sábado, 1 de abril de 2017

Estudo do livro Nosso Lar


A ORAÇÃO COLETIVA

O estudo do capítulo 3 tem como informações gerais:
1)     Personagem: André Luiz, outros desencarnados, Clarêncio, dois jovens
2)     Resumo geral: Amparado, André é recolhido pela equipe do irmão Clarêncio e levado a colônia “Nosso Lar”
3)     Tema: prece, acolhimento.


_“A ORAÇÃO COLETIVA
Embora transportado à maneira de ferido comum, lobriguei o quadro confortante que se desdobrava à minha vista.
Clarêncio, que se apoiava num cajado de substância luminosa, deteve-se à frente de grande porta encravada em altos muros, cobertos de trepadeiras floridas e graciosas. Tateando um ponto da muralha, fez-se longa abertura, através da qual penetramos, silenciosos.
Branda claridade inundava ali todas as coisas. Ao longe, gracioso foco de luz dava a idéia de um pôr do sol em tardes primaveris. A medida que avançávamos, conseguia identificar preciosas construções, situadas em extensos jardins.”_
Este três parágrafos retrata o acolhimento e a entrada num “mundo”, num lugar inimaginável por parte de quem está sendo acolhido e quem não consegue perceber a ideia de amor sublime do Pai Celestial apresentando a todos que eles não são as únicas criaturas nem estão num único lugar no Universo, ou seja, que há diversas localidades no orbe universal, assim como há uma imensidão imensurável de seres criados pelo Todo Poderoso.
Há, ainda,  a presença da surpresa do que se pensa ser desconhecido.
A pergunta 181 do livro dos Espíritos esclarece:

“181. Os seres que habitam os diferentes mundos têm corpos semelhantes aos nossos?
“Certamente, têm corpos, porque é necessário que o Espírito esteja revestido de matéria para agir sobre a matéria; esse envoltório, porém, é mais ou menos material, conforme o grau de pureza a que os Espíritos tenham chegado e é o que faz a diferença entre os mundos que devemos percorrer; pois há várias moradas na casa de nosso Pai, sendo estas, então, de vários graus. Uns sabem e têm consciência disso, na Terra; com outros, não se dá, absolutamente, o mesmo.””

Ao sinal de Clarêncio, os condutores depuseram, devagarinho, a maca improvisada. A meus olhos surgiu, então, a porta acolhedora de alvo edifício, à feição de grande hospital terreno. Dois jovens, envergando túnicas de níveo linho, acorreram pressurosos ao chamado de meu benfeitor, e quando me acomodavam num leito de emergência, para me conduzirem cuidadosamente ao interior, ouvi o generoso ancião recomendar, carinhoso:
- Guardem nosso tutelado no pavilhão da direita. Esperam agora por mim. Amanhã cedo voltarei a vê-lo.”

Nestes dois parágrafos, pode-se identificar o socorro, o cuidado e o carinho recebidos por todos que são acolhidos pelos abnegados irmãos de amor e luz.
No item IV da Introdução dos Livro dos Espíritos há o seguinte aclaramento:

VI
Como o dissemos, os seres que assim se comunicam designam a si próprios pelo nome de Espíritos ou gênios e como tendo pertencido, pelos menos alguns, aos homens que viveram na Terra. Eles constituem o mundo espiritual, como nós constituímos, durante nossa vida, o mundo corporal.
Resumimos, aqui, em poucas palavras, os pontos mais marcantes da doutrina que eles nos transmitiram, a fi m de responder mais facilmente a algumas objeções.
“Deus é eterno, imutável, imaterial, único, todo-poderoso, soberanamente justo e bom.
Criou o Universo que compreende todos os seres animados e inanimados, materiais e imateriais.
Os seres materiais constituem o mundo visível ou corporal, e os seres imateriais, o mundo invisível ou espírita, isto é, dos Espíritos.
O mundo espiritual é o mundo normal, primitivo, eterno, preexistente e que sobrevive a tudo.
O mundo corporal é apenas secundário; ele poderia deixar de existir, ou jamais ter existido, sem alterar a essência do mundo espiritual.
Os Espíritos revestem, temporariamente, um envoltório material perecível, cuja destruição pela morte devolve-os à liberdade.
Entre as diferentes espécies de seres corporais, Deus escolheu a espécie humana para a encarnação dos Espíritos que chegaram a um certo grau de desenvolvimento, é o que lhe dá a superioridade moral e intelectual sobre todas as outras.
[...]
Os Espíritos pertencem a diferentes classes e não são iguais nem em poder, nem em inteligência, nem em saber, nem em moralidade. Os da primeira ordem são os Espíritos superiores, que se distinguem dos outros por sua perfeição, seus conhecimentos, sua proximidade de Deus, a pureza de seus sentimentos e seu amor pelo bem: são os anjos ou puros Espíritos. As outras classes afastam-se cada vez mais dessa perfeição: os das ordens inferiores são inclinados à maioria de nossas paixões: o ódio, a inveja, o ciúme, o orgulho, etc.; eles se comprazem no mal.
Entre estes, há os que nem são muito bons, nem muito maus; mais perturbadores e intrigantes do que malvados, a malícia e as inconsequências parecem ser sua característica: são os Espíritos inconsequentes ou levianos.
Os Espíritos não pertencem perpetuamente à mesma ordem. Todos se melhoram, passando pelos diferentes graus da hierarquia espírita. Esta melhora se dá pela encarnação que é imposta a uns, como expiação e a outros, como missão.
A vida material é uma prova a que devem se submeter, repetidamente, até que tenham atingido a perfeição absoluta; é uma espécie de peneira ou filtro de onde saem mais ou menos purificados.
Deixando o corpo, a alma retorna ao mundo dos Espíritos de onde tinha saído, para retomar uma nova existência material, após um lapso de tempo mais ou menos longo, durante o qual ela permanece no estado de Espírito errante.
[...]
As qualidades da alma são as do Espírito que está encarnado em nós: assim, o homem de bem é a encarnação de um bom Espírito e o homem perverso, a de um Espírito impuro.
A alma possuía sua individualidade antes de sua encarnação; ela a conserva após sua separação do corpo.
No seu retorno ao mundo dos Espíritos, a alma aí reencontra todos aqueles que conheceu na Terra, e todas as suas existências anteriores se desenham em sua memória, com a lembrança de todo o bem e de todo o mal que fez.
O Espírito encarnado está sob a influência da matéria; o homem que supera esta influência, através da elevação e depuração de sua alma, aproxima-se dos bons Espíritos, com os quais estará um dia. Aquele que se deixa dominar pelas más paixões e coloca todas as alegrias na satisfação dos apetites grosseiros, aproxima-se dos Espíritos impuros, dando preponderância à natureza animal.
Os Espíritos encarnados habitam os diferentes globos do Universo.
Os Espíritos não-encarnados ou errantes não ocupam uma região determinada e circunscrita: eles estão por toda a parte, no Espaço e ao nosso lado, vendo-nos e esbarrando em nós incessantemente; é toda uma população invisível que se agita em torno de nós.
[...]
A moral dos Espíritos superiores se resume, como a do Cristo, nesta máxima evangélica: Agir para com os outros, como quereríamos que os outros agissem para conosco; isto é, fazer o bem e não fazer absolutamente o mal. O homem encontra neste princípio a regra universal de conduta para suas menores ações.
Eles nos ensinam que o egoísmo, o orgulho, a sensualidade são paixões que nos aproximam da natureza animal, prendendo-nos à matéria; que o homem que, ainda neste mundo, se desligue da matéria através do desprezo às futilidades mundanas e do amor ao próximo, aproxima-se da natureza espiritual; que cada um de nós deve se tornar útil, conforme as faculdades e os meios que Deus colocou em suas mãos para experimentá-lo; que o Forte e o Poderoso devem apoio e proteção ao Fraco, pois aquele que abusa de sua força e de seu poder para oprimir seu semelhante viola a lei de Deus. Ensinam, finalmente, que nada podendo estar oculto, no mundo dos Espíritos o hipócrita será desmascarado e todas as suas torpezas reveladas; que a presença inevitável e de todos os instantes daqueles para com os quais tivermos agido mal é um dos castigos que nos estão reservados; que ao estado de inferioridade e de superioridade dos Espíritos correspondem penas e gozos que nos são desconhecidos na Terra.
Mas eles nos ensinam, também, que não há faltas irremissíveis e que não possam ser apagadas pela expiação. Para tal, o homem encontra o meio nas diferentes existências que lhe permitem avançar, conforme o seu desejo e seus esforços, no caminho do progresso em direção à perfeição, que é seu objetivo final.
Este é o resumo da Doutrina Espírita, assim como ela resulta do ensinamento dado pelos Espíritos superiores. Vejamos, agora, as objeções que se lhe opõem.”

Enderecei-lhe um olhar de gratidão, ao mesmo tempo que era conduzido a confortável aposento de amplas proporções, ricamente mobilado, onde me ofereceram leito acolhedor.”

Gratidão: eis o tema principal deste parágrafo; contudo, não se pode deixar de perceber as palavras descritivas do local onde irmão é colocado. Apesar disso, deve-se atentar para a questão do agradecimento mesmo que seja com um simples gesto de olhar. Isso não é uma questão de humilhação, mas de que o espírito consegue perceber que todos precisam de um do outro para prosseguir na jornada evolutiva; e, um ato como este, é a demonstração de verdadeiro amor.
A questão de nº 535 elucida a respeito do agradecimento:

“535. Quando nos acontece alguma coisa venturosa, é ao nosso Espírito protetor que devemos agradecer?
“Agradecei, sobretudo, a Deus, sem cuja permissão nada se faz; depois, aos bons Espíritos que foram os seus agentes.”

a) O que aconteceria se esquecêssemos de agradecer?
“O que acontece aos ingratos.”

b) Todavia, há pessoas que não pedem nem agradecem e para as quais tudo dá certo...
 “Sim, mas é preciso ver o fi m; pagarão bem caro essa felicidade passageira que não merecem, pois quanto mais tiverem recebido, mais terão que devolver.”

E Joanna de Ângelis no livro Psicologia da Gratidão deixa o seguinte recado:

O SIGNIFICADO DA GRATIDÃO
O verbete gratidão vem do latim grafia que significa literalmente graça, ou gratus que se traduz como agradável. Por extensão, significa reconhecimento agradável por tudo quanto se recebe ou lhe é concedido.
A ciência da gratidão surge como a mais elevada expressão do amadurecimento psicológico do indivíduo, que o propele à vivência do sentimento enobrecido.
Os hábitos de receber-se ajuda e proteção desde o momento da fecundação, passando pelos diversos períodos do desenvolvimento fetal até a idade adulta, sem a consciência do que lhe é oferecido, encarregam-se de construir o ego interessado exclusivamente em fruir sem maiores responsabilidades.
Acumulando os favores que o promovem, somente adquire noção de valor do que lhe é oferecido quando o discernimento aflora na personalidade e o convoca, por sua vez, à contribuição pessoal. Não acostumado, porém, a repartir, torna-se soberbo e presunçoso, atribuindo-se méritos que realmente ainda não conseguiu amealhar.
À medida que os instintos abrem espaço para as emoções, o amor ensaia os seus primeiros passos em forma de bondade e de gentileza para com os outros, caracterizando o desenvolvimento ético-moral. O amor assinala-se, nessa fase, através do anseio de servir, de contribuir, de gratular...
Nessa fase, a da gratulação, o significado existencial torna-se relevante, proporcionando a mudança do comportamento egoísta e ensaiando as primeiras manifestações de gentileza, de altruísmo.
Quanto mais se desenvolve o sentimento afetivo, mais expressivo se faz o sentido retributivo.
No começo, trata-se de uma emoção-dever, que auxilia na libertação da ânsia de acumular e de reter. O discernimento faculta a compreensão de que tudo é movimento no Universo, uma forma de dar e de receber, de conceder e de retribuir, e qualquer conduta estanque é propiciatória à instalação de enfermidades, desajustes e morte.
A recompensa, maneira simplista de retribuição, apresenta-se como passo inicial para a futura gratidão.
Raramente ocorre ao adulto a emoção espontânea de agradecer, isto é, de bendizer todos aqueles que contribuíram de maneira automática, é certo, mas também pela afetividade, para que ele alcançasse o patamar da existência no qual se movimenta. Quando se conscientiza dessa evocação, um hino de alegria canta no seu mundo íntimo. Não há lugar para exigência diante de qualquer carência ou reclamação por não haver fruído determinadas benesses que antes lhe pareciam de real importância. Reflexiona que também age pela força dos hábitos adquiridos em favor de outras vidas, da ordem, do progresso, do bem, ou, infelizmente, pelos fenômenos perturbadores que assolam a sociedade... Descobre-se localizado no contexto social, um tanto amorfo, sem o sentido existencial feliz, deixando-se conduzir ou arrastar pela correnteza dos acontecimentos...
O despertamento para a gratidão inicia-se por uma forma de louvor a tudo e a todos.
O santo seráfico de Assis, ao atingir o estado numinoso, de imediato exaltou na sua volata de gratidão, ora doce, ora suave, o hino em favor de todas as criaturas: irmão Sol, irmã Lua, irmã chuva, vegetais, animais e tudo quanto vibra e glorifica a criação.
Quanto mais exaltava o que a muitos parece insignificante ou destituído de valor, a sua riqueza gratulatória conseguia dignificar, exaltando-lhes as qualidades.
Certamente, conforme acentuou um filósofo popular, a beleza da paisagem encontra-se nos olhos daquele que a contempla. Não é exatamente assim o que ocorre, mas existe uma dose alta de razão no conceito, porque somente quem possui beleza e harmonia pode identificá-las onde quer que se encontrem. Não havendo essa sensibilidade no ser humano, não há como distinguir-se o banal do especial, o grotesco do belo, e assim por diante.
Claro está, portanto, que a gratidão, para ser legítima, exige que haja no íntimo da criatura esse encanto pela vida, o doce enlevo que a torna preciosa em qualquer condição que se manifeste que se compreenda a magia do existir, percebendo-se as dádivas que se multiplicam em incontáveis expressões de intercâmbio.
No sentido oposto, o ingrato é aquele que se mantém no processo de primarismo, longe da percepção do objetivo essencial da existência. Criança maltratada que se detém na injúria e nas circunstâncias iniciais do processo de desenvolvimento ético e moral. Que se nega a crescer, acalentando ressentimentos de fatos de pequena ou grande monta, mas que encontraram aceitação emocional profunda, assinalando com revolta a experiência do desenvolvimento emocional. Ninguém se pode fecundar emocionalmente se reage aos fatores propiciatórios do mecanismo especial de maturação. E indispensável deixar-se triturar pelas ocorrências, e superá-las mediante a autoestima e o autorreconhecimento.
A gratidão é sempre em relação a outrem, aos fenômenos existenciais, jamais ao orgulho e à presunção. Como se pode ser reconhecido a si mesmo, sem o tombo grosseiro no abismo do ego sem discernimento? Como se ser grato ao ego, invariavelmente incapaz de liberar da sua conjuntura o Self, responsável pela magnitude do ser em aprimoramento? Tome-se como imagem para reflexão a concha bivalve da ostra que não permite seja recolhida a pérola nela acrisolada. Para que tenha sentido real, rompe-se a crosta vigorosa e esplende a gema pálida e notavelmente construída.
Muitas vezes, ou quase sempre, é através da ruptura, da fissão, que se pode encontrar, além do exterior, a pérola adormecida na intimidade de tudo: o diamante mergulhado no carvão grosseiro, a estrela escondida além da nuvem e da poeira cósmica...
Agradecer, portanto, significa inebriar-se de emoção lúcida e consciente da realidade existencial, mas não somente pelo que se recebe também pelo que se gostaria de conseguir, assim como pelo que ainda não se é emocionalmente.
Despojando-se da escravidão da posse, irisa-se o ser de bênçãos que esparze em sinfonia de gratidão.
Agradecer o bem que se frui assim como o mal que não aconteceu ainda, e, particularmente, quando suceda, fazer o mesmo, tendo em vista que somente ocorre o que é necessário para o processo de crescimento espiritual, conforme programado pela Lei de Causa e Efeito.
Gratidão é como luz na sua velocidade percorrendo os espaços e clareando todo o percurso, sem se dar conta, sem o propósito de diluir-se no facho incandescente que assinala a sua conquista.
Uma das razões fundamentais para que a gratidão se expresse é o estímulo propiciado pela humildade que faz se compreenda quanto se recebe, desde o ar que se respira gratuitamente aos nobres fenômenos automáticos do organismo, preservadores da existência.
Nessa percepção da humildade, ressuma o sentimento de alegria por tudo quanto é feito por outros, mesmo que sem ter ciência, em favor, em benefício dos demais. Essa identificação proporciona o amadurecimento psicológico, facultando compreender-se que ninguém é autossuficiente a tal ponto que não dependa de nada ou de ninguém, numa soberba que lhe expressa a fragilidade emocional.
Sem esse sentimento de identificação das manifestações gloriosas do existir, a gratulação não vai além da presunção de devolver, de nada se ficar devendo a outrem, de passar incólume pelos caminhos existenciais, sem carregar débitos...
Quando se é grato, alcança-se a individuação que liberta. Para se atingir, no entanto, esse nível, o caminho é longo, atraente, fascinante e desafiador.”
                          

”Envolvendo os dois enfermeiros na vibração do meu reconhecimento, esforcei-me por lhes dirigir a palavra, conseguindo dizer por fim:
- Amigos, por quem sois, explicai-me em que novo mundo me encontro... De que estrela me vem, agora, esta luz confortadora e brilhante?”


Nesta comunicação, André deseja saber a respeito do local onde se encontra. Que “novo mundo” é este com tanta “luz confortadora e brilhante”? De certo, mais uma morada, mais um lugar, mais um canto universal onde o espírito encarnado e/ou desencarnado pode se localizar na casa do Pai.
Há quem diga e acredite na existência de vida somente no Planeta Terra e que a vida se extermina quando a “morte” chega; entretanto, Jesus quando esteve entre os encarnados, proferiu o seguinte discurso:
“...Que o vosso coração não se perturbe. Crede em Deus, crede também em mim. Há muitas moradas na casa de meu Pai; se assim não fosse, eu já vos teria dito, porquanto eu vou para preparar o lugar para vós; e depois que eu tiver ido, e preparado o lugar, voltarei, e vos retirarei para mim, a fim de que, lá onde estou, vós estejais também.. (João, XIV:1 a 3.)”


”Um deles afagou-me a fronte, como se fora conhecido pessoal de longo tempo e acentuou:
- Estamos nas esferas espirituais vizinhas da Terra, e o Sol que nos ilumina, neste momento, é o mesmo que nos vivificava o corpo físico. Aqui, entretanto, nossa percepção visual é muito mais rica. A estrela que o Senhor acendeu para os nossos trabalhos terrestres é mais preciosa e bela do que a supomos quando no círculo carnal. Nosso Sol é a divina matriz da vida, e a claridade que irradia provém do Autor da Criação.”

Nestes dois parágrafos, um irmão esclarece que estão em uma das casas próximas da Terra e que Sol também faz parte deste local.

O capítulo III do O evangelho segundo o espiritismo tem a seguinte elucidação:
“Diferentes estados da alma na erraticidade
2. A casa do Pai é o Universo; as diferentes moradas são os mundos que circulam no espaço infinito e oferecem aos espíritos encarnados locais apropriados ao seu adiantamento.
Independente da diversidade dos mundos, essas palavras também podem ser entendidas como o estado feliz ou infeliz do espírito na erraticidade. Segundo a situação do espírito . mais ou menos depurado e desprendido dos laços materiais . o meio onde ele se encontra, o aspecto das coisas, as sensações que experimenta e as percepções que possui variam ao infinito. Enquanto uns não se podem afastar do meio em que viveram, outros se elevam e percorrem o espaço e os mundos; enquanto certos espíritos culpados ficam vagando nas trevas, os felizes usufruem de uma luz resplandecente e do sublime espetáculo do infinito.
Enfim, enquanto o mau, perseguido pelos remorsos e pelo arrependimento, frequentemente sozinho, sem consolações, separado dos objetos da sua afeição, padece sob a pressão dos sofrimentos morais, o justo, reunido àqueles que ama, desfruta as doçuras de uma inefável felicidade. Portanto, ali também há várias moradas, ainda que não sejam circunscritas nem localizadas.”

Em relação a elucidação a respeito do Sol, o capítulo II do livro A Gênese tem as seguintes palavras:

“33. Uma pessoa que se ache no fundo de um vale, envolvido por densa bruma, não vê o Sol. Entretanto, pela luz difusa, percebe a claridade do Sol. Se começa a subir a montanha, à medida que for ascendendo, o nevoeiro se irá dissipando e a luz ficará cada vez mais viva. Contudo, ainda não verá o Sol. Só depois que se haja elevado acima da camada brumosa e chegado a um ponto onde o ar esteja perfeitamente límpido, ela o contemplará em todo o seu esplendor.”

No capítulo VI do mesmo livro:
“14. Existindo, naturalmente, desde toda a eternidade, Deus criou por toda esta eternidade e não poderia ser de outro modo, visto que, por mais longínqua que seja a época a que recuemos, pela imaginação, os supostos limites da Criação, haverá sempre, além desse limite, uma eternidade — ponderai bem esta ideia —, uma eternidade durante a qual as divinas hipóstases, as volições infinitas teriam permanecido sepultadas em muda letargia inativa e infecunda, uma eternidade de morte aparente para o Pai eterno que dá vida aos seres; de mutismo indiferente para o Verbo que os governa; de esterilidade fria e egoísta para o Espírito de amor e vivificação.
Compreendamos melhor a grandeza da ação divina e a sua perpetuidade sob a mão do Ser absoluto! Deus é o Sol dos seres, é a Luz do mundo. Ora, a aparição do Sol dá instantaneamente nascimento a ondas de luz que se vão espalhando por todos os lados na extensão. Do mesmo modo, o universo, nascido do eterno, remonta aos períodos inimagináveis do infinito de duração, ao fiat lux! do início.
[...]

“33. Com efeito, a Via Láctea é uma campina semeada de flores solares e planetárias, que brilham em toda a sua enorme extensão. O nosso Sol e todos os corpos que o acompanham fazem parte desse conjunto de globos radiosos que formam a Via Láctea. Malgrado, porém, as suas proporções gigantescas, relativamente à Terra, e à grandeza do seu império, ele, o Sol, ocupa inapreciável lugar em tão vasta criação. Podem contar-se por uma trintena de milhões os sóis que, à sua semelhança, gravitam nessa imensa região, afastados uns dos outros de mais de cem mil vezes o raio da órbita terrestre.
34. Por esse cálculo aproximativo se pode julgar da extensão de tal região sideral e da relação que existe entre o nosso sistema planetário e a universalidade dos sistemas que o ocupam. Pode-se igualmente julgar da exiguidade do domínio solar e, a fortiori, do nada que é a nossa pequenina Terra. Que seria, então, se se considerassem os seres que a povoam!
Digo — “do nada” — porque as nossas determinações se aplicam não só à extensão material, física, dos corpos que estudamos — o que pouco seria — mas, também e sobretudo, ao estado moral deles como habitação e ao grau que ocupam na eterna hierarquia dos seres. A criação se mostra aí em toda a sua majestade, engendrando e propagando, em torno do mundo solar e em cada um dos sistemas que o rodeiam por todos os lados, as manifestações da vida e da inteligência.”

Convém pontuar as palavras do livro da Gênese “Deus é o Sol dos seres, é a Luz do mundo.” e as do irmão dialogando com o André “Nosso Sol é a divina matriz da vida, e a claridade que irradia provém do Autor da Criação”.


”Meu ego, como que absorvido em onda de infinito respeito, fixou a luz branda que invadia o quarto, através das janelas, e perdi-me no curso de profundas cogitações. Recordei, então, que nunca fixara o Sol, nos dias terrestres, meditando na imensurável bondade dAquele que no-lo concede para o caminho eterno da vida. Semelhava-me assim ao cego venturoso, que abre os olhos para a Natureza sublime, depois de longos séculos de escuridão.”

Quem em suma consciência encarnatória para a fim de observar o esplendor solar?! Poucos, pois muitos pensam não terem tempo para apreciar tão sublime luminosidade e sentir o calor revitalizador deste presente divino.
No caso de André, devido as suas responsabilidades quando encarnado, revela não ter tempo para admirar. É claro que depois de ter passado pelo processo após a sua desencarnação com trevas e culpas, a luz foi se necessária ser sentida, ser observada, ser...
Para essas passagens, as palavras da primeira parte do capítulo XI do livro O Céu e o Inferno traz vocábulos esclarecedores:

“Sem nos remontarmos aos tempos primeiros, olhemos em torno a gente do campo e perscrutemos os sentimentos de admiração que nela despertam o esplendor do Sol nascente, do firmamento a estrelada abóbada, o trinado dos pássaros, o murmúrio das ondas claras, o vergel florido dos prados. Para essa gente o Sol nasce por hábito, e uma vez que desprende o necessário calor para sazonar as searas, não tanto que as creste, está realizado tudo o que ela almejava; olha o céu para saber se bom ou mau tempo sobrevirá; que cantem ou não as aves, tanto se lhe dá, desde que não desbastem da seara os grãos; prefere às melodias do rouxinol, o cacarejar da galinhada e o grunhido dos porcos; o que deseja dos regatos cristalinos, ou lodosos, é que não sequem nem inundem; dos prados, que produzam boa erva, com ou sem flores.”

E no capítulo V (Bem aventurados os aflitos) do Evangelho segundo o Espiritismo:

“A experiência, porém, algumas vezes, vem um pouco tarde; quando a vida foi desperdiçada e perturbada, quando as forças foram gastas e o mal não tem remédio, o homem então passa a dizer: “Se no início da vida eu soubesse o que sei agora, quantos erros teria evitado! Se eu pudesse recomeçar, agiria totalmente diferente, mas não há mais tempo!”
Como o trabalhador preguiçoso que diz: “Perdi minha jornada”, ele também diz para si mesmo: “Perdi minha vida”. Porém, da mesma forma que, para o trabalhador, o Sol nasce no dia seguinte e uma nova jornada começa, permitindo a ele recuperar o tempo perdido, para o homem também, após a noite do túmulo, brilhará o Sol de uma nova vida na qual ele poderá aproveitar a experiência do passado e suas boas resoluções para o futuro.”

”A essa altura, serviram-me caldo reconfortante, seguido de água muito fresca, que me pareceu portadora de fluidos divinos. Aquela reduzida porção de liquido reanimava-me inesperadamente. Não saberia dizer que espécie de sopa era aquela; se alimentação sedativa, se remédio salutar. Novas energias amparavam-me a alma, profundas comoções vibravam-me no espírito.”

No novo local, André Luiz recebe todos os cuidados necessários para o seu refazimento: carinho, amor, alimento.
Convém observar neste parágrafo a referência aos “fluidos divinos”.
A questão 427 do Livro dos Espíritos explana:

“427. Qual a natureza do agente chamado fluido magnético?
“Fluido vital; eletricidade animalizada, que são modificações do fluido universal.””

E o capítulo II do livro A gênese aponta:
“22. Impotente para compreender a essência mesma da Divindade, o homem não pode fazer dela mais do que uma ideia aproximativa, mediante comparações necessariamente muito imperfeitas, mas que, ao menos, servem para lhe mostrar a possibilidade daquilo que, à primeira vista, lhe parece impossível.
Suponhamos um fluido bastante sutil para penetrar todos os corpos. Sendo ininteligente, esse fluido atua mecanicamente, por meio tão só das forças materiais. Se, porém, o supusermos dotado de inteligência, de faculdades perceptivas e sensitivas, ele já não atuará às cegas, mas com discernimento, com vontade e liberdade: verá, ouvirá e sentirá.
23. As propriedades do fluido perispirítico podem nos dar uma ideia. Ele não é de si mesmo inteligente, pois que é matéria, mas é o veículo do pensamento, das sensações e percepções do Espírito. O fluido perispiritual não é o pensamento do Espírito; é, porém, o agente e o intermediário desse pensamento. Sendo ele que o transmite, fica, de certo modo, impregnado do pensamento transmitido, e na impossibilidade em que nos achamos de isolar o pensamento, a nós parece que ele faz corpo com o fluido, dando a entender que são uma coisa só, como sucede com o som e o ar, de maneira que podemos, a bem dizer, materializá-lo. Assim como dizemos que o ar se torna sonoro, poderíamos, tomando o efeito pela causa, dizer que o fluido se torna inteligente.”

Já o capítulo VI:
10. Há um fluido etéreo que enche o espaço e penetra os corpos. Esse fluido é o éter ou matéria cósmica primitiva, geradora do mundo e dos seres.[...]
A substância etérea, mais ou menos rarefeita, que se difunde pelos espaços interplanetários; esse fluido cósmico que enche o mundo, mais ou menos rarefeito, nas regiões imensas, ricas de aglomerações de estrelas; mais ou menos condensado onde o céu astral ainda não brilha; mais ou menos modificado por diversas combinações, de acordo com as localidades da extensão, nada mais é do que a substância primitiva onde residem as forças universais, donde a natureza há tirado todas as coisas.
18. Esse fluido penetra os corpos, como um oceano imenso. É nele que reside o princípio vital que dá origem à vida dos seres e a perpetua em cada globo, conforme a condição deste, princípio que, em estado latente, se conserva adormecido onde a voz de um ser não o chama. Toda criatura, mineral, vegetal, animal ou qualquer outra — porquanto há muitos outros reinos naturais, de cuja existência nem sequer suspeitais — sabe, em virtude desse princípio vital e universal, apropriar as condições de sua existência e de sua duração.”
E o capítulo XVI:
“2. O fluido cósmico universal é, como já foi demonstrado, a matéria elementar primitiva, cujas modificações e transformações constituem a inumerável variedade dos corpos da natureza. (Cap. X.) Como princípio elementar do universo, ele assume dois estados distintos: o de eterização ou imponderabilidade, que se pode considerar o primitivo estado normal, e o de materialização ou de ponderabilidade, que é, de certa maneira, consecutivo àquele. O ponto intermédio é o da transformação do fluido em matéria tangível. Mas, ainda aí, não há transição brusca, porquanto podem considerar-se os nossos fluidos imponderáveis como termo médio entre os dois estados. (Cap. VI, itens 10 e seguintes.)
Cada um desses dois estados dá lugar, naturalmente, a fenômenos especiais: ao segundo pertencem os do mundo visível e ao primeiro os do mundo invisível. Uns, os chamados fenômenos materiais, são da alçada da Ciência propriamente dita, os outros, qualificados de fenômenos espirituais ou psíquicos, porque se ligam de modo especial à existência dos Espíritos, cabem nas atribuições do Espiritismo. Como, porém, a vida espiritual e a vida corporal se acham incessantemente em contato, os fenômenos das duas categorias muitas vezes se produzem simultaneamente. No estado de encarnação, o homem somente pode perceber os fenômenos psíquicos que se prendem à vida corpórea; os do domínio espiritual escapam aos sentidos materiais e só podem ser percebidos no estado de Espírito.”

”Minha maior emoção, todavia, reservava-se para instantes depois.”

Aquela velha frase depois da tempestade vem a bonança cai perfeitamente para esta frase. Após tantos sofrimentos e angústias, o ser espiritual desencarnado, ou mesmo encarnado, sente um alívio, uma sensação de paz. É uma emoção inexplicável.
Ainda nesta frase, cabe ressaltar que mesmo sentindo uma emoção forte, outras sensações e acontecimentos estavam por vir e fazê-lo mais comoções inesperadas.
Para este momento de sensação, Joanna de Angelis pontua:
“Caminhos do Coração
Multiplicam-se os caminhos do processo evolutivo, especialmente durante a marcha que se faz no invólucro carnal.  Há caminhos atapetados de facilidades, que conduzem a profundos abismos do sentimento.  Apresentam-se caminhos ásperos, coalhadas de pedrouços que ferem, na forma de vícios e derrocadas morais escravizadores.  Abrem-se, atraentes, caminhos de vaidade, levando a situações vexatórias, cujo recuo se torna difícil.  Repontam caminhos de angústia, marcados por desencantos e aflições desnecessárias, que se percorrem com loucura irrefreável.  Desdobram-se caminhos de volúpias culturais, que intoxicam a alma de soberba, exilando-a para as regiões da indiferença pelas dores alheias.  Aparecem caminhos de irresponsabilidade, repletos de soluções fáceis para os problemas gerados ao longo do tempo.  Caminhos e caminhantes! 
Existem caminhos de boa aparência, que disfarçam dificuldades de acesso e encobrem feridas graves no percurso.  Caminhos curtos e longos, retos e curvos, de ascensão e descida, estão por toda p
arte, especialmente no campo moral, aguardando ser escolhidos.  Todos eles conduzem a algum lugar, ou se interrompem, ou não levam a parte alguma... São, apenas, caminhos: começados, interrompidos, concluídos... 
Tens o direito de escolher o teu caminho, aquele que deves seguir.  Ao fazê-lo, repassa pela mente os objetivos que persegues, os recursos que se encontram à tua disposição íntima assinalando o estado evolutivo, a fim de teres condição de seguir.  Se possível, opta pelos caminhos do coração.  Eles, certamente, levarão os teus anseios e a tua vida ao ponto de luz que brilha à frente esperando por ti.  O 
homem estremunha-se entre os condicionamentos do medo, da ambição, da prepotência e da segurança que raramente discerne com correção.  O medo domina-lhe as paisagens íntimas, impedindo-lhe o crescimento, o avanço, retendo-o em situação lamentável, embora todas as possibilidades que lhe sorriem esperança. 
A 
ambição alucina-o, impulsionando-o para assumir compromissos perturbadores que o intoxicam de vapores venenosos, decorrentes da exagerada ganância.  A prepotência anestesia-lhe os sentimentos, enquanto lhe exacerba as paixões inferiores, tornando-o infeliz, na desenfreada situação a que se entrega.  A liberdade a que aspira, propõe-lhe licenças que se permite sem respeito aos direitos alheios nem observância dos deveres para com o próximo e a vida; destruindo qualquer possibilidade de segurança, que, aliás, é sempre relativa enquanto se transita na este física.  Os caminhos do coração se encontram, porém, enriquecidos da coragem, que se vitaliza com a esperança do bem, da humildade, que reconhece a própria fragilidade, e satisfaz-se com os dons do espírito - ao invés do tresvariado desejo de amealhar coisas de secundário importância - os serviços enobrecedores e a paz, que são a verdadeira segurança em relação às metas a conquistar. 
Os caminhos do coração encontram-se 
iluminados  pelo conhecimento da razão, que lhes clareia o leito, facilitando o percurso.  Jesus escolheu os caminhos do coração para acercar-se das criaturas e chamá-las ao reino dos Céus.  Francisco de Assis seguiu-Lhe o exemplo e tornou-se o herói da humildade. 
Vicente de Paulo optou pelos mesmos e fez-se o campeão da 
caridade. 
Gandhi redescobriu-os e comoveu o mundo, revelando-se como
apóstolo da não-violência.  Incontáveis criaturas, nos mais diversos períodos da humanidade e mesmo hoje, identificaram esses caminhos do coração e avançam com alegria na direção da plenitude espiritual.  Diante dos variados caminhos que se desdobram convidativos, escolhe os caminhos do coração, qual ovelha mansa, e deixa que o Bom Pastor te conduza ao aprisco pelo qual anelas.
Disponível em http://www.caminhosluz.com.br/detalhe.asp?txt=842.

”Mal não saíra da consoladora surpresa, divina melodia penetrou quarto a dentro, parecendo suave colmeia de sons a caminho das esferas superiores. Aquelas notas de maravilhosa harmonia atravessavam-me o coração. Ante meu olhar indagador, o enfermeiro, que permanecia ao lado, esclareceu, bondoso:
É chegado o crepúsculo em "Nosso Lar". Em todos os núcleos desta colônia de trabalho, consagrada ao Cristo, há ligação direta com as preces da Governadoria.”

Momentos sublimes são encontrados nas moradas do Pai Celestial, que dirá do cântico do crepúsculo, em que os corações se encontram em forma de prece.
Neste ínterim, Emmanuel contribui:

“Oração Nossa (Emmanuel/Chico Xavier)
Senhor,
ensina-nos a orar sem esquecer o trabalho,
a dar sem olhar a quem,
a servir sem perguntar até quando,
a sofrer sem magoar seja a quem for,
a progredir sem perder a simplicidade,
a semear o bem sem pensar nos resultados,
a desculpar sem condições ,
a marchar para a frente sem contar os obstáculos,
a ver sem malícia,
a escutar sem corromper os assuntos,
a falar sem ferir,
a compreender o próximo sem exigir entendimento,
a respeitar os semelhantes sem reclamar consideração,
a dar o melhor de nós, além da execução do próprio dever
sem cobrar taxas de reconhecimento.
Senhor,
fortalece em nós a paciência para com as dificuldades
dos outros, assim como precisamos da paciência dos outros
para com as nossas próprias dificuldades.
Ajuda-nos para que a ninguém façamos aquilo
que não desejamos para nós.
Auxilia-nos sobretudo a reconhecer que a nossa
felicidade mais alta será invariavelmente
aquela de cumprir os desígnios, onde e
como queiras, hoje, agora e sempre.”
Emmanuel
Mensagem psicografada por Chico Xavier

”E enquanto a música embalsamava o ambiente, despediu-se, atencioso:”

Estas palavras permitem ao encarnado e ao desencarnado ver que a vida após o desencarne continua e que tudo existente no plano dos encarnados também existe no plano dos desencarnados. Na realidade, o primeiro está mais para ser uma cópia meio que deturpada do segundo em que a perfeição consegue tocar os corações perfumando-os.

”- Agora, fique em paz. Voltarei logo após a oração.
Empolgou-me ansiedade súbita. ”

Quem não almeja a paz? Todos. E a prece é um caminho para ela.
Para estas reflexões, convém ler e sentir estas palavras de Emmanuel, que é mais um ensinamento do que uma própria reflexão:

“Música
Deixa que o teu coração voe, além do horizonte, nas asas da música sublime que verte do Céu a Terra, a fim de conduzir-nos da Terra ao Céu...
Ouvem-lhe os poemas de eterna beleza, em cuja exaltação da harmonia tudo é gloriosa ascensão.
Nesse arrebatamento às Esferas do Sem Fim, o silêncio será criação excelsa em tua alma, a lágrima ser-te-á soberana alegria e a dor será teu cântico.
Escuta e segue na flama do pensamento que transpõe a rota dos mundos, associando tuas preces de jubilosa esperança às cintilações das estrelas!...
Não te detenhas.
Cede à cariciosa influência da melodia que te impele à distância da sombra, para que a luz te purifique, pois a música que te eleva a emoção e te descerra a grandeza da vida significa, entre os homens, a mensagem permanente de Deus.
Disponível em http://www.caminhosluz.com.br/detalhe.asp?txt=5113


”- Não poderei acompanhar-vos? - perguntei, suplicante.
- Está ainda fraco - esclareceu, gentil -, todavia, caso sinta-se disposto...
Aquela melodia renovava-me as energias profundas. Levantei-me vencendo dificuldades e agarrei-me ao braço fraternal que se me estendia.  Seguindo vacilante, cheguei a enorme salão, onde numerosa assembleia meditava em silêncio, profundamente recolhida. Da abóbada cheia de claridade brilhante, pendiam delicadas e flóreas guirlandas, que vinham do teto à base, formando radiosos símbolos de Espiritualidade Superior. Ninguém parecia dar conta da minha presença, ao passo que mal dissimulava eu a surpresa inexcedível. Todos os circunstantes, atentos, pareciam aguardar alguma coisa. Contendo a custo numerosas indagações que me esfervilhavam na mente, notei que ao fundo, em tela gigantesca, desenhava-se prodigioso quadro de luz quase feérica. Obedecendo a processos adiantados de televisão, surgiu o cenário de templo maravilhoso. Sentado em lugar de destaque, um ancião coroado de luz fixava o Alto, em atitude de prece, envergando alva túnica de irradiações resplandecentes. Em plano inferior, setenta e duas figuras pareciam acompanhá-lo em respeitoso silêncio. Altamente surpreendido, reparei Clarêncio participando da assembleia, entre os que cercavam o velhinho refulgente.”

Nestes parágrafos pode-se perceber que a melodia tem a eficácia de levantar a todos quando sentidas de coração aberto.
Estes momentos descritos ocorrem no plano dos desencarnados; contudo, os encarnados podem usufruir destes instantes quando consegue se entregar ao amor, a verdade, ao caminho de luz, de renovação ao bem.
Meimei contribui para melhor esclarecimento:

Melodia
Escuta a melodia da vida, afagando a Natureza.
Mensageira de Deus, é o murmúrio luminífero das estrelas, nos céus, embelezando a noite como harmoniosos solfejos de ninar.
Na água do regato refrescante que atende o solo, canta na vibração de milhares de gotículas quais diamantes liqüefeitos, num impulso de tudo acariciar.
Penteando os cabelos de ouro do trigo maduro, no coração da seara, conduz-se nos braços do vento como alegria cantante em ritmo de felicidade.
Voluteando com o perfume das flores que as correntes aéreas carregam, saúda, canora, a face doirada do Sol que lhe oferece palco luminoso, enquanto sua música embevece os ouvidos do arvoredo exuberante que aplaude com um vibrante farfalhar de folhas.
Tomando as vozes do mar, desfeito em rendas de brancas espumas, na areia, evoluciona, ligeira, e abraça a praia orlada de verde relva qual tapete de esperança.
Evita, assim, que a tua aflição se transforme em tristeza e a amargura desfaça a vibração da melodia divina no teu coração.
Mesmo que tudo pareça conspirar contra a esperança que acalentas, escuta a ridente melodia da vida que te cerca e mantém a alegria como indicio de felicidade.
Vibra, feliz, mesmo que o coração esteja dilacerado e o rosto se encontre banhado de lágrimas...
A tempestade que beneficia, muitas vezes causa danos, para que a madrugada, bondosa, depois que a tormenta cesse, renove todas as coisas com a melodia da paz, num renascimento de esperança, sobre a terra vergastada onde as aves, felizes, construirão novos ninhos, entoando a sublime melodia da vida vitoriosa.”
Disponível em http://www.caminhosluz.com.br/detalhe.asp?txt=2526


”Apertei o braço do enfermeiro amigo, e, compreendendo ele que minhas perguntas não se fariam esperar, esclareceu em voz baixa, que mais se assemelhava a leve sopro:
- Conserve-se tranquilo. Todas as residências e instituições de "Nosso Lar" estão orando com o Governador, através da audição e visão a distância. Louvemos o Coração Invisível do Céu.”

Conserve-se tranquilo?” Quantos seres encarnados e desencarnados ouvem esta voz interior quando passa por momentos decisivos nas suas vidas? Então o desespero aparece; o desejo de ver tudo resolvido o mais rápido possível de acordo com as próprias vontades e anseios cresce mais ainda; as angústias afloram não permitindo a reflexão benéfica; enfim, o indivíduo não consegue perceber o auxílio chegando e deixa o turbilhão da tempestade dar trovoadas e relâmpagos no interior do seu ser.
É claro que esta reflexão pode não está relacionada com as palavras ditas pelo irmão; contudo, vale refletir a respeito, até mesmo porque quando a consciência está envolta num turbilhão de ideias negativas, o ser espiritual, não esclarecido e iluminado ainda, não consegue perceber a necessidade de estar com a mente tranquila para se realizar a prece e conversar com o plano espiritual elevado.
Conserve-se tranquilo?” difícil tarefa; porém necessária para o próprio bem estar espiritual.

Joanna de Ângelis tem palavras edificantes para este momento:

“Silêncio e Consciência
O silêncio interior resulta da tranquilidade emocional que  vontade bem dirigida imprime no comportamento do homem.
Sem essa quietação íntima muitas realizações permanecem inconclusas ou são terminadas com precipitação, portanto, imperfeitamente.
O correto direcionamento das aspirações, o exercício da prece, a reflexão em torno das leituras edificantes, geram o clima psíquico indispensável para a harmonia interna.
Mediante essa conquista desanuvia-se a área dos sentimentos retos, que elegem valores expressivos e duradouros, capazes de sobreviver ao desgaste do tempo e às variações emocionais.
Com o silêncio íntimo, os estados de consciência se tornam valiosos mecanismos de progresso.
Durante a lucidez o homem se educa, se disciplina, cumpre deveres, conquista espaços evolutivos.
Na fase do sono, porque liberado das paixões mais primitivas, desgarra-se, parcialmente, das roupas físicas e aprende com abnegados Instrutores que o promovem, levando-o a aprender em definitivo as finalidades da vida, a fim de entregar-se sem reserva a essa conquista.
Há homens que, no estado de consciência lúcida, continuam dormindo, anestesiados pelos tóxicos que expelem, como efeito daquilo que cultivam...
Quando em sono, padecem, agredidos por malfeitores espirituais com os quais se afinizam e se mesclam.
Reserva-te a alegria de manter-te sempre lúcido, em qualquer estado de consciência.
Aprofunda a mente nos objetivos essenciais da tua existência e silencia teus tormentos, canalizando forças para a tua paz.
Jesus, invariavelmente, após as estafantes realizações fugia das multidões insaciáveis e fazia silêncio, buscando, na oração, a plenitude com Deus.”

”Mal terminara a explicação, as setenta e duas figuras começaram a cantar harmonioso hino, repleto de indefinível beleza. A fisionomia de Clarêncio, no círculo dos veneráveis companheiros, figurou-se-me tocada de mais intensa luz. O cântico celeste constituía-se de notas angelicais, de sublimado reconhecimento. Pairavam no recinto misteriosas vibrações de paz e de alegria e, quando as notas argentinas fizeram delicioso staccato, desenhou-se ao longe, em plano elevado, um coração maravilhosamente azul[1] (1), com estrias douradas. Cariciosa música, em seguida, respondia aos louvores, procedente talvez de esferas distantes. Foi aí que abundante chuva de flores azuis se derramou sobre nós; mas, se fixávamos os miosótis celestiais, não conseguíamos detê-los nas mãos. As corolas minúsculas desfaziam-se de leve, ao tocar-nos a fronte, experimentando eu, por minha vez, singular renovação de energias ao contato das pétalas fluídicas que me balsamizavam o coração.”

Neste parágrafo, pode-se verificar os efeitos de uma prece realizada com o coração aberto para o amor. Pode-se, ainda, pontuar a realização desta quando proferida com conjunto de espíritos entregues a fraternidade absoluta de confraternização da simpatia, da ternura, do amor...
No que concerne a este tema, o Livro dos Espíritos nas perguntas 658, 659 e 660 esclarece:
A Prece
658. A prece é agradável a Deus?
“A prece é sempre agradável a Deus, quando ditada pelo coração, pois a intenção é tudo para ele; a prece feita de coração é preferível àquela que podes ler, por mais bela que seja, se a lês mais com os lábios do que com o pensamento.
A prece é agradável a Deus, quando dita com fé, fervor e sinceridade; mas não creias que ele seja tocado pela do homem vão, orgulhoso e egoísta, a menos que represente, de sua parte, um ato de sincero arrependimento e de verdadeira humildade.”
659. Qual o caráter geral da prece?
“A prece é um ato de adoração. Orar a Deus é pensar nele; é aproximar-se dele; é colocar-se em comunicação com ele. Através da prece, podemos propor-nos a três coisas: louvar, pedir, agradecer.”
660. A prece torna o homem melhor?
“Sim, pois aquele que ora com fervor e confiança torna-se mais forte contra as tentações do mal e Deus lhe envia bons Espíritos para assisti-lo. É um socorro que jamais é recusado, quando é pedido com sinceridade.”

”Terminada a sublime oração, regressei ao aposento de enfermo, amparado pelo amigo que me atendia de perto. Entretanto, não era mais o doente grave de horas antes. A primeira prece coletiva, em "Nosso Lar", operara em mim completa transformação. Conforto inesperado envolvia-me a alma. Pela primeira vez, depois de anos consecutivos de sofrimento, o pobre coração, saudoso e atormentado, à maneira de cálice muito tempo vazio, enchera-se de novo das gotas generosas do licor da esperança.”

Quando encarnados os homens procuram remédios para a cura de seus males; no entanto, quando se estuda os assuntos relacionados ao espírito, consegue-se aprender que a prece é um remédio eficaz para a cura deles. Apesar disso, convém acrescentar que muitas doenças requer o auxílio de outros meios, tal como a dos médicos encarnados, que estão a serviço de Deus também.
Mais uma vez, Joanna de Ângelis apresenta uma pílula de amor:

“Oração
Não desconsideres o valor e o poder da oração.
O corpo necessita de alimento adequado para manter-se. Assim também o Espírito, que é a fonte de vitalização da matéria.
A prece constitui um combustível de alta qualidade para a sua harmonia.
Adquire o hábito de orar, incorpora-o aos outros mecanismos naturais da tua existência e constatarás os benefícios disso decorrentes.
Não te negues o pão da vida, que é a prece sincera e afervorada.
Sempre que possível, luariza-te com a oração.
Faze espaços mentais e busca as Fontes da Vida, onde haurirás energias puras e paz.
Todos os santos e místicos que alteraram o rumo moral da Humanidade para melhor, no Oriente como no Ocidente, são unânimes em aconselhar a prece como o recurso mais eficaz para preservar-se ou conquistar-se a harmonia íntima.
Jesus mantinha a convivência amiga com os 
discípulos e o povo, no entanto, reservava momentos para conversar com Deus através da oração, exaltando a excelência desses colóquios sublimes.
Sai, portanto, do turbilhão em que te encontras mergulhado e segue no rumo do oásis da prece para te refazeres e te banhares de paz.”
Disponível em http://www.caminhosluz.com.br/detalhe.asp?txt=120.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:


FRANCO, Divaldo P. Psicologia da gratidão. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 3.ed. Rio de Janeiro: Leal, 2014.
KARDEC, Allan. A Gênese: os milagres e as predições segundo o Espiritismo. Trad. de Guillon Ribeiro da 5. ed. francesa. 48. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005.
______. O céu e o inferno ou A Justiça divina segundo o Espiritismo. Trad. de Manuel Justiniano Quintão. 57. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005.
______. O Evangelho segundo o Espiritismo. Trad. de Guillon Ribeiro da 3. ed. francesa rev., corrig. e modif. pelo autor em 1866. 124. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004.
______. O Livro dos Espíritos: princípios da Doutrina Espírita. Trad. de Guillon Ribeiro. 86. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005.




[1] Imagem simbólica formada pelas vibrações mentais dos habitantes da colônia. - (Nota do Autor espiritual.)

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