Nosso lar: o estudo
Nas zonas inferiores
O estudo do capítulo
1 tem como informações gerais:
1)
Personagem: André Luiz
2)
Resumo geral: André Luiz reflete a
respeito de sua situação e o local onde se encontrava após o desencarne*
Nos três primeiros parágrafos,
André Luís começa relatando as suas primeiras impressões após a sua “morte”:
“Eu guardava a impressão de haver perdido a
ideia de tempo. A noção de espaço esvaíra-se-me de há muito.
Estava convicto de
não mais pertencer ao número dos encarnados no mundo e, no entanto, meus
pulmões respiravam a longos haustos.
Desde quando me
tornara joguete de forças irresistíveis? Impossível esclarecer.”
A leitura e o estudo
da decodificação dos livros espíritas têm ensinado que os espíritos são imortais
e que, sempre é dado à oportunidade de se ressarcir débitos através da
reencarnação. Pois bem! Entre uma encarnação e outra, todos passam por
processos de adequação a situação vivida a cada momento de suas vidas seja como
encarnado ou como desencarnado.
Como encarnado: o
momento da infância; desencarnado: momento de ruptura com a “carne”.
Quantos espíritos ao
mudar de um estágio a outro (encarnação x desencarnação) conseguiram, assim que
retornaram a pátria espiritual, reconhecer-se “morto” na carne e “vivo” sem a
carne?
Quantos obtiveram o
pleno conhecimento de que não faziam mais parte do “mundo dos vivos”?
Quantos conseguiram
mesurar a quantidade de segundos, minutos, horas, dias, meses, anos, séculos
perdidos em seus pensamentos e mundos egoísticos olhando para os seus próprios
espelhos como Narcisos?
No caso de André,
(acredito) ele alcançou a percepção de sua condição de não fazer mais parte do
mundo dos “encarnados”; porém, não conseguia compreender este mecanismo uma vez
que “seus pulmões”, ou seja, todos os órgãos do seu corpo parecia funcionarem
como tal, pelo menos é o que ele imaginava.
No quarto parágrafo,
o irmão demonstra seus sentimentos:
”Sentia-me, na verdade, amargurado duende nas
grades escuras do horror. Cabelos eriçados, coração aos saltos, medo terrível
senhoreando-me, muita vez gritei como louco, implorei piedade e clamei contra o
doloroso desânimo que me subjugava o espírito; mas, quando o silêncio
implacável não me absorvia a voz estentórica, lamentos mais comovedores, que os
meus, respondiam-me aos clamores. Outras vezes gargalhadas sinistras rasgavam a
quietude ambiente. Algum companheiro desconhecido estaria, a meu ver,
prisioneiro da loucura. Formas diabólicas, rostos alvares, expressões
animalescas surgiam, de quando em quando, agravando-me o assombro. A paisagem,
quando não totalmente escura, parecia banhada de luz alvacenta, como que
amortalhada em neblina espessa, que os raios de Sol aquecessem de muito longe.”
O que se pode
assimilar com estas palavras?
Infelizmente, a
maioria dos espíritos quando desencarnam continuam imersos em seus mundos
internos assim que fecham os olhos da carne; e, quando absortos nas
circunstâncias criadas por si mesmos, acabam de deixar de cuidar deles e se detém
na fuga, no medo, no desespero, no tormento... vivem e revivem momentos
imaginários dentro deles. É uma viagem interior em que não se mesura o tempo
nem a circunstância. Só reflexões pelas quais não se levam a lugar algum a não
ser dentro de si. Como consequência, descuidam-se tanto física quanto
psicologicamente.
“E a
estranha viagem prosseguia... Com que fim? Quem o poderia dizer? Apenas sabia
que fugia sempre... O medo me impelia de roldão. Onde o lar, a esposa, os
filhos? Perdera toda a noção de rumo. O receio do ignoto e o pavor da treva
absorviam-me todas as faculdades de raciocínio, logo que me desprendera dos
últimos laços físicos, em pleno sepulcro!”
Nesta passagem,
pode-se perceber o momento apraz pelo qual cansado de tanta tortura mental, o
homem, quando desencarnado começa a adquirir a consciência da existência de
algo além do mundo vivido pelos mais ínfimos desejos.
É demarcante que há
sempre um período no qual ele se encontra exausto de tantas torturas e acaba
por achar, ou pelo menos, descobrir o “caminho do ouro”, ou seja, identificar a
realidade de outra maneira, a ter pensamentos direcionados para outro diverso
do que dentro dele: começa a relembrar os ensinamentos obtidos quando encarnado
a respeito de outra vida, a ter religião, fé...
“Atormentava-me
a consciência: preferiria a ausência total da razão, o não-ser.”
Nesta sentença, o
ponto chave está na palavra: consciência.
No caso de André, o
momento pelo qual ele passava levava-o a querer fugir de tudo que o direcionava
a “razão”.
Quando encarnado o
homem tende a praticar atos sem se preocupar com tudo e todos que estão ao seu
redor; contudo, quando desencarnado, quando o véu cai e as cortinas se abrem, a
consciência conduz aos pensamentos pelos quais não deseja pensar, as situações
que não pretende enfrentar... É o desejo de fugir de si mesmo; no entanto,...
As mensagens de
Joanna de Ângelis têm uma complexidade ao se tentar compreendê-las. Isso
acontece, exatamente, porque a maioria trata a respeito do “ser consciente”. Há
dificuldade na compreensão? Por quê? Porque é complexo para o homem “lidar” com
o seu ser interior.
No prefácio do livro
Ser Consciente, Joanna diz: “...O homem pode e deve ser considerado como
sendo sua própria mente....”
Na mensagem com o
título Consciência e Caráter no livro
Momentos da Consciência, ela pontua: “A
eleição dos valores ético-morais e a identificação dos objetivos da vida, bem
como a seleção das qualidades que estabelecem os critérios formadores do ser,
caracterizam o surgimento da consciência. A sua vigência e desenvolvimento
decorrem dos episódios que se repetem, produzindo a fixação das conquistas
encarregadas de incrementar o progresso do espírito, sem demorados estágios nas
províncias do sofrimento, que é legado da ignorância.”
Na passagem:
“De início, as lágrimas lavavam-me
incessantemente o rosto e apenas, em minutos raros, felicitava-me a bênção do
sono. Interrompia-se, porém, bruscamente, a sensação de alívio. Seres
monstruosos acordavam-me, irônicos; era imprescindível fugir deles.”
Mais uma vez, a
consciência aponta ao sofrimento quando o ser se depara com as portas
além-túmulo; e, quando consegue dormir adquire-se a sensação de “alívio”;
contudo, ao despertar, não só o pensamento reclama as desventuras, como o
desconhecido é tido como seres figurativos de monstros pelos quais o importunam
tão alucinados quanto ele. Nesse caso, é mais fácil escapulir do que enfrentar
a si próprio.
”Reconhecia, agora, a esfera diferente a
erguer-se da poalha do mundo e, todavia, era tarde. Pensamentos angustiosos
atritavam-me o cérebro. Mal delineava projetos de solução, incidentes numerosos
impeliam-me a considerações estonteantes. Em momento algum, o problema
religioso surgiu tão profundo a meus olhos. Os princípios puramente
filosóficos, políticos e científicos, figuravam-se-me agora extremamente
secundários para a vida humana. Significavam, a meu ver, valioso patrimônio nos
planos da Terra, mas urgia reconhecer que a humanidade não se constitui de
gerações transitórias e sim de Espíritos eternos, a caminho de gloriosa
destinação. Verificava que alguma coisa permanece acima de toda cogitação
meramente intelectual. Esse algo é a fé, manifestação divina ao homem.
Semelhante análise surgia, contudo, tardiamente. De fato, conhecia as letras do
Velho Testamento e muita vez folheara o Evangelho; entretanto, era forçoso
reconhecer que nunca procurara as letras sagradas com a luz do coração. Identificava-as
através da crítica de escritores menos afeitos ao sentimento e à consciência,
ou em pleno desacordo com as verdades essenciais. Noutras ocasiões,
interpretava-as com o sacerdócio organizado, sem sair jamais do círculo de
contradições, onde estacionara voluntariamente.”_
Na questão 621, no
Livro dos Espíritos, Allan Kardec traz as seguintes elucidações:
“621. Onde está
escrita a lei de Deus?
“Na consciência.”
a) Visto que o homem traz na sua consciência a lei de Deus, que
necessidade havia de lhe ser ela revelada?
“Ele a tinha esquecido e desprezado: Deus quis que ela lhe
fosse relembrada.”
No seguinte trecho:
”Em verdade, não fora um criminoso, no meu
próprio conceito. A filosofia do imediatismo, porém, absorvera-me. A existência
terrestre, que a morte transformara, não fora assinalada de lances diferentes
da craveira comum.”
Há um tópico
importante a ser abordado: crime.
No que tange ao
“crime”, o livro dos Espíritos nas perguntas de 756 a 751 traz o seguinte
esclarecimento:
“Assassínio
746. O assassínio é
um crime aos olhos de Deus?
“Sim, um grande
crime, pois aquele que tira a vida de seu semelhante corta uma vida de expiação
ou de missão e aí é que está o mal.”
747. O assassínio
sempre tem o mesmo grau de culpabilidade?
“Já o dissemos: Deus
é justo; ele julga mais a intenção do que o fato.”
748. Deus desculpa o
assassínio, em caso de legítima defesa?
“Só a necessidade
pode desculpá-lo, mas, se se pode preservar a vida, sem atentar contra a do seu
agressor, deve-se fazê-lo.”
749. O homem é culpado
pelos assassínios que comete durante a guerra?
“Não, quando ele é
constrangido pela força; mas é culpado pelas crueldades que cometa, e ser-lhe-á
levado em conta o sentimento de humanidade.”
750. O que é o mais
condenável aos olhos de Deus, o parricídio ou o infanticídio?
“Ambos o são
igualmente, pois todo crime é um crime.”
751. Por que motivo,
entre alguns povos, já adiantados do ponto de vista intelectual, o infanticídio
faz parte dos costumes e está consagrado pela legislação?
“O desenvolvimento
intelectual não implica a necessidade do bem; o Espírito superior em
inteligência pode ser mau; isto acontece com aquele que viveu muito, sem se
melhorar: ele sabe.””
“A primeira noção é
a de *criminoso* que, de acordo com a Doutrina
Espírita, representa um Espírito inferior, ainda no início da caminhada
evolutiva, e que, por ignorância, ou mesmo por relaxamento voluntário (atraso
espiritual), escolhe a prática do mal como modo de vida e meio de resolver os
seus conflitos e problemas, conduta que pode durar um tempo mais ou menos
longo, até que um dia se decida à mudança, no uso de seu livre-arbítrio,
patrimônio que caracteriza todo o ser humano. Já o *crime*, ainda segundo a visão elevada
do Espiritismo, é compreendido como sendo o próprio mal, ou estado desarmônico
do Espírito, que se manifesta através de ações violentas e deseducadas, em
oposição às leis divinas, ações que trazem prejuízos e produzem danos à
sociedade e àqueles que as sofrem. A pena,
por sua vez, é entendida como sendo o justo remédio, remédio amargo,
representado por uma soma mais ou menos intensa de dores e de sofrimentos, mas
necessário para a cura do Espírito transviado, a fim de que retorne ao caminho
do bem e do respeito aos direitos que a Providência Divina concedeu a cada uma
das criaturas, direitos que não serão violados sem consequências dolorosas para
os que os violarem.”
No décimo parágrafo,
o autor faz reflexão a respeito de sua vida como encarnado:
”Filho de pais talvez excessivamente
generosos, conquistara meus títulos universitários sem maior sacrifício,
compartilhara os vícios da mocidade do meu tempo, organizara o lar, conseguira
filhos, perseguira situações estáveis que garantissem a tranquilidade econômica
do meu grupo familiar, mas, examinando atentamente a mim mesmo, algo me fazia
experimentar a noção de tempo perdido, com a silenciosa acusação da
consciência. Habitara a Terra, gozara-lhe os bens, colhera as bênçãos da vida,
mas não lhe retribuíra ceitil do débito enorme. Tivera pais, cuja generosidade
e sacrifícios por mim nunca avaliei; esposa e filhos que prendera, ferozmente,
nas teias rijas do egoísmo destruidor. Possuíra um lar que fechei a todos os
que palmilhavam o deserto da angústia. Deliciara-me com os júbilos da família,
esquecido de estender essa benção divina à imensa família humana, surdo a
comezinhos deveres de fraternidade.”
Neste parágrafo, há
a confirmação da forma de vida da maioria dos encarnados: a adaptação de vida
física, com conquistas e fracassos de acordo com a forma de existência que se
leva.
No caso deste irmão,
ele foi “abençoado” por fazer parte de uma família que tinha condições de
educa-lo conforme os padrões da sociedade vigente na época; no entanto, algo se
perdeu durante a sua encarnação. O que será que foi? O não cumprimento do que
foi proposto realmente antes de reencarnar. Além disso, o compromisso de
primeira instância pelo qual todos passam: o respeito e a valorização por todos
que os cercam, principalmente e, em primeiro lugar, a família.
No que tange, ao
objetivo da encarnação, o livro dos Espíritos, nas perguntas 132 e 133 traz o
seguinte esclarecimento:
Objetivo da
Encarnação
132. Qual é o
objetivo da encarnação dos Espíritos?
“Deus impõe-lhes a
encarnação com o objetivo de fazê-los chegar à perfeição: para uns, é uma
expiação; para outros, é uma missão. Porém, para chegar a essa perfeição, devem
suportar todas as vicissitudes da existência corporal: nisto é que está a
expiação. A encarnação tem também um outro objetivo, que é o de colocar o
espírito em condições de suportar sua parte na obra da criação; é para
executá-la que, em cada mundo, ele toma um instrumento em harmonia com a
matéria essencial desse mundo para aí executar, daquele ponto de vista, as
ordens de Deus; de tal forma que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se
adianta.”
A ação dos seres corporais é necessária à marcha do Universo; Deus,
porém, na sua sabedoria, quis que, nessa mesma ação, eles encontrassem um meio
de progredir e de se aproximar dele. É assim que, por uma admirável lei de sua
providência, tudo se encadeia, tudo é solidário na Natureza.
133. Os Espíritos
que, desde o princípio, seguiram o caminho do bem, têm necessidade da
encarnação?
“Todos são criados
simples e ignorantes; instruem-se nas lutas e nas tribulações da vida corporal.
Deus, que é justo, não podia fazer alguns felizes, sem atribulação e sem
trabalho e, por conseguinte, sem mérito.”
a) Mas, então, de
que serve aos Espíritos terem seguido o caminho do bem, se isto não os isenta
das aflições da vida corporal?
“Chegam mais rápido
ao objetivo; e, além disso, as aflições da vida são, frequentemente, a
consequência da imperfeição do Espírito; quanto menos imperfeições ele possui,
menos tormentos; aquele que não é invejoso, nem ciumento, nem avarento, nem
ambicioso, não terá os tormentos que decorrem desses defeitos.”
Já no que diz
respeito à família, o ser encarnado tem como dever aprender a conviver e viver
tanto em sociedade quanto em família; e, esta não pode ser preterida em
detrimento daquela. É tarefa deste, cuidar e educar os irmãos pelos quais estão
sob sua responsabilidade, isso se refere tanto aos filhos quanto aos pais.
E, na maioria das
vezes, o homem envolvido pelas “ofertas” proporcionadas pelo mundo, acaba se
distanciando de seu verdadeiro objetivo como encarnado: a da evolução.
No décimo primeiro
parágrafo, ele reflete a respeito da oportunidade perdida:
“Enfim, como a flor de estufa, não suportava
agora o clima das realidades eternas. Não desenvolvera os germes divinos que o
Senhor da Vida colocara em minhalma. Sufocara-os, criminosamente, no desejo
incontido de bem estar. Não adestrara órgãos para a vida nova. Era justo, pois,
que aí despertasse à maneira de aleijado que, restituído ao rio infinito da
eternidade, não pudesse acompanhar senão compulsoriamente a carreira incessante
das águas; ou como mendigo infeliz, que, exausto em pleno deserto, perambula à
mercê de impetuosos tufões.”
Como ele não
consegue cumprir as tarefas de maneira verdadeira, sem máculas e erros; a
consciência aponta o sentimento de culpa e sensação de tempo perdido, dando a
percepção de um ser incompleto, com deficiências demarcantes; e,
principalmente, a prostração e entrega ao momento que ele pensa não ser mais possível
de mudanças, por isso a comparação ao “deserto”, visto que, na sua imaginação,
nada pode ser construído neste lugar.
Então, ele se
entrega ao desânimo em que, justamente, deveria abrir as janelas da “alma” para
a fé, para o encontro com o divino, com Deus.
O Evangelho segundo
o Espiritismo traz a seguinte mensagem:
Bem e mal sofrer
18. Quando Cristo
disse: Bem-aventurados os aflitos, o reino dos céus lhes pertence., ele não se
referia aos sofredores em geral, pois todos os que estão na Terra sofrem, quer
estejam sobre um trono ou na miséria; porém, poucos sabem sofrer, poucos
compreendem que só as provas bem toleradas podem conduzi-los ao reino de Deus.
O desânimo é um erro; Deus vos recusa consolações se vos falta coragem. A prece
é um sustentáculo para a alma, mas não é suficiente, é preciso que ela seja
apoiada sobre uma fé viva na vontade de Deus. Muitas vezes vos foi dito que ele
não envia um fardo pesado para ombros frágeis; o fardo é proporcional às
forças, como a recompensa é proporcional à resignação e à coragem. A recompensa
será tanto mais grandiosa quanto mais penosa for a aflição, mas é preciso
merecer essa recompensa; é por isso que a vida é cheia de adversidades.
O militar que não é
enviado para a luta não fica contente, porque o repouso no campo não lhe
proporciona nenhuma promoção; sede, pois, como o militar e não procureis um
repouso no qual vosso corpo se enfraqueceria e vossa alma se embotaria. Ficai
satisfeitos quando Deus vos envia à luta. Essa luta não é o fogo da batalha,
mas as aflições da vida onde, muitas vezes, é necessário ter mais coragem que
em um sangrento combate, porque aquele que permanece firme diante do inimigo,
cederá sob a pressão de um sofrimento moral.
O homem não tem
recompensas por essa espécie de coragem, mas Deus lhe reserva os louros da
vitória e um lugar glorioso. Quando vos chegar um motivo de dor ou de
contrariedade, esforçai-vos para superá-lo, e quando chegardes a dominar os
impulsos da impaciência, da cólera ou do desespero, dizei com uma justa
satisfação: Eu fui o mais forte..
.Bem-aventurados os
aflitos. pode, portanto, ser assim traduzido: Bem-aventurados aqueles que têm o
ensejo de provar sua fé, sua firmeza, sua perseverança e sua submissão à
vontade de Deus, pois eles terão centuplicadas a alegria que lhes falta na
Terra, e, após o trabalho, virá o repouso. (Lacordaire.(65) Havre, 1863.)
Ainda, na mesma
obra, o tema da fé é esclarecido:
Poder da fé
[...] 2. No bom
sentido, é certo que a confiança em suas próprias forças torna o homem capaz de
executar coisas materiais que não se podem fazer, quando se duvida de si mesmo;
mas, aqui, é unicamente no sentido moral que se devem entender essas palavras.
As montanhas que a fé transporta são as dificuldades, as resistências, em uma
palavra, a má vontade que se encontra entre os homens, mesmo quando se trata
das melhores coisas. Os preconceitos da rotina, o interesse material, o
egoísmo, a cegueira do fanatismo, as paixões orgulhosas são outras montanhas
que barram o caminho de qualquer pessoa que trabalhe pelo progresso da
humanidade. A fé segura proporciona a perseverança, a energia e os recursos que
permitem vencer os obstáculos, tanto nas pequenas coisas como nas grandes. A fé
vacilante traz a incerteza, a hesitação, de que se aproveitam aqueles que
devemos combater; ela não procura os meios de vencer, porque não acredita que
possa vencer.
3. Em uma outra
acepção, entende-se como fé a confiança que se tem na realização de algo, a
certeza de se alcançar um objetivo. Ela dá uma espécie de lucidez que faz ver,
pelo pensamento, o objetivo que se almeja e os meios de a ele chegar, de tal
maneira que aquele que a possui caminha, por assim dizer, com segurança. Tanto
em um como em outro caso, ela pode fazer com que se realizem grandes coisas.
A fé sincera e
verdadeira é sempre calma; ela dá a paciência que sabe esperar, porque tendo
seu ponto de apoio na inteligência e na compreensão das coisas, tem a certeza
de chegar ao seu objetivo. A fé duvidosa sente sua própria fraqueza; quando é
estimulada pelo interesse torna-se furiosa, e acredita suplantar com a
violência a força que não tem.
A calma na luta é
sempre um sinal de força e de confiança; a violência, ao contrário, é uma prova
de fraqueza e de dúvida em si mesmo.
[...]
5. O poder da fé tem
aplicação direta e especial na ação magnética; por ela o homem age sobre o
fluido, agente universal, modifica suas qualidades e lhe dá um impulso, por
assim dizer, irresistível. Eis o motivo por que aquele que junta uma fé ardente
a um grande poder fluídico normal pode, apenas pela força da sua vontade
dirigida para o bem, operar esses estranhos fenômenos de cura e outros, que
antigamente eram considerados como prodígios, e que são, simplesmente, a
consequência de uma lei natural. Tal é o motivo pelo qual Jesus disse aos seus
apóstolos: Se não conseguistes curar, foi porque não tivestes fé..
No décimo parágrafo,
André deixa um recado para os leitores:
“Oh! amigos da Terra! quantos de vós podereis
evitar o caminho da amargura com o preparo dos campos interiores do coração?
Acendei vossas luzes antes de atravessar a grande sombra. Buscai a verdade,
antes que a verdade vos surpreenda. Suai agora para não chorardes depois.”
Ao finalizar a sua
reflexão, André Luiz faz um apelo a todos os leitores para não perderem o tempo
precioso da encarnação com atividades que não os fazem crescer em direção ao
bem maior.
Ele assinala para a
construção do conhecimento, da verdade que envolve o ser espiritual.
Leitura Complementar
Para se realizar o
estudo do capítulo Nas zonas inferiores do livro Nosso Lar psicografado por
Francisco Cândido Xavier pelo espírito André Luiz, alguns textos foram
utilizados para melhor compreensão e esclarecimento dos temas abordados.
Em virtude disso,
convém não só ler parte deles como os textos completos:
O Ser Consciente
Esmagado por
conflitos que não amainam de intensidade, o homem moderno procura mecanismos
escapistas, em vãs tentativas de driblar as aflições transferindo-se para os
setores do êxito exterior, do aplauso e da admiração social, embora os
sentimentos permaneçam agrilhoados e ferreteados pela angústia e pela
insatisfação.
As realizações
externas podem acalmar as ansiedades do coração, momentaneamente, não, porém,
erradicá-las, razão por que o triunfo externo não apazigua interiormente.
Condicionado para a
conquista das coisas, na concepção da meta plenificadora, o indivíduo procura
soterrar os conflitos sob as preocupações contínuas, mantendo-os, no entanto,
vivos e pulsantes, até quando ressumam e sobrepõem-se a todos os disfarces,
desencadeando novos sofrimentos e perturbações devastadoras.
O homem pode e deve
ser considerado como sendo sua própria mente.
Aquilo que cultiva
no campo íntimo, ou que o propele com insistência a realizações, constitui a
sua essência e legitimidade, que devem ser estudadas pacientemente, a fim de
poder enfrentar os paradoxos existenciais - parecer e ser-, as inquietações e
tendências que o comandam, estabelecendo os paradigmas corretos para a jornada,
liberado dos choques interiores em relação ao comportamento externo.
Ignorar uma situação
não significa eliminá-la ou superá-la. Tal postura permite que os seus fatores
constitutivos cresçam e se desenvolvam, até o momento em que se tornam
insustentáveis, chamando a atenção para enfrentá-los.
O mesmo ocorre com
os conflitos psicológicos. Estão presentes no homem, que, invariavelmente, não
lhes dá valor, evitando deter-se neles, analisar a própria fragilidade, de modo
a encontrar os recursos que lhe facultem diluí-los.
Enraizados
profundamente, apresentam-se na consciência sob disfarces diferentes, desde os
simples complexos de inferioridade, os narcisismos, a agressividade, a culpa, a
timidez, até os estados graves de alienação mental.
Todo conflito gera
insegurança, que se expressa multifacetadamente, respondendo por inomináveis
comportamentos nas sombras do medo e das condutas compulsivas.
Suas vítimas padecem
situações muito afligentes, tombando no abandono de si mesmas, quando as
resistências disponíveis se exaurem.
O ser consciente
deve trabalhar-se sempre, partindo do ponto inicial da sua realidade
psicológica, aceitando-se como é e aprimorando-se sem cessar.
Somente consegue
essa lucidez aquele que se autoanalise, disposto a encontrar-se sem máscara,
sem deterioração. Para isso, não se julga, nem se justifica, não se acusa nem
se culpa. Apenas descobre-se.
À identificação
segue-se o trabalho da transformação interior para melhor, utilizando-se dos
instrumentos do auto amor, da autoestima, da oração que estimula a capacidade
de discernimento, da relaxação que libera das tensões, da meditação que faculta
o crescimento interior.
" O auto amor
ensina-o a encontrar-se e desvela os potenciais de força íntima nele jacentes.
A alo-estima leva-o
à fraternidade, ao convívio saudável com o seu próximo, igualmente necessitado.
A oração amplia-lhe
a faculdade de entendimento da existência e da Vida real.
A relaxação
proporciona-lhe harmonia, horizontes largos para a movimentação.
A meditação ajuda-o
a crescer de dentro para fora, realizando-se em amplitude e abrindo-lhe a
percepção para os estados alterados de consciência.
O autoconhecimento
se torna uma necessidade prioritária na programática existencial da criatura.
Quem o posterga, não se realiza satisfatoriamente, porque permanece perdido em
um espaço escuro, ignorado dentro de si mesmo.
Foi necessário que
surgissem a Psicologia Transpessoal e outras áreas doutrinárias com paradigmas
bem definidos a respeito do ser humano integral, para que se pudesse propor à
vida melhores momentos e mais amplas perspectivas de felicidade.
A contribuição da
Parapsicologia, da Psicobiofísica, da Psicotrônica, ampliou os horizontes do
homem, propicioulhe o encontro com outras dimensões da vida e possibilidades
extrafísicas de realização, que permaneciam soterradas sob os escombros do
inconsciente profundo, ou adormecidas nos alicerces da Consciência.
Antes, porém, de
todas essas disciplinas psicológicas e doutrinas parapsíquicas, o Espiritismo
descortinou para a criatura a valiosa possibilidade de ser consciente,
concitando-a ao auto-encontro e à autodescoberta a respeito da vida além dos
estreitos limites materiais.
Perfeitamente
identificado com os elevados objetivos da existência terrestre do ser humano,
Allan Kardec questionou os Espíritos Benfeitores: "Qual o meio prático
mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração
do mal?"
Eles responderam: «:
Um sábio da antiguidade vo-lo disse: Conhece-te a ti mesmo."!')
Comentando a
resposta, Santo Agostinho, Espírito, entre outras considerações explicitou:
" ... 0 conhecimento de si mesmo é, portanto, a chave do progresso
individual. Mas, direis, como há de alguém julgar-se a si mesmo? Não está aí a
ilusão do amor-próprio para atenuar as faltas e torná-las desculpáveis? O
avarento se considera apenas econômico e previdente; o orgulhoso julga que em
si só há dignidade. Isto é muito real, mas tendes um meio de verificação que
não pode iludir-vos. Quando estiverdes indecisos sobre o valor de uma de vossas
ações, inquiri como a qualificarieis se praticada por outra pessoa ... ".
"E prosseguiu: " ... dê balanço no seu dia moral para, a exemplo do
comerciante, avaliar suas perdas e seus lucros, e eu vos asseguro que a conta
destes será mais avultada que a daquelas. Se puder dizer que foi bom o seu dia,
poderá dormir em paz e aguardar sem receio o despertar na outra vida. "
Na análise diária e
contínua dos atos, o auto e o aloamor serão decisivos para a avaliação. A oração
e a meditação irão constituir recurso complementar para afixação das
conquistas.
Quem ora, fala; quem
medita, ouve, dispondo dos recursos para exteriorizar-se e interiorizar-se.
Há, no entanto,
estruturas psicológicas muito frágeis ou assinaladas por distúrbios de
comportamento grave. Nesses casos, urge o concurso da Ciência Espírita, com as
terapias profundas que dispõe; e, de acordo com a intensidade do distúrbio,
torna-se necessária a ajuda do psicoterapeuta, conforme a especificidade do
problema, que será equacionado pela Psicologia, pela Psicanálise ou pela
Psiquiatria.
Em muitos conflitos
humanos, entretanto, ocorrem interferências espirituais variadas, gerando
quadros de obsessões complexas, para os quais somente as técnicas espíritas
alcançam os resultados desejados, por se tratarem, esses agentes perturbadores,
de Entidades extracorpóreas, porém portadores dos mesmos potenciais das suas
vítimas: sentimentos e emoções, inteligência e lucidez, experiências e vidas.
*
O ser consciente é
austero, mas sem carranca; é jovial, porém sem vulgaridade; é complacente, no
entanto sem conivência; é bondoso, todavia sem anuência com o erro. Ajuda e
promove aquele que lhe recebe o socorro, seguindo adiante sem cobrar
retribuição.
É responsável, e não
se permite o vão repouso enquanto o dever o aguarda. Conhecendo suas
possibilidades, colocassem ação sempre que necessário, aberto ao amor e ao bem.
Só o amadurecimento
psicológico, através das experiências vividas, libera a consciência do ser, e,
ao consegui-la, ei-lo feliz, conquistando a Terra da Promissão bíblica.
*
Este modesto livro,
que ora trazemos à análise do caro Leitor, pretende, sem presunção, auxiliá-lo
na conquista da consciência.
Não apresenta
qualquer técnica nova ou milagrosa. Estuda algumas problemáticas humanas à luz
da Quarta Força em Psicologia, colocando uma ponte na direção da Doutrina
Espírita, que é portadora de uma visão profunda e integral do ser.
Confiamos que será
útil a alguém que se encontre aflito ou fugindo de si mesmo, ajudando-o na
solução do seu problema, e isto nos compensará plenamente .
Salvador, 19 de maio de 1993.
Joanna de Ângelis
(*) o Livro dos Espíritos. 29ªedição da FEB. Questão 919.
Consciência e Evolução
O despertar da
consciência faculta a responsabilidade
a respeito dos atos, face ao desabrochar dos códigos divinos que jazem em germe no ser. Criado
simples e ignorante, o espírito tem como fatalidade
a perfeição que lhe está destinada. Alcançá-la com rapidez ou demorar-se por consegui-la, depende
da sua vontade, do seu livre-arbítrio.
Passando pela fieira
da ignorância, adquiriu experiências
mediante as quais pode discernir entre o que deve e o que lhe não é lícito realizar, optando pelas
ações que lhe proporcionem ventura,
bem-estar, sem os efeitos perniciosos, aqueles que se tornam desgastantes, afligentes.
Desse modo, torna-se
responsável pelo seu destino, que
está a construir, modificar, por meio das decisões e atitudes que se permita. O bem é-lhe o fanal, e
este se constitui de tudo aquilo
que é conforme as leis de Deus, que são
naturais, vigentes em toda
parte.
A herança da
ignorância primitiva prende-o no mal,
que é contrário à lei de progresso, não, porém, retendo-o indefinidamente e impossibilitando-o
de ser feliz. Cumpre-lhe, portanto envidar esforços e romper os elos com a
retaguarda, avançando nas experiências iluminativas, a principio com
dificuldade, face à viciação instalada, para depois acelerar os mecanismos de desenvolvimento,
por força mesmo do prazer e
alegria fruídos.
Lentamente, em razão
da própria consciência, descobre
os tesouros preciosos que lhe estão à disposição e dos quais pode utilizar-se com infinitos
benefícios.
Saúde e doença, paz
e conflito, alegria e tristeza podem ser elegidos através do discernimento que
guia as ações. Sem essa
claridade, os estados negativos tornam-se-lhe habituais e, mesmo quando estabelecidos, podem
alterar-se através do empenho
empregado para vencê-los.
Nunca te entregues à
desesperança, ao abandono. Não és
uma pedra solta, no leito do rio do destino, a rolar incessantemente. Tens uma meta, que te aguarda e que alcançarás.
Penetra-te, mediante
a reflexão, e descobre as tuas
incalculáveis possibilidades de realização.
Afirma-te o bem , a
fim que o seu germe em ti fecunde
e cresça. Serás o que penses e planejes, pois que da tua mente e do sentimento procedem os valores que
são cultivados.
O teu estado natural
é saúde. As enfermidades são os
acidentes de trânsito das ações negativas, propiciando-te reabilitação. É indispensável manteres
atenção e cuidado na conduta do
veículo carnal. Assim, pensa no bem-estar, anela-o, estimulando-o com realizações
corretas.
A tua constituição é
harmônica. Os desequilíbrios são
ocorrências, na corrente elétrica do teu sistema nervoso, por distorção de carga que as sensações
cultivadas proporcionam. Mantém os interruptores
da vigilância ligados, a fim de que impeçam as altas voltagens que os produzem.
Em tua origem és luz
avançando para a grande luz. Só
há sombras porque ainda não te dispuseste a movimentar os poderosos geradores de energia
adormecida no teu interior. Faze claridade, iniciando
com a chispa da boa vontade e deixando-a crescer até alcançar toda a potência de que dispõe.
O amor é o teu
caminho, porque procede de Deus,
que te criou. Desse modo verticaliza as tuas aspirações e agiganta os teus sentimentos na direção da causalidade
primeira.
Tudo podes, se
quiseres. Tudo lograrás se te dispuseres.
Buscando penetrar na ordem das divinas leis que propiciam o
entendimento da vida, ALLAN KARDEC interrogou as venerandas entidades, conforme registrou na questão 117 de O Livro dos Espíritos: Depende dos espíritos o progredirem mais ou menos rapidamente para a perfeição? Certamente. Eles a alcançam mais ou menos rápido conforme o desejo que têm de alcança-la e a submissão que testemunham à vontade de Deus. Uma criança dócil não se instrui mais depressa do que outra recalcitrante?
Buscando penetrar na ordem das divinas leis que propiciam o
entendimento da vida, ALLAN KARDEC interrogou as venerandas entidades, conforme registrou na questão 117 de O Livro dos Espíritos: Depende dos espíritos o progredirem mais ou menos rapidamente para a perfeição? Certamente. Eles a alcançam mais ou menos rápido conforme o desejo que têm de alcança-la e a submissão que testemunham à vontade de Deus. Uma criança dócil não se instrui mais depressa do que outra recalcitrante?
Autor: Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Franco. Livro: Momentos de Consciência
Consciência e Caráter
A eleição dos
valores ético-morais e a identificação dos objetivos da vida, bem como a
seleção das qualidades que estabelecem os critérios formadores do ser,
caracterizam o surgimento da consciência. A sua vigência e desenvolvimento
decorrem dos episódios que se repetem, produzindo a fixação das conquistas
encarregadas de incrementar o progresso do espírito, sem demorados estágios nas
províncias do sofrimento, que é legado da ignorância.
Toda realização
pensada, sentida e cultivada, dá surgimento à memória, que imprime as
impressões mais fortemente experimentadas.
A criatura humana deve
preocupar-se, no bom sentido, com as emoções e acontecimentos positivos, de
forma a guardar memórias que contribuam, por estímulos, para o próprio
engrandecimento, para a harmonia pessoal.
Acossada, porém,
pelo medo e pelo costumeiro pessimismo, que se atribui contínuas desventuras,
passa com ligeireza emocional pelas alegrias, enquanto se detém nos
desencantos.
Convidada aos
padrões de bem-estar, busca com sofreguidão o autoflagelo, utilizando-se de
mecanismos masoquistas para inspirar compaixão, quando possui equipamentos
preciosos que fomentam e despertam o amor.
Nega-se, por
sistemática ausência de consciência, a empolgar-se com a luz, a beleza, o
sentido da vida, entregando-se aos caprichos da rebeldia, filha dileta do
egoísmo insatisfeito.
Acreditando tudo
merecer, atribui-se méritos que não possui e recusa-se a conquistá-los.
Compara-se com
aqueloutros que vê sem diferentes patamares, sem dar-se ao cuidado de examinar
os sacrifícios que foram investidos, ou que sentem, quem lá se encontra,
estabelecendo conceitos de felicidade, conforme pensa que as outras usufruem.
Este é um estágio
que remanesce do primitivismo do instinto, antes da fixação da consciência.
Aprisiona-se aos
atavismos dos quais se deveria libertar, e cerra as possibilidades que lhe
facultam os voos mais altos do sentimento e da razão. A alternativa da desdita
e a perturbação da consciência tornam-se inevitáveis, gerando um comportamento
que conduz à alienação.
A consciência é uma
conquista iluminativa. A sua preservação resulta do esforço que estabelece o
caráter do ser.
Todos os seres
passam pelos mesmos caminhos e experimentam equivalentes desafios. O
comportamento, em cada teste, oferece a promoção ou o estacionamento
indispensável à fixação da aprendizagem. A conquista, portanto, do progresso, é
pessoal e intransferível, o que é lei de justiça e de equanimidade.
Cada um ascende
através dos impulsos sacrificiais que desenvolva.
Fixa, nos painéis da
memória, os teus momentos de júbilo, por mais insignificantes sejam. A sucessão
deles dar-te-á uma vasta cópia de emoções estimuladoras para o bem.
Esquece os
insucessos, após considerares os resultados proveitosos que podes haurir.
Quando algo de bom,
de positivo te aconteça, comenta sem estardalhaço, revive e deixa-te penetrar
pelo seu significado edificante.
Quando fores
visitado pela amargura, o desencanto, a dor ou a decepção, procura superar a
vicissitude e avança na busca de novos relacionamentos, evitando conservar
ressentimentos e detalhes infelizes.
Não persistas nos
comentários desagradáveis, que sempre ressumam infelicidade.
Por hábito doentio,
as pessoas se fixam nas ocorrências malsãs, abandonando as lembranças
saudáveis. Perdem, assim, as memórias superiores e acumulam as reminiscências
perturbadoras, que ocupam os espaços mentais e emocionais, bloqueando as amplas
áreas de desenvolvimento da consciência.
Os episódios de
consciência, de pequeno ou grande porte, formam o caráter que é a linha mestra
de conduta para a vida.
A consciência
consegue descobrir os valores mais insignificantes e torná-los estímulos
positivos para outras conquistas.
A decisão e o
esforço empregados para alcançar novas metas evolutivas desenvolvem o caráter
moral, sem o qual falham os mais bem elaborados planos de triunfo.
O caráter saudável,
disciplinado e responsável define o homem de bem, verdadeiro protótipo, que não
se detém nem desiste quando lhe surgem obstáculos tentando dificultar-lhe o
avanço.
Necessitas levar
adiante os planos bons, de desenvolvimento moral e espiritual, já registrados
pela tua consciência.
Não dês trégua à
indolência, nem te apóies em evasivas ou justificativas irrelevantes.
Identificado o
dever, acorre a ele e executa-o.
Realmente preocupado
com o progresso do espírito, Allan Kardec indagou aos Mentores Elevados,
segundo consta da questão n° 674 de O Livro dos Espíritos:
-A necessidade do
trabalho é lei da natureza?
-O trabalho é lei da
natureza, por isso mesmo que constitui uma necessidade, e a civilização obriga
o homem a trabalhar mais, porque lhe aumenta as necessidade e os gozos.
Autor: Joanna de Ângelis
Psicografia de
Divaldo Franco. Livro: Momentos de Meditação
Aquisição da Consciência
O momento da
conscientização isto é, o instante a partir do qual consegues discernir com acerto,
usando como parâmetro o equilíbrio, alcanças o ponto elevado na condição de ser
humano.
Efeito natural do
processo evolutivo, essa conquista te permitirá avaliar fatores profundos como
o bem e o mal, o certo e o errado, e o dever e a irresponsabilidade, a honra e
o desar, o nobre e o vulgar, o lícito e o irregular, a liberdade e a
libertinagem.
Trabalhando dados
não palpáveis, saberás selecionar os fenômenos existenciais e as ocorrências,
tornando tuas diretrizes de segurança aquelas que proporcionam bem-estar,
harmonia, progresso moral, tranquilidade.
Essa consciência não
é de natureza intelectual, atividade dos mecanismos cerebrais. É a força que os
propele, porque nascida nas experiências evolutivas, a exteriorizar-se em forma
de ações.
Encontramo-la em
pessoas incultas intelectualmente, e ausente em outras, portadoras de
conhecimentos acadêmicos.
Se analisarmos a
conduta de uma especialista em problemas respiratórios, que conhece
intelectualmente os danos provocados pelo tabagismo, pelo alcoolismo e por
outras drogas adictivas, e que, apesar disso, usa, ele próprio, qualquer um
desses flagelos, eis que ainda não logrou a conquista da consciência. Os seus
dados culturais são frágeis de tal forma, que não dispões de valor para
fomentar uma conduta saudável.
Por extensão, a
pessoa que se permite o crime do aborto, sob falsos argumentos legais ou de
direitos que se faculta, assim como todos aqueles que o estimulam ou o
executam, incidem na mesma ausência de consciência, comportando-se sob a ação
do instinto e, às vezes, da astúcia, da acomodação, mascarados de inteligência.
Outros indivíduos,
não obstante sem conhecimento intelectual, possuem lucidez para agir diante dos
desafios da existência, elegendo o comportamento não agressivo e digno, mesmo
que a contributo de sacrifício.
A consciência pode
ser treinada mediante o exercício dos valores morais elevados, que objetivam o
bem do próximo, por consequência, e próprio bem.
O esforço para
adquirir hábitos saudáveis conduz à conscientização dos deveres e às
responsabilidades pertinentes à vida.
Herdeiro de si
mesmo, das experiências transatas, o ser evolui por etapas, adquirindo novos
recursos, corrigindo erros anteriores, somando conquistas.
Jamais retrocede
nesse processo, mesmo quando, aparentemente, reencarna dentro das paredes de
enfermidade limitadora, que bloqueiam o corpo, a mente ou a emoção, gerando
tormentos.
Os logros evolutivos
permanecem adormecidos para futuros cometimentos, quando assomarão, lúcidos.
A aquisição da
consciência é desafio da vida é o autoconhecimento, que merece exame,
consideração e trabalho.
A tua existência
terrena pode ser considerada uma empresa que deves dirigir de forma segura, a
mais cuidadosa possível.
Terás que trabalhar
dados concretos e outros mais abstratos, na área da programação de atividades,
e fim de conseguires êxito. Todo emprenho e devotamento se transformarão em
mecanismos de lucro, a que sempre poderás recorrer durante as situações
difíceis.
Algumas breves
regras ajudar-te-ão no desempenho do empreendimento, tais:
·
administra os teus
conflitos. O conflito psicológico é inerente à natureza humana e todos o
sofrem;
·
evita eleger
homens-modelos para seguires. eles também são vulneráveis às injunções que
experimentas, e, às vezes, comprometem-se, o que, de maneira alguma deve
constituir desestímulo;
·
concede-te maior
dose de confiança nos teus valores, honrando-te com o esforço para melhorar
sempre e sem desânimo. Se erras, repete a ação, e se acertas, segue adiante;
·
não te evadas ao
enfrentamento de problemas usando expedientes falsos, comprometedores, que te
surpreenderão mais tarde com dependências infelizes;
·
reage à depressão,
trabalhando sem auto piedade nem acomodação preguiçosa;
·
tem em mente que os
teus não são os piores problemas, eles pesam o volume que lhes emprestas;
·
libera-te da queixa
pessimista e medita mais nas fórmulas para perseverar e produzir;
·
nunca cedas espaço à
hora vazia, que se preenche de tédio, mal-estar ou perturbação;
·
o que faças, faze-o
bem, com dedicação;
·
lembra-te que és
humano e o processo de conscientização é lento, que adquirirás segurança e
lucidez através da ação contínua.
Interessado em
decifrar os enigmas do comportamento humano, Allan Kardec indagou aos
Benfeitores e Guias da Humanidade, conforme se lê em O Livro dos Espíritos, na
questão número 621:
- Onde está escrita
a lei de Deus?
- Na consciência. -
Responderam com sabedoria.
A consciência é o
estágio elevado que deves adquirir, a fim de seguires no rumo da angelitude.
Autor: Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Franco
CRIMINOLOGIA E ESPIRITISMO (I)
O CRIME À LUZ DA DOUTRINA ESPÍRITA
Geraldo Rosa Vieira Júnior
Este artigo compõe o primeiro, de uma série de outros que propomos
apresentar, sob o título de Criminologia e Espiritismo, e que tem por fim
refletir, à luz da Doutrina Espírita, sobre o problema da criminalidade e da
violência, no intuito de algo contribuir para uma melhor compreensão dessa
chaga que corrói a Humanidade terrena. Buscaremos assim fazer a junção entre os
conhecimentos que trazem as ciências humanas, especialmente a Criminologia, que
estuda o fenômeno do crime e a natureza do criminoso, o Direito Penal, que
representa as leis a serem aplicadas quando ocorre a prática criminosa, e o
Espiritismo. Nosso objetivo é, sobretudo, contribuir na solução de
problema tão tormentoso, qual o do crime, e para tanto nos socorremos da
elevada visão da Doutrina Espírita sobre o assunto, uma vez que, segundo Allan
Kardec, o Espiritismo é a chave com o auxílio da qual tudo se explica
de modo fácil.[1]
O desenvolvimento das ciências penais e da criminologia, seguindo a onda
de progresso que caracteriza a civilização atual, tem alcançado patamares
jamais sonhados. Não podendo negar o fato de que o homem criminoso é um de seus
membros, as sociedades terrenas, através de seus estudos e pesquisas, começam a
compreender com mais profundidade as causas do crime, aceitando a prevalência
dos fatores individuais, isto é, daqueles inerentes à própria pessoa, como os
psicológicos e os biológicos, que quase sempre são acentuados por causas
geradas pelo próprio meio social, como a desagregação familiar, a pobreza, a
orfandade e os vícios, o que resulta na conduta criminosa. E, pouco a pouco, a
concepção de delito vai se ajustando à ideia de doença, patologia do corpo e da
alma, o que faz com que as grosseiras reações de vingança da justiça humana do
passado se transformem em terapêutica criminal e em processo educativo, numa
busca de recuperação do homem desviado para o seu retorno em harmonia ao
convívio social. Não obstante, é ainda acanhado o ponto de vista terreno sobre
a questão do crime, pois sua visão se detém nos estreitos limites da matéria,
fazendo com que a maioria dos esforços tentados na erradicação do delito
resultem frustrados, por não atingirem o mal em sua raiz.
A Doutrina Espírita, contudo, analisa o problema da criminalidade e da
violência sob um ponto de vista mais elevado, que transcende o enfoque das
ciências puramente humanas, por situar a questão para além dos conhecimentos
oficiais. Nesse sentido, e buscando antecipar alguns conceitos que serão melhor
analisados neste e nos dois próximos números, convém lembrar algumas noções,
trazidas de acordo com a visão espírita sobre o tema em foco. A primeira noção
é a de criminoso que, de acordo com a Doutrina Espírita,
representa um Espírito inferior, ainda no início da caminhada evolutiva, e que,
por ignorância, ou mesmo por relaxamento voluntário (atraso espiritual),
escolhe a prática do mal como modo de vida e meio de resolver os seus conflitos
e problemas, conduta que pode durar um tempo mais ou menos longo, até que um
dia se decida à mudança, no uso de seu livre-arbítrio, patrimônio que
caracteriza todo o ser humano. Já o crime, ainda segundo a visão
elevada do Espiritismo, é compreendido como sendo o próprio mal, ou estado
desarmônico do Espírito, que se manifesta através de ações violentas e
deseducadas, em oposição às leis divinas, ações que trazem prejuízos e produzem
danos à sociedade e àqueles que as sofrem. A pena, por sua vez, é
entendida como sendo o justo remédio, remédio amargo, representado por uma soma
mais ou menos intensa de dores e de sofrimentos, mas necessário para a cura do
Espírito transviado, a fim de que retorne ao caminho do bem e do respeito aos
direitos que a Providência Divina concedeu a cada uma das criaturas, direitos
que não serão violados sem consequências dolorosas para os que os violarem.
As tarefas da Criminologia e do Espiritismo são distintas, mas se
conciliam. O paralelo entre ambos os ramos do conhecimento é enriquecedor.
Assim, enquanto a Criminologia, como ciência humana, oferece ao estudioso os
fatos – o fenômeno da criminalidade e da violência, com todo o seu realismo
chocante, apresentando assim por material de estudo o homem criminoso e sua
conduta, o Espiritismo, que não formulou especialmente nenhuma teoria
criminológica, alarga a compreensão do problema do crime, por indicar
claramente as suas causas profundas e os seus efeitos, causas que remontam a um
período muito anterior à vida física do criminoso, e efeitos que podem
ultrapassar o estreito limite da sua atual existência.
Vejamos agora, com mais riqueza de detalhes, o primeiro tema que
elegemos para nosso estudo, dentro da série de artigos sobre a Criminologia e o
Espiritismo. Estudaremos, portanto, o crime, para depois, em outra
ocasião, como dissemos linhas atrás, estudarmos o seu autor, ou seja, o
homem criminoso e, num terceiro artigo, meditarmos sobre a
pena, reconhecida como sendo a consequência imediata da ação criminosa.
O crime
O conceito de crime, do ponto de vista jurídico, embora tenha variado de
acordo com o tempo e o lugar, evoluiu, na medida em que a humanidade avançou em
conhecimento e moralidade. Contudo, uma vez que o presente ensaio não permite
maiores divagações, e abstraindo-nos de conceitos puramente técnicos, podemos
conceituá-lo, o crime, singelamente, e numa linguagem mais acessível à
compreensão geral, como sendo a ação humana prevista na lei penal como
criminosa, ação que tem como característica o ser potencialmente causadora de
danos a bens e direitos do próximo, protegidos pela própria lei penal. Nesse
sentido, conforme ensinou um jurista da Escola Clássica do Direito Penal, Delito,
infração, ofensa, crime, malefício: são todos empregados pelos cultores da
ciência penal como sinônimos.[2]
Contudo, do ponto de vista humano e espiritual, esse conceito jurídico
traz limitações insuperáveis, pois restringe a compreensão do que seja crime
somente àquelas condutas que são previstas nas leis penais como criminosas. Mas
é aí que entra a concepção elevada da Doutrina Espírita, espelhada na seguinte
pergunta reflexiva, contida em O Evangelho segundo o espiritismo: Ignorais
que há muitas ações que são crimes aos olhos do Deus de pureza e que o mundo
nem sequer como faltas leves considera?[3]
A Escola Positiva do Direito Penal trouxe um conceito de delito muito
próximo ao que ensina o Espiritismo. Tal conceito se encontra expresso nas
seguintes palavras do jurista italiano Rafael Garófalo: o delito é uma
ação prejudicial e que fere ao mesmo tempo alguns destes sentimentos que se
convencionou chamar o senso moral de uma agregação humana[4].
E continua em desdobramento ao seu conceito:
O elemento de moralidade necessário para que a consciência pública
classifique de criminosa uma ação, é a ofensa feita à parte do senso moral
formado pelos sentimentos altruístas de piedade e de probidade ...[5] Em outras palavras, o crime teria como causa a falta de
desenvolvimento, por parte do criminoso, dos sentimentos altruístas de
“piedade” e de “probidade”.
Contudo, foi no V Congresso Internacional de Antropologia Criminal,
realizado em Amsterdã, no ano de 1901, que o Dr. M. C. Piepers apresentou o
conceito de crime que mais se assemelha à elevada visão da Doutrina Espírita
sobre o assunto. Eis a sua descrição:
O delito é a lesão social produzida pelo estado egoístico da psique
humana na qual a evolução altruística não está suficientemente avançada para
dominar as tendências egoísticas dentro do limite que exige determinado estado
social. – Grifos no original.[6]
Vê-se assim que tal conceito coloca no centro da figura do crime o
“egoísmo” do homem e a sua precária evolução, como sendo as causas principais
do delito.
Crime – fruto da violação às leis humanas e divinas
Para a Doutrina Espírita o crime é o resultado não somente da violação
às leis humanas, mas, e antes de tudo, fruto da transgressão às leis divinas.
Existe um Código de Leis que está acima da compreensão acanhada do homem
terreno e da sua justiça falível. Esta legislação é imutável, uma vez que
espelha a perfeição do seu Criador. Então podemos, com muito mais acerto, dizer
que são criminosas todas as transgressões ao Estatuto das Leis Divinas. Desse
ponto de vista, “crime” é sinônimo de “mal”, ação humana que decorre do estado
de ignorância e de imoralidade do homem. É o que ensinam as seguintes questões
de O livro dos Espíritos, de Allan Kardec:
... Que definição se pode dar da moral?
“A moral é a regra de bem proceder, isto é, de distinguir o bem do mal.
Funda-se na observância da lei de Deus. O homem procede bem quando tudo faz
pelo bem de todos, porque então cumpre a lei de Deus.”
... Como pode distinguir o bem do mal?
“O bem é tudo o que é conforme à lei de Deus; o mal, tudo o que lhe é
contrário. Assim, fazer o bem é proceder de acordo com a lei de Deus. Fazer o
mal é infringi-la.”[7]
Por fim, destacamos o elevado conceito de crime apresentado por Fernando
Ortiz, professor de Direito Público da Universidade de Havana, descrição que
resultou de seus estudos do problema penal à luz do Espiritismo. Vejamos: “O
delito, portanto, não é mais do que o atraso na evolução espírita, em relação a
um ambiente mais adiantado.”[8]–
Grifo nosso.
Tal conceito, portanto, situa a origem do crime no Espírito, ser que,
segundo a Doutrina Espírita, existia antes da vida material, e que continuará a
existir após a morte do corpo biológico, o que significa afirmar que não são os
fatores hereditários, biológicos (anatômicos e fisiológicos) ou os fatores
sociais e climáticos que levam ao delito, pois todos eles são relativos, embora
possam influir e impulsionar a conduta criminosa, mas é o próprio Espírito, no
uso de seu livre-arbítrio, quem decidirá ou não pela prática do crime.
Qual
é a importância de compreendermos a noção de crime apresentada pela Doutrina
Espírita? Ao constatarmos que o crime é, antes de tudo, a violação às leis de
Deus, violação que decorre do livre arbítrio somado ao atraso espiritual
daquele que o pratica, centralizamos no homem, Espírito imortal, a causa das
ações criminosas, acima de toda e qualquer influência física, social ou
ambiental, o que terá como resultado chamar a atenção dos estudiosos do
problema criminal, sejam juristas, psicólogos, pedagogos, médicos,
antropólogos, moralistas ou religiosos, para um estudo mais aprofundado da
natureza humana, com o objetivo de melhor conhecer essa enfermidade do
Espírito, e, depois, num segundo momento, aplicarmos o remédio à doença do
crime, que tantos malefícios tem gerado às sociedades humanas.
[1] Allan Kardec. O Evangelho segundo o Espiritismo, tradução
de Guillon Ribeiro, 129ª ed., Rio de Janeiro-RJ: Federação Espírita Brasileira,
2009, p. 59.
[2] Francesco Carrara, Programa do curso de Direito Criminal,
parte geral, vol.1, tradução de José Luiz V. de A. Franceschini e de J. R.
Prestes Barra, 1ª ed., São Paulo-SP: Edição Saraiva, 1956, p. 48.
[3] Allan Kardec, O Evangelho segundo o espiritismo,
tradução de Guillon Ribeiro, 129ª ed., Rio de Janeiro-RJ: Federação Espírita
Brasileira, 2009, p. 213.
[4] Rafael Garófalo, Criminologia, tradução de Danielle
Maria Gonzaga, 1ª ed., Campinas-SP: Péritas Ediora, 1997, p. 29.
[6] Fernando Ortiz, A filosofia penal dos espíritas, tradução de
Carlos Imbassahy, 2ª ed., São Paulo-SP: Livraria Allan Kardec Editora, 1998, p.
45-46.
[7] Allan Kardec, O livro dos Espíritos, tradução de
Guillon Ribeiro, 91ª ed., Rio de Janeiro-RJ: Federação Espírita Brasileira,
2010, p. 348-349, questões 629 e 630.
[8] Fernando Ortiz, A filosofia penal dos espíritas,
tradução de Carlos Imbassahy, 2ª ed., São Paulo-SP: Livraria Allan Kardec
Editora, 1998, p. 46.
Disponível em: http://www.jornalespiritaautadesouza.com/index.php/artigos/288-o-crime-a-luz-da-doutrina-espirita em 20 fev. 17.
Deveres dos Pais
Por impositivo da
sabedoria divina, no homem a infância demora maior período do que em outro
animal qualquer.
Isto, porque,
enquanto o Espírito assume, a pouco e pouco, o controle da organização
fisiológica de que se serve para o processo evolutivo, mais fácil se fazem as
possibilidades para a fixação da aprendizagem e a aquisição dos hábitos que o
nortearão por toda a existência planetária.
Como decorrência,
grande tarefa se reserva aos pais no que tange aos valores da educação, deveres
que não podem ser postergados sob pena de lamentáveis consequências.
Os filhos — esse
patrimônio superior que a Divindade concede por empréstimo —, através dos
liames que a consanguinidade enseja, facultam o reajustamento emocional de
Espíritos antipáticos entre si, a sublimação de afeições entre os que já se
amam, o caldeamento de experiências e o delinear de programas de difícil
estruturação evolutiva, pelo que merecem todo um investimento de amor, de
vigilância e de sacrifício por parte dos genitores.
A união conjugal
propiciatória da prole edificada em requisitos legais e morais constitui motivo
relevante, que não deve ser confundida com as experiências do prazer, que se
podem abandonar em face de qualquer conjuntura que exige reflexão, entendimento
e renúncia de algum ou de ambos nubentes.
*
Os deveres dos pais
em relação aos filhos estão inscritos na consciência. Evidentemente as técnicas
Psicológicas e a metodologia da educação tornam-se fatores nobres para o êxito
desse cometimento Entretanto, o amor — que tem escasseado nos processos
modernos da educação com lamentáveis resultados — possui os elementos
essenciais para o feliz desiderato.
No compromisso do
amor, estão evidentes o Companheirismo o diálogo franco, a solidariedade, a
indulgência e a energia moral de que necessitam os filhos, no longo processo da
aquisição dos valores éticos, espirituais, intelectuais e sociais.
No lar, em
consequência, prossegue sendo na atualidade de fundamental importância no
complexo mecanismo da educação.
Nesse sentido, é de
essencial relevância a lição dos exemplos, a par da assistência constante de
que necessitam os caracteres em formação, argila plástica que deve ser bem
modelada.
No capítulo da
liberdade, esse fator basilar, nunca deixar esquecido o dever da
responsabilidade. Liberdade de ação e responsabilidade dos atos, ajudando no
discernimento desde cedo entre o que se deve, Convém e se pode realizar.
Plasma, na
personalidade em delineamento do filhinho, os hábitos salutares.
Diante dele, frágil
de aparência, tem em mente que se trata de um Espírito comprometido com a
retaguarda, que recomeça a experiência a penates, e que muito depende de ti.
Nem o excesso de
severidade para com ele, nem o acúmulo de receios injustificados, em relação a
ele, ou a exagerada soma de aflição por ele.
Fala-lhe de Deus sem
cessar e ilumina-lhe a consciência com a flama da fé rutilante, que lhe deve
lucilar no íntimo como farol de bênçãos para todas as circunstâncias.
Ensina-lhe a
humildade ante a grandeza da vida e o respeito a todos, como valorização
preciosa das concessões divinas.
O que lhe não
concedas por negligência, ele te cobrará depois...
Se não dispões de
maiores ou mais valiosos recursos para dar-lhe, ele saberá reconhecer, e, por
isso, mais te amará.
Todavia, se
olvidaste de ofertar-lhe o melhor ao teu alcance também ele compreenderá e,
quiçá, reagirá de forma desagradável.
Os pais educam para
a sociedade, quanto para si mesmos.
Examina a tua vida e
dela retira as experiências com que possas brindar a tua prole.
Tens conquistas
pessoais, porqüanto já trilhaste o caminho da infância, da adolescência e sabes
de moto próprio discernir entre os erros e acertos dos teus educadores,
identificando o que de melhor possuis para dar.
Não te poupes
esforços na educação dos filhos.
Os pais assumem
desde antes do berço com aqueles que receberão na condição de filhos
compromissos e deveres que devem ser exercidos, desde que serão, também, por
sua vez, meios de redenção pessoal perante a consciência individual e a Cósmica
que rege os fenômenos da vida, nos quais todos estamos mergulhados.
Autor: Joanna de
Ângelis
Psicografia de Divaldo Franco. Livro: SOS Família
Psicografia de Divaldo Franco. Livro: SOS Família
A leitura e a
reflexão da mensagem de São Luís no capítulo IV do Evangelho segundo o
Espiritismo chamada:
Limites da encarnação
24. Quais são os
limites da encarnação?
- A encarnação,
propriamente falando, não tem limites nitidamente traçados, se considerarmos
apenas o envoltório que constitui o corpo do espírito, visto que a
materialidade desse envoltório diminui à medida que o espírito se purifica. Em
certos mundos mais avançados que a Terra, ele já é menos compacto, menos pesado
e menos grosseiro, e, por consequência, menos sujeito a vicissitudes; em um
grau mais elevado, é diáfano e quase fluídico; de grau em grau, vai se
desmaterializando e acaba por se confundir com o perispírito. De acordo com o
mundo em que é levado a viver, o espírito recebe o envoltório apropriado à
natureza desse mundo.
O próprio
perispírito sofre transformações sucessivas; torna-se cada vez mais etéreo, até
a depuração completa, que é a base dos puros espíritos. Se mundos especiais são
destinados, como estada, aos espíritos mais avançados, tais espíritos não ficam
presos a eles como nos mundos inferiores. O estado de desapego em que se
encontram permite que eles se transportem a todos os lugares onde são chamados
para as missões que lhes são confiadas.
Se considerarmos a
encarnação do ponto de vista material, tal como acontece na Terra, poderemos
dizer que ela está limitada aos mundos inferiores; consequentemente, depende do
espírito libertar-se mais ou menos rapidamente da encarnação, trabalhando pela
sua depuração.
Devemos também
considerar que no estado errante, isto é, no intervalo que separa as
existências corporais, a situação do espírito está relacionada à natureza do
mundo ao qual está ligado pelo seu grau de adiantamento; assim ele é mais ou
menos feliz, livre e esclarecido, na erraticidade, conforme se encontre mais ou
menos desmaterializado. (São Luís.(64) Paris, 1859.)
Toda a gratidão
sequer retribuirá a fortuna da oportunidade fruída através do renascimento
carnal.
O carinho e respeito
contínuos não representarão oferenda compatível com a amorosa assistência
recebida desde antes do berço.
A delicadeza e a
afeição não corresponderão à grandeza dos gestos de sacrifício e da abnegação
demoradamente recebidos...
Os filhos têm
deveres intransferíveis para com os pais, instrumentos de Deus para o trâmite
da experiência carnal, mediante a qual o Espírito adquire patrimônios
superiores, resgata insucessos e comprometimentos perturbadores.
*
Existem genitores
que apenas procriam, fugindo à responsabilidade.
Não compete, porém,
aos filhos julgá-los com severidade, desde que não são dotados da necessária
lucidez e correção para esse fim.
Se fracassaram no
sagrado ministério, não se furtarão à consciência, em forma da presença da
culpa neles gravada.
Auxiliá-los por
todos os meios ao alcance é mister indeclinável, que o filho deve ofertar com
extremos de devotamento e renúncias.
A ingratidão dos
filhos para com os pais é dos mais graves enganos a que se pode permitir o
Espírito na sua marcha ascensional.
A irresponsabilidade
dos progenitores de forma alguma justifica a falência dos deveres morais por
parte da prole.
Ninguém se vincula a
outrem através dos vigorosos liames do corpo somático, da família, sem justas,
ponderosas razões.
Desincumbir-se das tarefas
relevantes que o amor e o reconhecimento impõem - eis o impositivo que ninguém
pode julgar lícito postergar.
*
Ama e respeita em
teus genitores a humana manifestação da paternidade divina.
Quando fortes,
sê-lhes a companhia e a jovialidade: quando fracos, a proteção e o socorro.
Enquanto sadios,
presenteia-os com a alegria e a consideração; se enfermos, com a assistência
dedicada e a sustentação preciosa.
Em qualquer situação
ou circunstância, na maturidade ou na velhice, afeiçoa-te àqueles que te ofertaram
o corpo de que te serves para os cometimentos da evolução, como o mínimo que
podes dispensar-lhes, expressando o dever de que encontras investido.
FRANCO, Divaldo
Pereira. SOS Família. Pelo
Espírito Joanna de Ângelis. LEAL.
FILHOS INGRATOS
A ingratidão - chaga
pestífera que um dia há de desaparecer da Terra - tem suas nascentes no egoísmo, que é o
remanescente mais vil da natureza animal, lamentavelmente persistindo na Humanidade.
A ingratidão sob
qualquer forma considerada, expressa o primarismo espiritual de quem a carrega,
produzindo incoercível mal-estar onde se apresenta.
O ingrato, isto é,
aquele que retribui o bem pelo mal, a generosidade pela avareza, a simpatia
pela aversão, o acolhimento pela repulsa, a bondade pela soberba, é sempre um
atormentado que esparze insatisfação, martirizando quantos o acolhem e
socorrem.
O homem vitimado
pela ingratidão supõe tudo merecer e nada retribuir, falsamente acreditando ser
credor de deveres do próximo para consigo, sem qualquer compensação de sua
parte.
Estulto, desdenha os
benefícios recolhidos a fim de exigir novas contribuições que a própria insânia
desconsidera. É arrogante e mesquinho porque padece atrofia dos sentimentos, transitando
nas faixas da semiconsciência e da irresponsabilidade.
Sendo a ingratidão,
no seu sentido genérico, detestável nódoa moral, a dos filhos para com os pais
assume proporções relevantes, desde que colima hediondo ato de rebeldia contra
a Criação Divina.
O filho ingrato é
dilacerador do coração dos pais, ímpio verdugo que se não comove com as
doloridas lágrimas maternas nem com as angústias somadas e penosas do
sentimento paterno.
Com a desagregação
da família, que se observa generalizada na atualidade, a ingratidão dos filhos
torna-se responsável pela presença de vários cânceres morais, no combalido
organismo social, cuja terapia se apresenta complexa e difícil.
Sem dúvida, muitos
pais, despreparados para o ministério que defrontam em relação à prole, cometem
erros graves, que influem consideravelmente no comportamento dos filhos, que, a
seu turno, logo podem, se rebelam
contra estes, crucificando-os nas traves ásperas da ingratidão, da rebeldia e
da agressividade contínua, culminando, não raro, em cenas de pugilato e
vergonha.
Muitos progenitores,
igualmente, imaturos ou versáteis, que transitam no corpo açulados pelo
tormento de prazeres incessantes - que os fazem esquecer as responsabilidades
junto aos filhos para os entregarem aos servos remunerados, enquanto se
corrompem na leviandade -, respondem pelo desequilíbrio e desajuste da prole,
na desenfreada competição da utópica e moderna sociedade.
Todavia, filhos há
que receberam dos genitores as mais prolíferas demonstrações e testemunhos de sacrifício
e carinho, aspirando a um clima de paz, de saúde moral, de equilíbrio
doméstico, nutridos pelo amor sem fraude e pela abnegação sem fingimentos, e
revelam-se, desde cedo, frios, exigentes e ingratos.
Se diante de pais
irresponsáveis a ingratidão dos filhos jamais se justifica ou procede, a
proporcionada por aqueles que tudo recebem e tudo negam, somente encontra
explicação na reminiscência dos desajustes pretéritos dos Espíritos, que, não
obstante reunidos outra vez para recuperar-se, avivam as animosidades que
ressumam do inconsciente e se corporificam em forma de antipatia e aversão,
impelindo-os à ingratidão que os atira à rampas inditosas do ódio dissolvente.
A família é
abençoada escola de educação moral e espiritual, oficina santificante onde se
lapidam caracteres, laboratório superior em que se caldeiam sentimentos,
estruturam aspirações, refinam ideais, transformam mazelas antigas em
possibilidades preciosas para a elaboração de misteres edificantes.
O lar, em razão
disso, mesmo quando assinalado pelas dores decorrentes do aprimorar das arestas
dos que o constituem, é forja purificadora onde se devem trabalhar as bases
seguras da humanidade de todos os tempos. Quando o lar se estiola e a família
se desorganiza a Sociedade se abate e estertora.
De nobre
significação, a família não são apenas os que se amam, através dos vínculos da
consanguinidade, mas, também, da tolerância e solidariedade que se devem doar
os equilibrados e afáveis aos que constituem os elos fracos, perturbadores e em
deperecimento no clã doméstico.
Aos pais cabem
sempre os deveres impostergáveis de amar e entender até o sacrifício os filhos
que lhes chegam pelas vias sacrossantas da reencarnação, educando-os e
depondo-lhes nas almas as sementes férteis da fé, das responsabilidades,
instruindo-os e neles inculcando a necessidade da busca de elevação e
felicidade. O que decorra serão consequências do estado moral de cada um, que
lhes não cabem prever, recear ou sofrer por antecipação pessimista.
Aos filhos compete
amar aos pais, mesmo quando negligentes ou irresponsáveis porquanto é do Código
Superior da Vida, a imposição: “Honrar pai e mãe”, sem excluir os que o são
apenas por função biológica, assim mesmo, por cujo intermédio a Excelsa
Sabedoria programa necessárias provas redentoras e torturantes expiações
libertadoras.
Ante o filho
ingrato, seja qual for a situação em que se encontre, guarda piedade para com
ele e dá-lhe mais amor...
Agressivo e calceta,
exigente e impiedoso, transformado em inimigo insensível quão odioso, oferta,
ainda, paciência e mais amor...
Se te falarem sobre
recalques que ele traz da infância, em complexos que procedem desta ou daquela
circunstância, em efeito da libido tormentosa com que os simplistas e
descuidados pretendem escusá-lo, culpando-te, recorda, em silêncio, de que o
Espírito precede ao berço, trazendo gravados nas tecelagens sutis da própria
estrutura gravames e conquistas, elevação e delinquência, podendo, então,
melhor compreendê-lo, mais ajudá-lo, desculpá-lo com eficiência e socorrê-lo com
probidade prosseguindo ao seu lado sem mágoa e encorajado no programa com a
família inditosa e os filhos ingratos, resgatando pelo sofrimento e amor os
teus próprios erros, até o dia em que, redimido, possas reorganizar o lar feliz
a que aspiras. (Espírito de Joanna de Ângelis - Obra: S.O.S. Família - Divaldo
P. Franco)
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS:
FRANCO,
Divaldo P. S.O.S. Família. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 16. ed. Rio de Janeiro:
Leal, 2006.
KARDEC,
Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Trad. de Guillon Ribeiro da 3. ed.
francesa rev., corrig. e modif. pelo autor em 1866. 124. ed. Rio de Janeiro:
FEB, 2004.
______.
O Livro dos Espíritos: princípios da Doutrina Espírita. Trad. de Guillon
Ribeiro. 86. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005.
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