sábado, 5 de novembro de 2016

Capítulo I – Não vim destruir a lei
Itens 1 a 7
As Três Revelações

. As três revelações:
. Moisés, Cristo e o Espiritismo
. Aliança da Ciência com a Religião
Instruções dos Espíritos:
A nova era
1. .Não penseis que eu tenha vindo destruir a lei ou os profetas; eu não vim destruí-los, mas cumpri-los. Porquanto eu vos digo em verdade que o céu e a Terra não passarão sem que se cumpra perfeitamente tudo o que está na lei, até o último iota,[1] o último ponto... (Mateus, V:17 e 18.)
Moisés
2. Há duas partes distintas na lei mosaica: a lei de Deus, promulgada sobre o monte Sinai, e a lei civil ou disciplinar estabelecida por Moisés. Uma é invariável; a outra, apropriada aos costumes e ao caráter do povo, modifica-se com o passar do tempo.
A lei de Deus está formulada nos dez mandamentos seguintes:
1. Eu sou o Senhor, vosso Deus, que vos tirei do Egito, da casa da servidão. Não tereis outros deuses estrangeiros diante de mim. Não fareis imagem esculpida, nem figura alguma de tudo o que está em cima, no Céu, e embaixo sobre a Terra, nem de tudo o que está nas águas sob a terra. Vós não os adorareis, nem lhes prestareis cultos soberanos.
2. Não tomareis em vão o nome do Senhor, vosso Deus.
3. Lembrai-vos de santificar o dia de sábado.
4. Honrai vosso pai e vossa mãe, a fim de viverdes longo tempo sobre a terra que o Senhor, vosso Deus, vos dará.
5. Não matareis.
6. Não cometereis adultério.
7. Não roubareis.
8. Não dareis falso testemunho contra vosso próximo.
9. Não desejareis a mulher do vosso próximo.
10. Não cobiçareis a casa do vosso próximo, nem seu servo, nem sua serva, nem seu boi, seu asno, ou qualquer outra coisa que lhe pertença.
Essa lei é de todos os tempos e de todos os países e, por isso mesmo, tem um caráter divino. Todas as outras são leis estabelecidas por Moisés, obrigado a conter, pelo temor, um povo naturalmente turbulento e indisciplinado, no qual tinha que combater os abusos e os preconceitos enraizados, adquiridos durante a escravidão no Egito. Para dar autoridade às suas leis ele teve que lhes atribuir uma origem divina, assim como o fizeram todos os legisladores dos povos primitivos. A autoridade do homem devia apoiar-se sobre a autoridade de Deus, mas somente a ideia de um Deus terrível podia impressionar criaturas ignorantes, nas quais o senso moral e o sentimento de uma justiça imparcial estavam ainda pouco desenvolvidos.
É evidente que aquele que havia incluído em seus mandamentos: não matareis; não fareis mal ao vosso próximo., não poderia se contradizer fazendo do extermínio um dever. Portanto, as leis mosaicas, propriamente ditas, tinham um caráter essencialmente transitório.
Cristo
3. Jesus não veio destruir a lei, isto é, a lei de Deus. Ele veio cumpri-la, ou seja, desenvolvê-la, dar-lhe o seu verdadeiro sentido e apropriá-la ao grau de adiantamento dos homens. Eis por que se encontra nessa lei o princípio dos deveres para com Deus e para com o próximo, que constitui a base da sua doutrina. Quanto às leis de Moisés propriamente ditas, Jesus, ao contrário, modificou-as profundamente, seja no conteúdo, seja na forma. Combateu incessantemente o abuso das práticas exteriores e as falsas interpretações, e não podia fazer com que essas leis passassem por uma reforma mais radical do que quando as reduziu a estas palavras: Amar a Deus acima de todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo, e acrescentando eis aí toda a lei e os profetas.
Por estas palavras .O céu e a Terra não passarão, sem que se cumpra perfeitamente tudo até o último iota, Jesus quis dizer que era necessário que a lei de Deus fosse cumprida, isto é, fosse praticada sobre toda a Terra, em toda a sua pureza, com todos os seus desenvolvimentos e todas as suas consequências; porquanto, de que serviria ter estabelecido essa lei se ela tivesse de ficar como privilégio de alguns homens ou mesmo de um só povo? Sendo todos os homens filhos de Deus, eles são, sem nenhuma diferença, merecedores da mesma consideração.
4. O papel de Jesus, porém, não foi apenas o de um legislador moralista, sem outra autoridade que a da sua palavra; ele veio cumprir as profecias que haviam anunciado sua vinda, e a sua autoridade provinha da natureza excepcional do seu espírito e da sua missão divina. Ele veio ensinar aos homens que a verdadeira vida não está na Terra, mas no reino dos céus; ensinar-lhes o caminho que os conduz a esse reino, os meios de se reconciliarem com Deus e de preveni-los quanto à marcha das coisas que devem acontecer para a realização dos destinos humanos. Entretanto, ele não disse tudo, e sobre muitos pontos limitou-se a lançar o gérmen de verdades que, ele mesmo declarou, não podiam ainda ser compreendidas. Falou de tudo, mas em termos mais ou menos explícitos e, para perceber o sentido oculto de certas palavras, era preciso que novas ideias e novos conhecimentos viessem nos dar a sua solução, e essas ideias não poderiam surgir antes de certo grau de maturidade do espírito humano. A Ciência devia contribuir poderosamente para o surgimento e o desenvolvimento dessas ideias, era preciso, portanto, dar tempo para que a Ciência progredisse.
O Espiritismo
5. O Espiritismo é a nova ciência que veio revelar aos homens, com provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual e as suas relações com o mundo corporal. O Espiritismo nos mostra esse mundo, não como algo sobrenatural, mas, ao contrário, como uma das forças vivas e incessantemente atuantes da Natureza; como a fonte de uma infinidade de fenômenos, até então incompreendidos e, por essa razão, rejeitados como pertencentes ao domínio do fantástico e do maravilhoso. É a essas relações que o Cristo faz alusão em muitas circunstâncias, e é por isso que muitas coisas que Jesus disse ficaram incompreendidas ou foram erradamente interpretadas. O Espiritismo é a chave com a ajuda da qual tudo se explica com facilidade.
6. A lei do Antigo Testamento está personificada em Moisés, a do Novo Testamento está no Cristo; o Espiritismo é a terceira revelação da lei de Deus, mas não está personificada em nenhum indivíduo, porque é o produto do ensinamento dado, não por um homem, mas pelos espíritos, que são as vozes do céu, sobre todos os pontos da Terra, e por uma multidão inumerável de intermediários. É, de certa forma, um ser coletivo, abrangendo o conjunto de seres do mundo espiritual, vindo, cada um, trazer aos homens a contribuição de seus conhecimentos, para fazê-los conhecer aquele mundo e a sorte que nele os espera.
7. Assim como o Cristo disse: Eu não vim destruir a lei, mas cumpri-la., o Espiritismo igualmente diz: .Eu não vim destruir a lei cristã, mas cumpri-la... O Espiritismo nada ensina que seja contrário ao que o Cristo ensinou, mas desenvolve, completa e explica, em termos claros para todas as pessoas, o que só foi dito sob a forma alegórica. O Espiritismo veio cumprir, no tempo predito, o que Cristo anunciou, e preparar a realização das coisas futuras. Ele é, portanto, obra do Cristo, que o preside, assim como igualmente o anunciou, à regeneração que se realiza e que prepara o reino de Deus sobre a Terra.

Questão para estudo

1 - Faça um paralelo entre as Três Revelações.

Disponível em http://www.cvdee.org.br/est_eesetexto.asp?id=005




[1] Iota: nona letra do alfabeto grego. (N.T.)

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