sábado, 5 de novembro de 2016

Conclusão do Capítulo I -  Não vim destruir a lei
Itens 9 a 11
Aliança da Ciência e da Religião e a Nova Era
A Ciência e a Religião são as duas alavancas da inteligência humana: uma revela as leis do mundo material e a outra as do mundo moral. Tendo, no entanto, essas leis o mesmo principio, que é Deus, não podem contradizer-se.
A tendência é a Ciência e a Religião se unirem no futuro, tendo em vista que, com o conhecimento das leis que regem Universo, veremos que haverá sempre uma força maior, denominada Deus.

1 - Por que a Ciência e Religião, ate' o momento, não puderam se entender?
A Ciência e a Religião não puderam, ate' hoje, entender-se, porque, encarando cada uma as coisas do seu ponto de vista exclusivo, reciprocamente se repeliam.
A intolerância de ambas as partes impedia com que se aproximassem.
Faltava com que encher o vazio que as separava, um traço de união que as aproximasse. Esse traço de união esta' no conhecimento das leis que regem o Universo espiritual e suas relações com o mundo corpóreo, leis tão imutáveis quanto as que regem o movimento dos astros e a existência dos seres.


Disponível em http://www.cvdee.org.br/est_eesetexto.asp?id=006&showc=S#conclusao
Capítulo I -  Não vim destruir a lei
Itens 9 a 11
Aliança da Ciência e da Religião e a Nova Era

A Ciência e a Religião são as duas alavancas da inteligência humana: uma revela as leis do mundo material e a outra as do mundo moral. Tendo, no entanto, essas leis o mesmo principio, que é Deus, não podem contradizer-se. A tendência é a Ciência e a Religião se unirem no futuro, tendo em vista que, com o conhecimento das leis que regem Universo, veremos que haverá sempre uma força maior, denominada Deus.

Aliança da Ciência com a Religião
8. A Ciência e a Religião são as duas alavancas da inteligência humana; uma revela as leis do mundo material e a outra, as leis do mundo moral. No entanto, tendo essas leis o mesmo princípio, que é Deus, elas não se podem contradizer. Se fossem a negação uma da outra, necessariamente uma estaria errada e a outra com a razão, visto que Deus não pode querer destruir sua própria obra. A incompatibilidade que se acredita ver entre essas duas ordens de ideias, deve-se a um erro de observação e ao excesso de exclusivismo de uma e de outra parte; daí resultou um conflito que deu origem à incredulidade e à intolerância.
São chegados os tempos em que os ensinamentos do Cristo devem receber seu complemento; em que o véu, lançado intencionalmente sobre algumas partes desses ensinos, deve ser levantado; em que a Ciência, deixando de ser exclusivamente materialista, deve levar em conta o elemento espiritual, e a Religião deve reconhecer as leis orgânicas e imutáveis da matéria. Essas duas forças, então, apoiando-se uma na outra, e marchando juntas, se prestarão um mútuo apoio. A Religião, não sendo mais desmentida pela Ciência, irá adquirir um poder indestrutível, porque estará de acordo com a razão, e a irresistível lógica dos fatos não mais poderá se opor a ela.
A Ciência e a Religião até hoje não puderam se entender porque, cada uma encarando as coisas do seu ponto de vista exclusivo, se repeliam mutuamente. Era preciso alguma coisa para preencher o vazio que as separava, um traço de união que as aproximasse; esse traço de união está no conhecimento das leis que regem o mundo espiritual e suas relações com o mundo corporal, leis também tão imutáveis quanto as que regem o movimento dos astros e a existência dos seres. Essas relações, uma vez comprovadas pela experiência, fizeram surgir uma nova luz: a fé se dirigiu à razão; a razão nada encontrou de ilógico na fé, e o materialismo foi vencido. Entretanto, nisso como em todas as coisas, há pessoas que ficam para trás, até que sejam arrastadas pelo movimento geral que as esmagará, se quiserem resistir em lugar de se entregarem a ele. É toda uma revolução moral que se opera neste momento e aperfeiçoa os espíritos. Após ser elaborada durante mais de dezoito séculos, ela chega ao seu final e vai marcar uma nova era na humanidade.  As consequências dessa revolução são fáceis de prever; ela deve produzir inevitáveis modificações nas relações sociais, às quais ninguém poderá se opor porque estão nos desígnios de Deus e porque resultam da lei do progresso, que é uma lei de Deus.
. INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS .
A nova era
9. Deus é único, e Moisés é o espírito que Deus enviou em missão para fazer com que Ele fosse conhecido, não somente dos hebreus, mas também dos povos pagãos. O povo hebreu[1] foi o instrumento que Deus utilizou para se revelar, por intermédio de Moisés e pelos profetas; e as vicissitudes por que esse povo passou foram destinadas a impressionar e fazer cair o véu que ocultava a divindade aos homens.
Os mandamentos de Deus, dados por Moisés, contém o germe da mais ampla moral cristã; os comentários da Bíblia restringiam-lhe o sentido, porque, posta em ação, com toda a sua pureza, não seria então compreendida. Mas os Dez Mandamentos de Deus nem por isso deixaram de ser como um frontispício[2] brilhante, como o farol que devia iluminar a humanidade no caminho que ela teria que percorrer.
A moral ensinada por Moisés era apropriada ao estado de adiantamento em que se encontravam os povos a quem ela estava destinada a regenerar. Esses povos, semisselvagens quanto ao aperfeiçoamento da alma, não teriam compreendido que se pudesse adorar a Deus sem a realização de holocaustos[3] nem que fosse preciso perdoar a um inimigo. A inteligência deles, notável sob o ponto de vista da matéria e mesmo sob o das artes e das ciências, era muito atrasada em moralidade, e não seria convertida sob o domínio de uma religião inteiramente espiritual. Era-lhes necessária uma representação semimaterial, como a que a religião hebraica lhes oferecia. Os holocaustos falavam aos seus sentidos, enquanto a ideia de Deus falava ao seu espírito.
O Cristo foi o iniciador da moral mais pura, mais sublime; da moral evangélico-cristã que deve renovar o mundo, aproximar os homens e torná-los irmãos; que deve fazer jorrar de todos os corações humanos a caridade e o amor ao próximo, e criar, entre todos os homens, uma solidariedade comum; enfim, de uma moral que há de transformar a Terra, e dela fazer uma morada para espíritos superiores aos que hoje a habitam. É a lei do progresso, à qual a Natureza está submetida, que se cumpre, e o Espiritismo é a alavanca da qual Deus se utiliza para fazer a humanidade avançar.
São chegados os tempos em que as ideias morais devem se desenvolver para que se realizem os progressos que estão nos desígnios de Deus; elas devem seguir o mesmo caminho que as ideias de liberdade percorreram e que foram suas precursoras. Não se creia, porém, que esse desenvolvimento se fará sem lutas, não, elas precisam, para chegar à maturidade, de abalos e discussões, a fim de que chamem a atenção das massas. Uma vez despertada essa atenção, a beleza e a santidade da moral irão impressionar os espíritos, e eles se ligarão a uma ciência que lhes dará a chave da vida futura e lhes abrirá as portas da felicidade eterna. Moisés abriu o caminho, Jesus continuou a obra, o Espiritismo irá concluí-la. (Um Espírito Israelita.[4] Mulhouse, 1861.)

10. Um dia, Deus, em sua caridade inesgotável, permitiu ao homem ver a verdade atravessar as trevas; esse foi o dia da vinda do Cristo. Depois da luz viva, as trevas voltaram. O mundo, após alternativas de verdade e de obscuridade, perdia-se novamente. Então, assim como os profetas do Antigo Testamento, os espíritos se puseram a falar e a advertir: .O mundo está abalado em suas bases, o trovão reboará. Sede firmes!.
O Espiritismo é de ordem divina, pois tem suas bases assentadas nas próprias leis da Natureza, e crede que tudo o que é de ordem divina tem um objetivo elevado e útil. O mundo terrestre se perdia; a Ciência, desenvolvida à custa do que é de ordem moral, vos conduzia unicamente ao bem-estar material, voltando-se em proveito do espírito das trevas. Vós o sabeis, cristãos, o coração e o amor devem marchar unidos à Ciência.
O reino de Cristo, ai de nós, após dezoito séculos, e apesar do sangue de tantos mártires, ainda não chegou. Cristãos, voltai ao Mestre que quer vos salvar. Tudo é fácil, àquele que crê e que ama; o amor o preenche de uma alegria inexprimível. Sim, meus filhos, o mundo está abalado; os bons espíritos o dizem sempre; curvai-vos sob o vento que anuncia a tempestade, para que não sejais derrubados, quer dizer, preparai-vos, e não vos assemelheis às virgens loucas[5] que foram apanhadas desprevenidas à chegada do esposo.
A revolução que se prepara é antes moral do que material; os grandes espíritos, mensageiros divinos, inspiram a fé, para que todos vós, obreiros esclarecidos e ardentes, façais ouvir vossa humilde voz; porque vós sois o grão de areia, mas sem grãos de areia não haveria montanhas. Assim, pois, que estas palavras: .Nós somos pequenos, . não tenham mais sentido para vós. A cada um a sua missão, a cada um o seu trabalho. A formiga não constrói o seu formigueiro e animaizinhos insignificantes não erguem continentes? A nova cruzada começou; apóstolos da paz universal, e não de uma guerra, modernos São Bernardos, olhai e marchai para frente. A lei dos mundos é a lei do progresso. (Fénelon.[6] Poitiers, 1861.)

11. Santo Agostinho é um dos maiores divulgadores do Espiritismo. Manifesta-se quase por toda a parte, e a razão de tal fato nós a encontramos na vida desse grande filósofo cristão. Ele pertence a essa vigorosa falange dos Pais da Igreja aos quais a cristandade deve suas mais sólidas bases. Como ocorreu a muitos, Agostinho foi arrancado do paganismo,[7] melhor dizendo, da incredulidade mais profunda, pelo clarão da verdade.
Quando, em meio aos seus excessos, sentiu na própria alma a vibração estranha que o chamava para si mesmo e o fez compreender que a felicidade estava longe dos prazeres enervantes e fugidios; quando, enfim, no seu caminho de Damasco,[8] também ouviu a voz santa lhe dizer: .Saulo, Saulo, por que me persegues?. ele exclamou: Meu Deus! Meu Deus! Perdoa-me, eu creio, eu sou cristão!. E, desde então, tornou-se um dos mais firmes sustentáculos do Evangelho. Pode-se ler, nas notáveis confissões que nos deixou esse eminente espírito, as palavras características, e ao mesmo tempo proféticas, que pronunciou ao ter perdido Santa Mônica: Estou convencido de que minha mãe virá me visitar e dar os seus conselhos, revelando-me o que me espera na vida futura... Que ensinamento nessas palavras, e que previsão brilhante da futura doutrina! É por isso que atualmente, vendo chegada a hora para a divulgação da verdade, que outrora havia pressentido, ele se faz seu ardente propagador, e se multiplica, por assim dizer, para responder a todos aqueles que o chamam. (Erasto,[9] discípulo de São Paulo. Paris, 1863.)
Observação. Santo Agostinho vem então derrubar o que construiu? Não, seguramente; mas como tantos outros, ele vê com os olhos do espírito o que não via como homem. Sua alma, liberta, entrevê novas claridades e compreende o que antes não compreendia. Novas ideias lhe revelaram o verdadeiro sentido de certas palavras; na Terra ele julgava as coisas segundo os conhecimentos que possuía, mas, quando uma nova luz se fez para ele, pôde julgá-las com maior clareza. É assim que ele deve rever sua crença referente aos espíritos íncubus e súcubus[10] e sobre o anátema[11] que havia lançado contra a teoria dos antípodas[12]. Agora, que o Cristianismo lhe aparece em toda a sua pureza, ele pode, sobre certos pontos, pensar de maneira diferente de quando estava vivo, sem deixar de ser apóstolo cristão. Pode, sem renegar sua fé, fazer-se o propagador do Espiritismo, porque nele vê o cumprimento das predições. Proclamando-o, hoje, nada mais fez que nos conduzir a uma interpretação mais sã e mais lógica dos textos. Assim acontece também com outros espíritos que se acham em uma posição semelhante.

Questão para estudo
1 - Por que a Ciência e Religião, até o momento, não puderam se entender?

Disponível em http://www.cvdee.org.br/est_eesetexto.asp?id=006



[1] Povo Hebreu: povo semita da Antiguidade, do qual descendem os atuais judeus. (semita: família etnográfica e linguística, originária da Ásia ocidental, e que compreende os hebreus, os assírios, os aramaicos, os fenícios e os árabes.) (N.T.)
[2] Frontispício: fachada principal. (N.T.)
[3] Holocausto: entre os antigos hebreus, sacrifício em que se queimavam inteiramente as vítimas; imolação. (N.T.)

[4] Trata-se do senhor Edouard Pereyre, parente do médium Rodolphe de Mulhouse. (N.T. conforme a Revista Espírita de setembro de 1861, p. 296.)
[5] O Espírito Fénelon refere-se à passagem que Mateus narra no capítulo XXV, versículos 1 a 13 do seu Evangelho. (N.T.)
[6] Fénelon: François de Salignac de Mothe-Fénelon, escritor e prelado francês. Nasceu em 1651 e desencarnou em 1715. Foi arcebispo da cidade de Cambrai, pregador e depois missionário. Possuía caráter e tendências muito aristocráticas e se opunha ao absolutismo do rei Luís XIV. Em 1699, caiu em desagrado, após a publicação do seu livro, Telêmaco, cheio de alusões e indiretas ao governo. Tendo recebido a condenação papal, passou a viver como um simples pastor, em sua própria diocese. (N.T.)
[7] Paganismo: nome dado pelos primeiros cristãos ao politeísmo (crença em muitos deuses). Pagãos eram todos povos politeístas assim como tudo relativo a eles e aos seus deuses. Diz-se pagão de toda religião que não é a cristã ou a judaica e, também, daquele que não segue o Catolicismo. (N.T.)
[8] Ao citar a expressão “caminho de Damasco”, o Espírito Erasto faz uma referência ao fato ocorrido com Saulo de Tarso e que deu origem à sua conversão ao Cristianismo. Quando se dirigia à cidade de Damasco, situada a 200 quilômetros de Jerusalém, para agir, como doutor da lei, contra os hebreus convertidos à doutrina do Cristo, Saulo, quando já se encontrava bem próximo da cidade, foi subitamente cercado por forte luz, vinda do alto. Sentindo-se ofuscado, caiu ao chão, ao mesmo tempo em que ouvia uma voz que lhe dizia: .Saulo, Saulo, por que me persegues?. Ele, atônito, pergunta: .Quem és tu, Senhor?. E a voz lhe responde: Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Levanta-te e entra em Damasco, lá ficarás sabendo o que deves fazer... Saulo, que ficara cego sob a ação daquela luz, fez o que a voz lhe ordenava, iniciando-se, assim, a partir daquele momento, a sua conversão, e toda uma vida de apostolado cristão, sob o nome que posteriormente adotou: Paulo de Tarso. (N.T.)
[9] Erasto: era o tesoureiro da cidade de Corinto. Tornou-se discípulo de Paulo de Tarso e o acompanhou em sua viagem a Éfeso. No Novo Testamento encontramos breves citações a Erasto em Atos, XIX: 22, na Epístola de Paulo aos Romanos, XVI: 23 e na segunda Epístola de Paulo a Timóteo, IV: 20. (N.T.)
[10] Íncubu: segundo tradições populares, é um .demônio. masculino que vem ligar-se sexualmente a uma mulher; súcubu é um demônio feminino que, nas mesmas condições, vem ligar-se a um homem. Esses .demônios. nada mais são que espíritos inferiores que, mesmo desencarnados, ainda têm desejo sexual e estabelecem, mediante afinidade com o médium, esse tipo de relação. (N.T.)
[11] Anátema: maldição, reprovação enérgica, excomunhão. (N.T.)
[12] Antípoda: habitante que, em relação a outro habitante da Terra, encontra-se em lugar diametralmente oposto, do .outro lado do mundo... (N.T.)
Conclusão do estudo do Capítulo I – Não vim destruir a lei
Itens 1 a 7
As Três Revelações

Revelar, do latim "revelare", significa, literalmente, sair sob o véu, e, figuradamente, descobrir, dar a conhecer uma coisa secreta ou desconhecida.
A característica essencial de qualquer revelação tem de ser a verdade. Revelar o segredo e tornar conhecido um fato; se e falso, já não e um fato e, por consequência, não existe revelação.
No sentido especial da fé religiosa, a revelação se refere, mais particularmente, das coisas espirituais que o homem não pode descobrir por meio da inteligência, nem com o auxilio dos sentidos, e cujo conhecimento lhe da Deus através de Seus mensageiros, quer por meio da palavra direta, quer pela inspiração. Neste caso, a revelação e sempre feita a homens predispostos, designados sob o nome de profetas ou messias.
Todas as religiões tiveram seus reveladores, e estes, embora longe estivessem de conhecer toda a verdade, tinham uma razão de ser providencial, porque eram apropriados ao tempo e ao meio em que viviam, ao caráter particular dos povos a quem falavam, e aos quais, eram relativamente superiores.
Allan Kardec [GEN-cap I] assevera que três foram as grandes revelações da Lei de Deus: a primeira representada por Moises, a segunda por Jesus e a terceira e ultima revelação pelo Espiritismo.
Em [O Consolador], o benfeitor Emmanuel tange ao tema da seguinte forma: "Até agora a Humanidade da era crista recebeu a grande Revelação em três aspectos essenciais: Moises trouxe a missão da Justiça; o Evangelho, a revelação insuperável do Amor e o Espiritismo, em sua feição de Cristianismo redivivo, traz, por sua vez, a sublime tarefa da Verdade."

Questão para estudo

1 - Faça um paralelo entre as Três Revelações.

Primeira Revelação: Moises
Moises, como profeta, revelou aos homens a existência de um Deus único e soberano Senhor e orientador de todas as coisas; promulgou a lei do Sinai e lançou as bases da verdadeira fé. Como homem, foi o legislador do povo pelo qual essa primitiva fé, purificando-se, havia de espalhar-se por sobre a Terra.
Examinando o missionário, Emmanuel assim se refere: “Moises trazia consigo as mais elevadas faculdades mediúnicas, apesar de suas características de legislador humano”.
E inconcebível que o grande missionário dos judeus e da Humanidade pudesse ouvir o espirito de Deus. Estais, porem habilitados a compreender que a Lei, ou a base da Lei (os Dez Mandamentos), foi-lhe ditada pelos emissários de Jesus.
Examinando-se os seus atos enérgicos de homem, ha a considerar as características da época em que se verificou sua grande tarefa. “Com expressões diversas, o grande enviado não poderia dar conta exata de suas preciosas obrigações, em face da Humanidade ignorante e materialista.”

Segunda Revelação: Jesus
A segunda grande revelação da Lei de Deus, na concepção de Kardec, foi apresentada por Jesus.
Segundo o benfeitor André Luiz [Evolução em Dois Mundos]: "Com Jesus, a religião, como sistema educativo, alcança eminencia inimaginável. Nem templos de pedras, nem rituais. Nem hierarquias efêmeras, nem avanço ao poder humano. O Mestre desaferrolha as arcas do conhecimento enobrecido e distribui-lhe os tesouros."
Allan Kardec, examinando a Revelação Crista, lembra que "O Cristo, tomando da antiga lei o que e eterno e divino e rejeitando o que era transitório, puramente disciplinar e de concepção humana, acrescentou a revelação da vida futura, de que Moises não falara, assim como a das penas e recompensas que aguardam o homem depois da morte."
Acrescenta Kardec que a filosofia crista estava sedimentada em uma concepção inteiramente nova da Divindade. Esta já não era mais a concepção de um Deus terrível, ciumento, vingativo, como O apresentava Moises, mas um Deus clemente, soberanamente bom e justo, cheio de mansidão e misericórdia, que perdoa ao vicioso e dá a cada um segundo as suas obras. Enfim, já não e o Deus que quer ser temido, mas o Deus que quer ser amado.

Terceira Revelação: Espiritismo
Allan Kardec apresenta o Espiritismo como sendo a Terceira Revelação da Lei de Deus, o Consolador prometido aos homens por Jesus, conforme anunciado por [Joao-XIV:15-17,26]: "Se me amais, guardai os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai e Ele vos dará outro Consolador, para que fique eternamente convosco, o Espirito da Verdade, a quem o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece. Mas vos o conhecereis, porque ele ficará convosco e estará em vos. - Mas o Consolador, a quem o Pai enviará em meu nome, vos ensinara todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito." Kardec, examinando o tema, afirma:
"O Espiritismo vem, no tempo assinalado, cumprir a promessa do Cristo. Ele chama os homens a observância da lei; ensina todas as coisas, fazendo compreender o que o Cristo só disse em parábolas. O Espiritismo vem abrir os olhos e os ouvidos porque ele fala sem figuras e alegorias."
Da mesma maneira que Jesus não veio destruir a lei mosaica, apresentada 15 séculos antes Dele por Moises, assim também o Espiritismo não vem derrogar a lei crista mas completa-la, desenvolve-la, enriquece-la. Nesse sentido, o Espiritismo se propõe a revelar tudo aquilo que Jesus não pode dizer aquela época em função da pouca maturidade espiritual de sua gente. Ele e, portanto, obra do Cristo, que o preside e o acompanha, objetivando a recuperação moral da humanidade.

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Capítulo I – Não vim destruir a lei
Itens 1 a 7
As Três Revelações

. As três revelações:
. Moisés, Cristo e o Espiritismo
. Aliança da Ciência com a Religião
Instruções dos Espíritos:
A nova era
1. .Não penseis que eu tenha vindo destruir a lei ou os profetas; eu não vim destruí-los, mas cumpri-los. Porquanto eu vos digo em verdade que o céu e a Terra não passarão sem que se cumpra perfeitamente tudo o que está na lei, até o último iota,[1] o último ponto... (Mateus, V:17 e 18.)
Moisés
2. Há duas partes distintas na lei mosaica: a lei de Deus, promulgada sobre o monte Sinai, e a lei civil ou disciplinar estabelecida por Moisés. Uma é invariável; a outra, apropriada aos costumes e ao caráter do povo, modifica-se com o passar do tempo.
A lei de Deus está formulada nos dez mandamentos seguintes:
1. Eu sou o Senhor, vosso Deus, que vos tirei do Egito, da casa da servidão. Não tereis outros deuses estrangeiros diante de mim. Não fareis imagem esculpida, nem figura alguma de tudo o que está em cima, no Céu, e embaixo sobre a Terra, nem de tudo o que está nas águas sob a terra. Vós não os adorareis, nem lhes prestareis cultos soberanos.
2. Não tomareis em vão o nome do Senhor, vosso Deus.
3. Lembrai-vos de santificar o dia de sábado.
4. Honrai vosso pai e vossa mãe, a fim de viverdes longo tempo sobre a terra que o Senhor, vosso Deus, vos dará.
5. Não matareis.
6. Não cometereis adultério.
7. Não roubareis.
8. Não dareis falso testemunho contra vosso próximo.
9. Não desejareis a mulher do vosso próximo.
10. Não cobiçareis a casa do vosso próximo, nem seu servo, nem sua serva, nem seu boi, seu asno, ou qualquer outra coisa que lhe pertença.
Essa lei é de todos os tempos e de todos os países e, por isso mesmo, tem um caráter divino. Todas as outras são leis estabelecidas por Moisés, obrigado a conter, pelo temor, um povo naturalmente turbulento e indisciplinado, no qual tinha que combater os abusos e os preconceitos enraizados, adquiridos durante a escravidão no Egito. Para dar autoridade às suas leis ele teve que lhes atribuir uma origem divina, assim como o fizeram todos os legisladores dos povos primitivos. A autoridade do homem devia apoiar-se sobre a autoridade de Deus, mas somente a ideia de um Deus terrível podia impressionar criaturas ignorantes, nas quais o senso moral e o sentimento de uma justiça imparcial estavam ainda pouco desenvolvidos.
É evidente que aquele que havia incluído em seus mandamentos: não matareis; não fareis mal ao vosso próximo., não poderia se contradizer fazendo do extermínio um dever. Portanto, as leis mosaicas, propriamente ditas, tinham um caráter essencialmente transitório.
Cristo
3. Jesus não veio destruir a lei, isto é, a lei de Deus. Ele veio cumpri-la, ou seja, desenvolvê-la, dar-lhe o seu verdadeiro sentido e apropriá-la ao grau de adiantamento dos homens. Eis por que se encontra nessa lei o princípio dos deveres para com Deus e para com o próximo, que constitui a base da sua doutrina. Quanto às leis de Moisés propriamente ditas, Jesus, ao contrário, modificou-as profundamente, seja no conteúdo, seja na forma. Combateu incessantemente o abuso das práticas exteriores e as falsas interpretações, e não podia fazer com que essas leis passassem por uma reforma mais radical do que quando as reduziu a estas palavras: Amar a Deus acima de todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo, e acrescentando eis aí toda a lei e os profetas.
Por estas palavras .O céu e a Terra não passarão, sem que se cumpra perfeitamente tudo até o último iota, Jesus quis dizer que era necessário que a lei de Deus fosse cumprida, isto é, fosse praticada sobre toda a Terra, em toda a sua pureza, com todos os seus desenvolvimentos e todas as suas consequências; porquanto, de que serviria ter estabelecido essa lei se ela tivesse de ficar como privilégio de alguns homens ou mesmo de um só povo? Sendo todos os homens filhos de Deus, eles são, sem nenhuma diferença, merecedores da mesma consideração.
4. O papel de Jesus, porém, não foi apenas o de um legislador moralista, sem outra autoridade que a da sua palavra; ele veio cumprir as profecias que haviam anunciado sua vinda, e a sua autoridade provinha da natureza excepcional do seu espírito e da sua missão divina. Ele veio ensinar aos homens que a verdadeira vida não está na Terra, mas no reino dos céus; ensinar-lhes o caminho que os conduz a esse reino, os meios de se reconciliarem com Deus e de preveni-los quanto à marcha das coisas que devem acontecer para a realização dos destinos humanos. Entretanto, ele não disse tudo, e sobre muitos pontos limitou-se a lançar o gérmen de verdades que, ele mesmo declarou, não podiam ainda ser compreendidas. Falou de tudo, mas em termos mais ou menos explícitos e, para perceber o sentido oculto de certas palavras, era preciso que novas ideias e novos conhecimentos viessem nos dar a sua solução, e essas ideias não poderiam surgir antes de certo grau de maturidade do espírito humano. A Ciência devia contribuir poderosamente para o surgimento e o desenvolvimento dessas ideias, era preciso, portanto, dar tempo para que a Ciência progredisse.
O Espiritismo
5. O Espiritismo é a nova ciência que veio revelar aos homens, com provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual e as suas relações com o mundo corporal. O Espiritismo nos mostra esse mundo, não como algo sobrenatural, mas, ao contrário, como uma das forças vivas e incessantemente atuantes da Natureza; como a fonte de uma infinidade de fenômenos, até então incompreendidos e, por essa razão, rejeitados como pertencentes ao domínio do fantástico e do maravilhoso. É a essas relações que o Cristo faz alusão em muitas circunstâncias, e é por isso que muitas coisas que Jesus disse ficaram incompreendidas ou foram erradamente interpretadas. O Espiritismo é a chave com a ajuda da qual tudo se explica com facilidade.
6. A lei do Antigo Testamento está personificada em Moisés, a do Novo Testamento está no Cristo; o Espiritismo é a terceira revelação da lei de Deus, mas não está personificada em nenhum indivíduo, porque é o produto do ensinamento dado, não por um homem, mas pelos espíritos, que são as vozes do céu, sobre todos os pontos da Terra, e por uma multidão inumerável de intermediários. É, de certa forma, um ser coletivo, abrangendo o conjunto de seres do mundo espiritual, vindo, cada um, trazer aos homens a contribuição de seus conhecimentos, para fazê-los conhecer aquele mundo e a sorte que nele os espera.
7. Assim como o Cristo disse: Eu não vim destruir a lei, mas cumpri-la., o Espiritismo igualmente diz: .Eu não vim destruir a lei cristã, mas cumpri-la... O Espiritismo nada ensina que seja contrário ao que o Cristo ensinou, mas desenvolve, completa e explica, em termos claros para todas as pessoas, o que só foi dito sob a forma alegórica. O Espiritismo veio cumprir, no tempo predito, o que Cristo anunciou, e preparar a realização das coisas futuras. Ele é, portanto, obra do Cristo, que o preside, assim como igualmente o anunciou, à regeneração que se realiza e que prepara o reino de Deus sobre a Terra.

Questão para estudo

1 - Faça um paralelo entre as Três Revelações.

Disponível em http://www.cvdee.org.br/est_eesetexto.asp?id=005




[1] Iota: nona letra do alfabeto grego. (N.T.)