Capítulo XIII - Item 11
A Beneficência
A beneficência, meus
amigos, dar-vos-á nesse mundo os mais puros e suaves deleites, as alegrias do
coração, que nem o remorso, nem a indiferença perturbam. Oh! pudésseis
compreender tudo o que de grande e de agradável encerra a generosidade das
almas belas, sentimento que faz olhe a criatura as outras como olha a si mesma,
e se dispa, jubilosa, para vestir o seu irmão! Pudésseis, meus amigos, ter por
única ocupação tornar felizes os outros! Quais as festas mundanas que podereis
comparar às que celebrais quando, como representantes da Divindade, levais a
alegria a essas famílias que da vida apenas conhecem as vicissitudes e as
amarguras, quando vedes nelas os semblantes macerados refulgirem subitamente de
esperança, porque, faltos de pão, os desgraçados ouviam seus filhinhos,
ignorantes de que viver é sofrer, gritando repetidamente, a chorar, estas
palavras, que, como agudo punhal, se lhes enterravam nos corações maternos:
"Estou com fome!..." Oh! compreendei quão deliciosas são as
impressões que recebe aquele que vê renascer a alegria onde, um momento antes,
só havia desespero! Compreendei as obrigações que tendes para com os vossos
irmãos! Ide, ide ao encontro do infortúnio; ide em socorro, sobretudo, das
misérias ocultas, por serem as mais dolorosas! Ide, meus bem-amados, e tende em
mente estas palavras do Salvador: "Quando vestirdes a um destes
pequeninos, lembrai-vos de que é a mim que o fazeis!"
Caridade! sublime
palavra que sintetiza todas as virtudes, és tu que hás de conduzir os povos à
felicidade. Praticando-te, criarão eles para si infinitos gozos no futuro e,
enquanto se acharem exilados na Terra, tu lhes serás a consolação, o prelibar
das alegrias de que fruirão mais tarde, quando se encontrarem reunidos no seio
do Deus de amor. Foste tu, virtude divina, que me proporcionaste os únicos
momentos de satisfação de que gozei na Terra. Que os meus irmãos encarnados
creiam na palavra do amigo que lhes fala, dizendo-lhes: E na caridade que
deveis procurar a paz do coração, o contentamento da alma, o remédio para as
aflições da vida. Oh! quando estiverdes a ponto de acusar a Deus, lançai um
olhar para baixo de vós; vede que de misérias a aliviar, que de pobres crianças
sem família, que de velhos sem qualquer mão amiga que os ampare e lhes feche os
olhos quando a morte os reclame! Quanto bem a fazer! Oh! não vos queixeis; ao
contrário, agradecei a Deus e prodigalizai a mancheias a vossa simpatia, o
vosso amor, o vosso dinheiro por todos os que, deserdados dos bens desse mundo,
enlanguescem na dor e no insulamento! Colhereis nesse mundo bem doces alegrias
e, mais tarde... só Deus o sabe!... Adolfo, bispo de Argel. (Bordéus, 1861.)
Questões para estudo
1 - Por que a
prática da beneficência nos proporciona as mais doces e verdadeiras alegrias,
neste mundo?
2 - De que modo
podemos praticar a beneficência?
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