, temos: Samaritanos, Nazarenos, Publicanos, Peageiros, Fariseus, Escribas, Saduceus, Essênios e Terapeutas.

3) Quem eram os Samaritanos? O que defendiam?
Samaritanos. Proveniente de Shomron, região da antiga Judéia, que hoje é chamada Samaria. Seus habitantes na Antiguidade eram chamados shomronim, ou samaritanos. Depois do cisma das dez tribos, Samaria tornou-se a capital do reino dissidente de Israel. Para não ter que ir a Jerusalém celebrar as festas religiosas, os samaritanos construíram um templo particular, em que só admitiam o Pentateuco de Moisés, tornando-se heréticos aos olhos dos judeus ortodoxos. Por isso, eram desprezados, anatematizados e perseguidos.

4) Quem eram os Nazarenos? A que se obrigavam?
Nazarenos. Nome de uma seita herética nos primeiros séculos da era cristã. Os Nazarenos se obrigavam à castidade, à abstinência de álcool e à conservação de sua cabeleira.

5) Quem eram os Publicanos?  Por que eram desprezados?
Os Publicanos eram os coletores de impostos. Em se tratando da dominação romana, o imposto era o menos tragável pelos judeus. Por isso, sua aversão e desprezo pelos publicanos.

6) Quem eram os Peageiros?  Que tipo de reprovação recebiam?
Peageiros. Cobradores de baixa categoria, encarregados principalmente da arrecadação dos direitos à entrada nas cidades. Recebiam a mesma reprovação aplicada aos Publicanos.  

7) Quem eram os fariseus? O que ostentavam?
Fariseus. Esta palavra deriva do grego pharisaios, “separados” ou “isolados”. Refere-se à seita judaica existente na Judéia nos dois últimos séculos antes de Cristo. Para eles, acostumados à controvérsia, a religião era muito mais de fachada, pois queriam apenas ostentar que a possuía em grau elevado de virtude.

8) Quem eram os Escribas?  A quem se assemelhavam?
Escribas. Designação aplicada aos doutores que ensinavam a lei de Moisés. Sua causa era a mesma dos fariseus, totalmente contrários à inovação.

9) Quem eram os Saduceus? No que acreditavam?
Os Saduceus pertenciam a uma seita judia, fundada por Sadoc. Não acreditavam na imortalidade da alma, nem na ressurreição e nem nos bons e maus anjos. Eles eram os materialistas, os deístas e os sensualistas da época.

10) Quem eram os Essênios? Jesus professou esta seita?
Essênios. Seita do judaísmo fundada no século II a.C. Distinguiam-se pelos costumes brandos e virtudes austeras. Seu modo de vida aproxima-se dos primeiros cristãos, levando algumas pessoas a crer que Jesus fazia parte desta seita.

11) Quem eram os Terapeutas?  Qual a afinidade com os Essênios?
Terapeutas. Ordem monástica judaica anterior à era cristã, estabelecida ao sul de Alexandria, no Egito. Tinham grande afinidade com os essênios, professando os seus costumes e virtudes.

12) Qual a importância deste estudo?
No Novo Testamento, são frequentes o uso dessas palavras. Desconhecer a sua procedência histórica dificulta o real entendimento dos textos evangélicos.
Fonte de Consulta: O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, item III, de sua Introdução. 
(Reunião de 12/11/2011)




O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

INTRODUÇÃO III – NOTÍCIAS HISTÓRICAS


É na Bíblia que está escrita a História religiosa do homem. No antigo testamento está a saga do povo Hebreu até a vinda de Jesus. No novo testamento está a sequência desta história, porém com a introdução do ensinamento do Mestre, a vida futura, regida pela Lei Maior, o Amor. 
São muitos os obstáculos que o homem tem para entender a Bíblia.
Primeiramente ela é considerada um “livro sagrado”; a palavra de Deus, que não pode ser modificada em um “y” ou um “til”. Por muitos séculos a análise desse livro ficou restrita às autoridades religiosas, o povo não tinha acesso a ele e com isso os seus mistérios ficaram reforçados. Assim sendo, o homem, sem orientação, criava as mais diversas alegorias e fantasias sobre si mesmo.
A ignorância do homem quanto a sua natureza, o desconhecimento das Leis Naturais, fomentaram o sobrenatural, os milagres.
Ainda hoje há os que deixam o “livro sagrado” aberto em suas salas, ou em altares improvisados, como talismãs. Outros não usam sequer marcador de páginas para não maculá-lo com elementos materiais uma vez que o consideram Divino, intocável.
Sobre esse livro é que se estruturaram todas as religiões cristãs e o Judaísmo. Este no antigo testamento, principalmente no Pentateuco, ou Torá, e o Cristianismo no novo testamento. 
O Espiritismo é Cristão, porém seus estudos bíblicos não se restringem ao novo testamento. O Espiritismo considera que historicamente a Bíblia toda contém ensinamentos que se complementam.
Para entender melhor a Bíblia é imprescindível nos reportar à sociedade da época de Jesus.
Quando Jesus nasceu entre nós encontrou uma sociedade que estava no limiar de uma nova fase evolutiva. A humanidade adentrava ao estado de maioridade com a consolidação do monoteísmo, com o amadurecimento da filosofia grega e a influência da família romana.
Entretanto era ainda uma sociedade politeísta. A mitologia imperava com toda a sua força e havia um deus para cada aspecto da vida.
O único povo que concebia a unicidade Divina era o Judeu. Mesmo assim sua concepção era a de um Deus exclusivo, antropomórfico, que lutava pela hegemonia daquele povo sobre os demais. Esse Deus os livraria dos opressores, dos dominadores e lhes daria o cetro de escolhido, de privilegiado pelo seu poder.
É natural que numa sociedade assim estruturada a presunção, os preconceitos, as frustrações influenciassem os ânimos. 
Muitas seitas, muitos grupos religiosos se formaram, cada um com características próprias e muito evidentes.
Samaritanos, Nazarenos, Publicanos, Fariseus, Saduceus, Essênios, Doutores da Lei, todos compunham segmentos dessa sociedade; e faziam de tudo para prevalecerem-se uns sobre os outros.
Foi numa sociedade assim que Jesus nasceu. Num ambiente em que a justiça era a última Lei e era exercida por autoridades despóticas.
O “olho por olho e dente por dente” (1) vigia com toda força. 
Entretanto esse povo, o grande povo Hebreu, submisso pela imposição da força, porém intuitivamente melhor preparado pela têmpera da fidelidade a Deus, foi o berço da Boa Nova, o traço de união entre a Justiça de Moisés e o Amor de Jesus para toda a humanidade.


(1) Deuteronômio: cap. 19 vers. 21: Não terás compaixão: vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé.
Levítivo: cap. 24 vers. 20: Fratura por fratura, olho por olho e dente por dente; ser-lhe-á feito o mesmo que ele fez ao seu próximo.


SAMARITANOS


1 O Senhor soube que os fariseus tinham ouvido dizer que ele recrutava e batizava mais discípulos que João 
2 (se bem que não era Jesus quem batizava, mas os seus discípulos). 
3 Deixou a Judéia e voltou para a Galileia. 
4 Ora, devia passar por Samaria. 
5 Chegou, pois, a uma localidade da Samaria, chamada Sicar, junto das terras que Jacó dera a seu filho José. 
6 Ali havia o poço de Jacó. E Jesus, fatigado da viagem, sentou-se à beira do poço. Era por volta do meio-dia.  
7 Veio uma mulher da Samaria tirar água. Pediu-lhe Jesus: Dá-me de beber. 
8 (Pois os discípulos tinham ido à cidade comprar mantimentos.) 
9 Aquela samaritana lhe disse: Sendo tu judeu, como pedes de beber a mim, que sou samaritana!... (Pois os judeus não se comunicavam com os samaritanos.)[/i]” (1)

“Um homem, que descia de Jerusalém para Jericó, caiu em poder de ladrões, que o despojaram, cobriram de ferimentos e se foram, deixando-o semimorto. – Aconteceu em seguida que um sacerdote, descendo pelo mesmo caminho, o viu e passou adiante. - Um levita, que também veio àquele lugar, tendo-o observado, passou igualmente adiante. 
Mas, um samaritano que viajava, chegando ao lugar onde jazia aquele homem e tendo-o visto, foi tocado de compaixão. - Aproximou-se dele, deitou-lhe óleo e vinho nas feridas e as pensou; depois, pondo-o no seu cavalo, levou-o a uma hospedaria e cuidou dele. 
No dia seguinte tirou dois denários e os deu ao hospedeiro, dizendo: Trata muito bem deste homem e tudo o que despenderes a mais, eu te pagarei quando regressar.
Qual desses três te parece ter sido o próximo daquele que caíra em poder dos ladrões? - O doutor respondeu: Aquele que usou de misericórdia para com ele. - Então, vai, diz Jesus, e faze o mesmo". (2)


Hoje em dia existem em muitos locais, não só nos centros espíritas mas também em diversas denominações religiosas, grupos de trabalho denominados Samaritanos. 
São pessoas bem intencionadas que trabalham voluntariamente em favor do próximo.
A Parábola do Bom Samaritano (2) induz o homem atual a adotar o conceito de pessoa caridosa à palavra Samaritano.
Essa denominação reflete bem o sentido que essa palavra tem entre nós atualmente e influi diretamente nas interpretações que damos quando lemos nos Evangelhos os temas em que surgem esses personagens.
Entretanto, no tempo em que Jesus viveu entre nós essa designação tinha outra conotação. 
Havia grande aversão entre os Samaritanos e os Judeus. Embora esse grupo tivesse a mesma origem religiosa, por conflitos internos, eles se separaram e passaram a adotar práticas ritualísticas próprias, a observação rígida do Pentateuco Mosaico e chegaram até a construir um templo somente para si mesmos, pois não frequentavam o templo de Jerusalém.
A passagem Bíblica acima (1) reflete bem os ânimos entre aqueles povos.
Os Judeus ortodoxos consideravam-nos heréticos e os perseguiam. 
Eram, portanto, na época em que a Bíblia foi escrita, os Protestantes, pois divergiam da ortodoxia Judaica.
Jesus, ao elaborar a Parábola do Bom Samaritano (2) evidenciou que perante as Leis Divinas que Ele estava revelando todos os homens são iguais e não que os Samaritanos tivessem algum privilégio.

(1) João IV – 1 a 9 
(2) Lucas, cap. X, vv. 25 a 37.

NAZARENOS e PUBLICANOS


As seitas religiosas se alteram em seus fundamentos com o decorrer dos tempos. No início do cristianismo muitas dessas seitas adotaram um comportamento que era um sincretismo Judaico/Cristão, até como meio de sobrevivência. Os Nazarenos foram uma dessas seitas. Além de adaptarem alguns dogmas e rituais Judaicos à nova revelação Cristã, adotavam comportamento de aparência exterior rígida. Não cortavam os cabelos entre outras medidas que julgavam fortalecer a sua ligação com a Divindade.
Ainda hoje encontramos muitas pessoas que se comportam e adotam apresentação semelhante para identificar sua forma de crer.
Em Juizes, capítulo dezesseis versículo dezessete, lemos:
“E Sansão acabou por confiar-lhe o seu segredo: Sobre minha cabeça, disse ele, nunca passou a navalha, porque sou nazareno de Deus desde o seio de minha mãe. Se me for rapada a cabeça, a minha força me abandonará e serei então fraco como qualquer homem”.
Os primeiros cristãos também receberam essa denominação, como alusão a cidade onde Jesus passou a sua infância de juventude. 
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Os Publicanos eram os encarregados de receber os impostos para os Romanos. Por exercerem essa atividade eram muito mal vistos pelo povo. Os publicanos procuravam se manter pobres para não levantarem suspeitas sobre o destino dos valores arrecadados e levantarem animosidades contra eles. 
Eles sofriam ainda muito preconceitos pois manter relacionamentos com um publicano não era de bom alvitre para a sociedade da época.
Essa designação adquiriu sentido pejorativo, posteriormente. 
Jesus, no entanto, não fazia distinção de classe social e convidou Levi, o futuro evangelista Mateus para ser um de seus discípulos como vemos na passagem a seguir:
Em Lucas, capítulo cinco versículos vinte e sete e vinte e oito, lemos:
“Depois disso, ele saiu e viu sentado ao balcão um coletor de impostos, por nome Levi, e disse-lhe: Segue-me. Deixando ele tudo, levantou-se e o seguiu”.
Há ainda uma outra passagem importante quando o Mestre hospeda-se na casa de Zaqueu, outro publicano e rico, conforme narrativa abaixo: 
Lucas capítulo dezenove, versículos de um a sete, lemos:
“Jesus entrou em Jericó e ia atravessando a cidade.Havia aí um homem muito rico chamado Zaqueu, chefe dos recebedores de impostos. Ele procurava ver quem era Jesus, mas não o conseguia por causa da multidão, porque era de baixa estatura. Ele correu adiante, subiu a um sicômoro para o ver, quando ele passasse por ali. Chegando Jesus àquele lugar e levantando os olhos, viu-o e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa, porque é preciso que eu fique hoje em tua casa. Ele desceu a toda a pressa e recebeu-o alegremente. Vendo isto, todos murmuravam e diziam: Ele vai hospedar-se em casa de um pecador..."

PEAGEIROS e FARISEUS

Os Peageiros eram funcionários das entradas das cidades. Exerciam função semelhante as das repartições alfandegárias de hoje. Essa atividade os colocava no mesmo nível dos Publicanos e, portanto, eram também muito mal vistos na sociedade da época. 
Os fariseus era outro segmento. Referia-se mais às atividades religiosas.
Eram rigorosos cumpridores das práticas, dos cultos e das cerimônias religiosas.
Esta postura aparentemente correta perante as Leis Mosaicas davam a eles autoridade e privilégios que os mais prendiam a essas exterioridades. 
Consequentemente o orgulho, o despotismo e o desejo de dominação mais assomavam-se-lhes os ânimos. Envolviam-se em discussões intermináveis acerca de questiúnculas relativas as suas formas de entender as Leis Sagradas e perseguiam violentamente àqueles que lhes não comungavam os pensamentos.
Devido as suas pomposas aparências, o povo simples os considerava portadores de virtudes que, na realidade, eles, com raras exceções, as não possuíam.
Pregavam com fervor a imortalidade da alma, a eternidade das penas e a ressurreição, ou seja, a volta da alma ao próprio corpo físico para o julgamento final. Hipócritas utilizavam-se dessa crença mais como um mote para manterem-se no poder do que por convicção doutrinária, ou fé.
O ensinamento de Jesus, que pauta pela simplicidade e sinceridade, não podia aprovar nem ser aprovada por essa Seita que acabou transformando-se na maior perseguidora do Mestre.
Acabaram envolvendo a um dos discípulos de Jesus, Judas Iscariotes, que, ingênuo, aceitou as propostas de promoção ao Mestre Amado falsamente feitas a ele induzindo-o a facilitar o desencadeamento dos acontecimentos que levaram Jesus à crucificação. 
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Atos 5:34
Levantou-se, porém, um membro do Grande Conselho. Era Gamaliel, um fariseu, doutor da lei, respeitado por todo o povo.

ATOS 26:5
Sabem eles, desde longa data, e se quiserem poderão testemunhá-lo, que vivi segundo a seita mais rigorosa da nossa religião, isto é, como fariseu. 

ESCRIBAS, SINAGOGA E SADUCEUS

O Escribas eram os doutores da Lei. Interpretavam e explicavam o Torá. Faziam cópias dos antigos manuscritos, e, muitos deles mediante ditados. Havia Escribas em várias Seitas mas eles se identificam mais com os Fariseus.
O Templo de Salomão era onde se realizavam as grandes cerimônias religiosas. 
Nas cidades, os rituais eram cumpridos nas Sinagogas.
Jesus se utilizava das Sinagogas para expor sua Doutrina.
O Templo foi destruído pelos Babilônios e reconstruído porém os romanos também destruíram esse segundo Templo restando hoje somente o Muro das Lamentações.
Atualmente os rituais Judaicos são cumpridos nas Sinagogas.
Os Saduceus eram uma Seita que se confundia com partido político. Estavam em constante desavença com os Fariseus, uma vez que não aceitavam a imortalidade da alma, a ressurreição e a existência de anjos e demônios. Obedeciam as Escrituras ao pé da letra. Eram, em suma, materialistas apesar de acreditarem em Deus.  Consideravam que Deus os recompensaria com favores materiais e por isso adoravam-No através de exterioridades.

ESSÊNIOS E TERAPEUTAS
Os Essênios foram a seita Judaica cujos comportamentos e pensamentos mais se aproximaram do Cristianismo. Fora fundada, no entanto cerca de cento e cinquenta anos antes de Cristo. 
Eram celibatários, habitavam áreas isoladas semelhantes a Mosteiros e ensinavam o amor ao próximo, a Deus, a imortalidade da alma. Aceitavam a ressurreição, ou seja, a volta da alma ao mesmo corpo no dia do Juízo Final. 
Não participavam de contendas políticas, dedicavam-se a agricultura e seus bens eram comuns a todos os integrantes da Seita.
Pelos seus comportamentos, muitos divulgam que Jesus comungava com ele os mesmos ideais, e que houvera convivido com eles. Essa hipótese não encontra respaldo se considerarmos a grande diferença evolutiva entre o Mestre Jesus e todos os demais homens. Concebe-se que Ele havia os conhecido porém não se relacionava com eles a nível religioso a não ser como Mestre.
Os Terapeutas eram outra seita cujo nome sugere que se dedicavam ao trabalho assistencial aos necessitados. Comungavam os mesmos ideais dos Essênios e procuravam viver isolados e se dedicavam a vida contemplativa. 
Constituíam-se mais num sincretismo Judaico-Cristão e foram como que um traço de união entre o Judaísmo e o Cristianismo. 




Notícias Históricas - parte I
Finalizamos a parte II da Introdução ao Evangelho Segundo o Espiritismo, que nos fala da Autoridade da Doutrina Espírita, amealhando ao nosso ser alguns ensinamentos não apenas referentes e adequados à Doutrina Espírita, mas também ao nosso dia-a-dia, que nada mais é do que a interação entre espíritos encarnados e desencarnados.
(...) Para bem compreender certas passagens dos Evangelhos, é necessário conhecer o valor de muitas palavras que são frequentemente empregadas nos textos, e que caracterizam o estado dos costumes e da sociedade judia naquela época. Essas palavras, não tendo para nós o mesmo sentido, foram quase sempre mal interpretadas, gerando algumas incertezas. A compreensão da sua significação explica também o verdadeiro sentido de certas máximas, que à primeira vista parecem estranhas. (...)
Nem precisamos ir muito além desta explicação para nos conscientizarmos de que muito se perde em um diálogo ou em uma leitura por falta de conhecimento de determinadas palavras. É como o linguajar jurídico, todo cheio de entremeios e que em umas 5 ou 6 palavras poderíamos concluir uma extensa frase. É também como o dialeto característico de determinadas regiões. Enfim, nenhuma dificuldade temos em compreender que confusões são feitas, desde a interpretação do significado da palavra até a compreensão da ideia real de quem está transmitindo a fala ou a escrita. Vamos à viagem!
(...) SAMARITANOS — Após o cisma das dez tribos, Samaria tornou-se a capital do reino dissidente de Israel. Destruída e reconstruída numerosas vezes, ela foi, sob o domínio romano, sede administrativa da Samaria, uma das quatro divisões da Palestina. Herodes, chamado o Grande, a embelezou com suntuosos monumentos, e para agradar Augusto, deu-lhe o nome de Augusta, em grego Sebaste. (...)
Os samaritanos estiveram quase sempre em guerra com os reis de Judá. Uma aversão profunda, datando da época da separação, perpetuou-se entre dois povos, que se esquivavam a todas as formas de relações recíprocas. Os samaritanos, para tornarem a cisão mais profunda e não terem de ir a Jerusalém, para a celebração das festas religiosas, construíram um templo próprio e adotaram certas reformas: admitiam somente o Pentateuco, que contém a lei de Moisés, e rejeitavam todos os livros que lhe haviam sido posteriormente anexados. Seus livros sagrados eram escritos em caracteres hebraicos da mais alta antiguidade. Para os judeus ortodoxos, eles eram heréticos, e por isso mesmo eram desprezados, anatematizados e perseguidos. O antagonismo das duas nações tinha, portanto, como único princípio, a divergência de opiniões religiosas, embora as suas crenças tivessem a mesma origem. Eles eram os protestantes da época. Ainda hoje se encontram samaritanos em algumas regiões do Oriente, particularmente em Naplusa e Jafa. Observam a lei de Moisés com mais rigor do que os outros judeus, e só se casam entres eles.(...)
Por esta pequena apresentação, algo parece que já se esclarece em nossa mente. Ouvir a palavra samaritano nos remete à conhecida parábola do bom samaritano. Perceberam que existe uma profundidade maior quando sabemos que o samaritano não era apenas equivalente a um paraibano, um paulista ou um gaúcho?
Esse povo, em decorrência das guerras e diferenças, era totalmente marginalizado, quando, no entanto, o que eles buscavam era muito mais o purismo das leis recebidas do que as interpretações e agregações feitas a elas. As informações acerca dos reais motivos são diversas e sempre por ângulos de vista tendenciosos. O que nos cabe compreender é que era um povo discriminado e tido como perdido, mas que acreditava e confiava na chegada do prometido.
Se buscarmos informações acerca destes momentos, veremos nomes, tribos, desejos, vingança, maledicência e muitas outras versões relatadas sobre os samaritanos. Mas, se nos focarmos na Verdade, que é o ensinamento do Mestre Jesus, teremos muito mais do que apenas as parábolas do bom Samaritano ou da Água do poço na Samaria para nos referenciarmos.
Em uma das várias alusões que li acerca do povo samaritano, uma em especial me chamou a atenção. Em que eram chamados de povo estúpido e que sequer eram reconhecidos como nação. Está lá em Deuterônimo e a separação é datada de séculos antes de Cristo.
O Mestre, que sempre nos disse que não são os sãos que necessitam de médico, mas os doentes, encontrou no povo samaritano o terreno fértil para aceitação da verdade e verdadeira fé no Messias ao considerá-los como iguais, usufruindo a cidade como caminho, até como referencial de condutas positivas e consideradas agradáveis a Deus. Jesus encontrou em alguns integrantes do povo samaritano a humildade necessária para plantar ali as sementes de amor e renovação. O que muitos daquele povo queriam era a agradar a Deus e faltava-lhe o referencial de amor e verdade, trazido pelo Mestre Jesus. Foi unanimidade? Não. Foi o Mestre aceito sem reservas? Não. Somente por aqueles que estavam realmente em busca.
A passagem da mulher samaritana bem nos mostra isso. Vejam esta belíssima narrativa de Humberto de Campos e psicografia de Francisco Xavier. Após as primeiras impressões junto ao poço samaritano, a mulher diz a Jesus:
(...) Continuou a mulher:- Meu espírito está cheio de boa vontade e, desde muito, penso na melhor maneira de purificar minha vida e santificar os meus atos. Entretanto, é tal a confusão que observo em torno de mim, que não sei como adorar a Deus. Os meus familiares e vizinhos afirmam que é indispensável celebrar o culto ao todo Poderoso neste monte (Garizim). Os judeus nos combatem e asseveram que nenhuma cerimônia terá valor fora dos muros de Jerusalém. As discórdias nesta Região têm chegado ao cúmulo. Já que tenho a felicidade de ouvir as tuas palavras, ensina-me o melhor caminho.
O Mestre observou-a compadecido e exclamou:- Tens razão. As divergências têm implantado a maior desunião entre os membros da grande família humana. Entretanto, o pastor vem ao redil para reunir as ovelhas que os lobos dispersaram. Em verdade, afirmo-te que virá um tempo em que não se adorará a Deus nem neste monte, nem no templo suntuoso de Jerusalém. Porque o Pai é Espírito e só em espírito deve ser adorado. Por isso venho abrir o templo dos corações sinceros para que todo culto a Deus se converta em íntima comunhão entre o homem e seu criador.
- Meu desejo sincero é adorar a Deus, mas como e onde? Tantas religiões, tantas divergências e discórdias... Jesus explica que o santuário não é nos templos de pedra ou nas montanhas. A verdadeira adoração se processa no santuário do espírito e no coração. Deus é espírito e não habita um templo de pedra. É AMOR, é BONDADE, é JUSTIÇA. O verdadeiro culto a Deus é a comunhão íntima do Homem com o seu criador. (...)
Quando tiverem oportunidade, leiam toda a passagem trazida por Humberto de Campos clicando aqui:Jesus na Samaria.
O que podemos apreender acerca da história dos samaritanos e acerca de pequenas pinceladas sobre importantes passagens envolvendo o povo samaritano é que não existem diferenças, não existem distinções entre os lugares que oramos a Deus, mas sim na maneira como O buscamos, que deve ser em Espírito e não em locais; reunir multidões em torno de nossas palavras ou ensinamentos não significa real aceitação ou aproveitamento das mesmas.
Ontem, conversando com um amigo sobre determinada situação, ele me disse aquilo que temos aprendido em muitos momentos: Ela leu a filosofia, mas não compreendeu... não absorveu....não assimilou, irmã... então não tem a visão correta de tudo o que lhe ocorre.
Este comentário de meu amigo Lando vem ao encontro do final da psicografia de Humberto de Campos que alude à quantidade de pessoas que ouviam ao Mestre e teceram comentários desdenhosos e maliciosos; vem ao encontro da própria palavra do bom samaritano, onde todos aqueles que tinham todos os motivos para socorrer o caído não o fizeram em vista de sua falta de desprendimento de si próprios; vem ao encontro de tantas e tantas situações em que nos vemos obrigados a exclamar: ‘nossa! Ele fez isso? Mas é espírita!’.
Não é espírita, apenas conhece a doutrina espírita. Não aceitou o Nazareno, apenas ouvi-lhe as palavras. Não é caridoso, apenas sabe dos deveres a cumprir e a quem os compete. Agora, ponto de crucial beleza neste encontro de hoje, foi ter lido em várias religiões uma unanimidade de singular beleza: em todas as oportunidades que o mestre teve, plantou sementes. Não condenou ou escorraçou e sequer julgou. Apenas plantou sementes.
Aos que se sentem semeadores da vontade do pai, só não esqueçamos de um detalhe: as verdades que o Mestre sabia a respeito de cada um com quem se deparava, não eram de seu conhecimento por soberba, inteligência ou qualquer outra manifestação exaltativa. Era-lhe sabido acerca de cada um daqueles que lhe compartilharam a jornada única e tão somente pela sua sapiência de todas as coisas que envolvem o céu e a terra. Tolo é aquele que julga conhecer o íntimo ou as verdades do próximo e, através delas, quer impor as suas verdades cristãs. Sejamos mais samaritanos em muitos sentidos. Dar sem olhar a quem, sem contestar seu passado, sem perceber-lhe as fraquezas ou qualidades, enfim, dar única e tão somente por tratar-se de uma criatura de Deus.
Exposto em 20-01-2010 por Fiorell@!


Notícias Históricas - parte II
Ao buscarmos o termo nazareno, pudemos encontrar muito mais do que apenas a quem se referia. Carlos Pastorino em sua obra Sabedoria do Evangelho, faz uma análise minuciosa de todas as passagens, verificando comparativos, buscando verdades e esclarecendo más interpretações. Para quem quiser verificar, eis o nome da obra – Saberia do Evangelho que é composta por 8 volumes, se não me engano, e que trata de todos os assuntos que pudermos imaginar, uma consequência da abrangência que encontramos nos ensinamentos do Cristo. Por hora, verifiquemos o que Allan Kardec esboçou como necessário sabermos para compreender algumas passagens:
(...) NAZARENOS — Nome dado, na antiga lei, aos judeus que faziam votos, por toda vida ou por algum tempo, de conservar-se em pureza perfeita: adotavam a castidade, a abstinência de bebidas alcoólicas e não cortavam os cabelos. Sansão, Samuel e João Batista eram nazarenos. Mais tarde, os judeus deram esse nome aos primeiros cristãos, por alusão a Jesus de Nazaré.
Esse foi, também, o nome de uma seita herética dos primeiros séculos da era cristã, que, à semelhança dos ebionitas, dos quais adotara certos princípios, misturava práticas mosaicas aos dogmas cristãos. Essa seita desapareceu no quarto século.(...)
Se buscarmos o simples, ficaremos com o foco diante do fato de que existe uma cidade chamada Nazaré e que quem lá vive ou nasce é chamado de Nazareno. Porém, o próprio fato de querermos nos manter no simples já nos mostra que existem outros horizontes a se descortinarem, haja vista o fato de que controvérsias aludem a profecias dizendo que o Messias, Jesus, seria chamado de Nazareno.
É um detalhe muito interessante, embora seja extremamente longo e envolva muito mais do que apenas conhecimento. É prato cheio para contestadores do cristianismo, para debatedores de plantão que possuem versículos e ensinamentos na ponta da língua, mesmo os espíritas. Existem controvérsias acerca do fato de Maria e José pertencerem ou não à cidade de Nazaré e por aí se seguem os detalhes e meandros históricos.
Chegamos em um ponto que compreendemos como sendo de suma importância o conhecimento do passado e de nossas bases, mas também esbarramos nas discussões estéreis que se dão sobre determinados pontos, sendo muito mais filosóficas do que propriamente maneiras de serem postas em prática. Como entendemos que a Doutrina Espírita é composta por ciência, religião e filosofia, seria muito fácil adentrarmos ao ramo intelectual e histórico e passarmos meses debatendo acerca destas informações.
Porém, buscamos algo mais quando falamos do estudo de O Evangelho Segundo o Espiritismo e, esse algo mais, é justamente conhecer detalhes da passagem de Jesus junto a nós, tentando trazer, na medida do possível e de nosso conhecimento estreito, situações similares em nosso dia-a-dia, para que vejamos que os ensinamentos do Mestre não são nem distantes e nem impossíveis de serem praticados.
Quem desejar conhecer mais acerca do conteúdo histórico/filosófico desta passagem dos Nazarenos, a referência que podemos ofertar é a feita anteriormente: Carlos Torres Pastorino em a Sabedoria do Evangelho.
Vale lembrar que em algumas passagens, aqueles que eram considerados como nazarenos, passaram a sê-lo não por conta da cidade de Nazaré, mas sim por seguirem ao Mestre Jesus, assim como os cristãos, e isso era motivo de represálias, perseguições e toda sorte de maldades praticadas contra estes irmãos.
Apenas como referência histórica, temos a alusão aos nomes de Sansão, Samuel e João Batista como exemplos de quem eram considerados nazarenos antes da chegada do Mestre Jesus. O termo utilizado á época era nazireno e como já aludiu Kardec, referia-se às pessoas que adotavam a castidade, a abstinência a bebidas alcoólicas e também não cortavam os cabelos. Em alguns esclarecimentos não encontramos o quesito abstinência e sim o de não tocar cadáveres, que dá sentido mais profundo à abstinência da ingestão de carnes em geral ou coisas que provenham de seres vivos.
Sansão é conhecido por nós devido aos seus feitos sobrenaturais e que só poderiam ter um fundo ‘da mão de Deus’. Sansão é filho de uma mulher estéril, que desejava ser mãe. Ela foi agraciada pela vontade divina – recebeu o comunicado de um anjo e, neste comunicado, algumas diretrizes lhe foram traçadas. Mulher fiel e reconhecida ao Deus que lhe envia seu maior sonho, esta mãe acalenta a gravidez e o fruto do nascimento como um verdadeiro nazireno, como eram denominados àquela época, porque assim lhe fora solicitado. Sansão cresce com este pensamento, com este propósito; Sansão é assim visto por todos e assim se devota até certo momento de seu viver.
Em determinado momento de seu caminhar, Sansão afasta-se do seu comprometimento com Deus e começa a cometer erros impraticáveis a alguém que recebera todo o alicerce e respaldo divino. Ele fora escolhido, mas não se conscientizara desta escolha. Diz-se que ele possuía 7 tranças e que Dalila as cortou, cortando assim toda sua força. Analogia e simbolismo que nos importa buscar. Um punhado de mechas não pode deter todo o poder que aquele homem possuía. Sabemos que não são amuletos, patuás ou qualquer sorte de objetos ou imagens que possuem força e divindade, mas sim a fé que lhes depositamos fé esta que, em muitos momentos, está distante de nosso conhecer como sendo fé em nós mesmos ou em Deus, tão somente atribuída aos objetos citados.
Sansão, segundo reza a história, acreditava que sua força estava em seus cabelos e, como prova de amor a Dalila, uma criatura posta em seu caminho única e tão somente para derrotá-lo, eis que Sansão abdica dos verdadeiros laços com o Pai e conta-lhe aquilo que supunha ser seu segredo ou sua ligação com o Altíssimo. O que as analogias não nos mostram é que em alguns momentos (exatos 7 momentos como as suas 7 tranças), Sansão afastou-se de Deus.
É uma bella passagem a vida de Sansão e se pararmos de culpar Dalila por tudo, veremos que o próprio Sansão buscou sua derrocada espiritual. Um pastor quadrangular, Alexandre Augusto, cuja oportunidade tive de ler, descreve as 7 tranças de maneira assaz interessante. Sete laços de comprometimento e aliança com Deus que Sansão foi quebrando um a um. Ao quebrar o sétimo, aquele em que depositou em Dalila mais do que depositava a Deus, Sansão viu-se esvaído do Espírito de Deus. No fundo, Dalila seria o equivalente à sétima trança ou ao sétimo laço que Sansão quebrava com Deus.
Depois vem sua prisão e morte de formas impiedosas. Começa sua expiação. Sansão tem muito mais a ofertar ao povo do que apenas a sua força ou os seus votos selados pela sua grata mãe. Ao observarmos propósitos e intentos da época, veremos que Sansão era um dos escolhidos para reaproximar o povo de Deus. Tinha uma grande missão e falhou. Todos nós falhamos.
Tentarei, na medida do possível, buscar mais sobre este espírito e mensageiro de Deus. Tentarei conhecer melhor sobre ele para deixar-lhes em nosso site. Não é apenas um ícone bíblico, mas alguém que merece nosso estudo aprofundado, assim como Samuel e João Batista, de quem falarei nos encontros posteriores. A única coisa que fica latente em minha mente é que quando alegamos já ter lido determinada obra ou já ter estudado determinada coisa, talvez não estejamos nos dando conta da profundidade de ensinamentos que podemos haurir nestas mesmas coisas.
Nazarenos. Um trecho tão simplório em nosso evangelho. Três nomes citados ao acaso. Terão sido citados ao acaso? Talvez não nos sejam mais do que apenas figuras conhecidas que foram citadas, mas sim criaturas cujos comprometimentos e destinos podem por nós serem observados e compreendidos. No momento recordo-me que falaremos de João Batista nos primeiros capítulos de O Evangelho Segundo o Espiritismo e, já nesse ponto, saberemos algo sobre este irmão e muito nos será facilitado compreender.
Exposto em 27-01-2010 por Fiorell@!


Notícias Históricas - parte III
Encontro passado falamos sobre os nazarenos, nazirenos e começamos a conhecer um pouco sobre a vida dos três exemplos deixados por Kardec: Sansão, Samuel e João Batista. São relatos que podem nos interessas a partir do momento que observamos, em pureza, como eram as crenças e vivências destes irmãos, assim como daqueles que os cercavam.
Fato em comum entre estes irmãos é que foram como que profetas ou anunciantes das vontades de Deus. Outra coisa interessante, acerca das mães de Sansão e Samuel, é que elas não podiam ter filhos, mas tinham uma fé imensa em Deus. A mãe de Samuel, por exemplo, era casada com um homem que possuía outra mulher, Penina, e filhos daquele casamento, algo comum à época e que alguns trogloditas ainda não aprenderam nos dias de hoje: a ter apenas uma mulher. Por conta dessa sua esterilidade, Ana era infeliz e atormentada pela outra esposa, que lhe jogava em face sua incapacidade em gerar um filho.
Conta a história que certo dia, aos prantos por tantas admoestações, essa mulher procurou um templo onde se pôs a orar com tanto fervor, que sequer pronunciava palavras, mas seus lábios se mexiam. Clamava a Deus a oportunidade de conceber e, diante deste desejo atendido, propunha-se a consagrar o filho ao templo, ou aos costumes nazirenos, como era à sua época. Sua conversa com Deus não era uma troca e nem uma proposta.
Era o pedido sincero de uma mulher que acreditava em seu Deus e que sabia que devia-lhe reconhecimento, fato que desejava externar através da entrega do filho para ser um iniciado. O levita Eli, observando sua atitude, julgou-a como alcoolizada e começou a chamar-lhe a atenção com rispidez. Esta, sinceramente ligada no pedido que realizava, esclareceu que não havia consumido bebida com álcool e que ali estava em prostração humilde, requisitando a Deus de sua misericórdia.
Tocado por tamanha sinceridade e devotamento, o sacerdote pede a ela que serene seu coração e que se vá, porque Deus haveria de atendê-la. E assim se processa, a mulher estéril concebe o filho chamado Samuel (Samuel significa literalmente: "Seu nome é Deus", ou, "Nome de Deus". Seu significado contextual significa: "Pedido de Deus" ou "do Senhor o pedi") e o entrega ao sacerdócio. Ainda na juventude, Samuel começou a manifestar dons proféticos, sonhando com palavras e visões divinas. Sua primeira profecia constava da confirmação de que Eli e seus filhos seriam retirados do sacerdócio.
E eis mais um ponto que nos cabe prestar atenção também. Àquela época o sacerdócio era uma continuidade em família, quase como a monarquia que conhecemos. Eli, aquele mesmo que repreendera a mulher Ana no templo, era o sumo sacerdote da época e possuía filhos que deveriam sucedê-lo. Acolheu Samuel no templo e dedicou-se a ele com desvelo paterno. Neste ponto temos uma referência que muito nos interessa.
Eli, o sumo sacerdote, tinha filhos que deveriam sucedê-lo no sacerdócio ou naquilo que era considerado como um juiz do povo. Mas, seu protecionismo e a liberalidade com que criou seus filhos, fez com que se tornassem os chamados fornicadores da época e isso defronte ao templo, instituição que deveria ser respeitada. Fornicar, nesse caso, poderia tanto ser a prática do sexo desregrado, como também a adoração a outros deuses. Imaginem tudo isso vindo dos filhos de um sumo sacerdote que devia ser ouvido como o portador da palavra de Deus.
Este mesmo Eli fora o responsável pela preparação da criança Samuel ao serviço do Templo e o fez com grande êxito. Já na adolescência, Samuel passou a profetizar, até por isso ficou conhecido como um dos primeiros profetas de nossa história, fato que ocorreu por volta de 1090 aC. Uma de suas profecias que se concretizou, foi justamente a de que o profeta Eli e seus filhos seriam retirados do sacerdócio. Este aviso o próprio Eli já recebera antes de um profeta desconhecido a informação de que Deus estava mandando um novo sacerdote para tomar o seu lugar e dos seus filhos que foram amaldiçoados diante dos sacrilégios que cometiam.
Temos aqui mais uma soma ao pedido de Ana que demonstra que o milagre, entre aspas, não ocorreu por ocorrer, mas que possuía um propósito. Eli reconheceu no jovem Samuel o seu sucessor e o treinou/educou como rezam as leis e tradições da época, diferentemente do que fez com os próprios filhos.
Nas palavras de um pastor C.H. Spurgeon
(...) “ Eli não educou seus filhos para serem os servos dispostos e os ouvintes atentos à palavra do Senhor. Nisso lhe faltava à desculpa de ser incapaz, porque treinou a criança Samuel com bom êxito em ser reverentemente atento à vontade divina. Ah, que aqueles que são diligentes com as almas de outros olhassem bem as suas próprias famílias. Mas ai do pobre Eli, como muitos em nossos dias, fez-te guarda dos vinhedos, mas tua própria vinha tu não guardaste."(...)
Bom, eis o ensinamento que nos interessa. Casa de ferreiro tem espeto de pau. Quantos de nós, grandes oradores e concretizadores das regras impostas pelos nossos credos e religiões não descuidamos das verdadeiras responsabilidades que nos cabem e a concretizamos apenas junto a terceiros? É tão engraçado que agora me cai a ficha de uma conversa que tive com um amigo, que me dizia acerca da diferença dos resultados de qualquer trabalho voltado ao ensinamento e à espiritualidade.
Podemos ter resultados abrangentes, ou seja, que atingem centenas e até milhares de pessoas, mas dentro de nosso próprio reduto familiar não somos capazes de assim proceder. No caso de nós espíritas, nos arvoramos em ser evangelizadores e instrutores dos preceitos cristãos aos rebentos alheios, mas esquecemo-nos de exemplificá-lo dentro de nosso próprio lar, trazendo a nossos filhos o descrédito diante daquilo que falamos, afinal, temos dentro de nosso lar o tal do “Faça o que eu falo, mas não o que eu faço”. É justamente neste ponto que a história de Samuel me chama a atenção.
Se tomarmos como lição não apenas todo o desenrolar do seu nascimento, mas também aquilo que ocorreu à sua volta, veremos que este irmão pode nos servir como grande referencial de conduta e também de como devem agir as pessoas umas com as outras, no caso, pais na educação/criação de seus filhos. Sei que falar em educação é mexer em vespeiro, mas não vamos nos reportar aos demais; reportemo-nos a nós mesmos, pais.
Se casados, desrespeitamos o lar através de nosso personalismo e de nossas fraquezas morais. Se separados, tratamos nossos ex-companheiros como inimigos e esquecemo-nos que nossas atitudes podem não ser vistas, mas serão sentidas e ecoarão em nossos filhos. Quantos e quantos filhos na fase adulta não demonstram o desequilíbrio que adquiriram dentro de um lar recheado de falsidade, de grosseria e até mesmo de desrespeito? Quantos não trazem em si marcas profundas e traumas que sequer conseguem imaginar, justamente por conta de todas as cenas e situações que presenciam de seus pais?
Cansamos de ouvir que os espíritas não conseguem que seus filhos sigam na evangelização ou na própria doutrina. Por que será? Que credibilidade eles passaram acerca da doutrina para estes filhos? Talvez a mesma que o sacerdote Eli tenha passado ao povo de Israel, que em vista daquilo que presenciavam de seus filhos passaram a descrer e a desacreditar nas ligações com Deus. Eli foi para o povo o que muitos pais são para seus filhos. Tanto é que Samuel, que não pertencia à sua família, fora criado com todo o discernimento e retidão necessários a assumir a tarefa de Sacerdote.
Samuel ainda, teve grandes feitos, dentre eles podem se destacar o fato de ter ‘julgado’ corretamente Israel durante toda sua vida, de ter preparado o caminho para a monarquia e a introduzir, ungindo Saul e, após ser ele rejeitado, Davi. Samuel, portanto, pertence ao período de transição dos juízes para a monarquia. Ele é o último e o maior de todos os juízes e o primeiro da grandiosa linhagem de profetas hebreus posteriores a Moisés. Fez também a chamada reforma religiosa, venceu os Filisteus de maneira a não ser mais desafiado durante seu mandato de juiz.
Será que diante de todos estes feitos, podemos crer que Deus apenas se apiedou de uma mulher que se sentia humilhada e lhe proporcionou um milagre? Ou podemos pensar na força da fé, naquilo que sempre dizemos, que Deus nos sonda e na verdade que habita em nosso coração e em nossos propósitos?
Somos levados a constatar que a frase tão batida de Einstein que (...)“Deus não escolhe os capacitados, mas capacita os escolhidos.Fazer ou não fazer algo só depende da nossa vontade e perseverança." (...)adéqua-se perfeitamente a este contexto, porque seria muito mais fácil Deus ter escolhido Penina, a esposa fértil e a que era 'capacitada' para ter Samuel, no entanto, viu que a incapaz ou a 'não capacitada' Ana deveria ser a escolhida, porque levaria avante seus propósitos com perseverança e disciplina.
E nós? Desculpem-me, mas tenho de perguntar isso. Que fazemos nós? Sonhamos em ser dirigentes de casas espíritas, queremos lugar de destaque na sociedade, queremos determinadas coisas no contexto familiar e até mesmo profissional e que fazemos para isso? Choramos, esperneamos, maldizemos Deus, nos cremos incapazes ou incapacitados e nos deixamos à margem do caminho, porque já cansamos de lutar, já cansamos de perseverar e até mesmo nos reconhecemos sem fé.
Puxa, me desculpem, mas é muito fácil dizermos: não tenho fé. Sou fraca. Sou deficiente. Difícil é reconhecermos que somos aquilo que fazemos de nós mesmos e que Deus é por nós, mas necessário se faz que também sejamos. Aquele filho de um casamento que poderia ser considerado duvidoso, vindo de uma mãe que era considerada, assim como a mãe de Sansão, como uma criatura mal vista diante de Deus por não poder procriar e que foi criado num meio que não lhe pertencia, o templo, foi a grande diferença à sua época, unindo homens, uma nação e, sobretudo, trazendo o povo de volta à adoração ou reconhecimento a Deus.
Qual é a diferença que fazemos em nosso próprio viver? Quando deixaremos de auto piedade e auto compaixão e veremos que temos de arregaçar as mangas e aceitar aquilo que está em nossas mãos e disto fazer o nosso melhor? Quando você for dormir hoje, dê uma perguntadinha à sua consciência que é também seu grande juiz: fiz o melhor que eu podia nas situações que me rondaram no dia de hoje? Aquela pendência ou aquela desavença que nutro há anos, pude dar-lhe o melhor de mim hoje? Aquele apelo fraterno para que eu esqueça o passado, dei o melhor de mim para ele hoje?
Semana que vem falaremos acerca de João Batista, para em seguida adentrarmos aos Publicanos.
Exposto em 05-02-2010 por Fiorell@!



Notícias Históricas - parte IV
Hoje terminaremos de conhecer o trio de nazarenos citado por Kardec quando citou acerca dos mesmos e das diferenças sobre a sua identificação. Tem sido interessante observar como em 3 simples nomes mencionados, foi-nos possível retirar aprendizados diversos e interligados entre si, ou seja, sou levada a crer que não é ‘por acaso’ que Kardec os citou.
João Batista, o último dos citados, possui também contribuição marcante em nossa história, principalmente por ter sido ele quem anunciou Jesus como aquele que era esperado por todos. Mas com que autoridade ele fez isso? Vejamos.
João Batista, conhecido pela maioria como São João, é a voz que clama no deserto: “Endireitai os caminhos do Senhor... fazei penitência, porque no meio de vós está quem vós não conheceis e do qual eu não sou digno de desatar os cordões das sandálias”, anunciou com estas palavras: “Eis o Cordeiro de Deus, eis aquele que tira o pecado do mundo”. João Batista ou São João é conhecido como pregador da penitência, precursor do Messias, alegria do povo.
Mas ele é muito mais do que isso, gente! Como ele foi virar São João em festa junina e com direito a música e tudo? Bem, existe neste meio um fato que está relacionado aos outros dois citados por Kardec. Isabel, sua mãe, era já mulher de idade e estéril, mas cujo esposo Zacarias recebera a visita do Anjo Gabriel anunciando que a esposa lhe daria um filho e que este deveria se chamar João, por graça especial de Deus.
Situação semelhante se dá entre as mães de Sansão, Samuel e João Batista. Nenhuma delas podia conceber, mas todas foram agraciadas com a bondade divina. Não por predileção ou por protecionismo, mas sim porque eram mulheres aptas a valorizarem o fruto que carregavam no ventre e a destinar este fruto ao crescimento espiritual na matéria, necessários para que cumprissem suas tarefas.
Após este fato, Maria mãe de Jesus, já grávida, fora visitar essa parenta distante e ao se verem, sentiu Isabel o bebê em frêmito em seu ventre e diz estas bellas e significativas palavras narradas em Lucas 1: 41-43 : "Ora, quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança lhe estremeceu no ventre, e Isabel ficou repleta do Espírito Santo. Com um grande grito, exclamou: 'Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! Donde me vem que a mãe do meu Senhor me visite?'"
Diante da sensibilidade que a gestação do filho lhe proporciona, sensibilidade essa em decorrência da grande tarefa reservada a seu filho, eis que Isabel reconhece em Maria a mãe do Messias. Ambas se surpreendem com a gravidez uma da outra e, em vista da distância que as separavam, combinaram de avisarem-se através de uma fogueira. Aquela que tivesse primeiro o filho faria uma fogueira para a outra. 
Vejam como as situações já ficam meio perdidas e por isso a exatidão do nascimento de Jesus ainda nos é desconhecida. Lembram-se que comentei, à época do Natal, que a festa surgiu por conta de alguns cristãos que queriam resgatar o espírito crístico diante do povo perdido em orgias e leviandades e que decidiram fazer com que 25 de dezembro fosse a data para comemorarmos o nascimento de Jesus? Pois é. Também comentei que alguns estudiosos estimavam a data de nascimento de Jesus no princípio de Abril, o que já seria impossível, haja vista este ‘trato’ feito entre Maria e Isabel.
Existe algo de concreto? Sim. Imprescindível? Não. Jesus não deixará de ser quem foi se o seu nascimento não estiver sendo comemorado na data certa, assim como João Batista não terá diminuído a sua importância histórica se nós continuarmos a tomar quentão e vinho quente e a pularmos fogueira no em comemoração ao dia de seu nascimento. Somos nós que deturpamos os fatos. E fato é que João Batista é muito mais do que aquele refrão: São João, São João, acende a fogueira do meu coração.
A fogueira aqui utilizada para os folguedos foi à sua época a maneira como a chegada de João Batista foi anunciada. Esse trem de balões e foguetório para acordar um santo dorminhoco, mas festeiro, é totalmente destoante da verdadeira vida de João e se fosse nos dias de hoje, onde temos direitos autorais, de imagem e etc., careceria até de contestação por parte de seus herdeiros, afinal João Batista não era festeiro e nem tão pouco dorminhoco como rezam algumas lendas e justificativas populares.
João Batista trouxe a proposta batismal de purificação. Bella passagem e que terá nossa atenção especial quando da chegada do respectivo capítulo de O Evangelho Segundo o Espiritismo. A narrativa que temos de Mons. Raimundo Possidonio Administrador Diocesano da arquidiocese de Belém nos diz o seguinte:
(...) A salvação que vem de Deus, já anunciada por Isaías (Is 40), é inserida numa dinâmica universal, não mais étnica-cultural-religiosa ligada ao mundo judaico, ou seja, todos os povos são chamados e serão alcançados pela ação salvífica de Deus através do Messias que vai chegar. Deus vem visitar seu povo, trazendo essa Boa Nova de uma transformação total que pede a todos uma mudança de vida radical, despojamento, mentalidade nova, endireitar a vida torta, vencer os obstáculos. (...)
Quando dizemos que João é mais do que nos lembramos, por conta das festas juninas, eis aí a resposta que se anuncia. João foi a voz atuante conclamando os homens a se renovarem e a modificarem suas vidas, pois o Messias estava chegando e, com ele, a Boa Nova. A Boa Nova, assim como Jesus, é a exemplificação do amor, da caridade, da renovação e da fraternidade. É a vida sendo vista com olhos diferentes de até então, onde tudo se resolvia no ‘olho por olho – dente por dente’.
(...) E isso é anunciado no deserto – em geral essa expressão é muito mal entendida porque se pensa sempre no deserto sem vida, sem nada, inacessível – que Deus vai falar através de seu profeta. Segundo Eusébio de Cesaréia, este deserto representa todas as nações pagãs privadas do conhecimento de Deus e os profetas até então nunca tinham pregado para elas.(...)
Este exemplo de como a palavra deserto é interpretada, nos faz lembrar da parábola da figueira seca, em que Jesus aproximou-se de uma árvore para de seus frutos colher e lá somente encontrou folhas. Disse-lhe que secaria e que ninguém mais comeria de seus frutos. Para nós, algo irascível, afinal, por que Jesus amaldiçoaria uma árvore que talvez não estivesse na época de dar frutos? Não foi intolerância do Mestre, pelo contrário, se observarmos o Evangelho Segundo o Espiritismo, veremos mais esta explicação, mas posso adiantar-lhes que (...) a figueira seca deve ser vista como aquelas pessoas que apenas aparentam o bem, mas na realidade nada produzem de bom: os oradores que possuem mais brilho do que solidez, dotados do verniz das palavras de maneira que estas agradam aos ouvidos; mas quando as analisamos, nada revelam de substancial para o coração; e, quando as acabamos de ouvir, perguntamos que proveito tivemos.(ESSE XIX:9).
Assim é a passagem em que se diz que João vinha ou pregava no deserto. Deserto de almas; deserto de Deus nas pessoas; deserto de seres que nunca foram alvo de atenção acerca das verdades divinas. João chamava a todos quantos, mas de certa forma, ele principiava por já praticar a atitude que já conhecemos através das palavras de Jesus “Não são os sãos que necessitam de médico”.
(...) As palavras de João são emblemáticas, raivosas aparentemente, mas cortantes, penetrantes, estimulantes, poderíamos até dizer, destruidoras de um mundo que aparentava estar com Deus, mas não estava: por isso, um machado aparece para cortar a árvore improdutiva (Jesus várias vezes retomará essa imagem da poda, do corte radical, lembram da figueira?). Quem quiser percorrer esse caminho para encontrar o Salvador deve andar pelo deserto, deve converter-se, deve mergulhar (batismo) numa nova espiritualidade, mesmo porque a proposta que Jesus vai apresentar aos seus seguidores não será de muita facilidade, comodidade, sem obstáculos. A estrada é estreita… Não haverá outro jeito de encontrar-se com o próprio Deus.(...)
Esta passagem que encontramos elucidada também em nosso Evangelho Segundo o Espiritismo, nos mostra quão bella e rica ela é. Não apenas um gesto simbólico ou ritualístico, mas um marco de profundidade na vida de uma criatura onde somente quem já é senhor de suas vontades, de seu pensar e de seu viver pode vivenciar com real proveito. Como impor o batismo a alguém que sequer ainda sabe dizer o próprio nome e quem dirá identificar-se diante da vida?
Bom, afora a morte que pode ser considerada brutalmente trágica, temos muitas outras alusões acerca da vida de João Batista e pouco seria mantermos apenas este encontro como grande referencial. Hoje, nesta noite, temos apenas a intenção de refrescarmos a memória de todos os presentes acerca de mais este ser narrado por Kardec como exemplo de nazareno ou nazireno. E, no alinhavo das três personalidades, temos que a fé foi a ferramenta que moveu estes três irmãos. O primeiro, fraquejou diante dela e dos compromissos assumidos. O segundo conseguiu levá-la com fidelidade e honra até o fim de seus dias terrenos e o terceiro não hesitou em morrer em nome dessa fé.
Fé na justiça, na verdade, na renovação, no novo reino, no Messias e em Deus. Fé que o deixava livre para apontar os erros de Herodes, por exemplo, ao tomar Herodíades como sua a esposa, sendo que assim o era de seu próprio irmão. Ambos, confrontados diante de suas imposturas morais, acalentaram a vingança e a oportunidade de lavarem com sangue a ofensa que lhes fora feita, ofensa essa que não passava da verdade sendo colocada sem medo e sem pudor, por conta de ser aquilo que com fé e ardor se buscava.
Essa fé lhe custou a vida e quantos de nós não nos censuramos por ter feito algo bom que se transformou em dor ou dificuldade? Devemos ter fé que a nossa parte está cumprida, assim como João cumpriu com sua parte ao ser inquirido acerca da legitimidade do relacionamento de ambos. Confiemos em nossas obras quando elas são calcadas na fé em Deus e no seu amor.
Finalizando, vale lembrar que Jesus se referiu a João Batista de forma ímpar ao dizer que ‘dentre os nascidos de mulheres, não havia nenhum maior que ele’. E isso nos faz perceber a diferença entre João e Jesus. Oras, ambos nasceram de mulheres, mas apenas um o fora por uma única vida ou existência, no caso, o Mestre Jesus. Então, entre os homens, aquele que merecia o reconhecimento de Jesus era justamente João Batista.
Exposto em 05-02-2010 por Fiorell@!

Notícias Históricas - parte V
Conhecer sobre os nazirenos ou nazarenos, fez com que pudéssemos visualizar a diferença que a fé, o comprometimento e a disciplina fazem em nosso viver. Hoje, teremos os publicanos e isso nos proporcionará um ângulo novo de observação.
(...) PUBLICANOS – Eram assim chamados, na Roma antiga, os cavaleiros arrendatários das taxas, encarregados da cobrança dos impostos e das rendas de toda espécie, fossem na própria Roma ou em outras partes do Império. Assemelhavam-se aos fermier généraux (arrendatários gerais) e aos traitans (contratantes) do antigo regime na França, e aos que ainda existem em algumas regiões. Os riscos a que estavam sujeitos faziam que se fechassem os olhos para o seu enriquecimento, que, para muitos, eram produtos de cobranças e de lucros escandalosos. O nome de publicanos foi estendido mais tarde a todos os que lidavam com o dinheiro público e aos seus agentes subalternos. Hoje, a palavra é tomada em sentido pejorativo, para designar os negocistas e seus agentes pouco escrupulosos; às vezes dizemos: ‘’ávido como um publicano; rico como um publicano’’, referindo-nos a fortunas da má procedência.(...)
Não temos muito a acrescentar nesta passagem e me faço valer das palavras de Almícar Del Chiaro Filho:
(...) Publicanos eram agentes do tesouro público. Eram pessoas que compravam do governo o direito de cobrar impostos, pagando antecipadamente, do seu bolso, a quantia estimada pelas autoridades do Tesouro, ficando com o comprador, o risco de recuperar o seu dinheiro. Segundo Torres Pastorino, o Coletor distribuía os seus agentes para cobrar taxas de pedágios, de trânsito de mercadorias, de caravanas do comércio, de alfândegas e etc. dentro do distrito que lhe cabia por direito. O que arrecadasse era seu, inclusive o superávit (sempre era cobrado a mais). Alguns, mais afortunados compravam o direito sobre toda uma província e eram considerados chefes dos publicanos, como Zaqueu. (Lucas 19: 3). Eles eram mal vistos pelo povo, pois cobravam muito mais do que deviam. Os judeus os consideram traidores e apóstatas. O *Talmude proibia que fossem testemunhas ou juizes nos processos e eram considerados legalmente impuros, por estarem sempre em contato com os não judeus. As autoridades faziam vistas grossas às suas roubalheiras, porque a profissão era execrada e arriscada. Imaginem o impacto causado por Jesus, ao escolher um publicano, como discípulo. * Talmude – Uma das obras mais importantes do judaísmo pós-bíblico e considerada a interpretação autentica da *Toráh, ou lei escrita. TORAH – (lei) Os cinco primeiros livros da Bíblia hebraica que contém o essencial da lei mosaica. Mateus, ou Levi, ofereceu um banquete a Jesus e aos seus colegas, como despedida das suas funções. Citamos este fato apenas por um ensinamento notável. Criticado pelos Fariseus e Doutores por estar se banqueteando com publicanos, ladrões e prostitutas, o Mestre cita um aforismo (sentença): Os sãos não necessitam de médico, mas sim os enfermos. Depois conclui - Não vim chamar os justos, mas os pecadores.(...).
Gostaria de lembrá-los destes publicanos famosos, Zaqueu e Levy. Para tanto, disponibilizarei passagens e textos acerca de ambos, que nos mostram claramente como os publicanos eram vistos e como Jesus deu ênfase à necessidade de com eles estar, justamente porque encontrava nestes irmãos muito mais sinceridade de coração do que nos fariseus. Prosseguindo com o Evangelho Segundo o Espiritismo, temos
(...) Durante a dominação romana, foi o imposto o que os judeus mais dificilmente aceitaram, e o que mais causava irritações entre eles. Provocou numerosas revoltas e foi transformado numa questão religiosa, porque era considerado como contrário à lei. Chegou-se mesmo a formar uns partidos poderosos, que tinha por chefe um certo Judá, chamado o Gaulonita, que estabelecera como princípio o não pagamento do imposto. Os judeus tinham, portanto, horror ao imposto e, por conseqüência, a todos os que se encarregavam de arrecadá-lo. Esse o motivo de sua aversão pelos publicanos de todas as categorias, entre os quais podiam encontrar-se pessoas estimáveis, mas que, em virtude de suas funções, eram desprezadas, juntamente com as pessoas de suas relações, todas confundidas na mesma repulsa. Os judeus bem considerados julgavam comprometer-se, tendo relações íntimas com eles.(...)
Afora esta importante elucidação, teremos muito mais acerca do assunto nas próximas páginas do Evangelho Segundo o Espiritismo, mas vale enfatizar que no capítulo XI encontraremos a famosa passagem “Daí a César o que é de César”, que nos leva a refletir não apenas acerca das diferenças material/espiritual, mas também acerca daquilo que fazemos ou buscamos em relação ao próximo e a nós mesmos, enquanto num mundo de provas e expiações, um mundo predominantemente da matéria. Finalizando por hoje, temos também acerca dos Peageiros:
(...) PEAGEIROS – Eram os cobradores inferiores, encarregados de receber a peagem (pagamento) para entrada nas cidades. Suas funções correspondiam mais ou menos a dos funcionários aduaneiros e dos cobradores de taxas sobre mercadorias. Sofriam também a reprovação aplicada aos publicanos em geral. È por essa razão que encontramos freqüentemente nos Evangelhos o nome de publicano ligado à designação de gente de má vida. Essa qualificação não se referia aos dissolutos e aos vagabundos; era uma expressão de menosprezo, sinônima de gente de má companhia, indignas de relações com gente de bem. (...)
Para quem se surpreende com as atitudes que podemos ver em alfândegas e serviços destinados a entrega de mercadorias a terceiros, eis que não existe nenhuma novidade. A novidade que deveria existir é a de que, independentemente de nos sentirmos lesados ou enganados, utilizássemos destes serviços com a consciência tranquila. A passagem de Zaqueu pode nos mostrar isso.
Jesus afirmou que faria o jantar em sua casa e este homem, clamou de si para si mesmo: ‘não sou digno, não sou digno’. E enquanto sua família preparava a casa com perfumes, tecidos finos, iguarias e convidados seletos, Zaqueu buscou ao Mestre, porque em sua mente e em seu coração rondava o peso da consciência que havia cobrado a mais e recebido o que não lhe cabia em verdade. Zaqueu era responsável pela cobrança de impostos de uma província toda e seus ganhos eram gigantescos, mas a sua solidão também. Nem seus familiares ou filhos podiam desfrutar da companhia ou amizade dos demais, pois que eram mau vistos.
Este homem, em exame de consciência, percebe seus erros e ganhos ilícitos e se dispõe a refazer seus erros doando seus bens e seguindo ao Mestre. E nós que já alteramos imposto de renda, que já anotamos zona azul a lápis para reaproveitarmos o cartão, que recebemos troco a mais e não devolvemos e tantas outras coisas que pode rondar na mente de cada um aqui presente ou nos ouvindo, como será que podemos nos postar se o Mestre se convidar a cear em nossa casa?
Este pensamento, de que o Mestre Jesus poderá a qualquer momento adentrar ao nosso lar e à nossa vida, serve-nos de estímulo para muitas coisas. Diferenciar o que pertence a Deus e ao homem é imprescindível para que não nos percamos em atividades infrutíferas e atitudes desnecessárias, que mais encobrem um falso puritanismo ou um ideal deturpado, do que a realidade em que vivemos.
Estamos na Terra, na matéria. Temos necessidades e funções adequadas a estes estados e cabe a cada um de nós observá-las e levá-las avante com a consciência tranquila. Se Jesus adentrar ao meu lar, de repente, vai quase cair de costa, tamanha bagunça que encontrará. Se eu pesar o real valor que devo dar a esta bagunça, verei que existem crianças que brincam o dia todo fechadas em um apartamento; verei que sou uma pessoa sozinha para administrar um lar e isso inclui desde o ganha pão até a compra e confecção de tudo que é consumido neste lar.
Embora o Mestre encontre essa bagunça, ele perceberá que em minha mente não haverá o peso de ter roubado, de ter me feito de esperta ou Gerson em qual situação for, de estar ao lado de meus filhos dando-lhes o melhor que está ao meu alcance, mesmo quando estou aqui com vocês, ou seja, não abro mão de minhas responsabilidades maternais para divulgar a doutrina espírita ou converter quem quer que seja, pelo contrário, aprendo cada dia mais a importância dos momentos que passamos juntos, como ontem que fui caçar casulos de borboletas com Fiorellinha ou outro dia em que joguei com meu filho.
Será que não estamos próximos de agir como os chamados publicanos? Será que também não estamos censurando nosso próximo como se fariseus fôssemos? Estudar o Evangelho é mais do que conhecer fatos que ocorreram séculos atrás. É trazê-lo para o nosso viver em cada vírgula, em cada migalha de nossa existência, pois somente assim teremos alcançado o proveito necessário do aprendizado a que nos propomos.
Exposto em 17-02-2010 por Fiorell@!

Notícias Históricas - parte VI
A noite de hoje nos promete a observação acerca dos Fariseus. Se prestarmos atenção, veremos que no dia de hoje muitos irmãos podem ser chamados de fariseus, por conta do pejorativo com que o nome tornou-se conhecido. Alguns nomes nos são conhecidos nos dias de hoje como pertencentes a religiosos e até a companheiros de doutrina. Dentre os mais famosos, temos: hipócritas e sofistas.
Diretamente da Wikipédia, temos que (...) hipocrisia é o ato de fingir ter crenças, virtudes, ideias e sentimentos que a pessoa na verdade não possui. A palavra deriva do latim e do grego ambos significando a representação de um ator, atuação, fingimento (no sentido artístico). Essa palavra passou, mais tarde, a designar moralmente pessoas que representam, que fingem comportamentos. Um exemplo clássico de ato hipócrita é denunciar alguém por realizar alguma ação enquanto realiza a mesma ação. (...).
Vira e mexe dizemos aos outras: ‘Deixa de ser hipócrita!’ e é bem isso, deixe de falar uma coisa e fazer outra ou até mesmo de criticar aquilo que você mesmo faz e não admite. Outro conhecido nosso é o sofista:
(...) Sofisma é argumento capcioso com que se pretende enganar ou fazer calar o adversário. Popularmente se diz que sofisma é um engano, logro. Sofismar é torcer o argumento ou a questão. Dar aparências de verdade a (asserção que se sabe ser falsa). Popularmente se diz que é lograr, iludir. (...)Algumas criaturas são versáteis em usar de sofismas, ou seja, raciocinam por sofismas, criando confusão e até mesmo falsas impressões sobre as pessoas.
Geralmente, estes dois tipos de criaturas, hipócritas e sofistas, são intolerantes, intransigentes, donos da verdade e de difícil trato quando são contrariados ou suas verdades são postas em cheque. Excelentes explanadores possuem grande dificuldade em reconhecer os próprios erros e desenganos. Fazem parte de todas as religiões e situações, inclusive matrimoniais, pois são assim, até compreenderem que é necessário fazer-se humilde na acepção do significado, para começar a compreender o próximo e a si mesmo sem véus ou meias verdades.
Bom, esta pequena introdução sobre hipócritas e sofistas, foi por conta da frase conhecidíssima de Jesus: “Aí de vós escribas e fariseus, hipócritas!” Os escribas veremos logo adiante, os fariseus, verificaremos agora:
(...) FARISEUS – (Do hebraico: divisão, separação). – A tradição constituía parte importante da teologia judaica. Consistia na reunião das interpretações sucessivas dadas aos trechos das escrituras, que se haviam transformado em artigos de dogma. Isso era, entre os doutores, motivo de discussões intermináveis, na maioria das vezes sobre simples questões de palavras ou de formas, à semelhança das disputas teológicas e das sutilezas da escolástica medieval. Daí surgiram diferentes seitas, que pretendiam cada qual o monopólio da verdade, e como acontece quase sempre, detestando-se cordialmente entre si. (...)
Que forte isso, não gente? Detestarem-se cordialmente! Algo que deveria aproximar as criaturas, trazer-lhes a luz da razão e da igualdade é, antes de tudo, o motivo pelo qual se desentendem e até nutrem reservado ódio. Nós, seres humanos em evolução, possuímos este grande problema: se é igual a nós ou como nós pensa, serão amados e até festejados, do contrário, nutriremos aversão e trataremos com indelicadeza, reserva e até distanciamento.
Ou seja, por conta do radicalismo e da tradição, que nada mais é do que a via pela qual os fatos ou os dogmas são transmitidos de geração em geração sem mais prova autêntica da sua veracidade que não essa transmissão, o que nos faz perceber os excessos cometidos em nome de uma crença. Aliás, temos isso em todos os setores de nosso viver e dentro da própria Doutrina Espírita.
Outro fator interessante é no que diz respeito ao dogma que nada mais é do que o ponto fundamental e indiscutível de uma crença religiosa, por isso se diz que a Doutrina Espírita não é dogmática ou possui dogmas. Dogmas são encontrados em muitas religiões como o cristianismo, islamismo e o judaísmo, onde são considerados princípios fundamentais que devem ser respeitados por todos os seguidores dessa religião. Como um elemento fundamental da religião, o termo "dogma" é atribuído a princípios teológicos que são considerados básicos, de modo que sua disputa ou proposta de revisão por uma pessoa não é aceita nessa religião. Dogma se distingue da opinião teológica pessoal. Dogmas podem ser clarificados e elaborados, desde que não contradizem outros dogmas. A rejeição do dogma é considerada heresia ou blasfêmia em determinadas religiões, e pode levar à expulsão do grupo religioso. Vale lembrar que o termo dogma é usado muitas vezes de maneira pejorativa para se referir a qualquer crença que é mantida insistentemente, como nos debates entre os marxistas, ás vezes, é aplicada a convicções políticas[3], ou ao fanatismo religioso. Seguindo:
(...) Entre essas seitas, a mais influente era a dos Fariseus, que tinha Hilel como chefe, doutor judeu nascido na Babilônia, fundador de uma célebre escola, onde se ensinava que a fé só era dada pelas Escrituras. Sua origem remonta aos anos 180 ou 200 antes de cristo. Os fariseus foram perseguidos em diversas épocas, notadamente sob o domínio de Hircânio, sumo pontífice e rei dos judeus, e sob o domínio de Aristóbulo e Alexandre, reis da Síria. Não obstante, como este último lhes restituiu as honras e os bens, eles recuperaram o poder, conservando-o até à ruína de Jerusalém, no ano 70 da era cristã, quando então o seu nome desapareceu, em conseqüência da dispersão dos Judeus. (...)
Aqui os fatos giram em torno do que eles chamam da segunda dispersão ou diáspora do povo judeus, que ocorreu principalmente por conta da idolatria e rebeldia com que o povo judeu se portava perante a Deus, que segundo rezam as tradições, lhes tirou as terras prometidas até que retomassem a obediência a Deus, que então seriam restaurados como nação soberana e senhora do mundo.
Já dá para entendermos um pouco mais do porquê de tantos conflitos, guerras e determinismo referente a este povo, não? Donos da verdade, prepotentes em relação até o próprio criador, é um povo que muito precisou sofrer para se depurar e, haja vista as condições em que vivem ainda hoje, pode-se dizer que ainda não se modificaram muito. Na sequência da história, com a destruição do Segundo Templo pelos romanos e a conseqüente dispersão do povo de Israel, os judeus passaram a ser perseguidos, confinados e discriminados, criando as bases do anti-semitismo. Como conseqüência das dificuldades econômicas da Europa, no início do século passado, e das perseguições religiosas e sociais sofridas em seus países de origem, muitos judeus vieram para o Brasil em busca de uma vida melhor, fixando-se em sua grande maioria no Rio Grande do Sul.
Fontes ainda nos dizem que os romanos destruíram Jerusalém, e isso acarretou uma nova diáspora, fazendo os judeus irem para outros países da Ásia Menor ou sul da Europa. As comunidades judaicas estabelecidas nos países do Leste Europeu ficam conhecidas como Asquenazi (netos de Noé). Os judeus do norte da África (sefardins) migram para a península Ibérica. Expulsos de lá pelo crescente cristianismo do século XV, migram para os Países Baixos, Bálcãs, Turquia, Palestina e, estimulados pela colonização européia, chegam ao continente americano.
(...) Os fariseus desempenhavam papel ativo nas controvérsias religiosas. Observadores servis das práticas exteriores do culto e das cerimônias, tomados de ardoroso proselitismo, inimigos das inovações, afetavam grande severidade de princípios. Mas, sob as aparências de uma devoção meticulosa, escondiam costumes dissolutos, muito orgulho, e sobretudo excessivo desejo de dominação. A religião, para eles, era mais um meio de subir do que objeto de uma fé sincera. Tinham apenas exterioridades e ostentação de virtudes, mas com isso exerciam grande influência sobre o povo, passando para este como santos personagens. Eis porque eram muito poderosos em Jerusalém. (...)
Vamos lá compreendendo algumas coisas, que também ouvimos muito em relação á Doutrina Espírita. Não praticamos o proselitismo. Mas que trem é esse? Prosélito é o novo convertido a uma religião, a uma seita ou a um partido. Ardoroso proselitismo é aquilo que vemos comumente: criaturas querendo nos converter á sua crença ou religião e a todo custo! Não seremos salvos, não somos verdadeiros tementes a Deus, somos pagãos e por aí vai. Para os espíritas em específico, tem o trem de sermos necromantes, ou seja, fazermos adivinhações através de espíritos e também de termos parte com o diabo a quem chamamos de irmão. Uffa.. tem muito mais, mas estes exemplos já nos servem para vermos como o radicalismo não é frutífero e nem respeitoso.
A parte mais feia de tudo isso, não bastasse aquilo que acabamos de citar, é a de que tudo isso é realizado de maneira aparente e ostensiva, como bem é salientado por Kardec. Infelizmente, temos isso até hoje: prega-se uma coisa ao próximo e realiza-se outra em casa. Não preciso citar exemplos, pois todos nós conhecemos pessoas que possuem uma fachada e um interior completamente diferente.
O texto foi retirado deste site, onde é possível ler um pouco mais acerca das profecias Profecias Cumpridas.
Aliás, outra parte preocupante é justamente a de que (...) tinham apenas exterioridades e ostentação de virtudes, mas com isso exerciam grande influência sobre o povo, passando para este como santos personagens(...), mas Jesus conhece o íntimo de todos nós, mesmo aqueles que batem no peito e dizem:’ isso é entre minha consciência e Deus’. Outro grande problema de criaturas que agem desta maneira é justamente o poder que exercem sobre as pessoas. As mais atentas percebem o que se passa, mas muitas estão tão perdidas em si mesmas e nas redes da própria imperfeição, que não conseguem distinguir o certo do errado, o que fala manso e diz verdades, do que as vivencia.
Nós espíritas, sabemos que isso gera um processo de continuidade dos compromissos individuais e dos laços entre as criaturas, vida após vida até que consigam acertar os ponteiros. Se alguém seguir sozinho, com certeza pedirá para voltar e acompanhar o que retarda, por conta daquela tal afirmativa: ‘Isso é entre minha consciência e Deus’.
Tomo a liberdade de deixar este último parágrafo para o próximo encontro, pois contém muito mais do que sequer podemos divisar. É um ponto importante que nos mostra o que fizeram os que foram desmascarados e aquele que desmascarou. Servir-nos-á, com certeza, para que entendamos as consequências do reto proceder, aquele mesmo reto proceder que é escarnecido, perseguido e atormentado pelos fariseus atuais.
Exposto em 03-03-2010 por Fiorell@!



Notícias Históricas - parte VII
O que pudemos acompanhar no estudo passado foi justamente uma postura que se distancia daquilo que o Mestre Jesus demonstrou: simplicidade, verdade e amor. Vimos adoradores de Deus que sequer conseguiam manter-se fiéis aos princípios alardeados, quanto mais às verdades não compreendidas diante da eternidade da criação.
Pudemos perceber e entender que estes homens, em muitos momentos, não o faziam apenas por ingenuidade ou desconhecimento real das leis divinas, mas sim um desejo egoísta de poder e de levar vantagem no que quer que seja. Inúmeras vezes me surpreendi com as disputas existentes dentro de entidades filantrópicas ou casas de ajuda. Inúmeras e incontáveis vezes me questionei: “Como alguém que faz parte de um trabalho voluntário, sem fins lucrativos e sem nada de ‘palpável’ pode desejar tanto o poder ou a liderança a qualquer custo?”
As respostas nunca me foram satisfatórias. Hoje entendo que o poder ou a projeção social em qualquer setor que seja, é alimento para muitas pessoas, assim como desfilar com uma calça de marca ou um carro importado. O que não me cabia compreensão era perceber que estas coisas são materiais e palpáveis e as outras não. E pior: as outras estão inseridas em contextos que envolvem a fraternidade, a caridade e o amor ao próximo. Impensável haver esse tipo de disputa ou anseio!
Porém, gente, retornando aos tempos de Jesus, entendemos que isso não é nenhuma novidade diante do interior da criatura humana e nem começou à época do Mestre. É algo que sempre fez parte de inúmeras criaturas nas situações mais abrangentes: concubinas em haréns, chefes em exércitos, serviçais em castelos, adoradores em templos e assim por diante. E, de fato, assim ocorreu com o que dizia respeito ao Mestre. Vejamos o que nos diz Kardec:
(...) (Os fariseus) Criam, ou pelo menos professavam crer na Providência, na imortalidade da alma, na eternidade das penas e na ressurreição dos mortos. (Cap. IV, N°4). Jesus, que acima de tudo prezava a simplicidade e as qualidades de coração, que preferia da lei o espírito que vivifica à letra que mata, entregou-se, durante toda a sua missão, a desmascarar essa hipocrisia, e em conseqüência os transformou em seus inimigos encarniçados. Foi por isso que eles se ligaram com os príncipes dos sacerdotes para revoltar o povo contra ele e fazê-lo sacrificar. (...)
Essa atitude dos fariseus era escancarada e totalmente contrária ao que professavam como sendo verdades que seguiam. Possuíam, como vimos, atitudes exteriores e atitudes reais. As reais eram distintas das atitudes exteriores, que todos viam e podiam testificar. O Mestre Jesus, ao contrário, em todos os seus momentos apregoou verdades que praticava e cria, tanto é que colocou-se à mercê destas criaturas ao desmascará-los e ao mostrar a diferença de postura entre eles e a verdade.
Como bem vemos em nossos dias, aquelas criaturas que se propõe a fazer ‘limpezas’, a trazer a verdade à tona, a prestar ao próximo auxílio concreto e real, são perseguidos, preteridos, tem seus caminhos dificultados e, em muitos momentos são considerados como perversos e colocados na postura de réus, por algozes inescrupulosos e detentores de um poder que lhes faculta esse agir.
Criaturas como estas são as mesmas que perseguem aqueles que buscam o reto proceder, que desejam depurar-se, que querem melhorar sua vibração e sua conduta. E isso ocorre em todas as escalas e dimensões: quando nos propomos a buscar a edificação ofertada dentro de um trabalho religioso ou espiritual, tudo nos dificulta o dia e a chegada; somos vencidos por obstáculos e até mesmo pelo sono para que não estejamos atentos e presentes em determinadas situações e locais.
Se em nosso trabalho queremos realizar tarefas que podem proporcionar o bem ou o crescimento aos demais e isso contrariar interesses escusos, seremos barrados e portas fechar-se-ão até para uma simples conquista. Que fazer? Sentar, desanimar, desistir ou deixar para lá? Nos acreditarmos desamparados e testados por Deus? Ou verificarmos os exemplos de Jesus que mesmo vendo-se castigado injustamente, mesmo tendo em suas mãos todo o ‘poder’ e a capacidade para fazer calar a cada uma das criaturas que lhe impingiam uma blasfêmia inexistente, tornou-se dócil e não resistiu ao mal que lhe queriam fazer, ao contrário, compreendeu e intercedeu junto ao pai por seus algozes.
Seus compromissos assumidos junto ao Pai eram maiores que suas necessidades pessoais de se fazer entendido ou absolvido; seus compromissos assumidos junto ao Pai por nós era maior do que o amor-próprio egoísta que vemos nas criaturas. E, se assim podemos dizer, o Mestre fez escola e centenas de discípulos se deixaram levar às feras, pois criam na vida eterna e no Pai que o Mestre Jesus lhes apresentou.
Um Pai misericordioso, justo e sábio; um Pai que nada deixa passar desapercebido ou de maneira indevida. Um Pai cujas qualidades, dons e atributos nos são de difícil enumeração, pois sequer os conhecemos em profundidade ou em verdade. Mas aqueles que crêem e confiam em toda a sua magnitude, estes serão salvos até mesmo das feras carniceiras, porque o que perece é apenas a matéria, mas jamais o espírito eterno.
Isso somos nós. Assim devemos agir. Somos convidados a rever atos, atitudes e caminhos. Somos chamados a construir e edificar não apenas por nós mesmos, mas também pelo nosso próximo. E, embora tenhamos dificuldades, obstáculos se apresentem e portas benéficas pareçam se cerrar ante nossa avidez ao transpô-las, eis que ainda nestes momentos temos a providência divina a nos amparar e a nos fortalecer, auxiliando-nos e convocando-nos a fazer nossa parte.
A questão é: vale a pena continuarmos a ser fariseus? Vale-nos algo ser hipócritas? Enganamos a quem diante de nossas atitudes dúbias?
(...) ESCRIBAS – Nome dado, a princípio, aos secretários dos reis de Judá e a certos intendentes dos exércitos judeus. Mais tarde, essa designação foi aplicada especialmente aos doutores que ensinavam a lei de Moisés e a interpretavam para o povo. Faziam causa comum com os Fariseus, participando dos seus princípios e de sua aversão aos inovadores. Por isso, Jesus os envolve na mesma reprovação.(...)
Funções que eram tidas como necessárias e de confiança, mas que foram utilizadas segundo as necessidades egoísticas daqueles que as realizavam. Novamente temos o egoísmo imperando ante a coletividade. Escribas eram como que cara metades de fariseus e a discriminação que Jesus lhes presta ao dizer: “ai de vós escribas e fariseus. Hipócritas!”. Como tudo o que temos em nossa vida e já bem dissemos aqui, o ruim e a perversão não está nas coisas, mas no emprego que dela fazemos.
Exposto em 10-03-2010 por Fiorell@!


Notícias Históricas - parte VIII
Quando abordamos sobre os fariseus, vimos um trecho em que algo de relevante ocorreu na história do povo judeu. Foi a destruição do Templo em Jerusalém e a conseqüente dispersão que isso ocasionou no povo judeu, em vista de perseguições políticas e religiosas. Vejam que este fato pode ser necessário para compreendermos o termo Sinagoga:
(...) SINAGOGA – (Do grego: Sunagoguê, assembléia, congregação)- – Só um templo existia na Judéia: o de Salomão, sito em Jerusalém, onde se celebravam as grandes cerimônias do culto. Todos os anos os Judeus se dirigiam a ele em peregrinação, para as festas principais, como a de Páscoa, a da Dedicação e a dos Tabernáculos. Foi nessas ocasiões que Jesus fez numerosas viagens a Jerusalém . As demais cidades não tinham templos, mais sinagogas, edifícios em que os judeus se reuniam aos sábados, para fazerem suas preces públicas sob a direção dos anciãos, dos escribas e dos doutores da lei. Ali se faziam também leituras dos livros sagrados, seguidas de comentários e explicações. Cada um podia participar, e foi por isso que Jesus, sem ser sacerdote, ensinava nas sinagogas aos sábados. Depois da ruína de Jerusalém e da dispersão dos Judeus, as sinagogas, nas cidades em que passaram a residir, servem-lhes de templo para a celebração do culto.(...)
Tínhamos aqui um único local para grandes cerimônias e este local podia comportar todo o povo judeu para a realização das principais festividades, como a Páscoa, a da Dedicação e a do Tabernáculo. Falar da Páscoa, que aliás se avizinha, traz certa confusão em nossa mente. Se destacada neste trecho de kardec, poderá soar como fora de marco cronológico, haja vista o fato de a dispersão do povo judeu ter ocorrido cerca de 70 anos antes de Cristo e, ao mesmo tempo, sabermos que o Mestre já pregava em sinagogas, considerados como pequenos templos para celebração de cultos e que comportavam apenas parte ou fragmentos do povo judeu.
Porém, verificando um pouco além do que conhecemos ou cultuamos, eis que a Páscoa sugere algo mais do que apenas o renascimento do Mestre Jesus, como muitas religiões alardeiam. Uma definição contida na Wikipédia nos mostra a deturpação que o termo sofreu e o seu real significado/comemoração diante do povo judaico e do povo cristão. Sigamos com a compreensão do que é a Páscoa no Judaísmo:
(...) Segundo a Bíblia (Livro do Êxodo), Deus lançou 10 pragas sobre o Egito. Na última delas (Êxodo cap 12), disse Deus que todos os primogênitos egípcios seriam exterminados (com a passagem do anjo da morte por sobre suas casas), mas os de Israel seriam poupados. Para isso, o povo de Israel deveria imolar um cordeiro, passar o sangue do cordeiro imolado sobre as portas de suas casas, e Deus passaria por elas sem ferir seus primogênitos. Todos os demais primogênitos do Egito foram mortos, do filho do Faraó aos filhos dos prisioneiros. Isso causou intenso clamor dentre o povo egípcio, que culminou com a decisão do Faraó de libertar o povo de Israel, dando início ao Êxodo de Israel para a Terra Prometida. (...)
Conhecemos esta passagem. Primogênitos sendo sacrificados e primogênitos sendo poupados por conta do sangue posto por sobre as portas. A morte passava sem deter-se naquele ambiente. Eu adorava assistir a história da bíblia e ver esta parte das pragas, mas sequer podia imaginar o seu real significado, além do de ser uma grande produção dos idos anos de 70. Vejamos o comentário:
((Sobre as 10 Pragas do Egito e Suas Importâncias)) - Um trecho que, sem dúvida, chama demasiadamente a atenção dos cristãos ou mesmo não crentes, é a passagem sobre as 10 Pragas que o Senhor impusera sobre o Egito. Porém, poucos se preocupam com toda a finalidade desse plano de Deus para aquele povo e para os nossos dias. 
Além da principal finalidade que é relatada na Bíblia, que é libertação do povo de Israel que estava sendo cativo do Faraó, as 10 pragas tiveram grande importância sobre os habitantes do Egito. Deus estava demonstrando, de certa forma, sua superioridade aos deuses que eram adorados pelos egípcios e pelo Faraó. E como se deu isso? A resposta é simples. Imaginem: Por que Rãs, Gafanhotos, Águas em Sangue, Chuva de Pedras...? O certo é que Deus queria falar algo mais, algo além do que podemos ver algo que hoje precisa ser estudado, mas que na época era uma grande revelação de Deus ao povo de Israel e ao Império Egípcio. 
Cada praga era direcionada a um ou mais deuses, conforme a credibilidade do povo em confiar nesses "falsos senhores". Anexarei este quadro na página de estudos, mas vejam que interessante:
*AS PRAGAS*
*REFERÊNCIA*
*DIVINDADE EGÍPCIA ANTIGA*
Ø Águas se formaram em sangue                           Êxodo 7.14-25

Knum: guardião do Nilo; Haspi: espírito do Nilo; Osiris: O Nilo era seu sangue.
Ø Rãs                                Êxodo 8.1-15
Hect: com aspecto de rã; deus da ressurreição
Ø Piolho                                    Êxodo 8.1-19
 
Ø Moscas                          Êxodo 9.20-32
 
Ø Peste nos Animais                  Êxodo 9.1-7

Hator: deusa-mãe com forma de vaca; Apis: o touro do deus; Ptá: Símbolo da fertilidade; Mnevis: touro sagrado de Heliópolis
Ø Úlceras                          Êxodo 9.8-12
*Imotep: deus da medicina
Ø Chuva de Pedras           Êxodo 9.13-25
Nut: deusa do céu; Ísis: deusa da vida; Set: protetor das colheitas
Ø Gafanhotos                    Êxodo 10.1-20
Isis: deusa da vida; Set: protetor das colheitas
Ø Trevas                                    Êxodo 10.21-29
Rá, Aten, Atum, Horus: todos deuses do sol
Ø Morte dos Primogênitos        Êxodo 11.1-12,36
Osiris: A divindade de Faraó; o doador da vida
*Imotep, pode não estar envolvida, pois só encontra-se registros dela bem mais tarde, hipoteticamente pode ter surgido bem depois do episódio. (retirado de http://di.romanhol.vilabol.uol.com.br/inicio.htm )

Se nos mantivermos neste aspecto, veremos coerência com o descrito por kardec, afinal, o povo já comemorava o evento da Páscoa no Templo de Salomão, portanto, antes de Cristo. Depois temos a páscoa pela ótica cristã:
(...) A Páscoa (do hebraico Pessach, significando passagem) é um evento religioso cristão, normalmente considerado pelas igrejas ligadas a esta corrente religiosa como a maior e a mais importante festa da Cristandade. Na Páscoa os cristãos celebram a Ressurreição de Jesus Cristo depois da sua morte por crucificação (ver Sexta-Feira Santa) que teria ocorrido nesta época do ano em 30 ou 33 da Era Comum. O termo pode referir-se também ao período do ano canônico que dura cerca de dois meses, desde o domingo de Páscoa até ao Pentecostes.
Os eventos da Páscoa teriam ocorrido durante o Pessach, data em que os judeus comemoram a libertação e fuga de seu povo escravizado no Egito.
A palavra Páscoa advém, exatamente do nome em hebraico da festa judaica à qual a Páscoa cristã está intimamente ligada, não só pelo sentido simbólico de “passagem”, comum às celebrações pagãs (passagem do inverno para a primavera) e judaicas (da escravatura no Egito para a liberdade na Terra prometida), mas também pela posição da Páscoa no calendário.(...)
Essa é a versão que mais comumente conhecemos: associar a Páscoa à morte e ressurreição do Cristo. Agora, sabem aquele inocente coelhinho da páscoa? Sabem de onde ele provém?
(...) Na Páscoa, é comum a prática de pintar-se ovos cozidos, decorando-os com desenhos e formas abstratas. Em grande parte dos países ainda é um costume comum, embora que em outros, os ovos tenham sido substituídos por ovos de chocolate. No entanto, o costume não e citado na Bíblia. Antes, este costume é uma alusão a antigos rituais pagãos. Eostre ou Ostera é a deusa da fertilidade e do renascimento na mitologia anglo-saxã, na mitologia nórdica e mitologia germânica. A primavera, lebres e ovos pintados com runas eram os símbolos da fertilidade e renovação a ela associados. A lebre (e NÃO um coelho) era seu símbolo. Suas sacerdotisas eram ditas capazes de prever o futuro observando as entranhas de uma lebre sacrificada (claro que a versão “coelhinho da páscoa, que trazes pra mim?” é bem mais comercialmente interessante do que “Lebre de Eostre, o que suas entranhas trazem de sorte para mim?”, que é a versão original desta rima. A lebre de Eostre pode ser vista na Lua cheia e, portanto, era naturalmente associada à Lua e às deusas lunares da fertilidade. De seus cultos pagãos originou-se a Páscoa (Easter, em inglês e Ostern em alemão), que foi absorvida e misturada pelas comemorações judaico-cristãs. Os antigos povos nórdicos comemoravam o festival de Eostre no dia 30 de Março. Eostre ou Ostera (no alemão mais antigo) significa “a Deusa da Aurora” (ou novamente, o planeta Vênus). É uma Deusa anglo-saxã, teutônica, da Primavera, da Ressurreição e do Renascimento. Ela deu nome ao Sabbat Pagão, que celebra o renascimento chamado de Ostara.(...)
Crenças e rituais, misturados a interesses comerciais e distantes de Deus, firmaram-se ao longo do tempo em nossa mente, confundindo-nos e dando-nos versões diferentes acerca da mesma coisa. Neste ponto é importante que conheçamos a história, para não nos deixarmos levar por rituais ou procedimentos distantes da simplicidade que é seguir o caminho que leva ao Pai. prosseguiremos na próxima semana, comentando acerca das outras duas festas praticadas no Templo: da Dedicação e do Tabernáculo.
Exposto em 17-03-2010 por Fiorell@!


Notícias Históricas - parte IX
Aqueles que nos acompanham nos estudos podem estar se perguntando: ‘Mas Fiorella, para que necessitamos conhecer sobre determinadas passagens históricas e até mesmo costumes ocorridos antes da chegada do Mestre Jesus? Não estamos aqui para estudar o Evangelho Segundo o Espiritismo, que trata fundamentalmente das lições morais exemplificadas pelo Mestre?’. Seria básico eu dizer: é história e temos de conhecer de tudo um pouco, mas existem outros fatos e razões que pesam sobre essa necessidade.
Um destes fatos está já em nosso capítulo I do ESE, intitulado NÃO VIM DESTRUIR A LEI, onde entendemos que Jesus não veio contradizer Moisés, assim como a Doutrina Espírita não veio apagar a mensagem do Nazareno, muito pelo contrário, um é sequência do outro em conformidade com a evolução e compreensão do povo.
Determinadas coisas podem nos parecer até bizarras se não compreendermos de onde provém ou pelo menos conhecermos. O mesmo se sucede diante das loucuras e barbáries que vemos nos dias atuais. Terão começado somente agora ou já temos estes atos em nosso passado longínquo? Seremos mais ou menos fraternos nos dias de hoje? Estaremos mais evoluídos ou ainda somos bárbaros descontrolados?
Conhecer algumas passagens sem o glamour do cinema e por prismas variados, nos mostra uma realidade que não nos seria compreensível sem estas explicações. Como tantas famílias ainda passam por desagregações, dificuldades e até mesmo aberrações como as que temos acompanhado pelos noticiários? Se observarmos nosso passado e nossas atitudes, podemos compreender um pouco. Se observarmos que somos seres de diversas moradas que se reúnem em conformidade com seu grau evolutivo, também teremos algumas respostas.
Nossas inquietações talvez sejam menores se compreendermos que nada começou ontem e nem acabará amanhã. Que amores não são apenas de uma vida, assim como os desafetos. Tudo levou muito tempo e, diante deste muito tempo, séculos foram despendidos de maneira rudimentar, depois de maneira idólatra onde tudo era motivo de veneração, depois envoltos em sombra e ostracismo, até que adentramos a era moderna e aos tempos acelerados em que vivemos. Se o Planeta consumiu tanto e tanto tempo para sua adequação e pleno proveito, quem dirá seus habitantes, a moralidade e espiritualidade de cada um.
Bom, no que diz respeito às 3 festividades citadas por Kardec, semana passada abordamos acerca da Páscoa e suas disposições tanto de maneira religiosa, pagã e cristã. Por esta tripla abordagem, pudemos compreender que a Páscoa já era comemorada pelos judeus, mas que ganhou nova conotação após a crucificação do Mestre, inclusive com partes sentindo-se lesadas no que tange à verdadeira comemoração. Hoje temos um pouco acerca da Festa da Dedicação:
(...)É entre os dias 22 e 29 de dezembro, que o povo de Israel celebra a Festa da Dedicação, comumente conhecida como Hanukah. A festa de Hanukah não tem nada a ver com o Natal comemorado pelos cristãos, veremos isso a seguir. Por volta de 200 antes de Cristo o governo Grego-Assírio inicia a tentativa de apagar a memória judaica do povo judeu desejando misturá-los e torná-los parte da cultura do helenismo grego. Para isso, Antioco proibiu o cumprimento de leis judaicas e culto proibidos, incluindo nisso o próprio ensino da Torah, o que obteve um sucesso muito grande, pois um grande número de judeus, homens e mulheres se casaram com gregos e gregas, adotaram nomes e costumes gregos deixando a cultura e religião judaica de lado.(...)
Neste ponto já vemos, uma vez mais, o povo judeu ou de Israel sendo sufocado e até mesmo perseguido por outros povos. Não foi só Hitler quem cismou com este povo e a história nos mostra que é um povo reincidente em termos de perseguições religiosas e políticas. Até por conta da própria rigidez dos ensinamentos do Torah e daquilo que já abordamos no encontro retrasado, acerca dos que professavam uma crença e agiam em conformidade com seus interesses próprios, eis que o povo judeu também começou a se bandear para o lado ‘mais fácil’ e menos perigoso, ou seja, a repressão imposta por Antioco acabou agradando a um grande percentual de judeus, mas como não se tem nunca 100% em tudo na vida, eis que:
(...)Em resposta a isso, Deus levantou um pequeno grupo de judeus das montanhas da Judah, da região de Modiin, que declararam publicamente uma revolução contra Antioco e seu mandato. Seus líderes eram Mattitiahu, e seu filho Judah (Judas Macabeus). Que faziam pequenas incursões contra o exército Grego-Sírio. Mais tarde, Antioco enviou uma legião inteira de seu exército para sufocar a rebelião, mas o pequeno comando dos Maccabeus consegiu milagrosamente vencer a luta contra milhares de soldados até expulsá-los completamente das terras de Israel. (...)
A história contada por este site, pode ser conferida na íntegra através do link: Miva.org e nos mostra que não foi o povo, mas sim Deus quem se rebelou ante as atitudes Greco-Assírias. Esta própria forma de colocação da situação pode gerar controvérsias, principalmente quando se misturam interesses humanos ao nome de Deus, mas eis que Macabeus ficou conhecido como aquele que foi guiado por Deus e fez exercer Sua vontade de libertação do povo judeu, conseguindo um verdadeiro milagre com o contingente que possuía e afrontou exércitos habilmente treinados e postados em Israel. Bem, de uma maneira resumida, eis que aí se encontra o motivo da Festa da Dedicação. Outros fatos ocorreram no momento de proceder à esta festa, dando-lhe o cunho geral da quantidade de dias e do parecer milagroso. Depois temos a Festa dos Tabernáculos, onde faz-se constar que:
(...)Lv.23:33-43 ..."aos quinze dias deste mês sétimo, será a festa dos tabernáculos ao Senhor..." . A festa acontecia cinco dias depois da festa do Yom Kippur, sendo a última do ciclo anual de sete festas ordenadas pelo Senhor. Como a primeira festa, era celebrada no 15º dia do sétimo mês, na lua cheia. Assim, o tempo entre a Páscoa, a Festa dos Pães Asmos e a Festa dos Tabernáculos é exatamente seis meses e ambas são comemoradas durante sete dias. Representava: a) uma festa de ação de graças pelas colheita, pois coincidia com a colheita dos últimos frutos no outono; b) uma lembrança de que Deus tirara Israel do Egito e que os israelitas habitaram em tendas por 40 anos e, c) uma festa de alegria, sendo a única festa em que o Senhor ordenara a Seu povo que se alegrasse diante dEle (vv.40). A Festa dos Tabernáculos, juntamente com a Páscoa e Pentecostes, fazia parte das festas de subida a Jerusalém, quando o povo peregrinava ao santuário para sacrificar e alegrar-se diante de Deus. (...)
Enfim, conhecidas as festividades citadas por Kardec, cujo teor era de grande significação ao povo judeu, às bênçãos conseguidas e às conquistas alcançadas, eis que a destruição do Templo de Jerusalém mostra a grande afronta feita a este povo. É como se houvesse um grande formigueiro que foi destruído e os seus ocupantes passaram a formar novos pequenos formigueiros, mas sem a união e força que possuíam no grande formigueiro. Estas novas ‘panelas’, no caso dos judeus denominadas como Sinagogas, foram de suma importância para a reagregação do povo judeu. Sabemos como isso funciona. Se solitários, temos maiores dificuldades para perseverar e seguir no que quer que seja. Quando unidos, nos fortalecemos e conseguimos realizar mais.
É assim que fazemos diante dos estudos, diante do trabalho e até mesmo das reuniões sociais e religiosas. É assim que podemos perseverar diante das dificuldades e dos obstáculos e até mesmo da concretização de sonhos ou de metas. Semana que vem encerraremos o estudo de notícias históricas, falando acerca dos saduceus e dos essênios.
Exposto em 26-03-2010 por Fiorell@!



Notícias Históricas - parte X
O Evangelho Segundo o Espiritismo nos diz:
(...)SADUCEUS - Seita judia que se formou por volta do ano 248 antes de Cristo, assim chamada em virtude do nome de seu fundador, Sadoc. Os saduceus não acreditavam na imortalidade da alma, nem na ressurreição, ou na existência dos anjos bons e maus. Apesar disso, acreditavam em Deus, e embora nada esperassem após a morte, serviam-no com interesse de recompensas temporais, ao que, segundo acreditavam, se limitava a sua providência. A satisfação dos sentidos era para eles o fim principal da vida. Quanto às Escrituras, apegavam-se ao texto da antiga lei, não admitindo nem a tradição, nem qualquer outra interpretação. Colocavam as boas obras e a execução pura e simples da lei acima das práticas exteriores do culto. Eram, como se vê, os materialistas, os deitas e os sensualistas da época. Essa seita era pouco numerosa, mas contava com personagens importantes, e tornou-se um partido político sempre oposto aos Fariseus.(...)
Homens de poder e influência política, os saduceus mantinham boas relações com o Império. Apesar de abominarem o domínio romano procuravam tirar o máximo partido disso, acumulando favores e posses junto deles. Acreditavam num “deus-pagador” que recompensava os “bons”, multiplicando-lhes a descendência e os bens; e que amaldiçoava os “ímpios” com a doença, o abandono e a marginalidade. Por isso a riqueza material dos Saduceus era o seu estandarte, sinal da bênção divina e do favor de Yahvé.(1)
Odiavam Jesus Nazareno que se revelara amigo de publicanos, prostitutas e abandonados de Israel; aqueles que, segundo eles, eram os “malditos” de Deus. Jesus tinha-lhes virado as regras do jogo quando afirmara que os últimos eram os primeiros, e os primeiros últimos. Além disso, estes prósperos aristocratas tampouco acreditavam na ressurreição dos mortos; rejeitavam-na em absoluto como heresia proclamada por profetas e mísera justificação para os fracos da História.(1)
Eram pessoas da alta sociedade, membros de famílias sacerdotais, cultos, ricos e aristocratas. Dentre eles haviam saído desde o início da ocupação romana os sumos sacerdotes que, nesse momento, eram os representantes judeus diante do poder imperial. Faziam uma interpretação muito sóbria da Torah, sem cair nas numerosas questões casuísticas dos fariseus, e portanto não aceitavam o que esses consideravam como sendo a Torah oral. (1)
Em oposição aos fariseus, não acreditavam na vida após a morte, nem compartilhavam suas esperanças escatológicas. Não gozavam de popularidade nem do afeto popular, dos quais desfrutavam os fariseus, mas tinham poder religioso e político, pelo que eram muito influentes..(1)
Quase no outro extremo dos fariseus estão os saduceus, que podemos chamar de colaboracionistas para com a invasão cultural, política e econômica de gregos e romanos. Embora fossem das classes mais elevadas e mais ricas, não tinham muita influência sobre o povo e, mesmo sendo ferrenhos adversários dos fariseus, para conseguir seus objetivos e manter sua posição até com eles estão prontos a se unir.
(...)ESSÊNIOS – Seita judia fundada cerca do ano 150 antes de Cristo, no tempo dos macabeus. Seus membros moravam em edifícios semelhantes a mosteiros, e formavam uma espécie de associação moral e religiosa. Distinguiam–se pelos costumes suaves e as virtudes austeras, ensinando o amor a Deus e ao próximo, a imortalidade da alma, e crendo na ressurreição. Eram celibatários, condenavam a escravidão e a guerra, tinham seus bens em comum e se entregavam à agricultura. Opostos aos saduceus sensuais, que negavam a imortalidade, e aos fariseus enrijecidos por suas práticas exteriores, para os quais a virtude nada mais era do que aparência, não tomavam nenhuma participação nas disputas dessas duas seitas. Aproximavam-se, por seu gênero de vida, dos primeiros cristãos, e os princípios de moral que professavam fizeram algumas pessoas suporem que Jesus fazia parte dessa seita, antes do início de sua missão pública. O que é certo, é que ele devia conhecê-la, mas nada prova que lhe fosse filiado, e tudo quanto se tem escrito a respeito é hipotético.(2)(...)
Um dos grupos mais estudados nos últimos anos foi o dos essênios. Temos ampla informação sobre como viviam e quais eram suas crenças através de Flavio Josefo e, principalmente, pelos documentos em papiro e pergaminho encontrados em Qumrán, onde parece que se instalaram alguns deles. Uma característica específica dos essênios consistia no rechaço do culto que se fazia no templo de Jerusalém, já que era realizado por um sacerdócio que se tinha envilecido desde a época asmonéia. Em consequência, os essênios optaram por se separar dessas práticas comuns com a idéia de conservarem e restaurarem a santidade do povo num âmbito mais reduzido, o de sua própria comunidade.(1)
A ida de muitos deles a zonas desérticas tinha como objetivo excluir a contaminação que poderia se derivar do contato com outras pessoas. A renúncia em estabelecer relações econômicas ou em aceitar presentes não deriva de um ideal de pobreza, mas era simplesmente um modo de evitar essa contaminação com o mundo exterior, para salvaguardar a pureza ritual. Consumada sua ruptura com o templo e o culto oficial, a comunidade essênia vê a si mesma como um templo imaterial que substitui transitoriamente o templo de Jerusalém, enquanto nele se siga realizando um culto que considera indigno.(1)
Colocamos uma reportagem muito interessante e atual acerca dos Essênios. Clique aqui
(...)TERAPEUTAS – (Do grego: thérapeutai, derivado do verbo therapeuein, servir, curar; quer dizer: servidores de Deus ou curadores.) Sectários judeus contemporâneos do Cristo, estabelecidos principalmente em Alexandria, no Egito. Tinham intensas relações com os essênios, cujos princípios professavam, e como eles se davam à prática de todas as virtudes. Eram extremamente frugais na alimentação, votados ao celibato, à contemplação e à vida solitária, constituindo uma verdadeira ordem religiosa. Filon, filósofo judeu de Alexandria, platônico, foi o primeiro a se referir aos terapeutas, apresentando-os como uma seita judaica. Eusébio, São Jerônimo, e outros Pais da Igreja, pensam que eles eram cristãos. Quer tenham sido judeus ou cristãos, é evidente que, como os Essênios, representavam um traço de união entre o Judaismo e o Cristianismo.(2)(...)
Conhecidos em sua época como os curadores do deserto, perde-se no tempo o início e origem daquela que viria tornar-se a mais santa de todas as comunidades religiosas, não apenas judaica mas mundial. Berço perfeito para receber o messias e para o surgimento do cristianismo, sendo que o último já era cultuado internamente antes do advento de seu mestre maior Jesus Cristo (Yahshúa Mashiach).
Alegoricamente poderíamos apresentar dois personagens essênios membros de duas ramificações do essenismo; de um lado João o batista, que era da região do Mar Morto, homem austero e disciplinado com grande força espiritual e indelével convicção em seus princípios religiosos, chegava a desafiar as autoridades de sua época em nome da ética espiritual, usando de seu profético desígnio de precursor do Messias.
A comunidade essênia à qual pertencia era celibatária e monástica, sendo a mais citada em documentos históricos de seus contemporâneos (Plínio Josefo Filon). Todos são unânimes em atestar a pureza e santidade de seus membros, respeitando a ordem inversa de todas as religiões organizadas, quanto maior o posto religioso atingido na ordem, mais caridade e menos bens materiais deveria ter, é o caso de João ou do próprio Cristo, ao afirmar que o Filho do Homem não haveria onde encostar a cabeça.
Do outro lado, próximo ao Mosteiro Essênio do Monte Carmel, as figuras de José e Maria essênios nazarenos ebonitas, seguiam os ensinamentos que vinham desde Enóque e que posteriormente foram refeitos por Moisés, bebiam da tradição dos profetas criada por Samuel, sucedida por outros conhecidos profetas bíblicos como Enéas e Elias entre outros, e como não poderiam deixar de ser, eram vegetarianos e condenavam as práticas de sacrifício animal no altar, garantido ser esse o verdadeiro preceito do antigo testamento, antes de supostas interpretações sofridas ao longo dos anos dentro da organização judaica, algo próximo aos concílios católicos.
Suspeita-se que historicamente não existisse Nazaré e sim a Aldeia dos Nazarenos, que desde Samuel levava o nome de ebionitas, que quer dizer “pobres” ou mais provavelmente “humildes”; vale lembrar das citações nas bem aventuranças “pobres” (ebion) pelo espírito e daí dizer-se que os ricos não entrariam no Reino.
Com rigor crescente na imposição da observância da lei mosaica (Christian D. Ginsburg), orientavam-se pelas normas passadas pelo seu maior legislador, Moisés (“não cuideis que vim destruir a lei e os profetas: não vim revogar, mas cumprir” Mat.5.17); Viram-se obrigados a isolar-se da sociedade judaica, indo viver em locais afastados, dividindo todos os bens, utilizando de avançadas técnicas de fruticultura, captação de água da chuva e conceitos de sustentabilidade que só 2.000 anos depois a sociedade moderna começa a discutir.
Voltando ao tema anterior, a respeito da escola profética, os essênios nazarenos ebionitas (terapeutas ungidos humildes) tinham na disciplina física, de jejuns contínuos e dieta frutívora, a possibilidade de tornarem-se o vaso vivo para a manifestação do Espírito Santo, com precisão absoluta para suas profecias e realização de curas.
Ao pé do Monte Carmel criou-se uma criança de grande Alma. Antes de sua vida pública, cresceu ali o maior de todos os mestres que a humanidade conheceu, que por onde passava caiam deuses por terra, doutrinas supersticiosas e religiões idólatras não suportavam sua presença majestosa, anunciador das Boas Novas e do DEUS ÚNICO, Yahushua Maschiach, o maior dos Mestres Essênios.
Embora gere controvérsias e muitos fatos precisem ser considerados antes de aceitos, temos um livro que retrata muito da vida destes chamados terapeutas e é o livro Maria de Nazaré, de Miramez, que conta a história da mãe de Jesus nos primórdios do aceite de sua incumbência como genitora do Mestre dos mestres. Não encontrei ainda o livro para download, mas creio ser um investimento fantástico para conhecermos uma ótica diferente de tudo aquilo que já temos visto ou ouvido acerca de Maria de Nazaré. Poderá ser vir como base, inclusive, para que entendamos ou reflitamos acerca dos comentários que se farão na próxima parte da introdução histórica quando falaremos de Sócrates e Platão, precursores da doutrina cristã e do espiritismo.

1- Étienne NODET, Essai sur les origines du Judaïsme: de Josué aux Pharisiens. Editions du Cerf, Paris 1992; Anthony J. SALDARINI, Pharisees, scribes and Sadducees in Palestinian society: a sociological approach. William B. Eerdmans, Cambridge 2001; Francisco VARO, Rabí Jesús de Nazaret (B.A.C., Madrid, 2005) 91-97.
(2) A Morte de Jesus, que se diz escrita por um irmão essênio, é um livro completamente apócrifo, escrito a serviço de determinada opinião, e que traz em si mesmo a prova da sua origem moderna.
Exposto em 31-03-2010 por Fiorell@!


DISPONÍVEL EM http://sobaoticaespirita.com/evangelho1.htm



Vídeos complementares:







Haroldo Dutra Dias - Informações Históricas na Obra de Emmanuel - Congresso Espirita ES 2011 -




[1][1] Indivíduos eu se opõem aos dogmas estabelecidos pela igreja.
[2][2] N.E. de 1947: Não confundir esse Hillel que fundou a seita dos fariseus com o seu homônimo que viveu duzentos anos mais tarde e estabeleceu os princípios religiosos e sociais de um sistema todo de tolerância e amor, sistema hoje conhecido por Hilelismo.
[3] Partidarismo, catequese, doutrinação
[4] Companheiro, aliado, adepto, admirador
[5] Característica da pessoa que se alimenta de maneira moderada

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