MISSÃO DO
ESPIRITISMO
Emmanuel
A missão do
Espiritismo, tanto quanto o ministério do Cristianismo, não será destruir as
escolas de fé, até agora existentes.
Cristo acolheu a
revelação de Moisés.
A Doutrina dos
Espíritos apoia os princípios superiores de todos os sistemas religiosos.
Jesus não critica a
nenhum dos Profetas do Velho Testamento.
O Consolador
Prometido não vem para censurar os pioneiros dessa ou daquela forma de crer em
Deus.
O Espiritismo é,
acima de tudo, o processo libertador das consciências, a fim de que a visão do
homem alcance horizontes mais altos.
Há milênios, a mente
humana gravita em derredor de patrimônios efêmeros, quais sejam os da precária
posse física, atormentada por pesadelos carnais de variada espécie.
Guerras de todos os
matizes consomem-lhe as forças.
Flagelos de
múltiplas expressões situam-lhe a existência em limitações aflitivas e
dolorosas.
Com a morte do
corpo, não atinge a liberação.
Além-túmulo,
prossegue atenta às imagens que a ilusão lhe armou no caminho, escravizada a
interesses inconfessáveis.
Em plena vida livre,
guarda, ordinariamente, a posição da criatura que venda os olhos e marcha,
impermeável e cega, sob pesadas cargas a lhe dobrarem os ombros.
A obstinação em
disputar satisfações egoísticas, entre os companheiros da carne, constitui-lhe
deplorável inibição e os preconceitos ruinosos, os terríveis enganos do
sentimento, os pontos de vista pessoais, as opiniões preconcebidas, as paixões
desvairadas, os laços enfermiços, as concepções cristalizadas, os propósitos
menos dignos, a imaginação intoxicada e os hábitos perniciosos representam
fardos enormes que constrangem a alma ao passo vacilante, de atenção voltada
para as experiências inferiores.
A nova fé vem
alargar-lhe a senda para mais elevadas formas de evolução.
Chave de luz para os
ensinamentos do Cristo, explica o Evangelho não como um tratado de regras
disciplinares, nascidas do capricho humano, mas como a salvadora mensagem de
fraternidade e alegria, comunhão e entendimento, abrangendo as leis mais
simples da vida.
Aparece-nos, então,
Jesus, em maior extensão de sua glória.
Não mais como um
varão de angústia, insinuando a necessidade de amarguras e lágrimas e sim na
altura do herói da bondade e do amor, educando para a felicidade integral,
entre o serviço e a compreensão, entre a boa-vontade e o júbilo de viver.
Nesse aspecto,
vemo-lo como o maior padrão de solidariedade e gentileza, apagando-se na
manjedoura, irmanando-se com todos na praça pública e amparando os malfeitores,
na cruz, à extrema hora, de passagem para a divina ressurreição.
O Espiritismo será,
pois, indiscutivelmente, a força do Cristianismo em ação para reerguer a alma
humana e sublimar a vida.
O Espaço Infinito,
pátria universal das constelações e dos mundos, é, sem dúvida, o clima natural
de nossas almas, entretanto, não podemos esquecer que somos filhos, devedores,
operários ou companheiros da Terra, cujo aperfeiçoamento constitui o nosso
trabalho mais imediato e mais digno.
Esqueçamos, por
agora, o paraíso distante para ajudar na construção do nosso próprio Céu.
Interfiramos menos
na regeneração dos outros e cogitemos mais de nosso próprio reajuste, perante a
Lei do Bem Eterno, e, servindo incessantemente com a nossa fé à vida que nos
rodeia, a vida, por sua vez, nos servirá, infatigável, convertendo a Terra em
estação celestial de harmonia e luz para o acesso de nosso espírito à Vida
Superior.
Do livro
"Roteiro"
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