sábado, 21 de fevereiro de 2015

Cap. X – Itens 1 a 4

Perdoai, para que Deus vos perdoe

1.          Bem-aventurados os que são misericordiosos, porque obterão misericórdia. (S. MATEUS, cap. V, v. 7.)

2.          Se perdoardes aos homens as faltas que cometerem contra vós, também vosso Pai celestial vos perdoará os pecados; - mas, se não perdoardes aos homens quando vos tenham ofendido, vosso Pai celestial também não vos perdoará os pecados. (S. MATEUS, cap. VI, vv. 14 e 15.)

3.          Se contra vós pecou vosso irmão, ide fazer-lhe sentir a falta em particular, a sós com ele; se vos atender, tereis ganho o vosso irmão. - Então, aproximando-se dele, disse-lhe Pedro: "Senhor, quantas vezes perdoarei a meu irmão, quando houver pecado contra mim? Até sete vezes?" - Respondeu-lhe Jesus: "Não vos digo que perdoeis até sete vezes, mas até setenta vezes sete vezes." (S. MATEUS, cap. XVIII, vv. 15, 21 e 22.)

4. A misericórdia é o complemento da brandura, porquanto aquele que não for misericordioso não poderá ser brando e pacífico. Ela consiste no esquecimento e no perdão das ofensas. O ódio e o rancor denotam alma sem elevação, nem grandeza. O esquecimento das ofensas é próprio da alma elevada, que paira acima dos golpes que lhe possam desferir. Uma é sempre ansiosa, de sombria suscetibilidade e cheia de fel; a outra é calma, toda mansidão e caridade.
Ai daquele que diz: nunca perdoarei. Esse, se não for condenado pelos homens, sê-lo-á por Deus. Com que direito reclamaria ele o perdão de suas próprias faltas, se não perdoa as dos outros? Jesus nos ensina que a misericórdia não deve ter limites, quando diz que cada um perdoe ao seu irmão, não sete vezes, mas setenta vezes sete vezes.
Há, porém, duas maneiras bem diferentes de perdoar: uma, grande, nobre, verdadeiramente generosa, sem pensamento oculto, que evita, com delicadeza, ferir o amor-próprio e a suscetibilidade do adversário, ainda quando este último nenhuma justificativa possa ter; a segunda é a em que o ofendido, ou aquele que tal se julga, impõe ao outro condições humilhantes e lhe faz sentir o peso de um perdão que irrita, em vez de acalmar; se estende a mão ao ofensor, não o faz com benevolência, mas com ostentação, a fim de poder dizer a toda gente: vede como sou generoso! Nessas circunstâncias, é impossível uma reconciliação sincera de parte a parte. Não, não há aí generosidade; há apenas uma forma de satisfazer ao orgulho. Em toda contenda, aquele que se mostra mais conciliador, que demonstra mais desinteresse, caridade e verdadeira grandeza dalma granjeará sempre a simpatia das pessoas imparciais.

Questões para estudo:
1 – Em que consiste a misericórdia?

2 – Por que o texto diz: “Ai daquele que diz: nunca perdoarei”?

3 – Extraia do texto acima a frase ou parágrafo que mais gostou e justifique.


A CÓLERA

Emmanuel

A cólera é responsável por alta percentagem do obituário no mundo, como legítimo fator de enfermidade e portadora da morte.
Além disso, é também a raiz de grande parte dos males e perturbações que dilapidam na base a segurança dos serviços associativos na Terra.
Nos lares invigilantes, é o gênio obscuro da discórdia.
Nas instituições respeitáveis, é o fermento da separação.
Nas vias públicas, é a porta de acesso à crueldade.
Nos círculos da fé, exprime-se por brecha pela qual se infiltram as forças destrutivas da sombra.
Nos fracos, estabelece o abatimento imediato.
Nos expoentes da inveja e do despeito, engendra o desequilíbrio já que efetua a ligação da alma com as entidades representativas de regiões inferiores e conturbadas.
Nos corações desprevenidos, lança as teias da violência.
Nos irritadiços, espalha as sugestões da delinquência.
Em toda parte, quando encontra guarida em algum coração impermeável ao bem, transforma-se em suporte de terríveis processos obsessivos que somente a Compaixão Divina associada à bondade humana conseguem reduzir ou sanar.
Recebemos a experiência, por mais difícil, com a luz da confiança no Senhor que, nos oferecendo a luta depuradora, nos possibilita a própria regeneração.
A passagem na Terra é aprendizado.
Revoltar-se o homem, à frente da vida, é recusar a oportunidade de elevar-se ante a luz da própria sublimação.

Do livro “Canais da Vida”


Cap. IX – Itens 8 a 10

Obediência e resignação

A doutrina de Jesus ensina, por toda a parte, a obediência e a resignação, duas virtudes que acompanham a doçura, e que são muito ativas, embora os homens as confundam, erradamente, com a negação do sentimento e da vontade. A obediência é o consentimento da razão; a resignação é o consentimento do coração. As duas são forças ativas, pois levam o fardo das provas que a revolta insensata deixa cair. O covarde não pode ser um resignado, assim como o orgulhoso e o egoísta não podem ser criaturas obedientes. Jesus foi a encarnação dessas virtudes que a antiguidade materialista desprezava. Ele veio no momento em que a sociedade romana naufragava nos desmandos da corrupção; Ele veio fazer brilhar, no meio da humanidade oprimida, os triunfos do sacrifício e da renúncia à sensualidade.
Cada época é marcada pela virtude ou pelo vício que deverão salvá-la ou perdê-la. A virtude da vossa geração é a atividade intelectual; seu vício é a indiferença moral. Digo, somente, atividade, porque o gênio se eleva de repente e descobre, sozinho, os horizontes que a multidão só verá depois dele, enquanto que a atividade é a reunião dos esforços de todos para atingir um objetivo menos brilhante, mas que prova a elevação intelectual de uma época. Submetei-vos ao impulso que viemos dar aos vossos espíritos; obedecei à grande lei do progresso, que é a palavra da vossa geração. Infeliz do espírito preguiçoso, daquele que fecha o seu entendimento! Infeliz dele! Porque nós, que somos os guias da humanidade em marcha, o chicotearemos, e forçaremos a sua vontade rebelde, com o duplo esforço do freio e da espora; mais cedo ou mais tarde toda a resistência orgulhosa deverá ceder, mas bem-aventurados os que são mansos, porquanto ouvirão docilmente os ensinamentos. (Lázaro. Paris, 1863.)

A cólera

9. O orgulho faz com que a criatura se julgue superior ao que é realmente, e não suporte passar por uma comparação que possa rebaixá-la; faz também com que se considere de tal forma acima dos seus semelhantes, seja em aptidões, seja em posição social, seja em vantagens pessoais que o menor paralelo a irrita e a fere; e então o que acontece? Ela se entrega à cólera.
Procurai a origem desses acessos de demência passageira, que vos fazem perder o sangue frio e a razão e vos assemelham ao bruto; procurai, e quase sempre achareis o orgulho ferido como base de tudo. Não é o amor-próprio que, ferido por uma contradição, vos faz rejeitar observações justas, e repudiar com cólera os mais sábios conselhos? Até mesmo as impaciências, causadas por contrariedades, muitas vezes pueris, dependem da importância que atribuís à personalidade, diante da qual julgais que todos se devem curvar.
No seu desvario, o homem colérico se revolta contra tudo, desde a natureza bruta aos objetos inanimados que ele quebra porque não lhe obedecem. Ah, se nesses momentos ele pudesse se ver a sangue frio, teria pena de si mesmo, ou se acharia bem ridículo. Que julgue por aí, a impressão que deve causar nos outros. Ainda que seja por respeito a si mesmo, ele deveria se esforçar para vencer uma tendência que o faz digno de piedade.
Se pensasse que a cólera não serve para nada, que altera a saúde, compromete até a sua vida, ele perceberia que é a sua primeira vítima; mas existe ainda uma consideração que deveria detê-lo: o pensamento de que torna infelizes todos aqueles que o cercam. Se tem coração, não deve sentir remorsos por fazer sofrer as pessoas que mais ama? E que remorso mortal não sentiria se, em um acesso de fúria, cometesse um ato do qual tivesse que se arrepender por toda a sua vida.
Em suma, a cólera não exclui certas qualidades do coração, mas impede que se pratique muito mais o bem permitindo que se possa fazer muito mais o mal. Isso deve ser suficiente para induzir o homem a empreender esforços para dominá-la. O espírita, aliás, é induzido a isso por outro motivo, o de que a cólera é contrária à caridade e à humildade cristãs. (Um espírito protetor. Bordeaux, 1863.)

10. De acordo com a ideia, completamente falsa, de que não pode reformar a sua própria natureza, o homem acredita que não tem obrigação de fazer esforços para se corrigir dos defeitos nos quais ele se compraz voluntariamente ou que, para serem eliminados, exigiriam muita perseverança. É assim, por exemplo, que o homem com tendência à cólera quase sempre se desculpa por seu temperamento. Em vez de reconhecer a sua culpa, ele transfere a falha para o seu organismo, acusando, dessa forma, a Deus por seus próprios defeitos. É ainda uma consequência do orgulho que se encontra misturado a todas as suas imperfeições.
Sem a menor dúvida, existem temperamentos que se prestam mais que outros a atos violentos, assim como existem músculos mais flexíveis que se prestam melhor a grandes esforços. Não acrediteis, porém, que aí se encontre a principal causa da cólera; ficai certos de que um espírito pacífico, mesmo em um corpo irascível, será sempre pacífico, e que um espírito violento, mesmo em um corpo sem energia, não será brando. A violência somente tomará uma outra característica, porquanto, não tendo um organismo próprio para manifestá-la, a cólera ficará contida, enquanto que no outro caso se mostrará livremente.
O corpo não dá impulsos de cólera a quem não a possui, assim como não dá outros vícios. Todas as virtudes e todos os vícios são inerentes ao espírito, sem isso onde estaria o mérito e a responsabilidade? O homem que é deformado não pode tornar-se direito, porque o espírito não tem nada com isso, mas ele pode modificar o que é do espírito quando tem uma vontade firme. A experiência não vos prova, espíritas, até onde pode ir o poder da vontade, pelas transformações verdadeiramente miraculosas que vedes acontecer? Dizei, pois, que o homem permanece vicioso porque quer ficar vicioso; mas aquele que deseja se corrigir sempre pode fazê-lo, se assim não fosse, a lei do progresso não existiria para o homem. (Hahnemann.(83) Paris, 1863.)

Questões para estudo:

1 – Por que está incorreto compreender a obediência e a resignação como sendo a negação do sentimento e da vontade?

2 – O que podemos fazer para evitar os acessos de cólera?

3 – Extraia do texto acima a frase ou parágrafo que mais gostou e justifique.


domingo, 8 de fevereiro de 2015

Cap. IX – Itens 6 e 7

A afabilidade e a doçura

6. A benevolência para com os seus semelhantes, fruto do amor ao próximo, produz a afabilidade e a doçura, que lhe são as formas de manifestar-se. Entretanto, nem sempre há que fiar nas aparências. A educação e a frequentação do mundo podem dar ao homem o verniz dessas qualidades. Quantos há cuja fingida bonomia não passa de máscara para o exterior, de uma roupagem cujo talhe primoroso dissimula as deformidades interiores! O mundo está cheio dessas criaturas que têm nos lábios o sorriso e no coração o veneno; que aso brandas, desde que nada as agaste, mas que mordem à menor contrariedade; cuja língua, de ouro quando falam pela frente, se muda em dardo peçonhento, quando estão por detrás.
A essa classe também pertencem esses homens, de exterior benigno, que, tiranos domésticos, fazem que suas famílias e seus subordinados lhes sofram o peso do orgulho e do despotismo, como a quererem desforrar-se do constrangimento que, fora de casa, se impõem a si mesmos. Não se atrevendo a usar de autoridade para com os estranhos, que os chamariam à ordem, acham que pelo menos devem fazer-se temidos daqueles que lhes não podem resistir. Envaidecem-se de poderem dizer: "Aqui mando e sou obedecido", sem lhes ocorrer que poderiam acrescentar: "E sou detestado."
Não basta que dos lábios manem leite e mel. Se o coração de modo algum lhes está associado, só há hipocrisia. Aquele cuja afabilidade e doçura não são fingidas nunca se desmente: é o mesmo, tanto em sociedade, como na intimidade. Esse, ao demais, sabe que se, pelas aparências, se consegue enganar os homens, a Deus ninguém engana. - Lázaro. (Paris, 1861.)

A paciência
7. A dor é uma bênção que Deus envia a seus eleitos; não vos aflijais, pois, quando sofrerdes; antes, bendizei de Deus onipotente que, pela dor, neste mundo, vos marcou para a glória no céu.
Sede pacientes. A paciência também é uma caridade e deveis praticar a lei de caridade ensinada pelo Cristo, enviado de Deus. A caridade que consiste na esmola dada aos pobres é a mais fácil de todas. Outra há, porém, muito mais penosa e, conseguintemente, muito mais meritória: a de perdoarmos aos que Deus colocou em nosso caminho para serem instrumentos do nosso sofrer e para nos porem à prova a paciência.
A vida é difícil, bem o sei. Compõe-se de mil nadas, que são outras tantas picadas de alfinetes, mas que acabam por ferir. Se, porém, atentarmos nos deveres que nos são impostos, nas consolações e compensações que, por outro lado, recebemos, havemos de reconhecer que são as bênçãos muito mais numerosas do que as dores. O fardo parece menos pesado, quando se olha para o alto, do que quando se curva para a terra a fronte.
Coragem, amigos! Tendes no Cristo o vosso modelo. Mais sofreu ele do que qualquer de vós e nada tinha de que se penitenciar, ao passo que vós tendes de expiar o vosso passado e de vos fortalecer para o futuro. Sede, pois, pacientes, sede cristãos. Essa palavra resume tudo. - Um Espírito amigo. (Havre, 1862.)

Questões para estudo:
1 – Como podemos desenvolver a afabilidade e a doçura?

2 – Por que podemos afirmar que a paciência é uma caridade?


3 – Extraia do texto acima a frase ou parágrafo que mais gostou e justifique.
NÃO VIOLENTES

Emmanuel

A violência, é sempre o mal em ação, ainda mesmo quando pareça construir um atalho para o bem.
Enquanto o Sol, sem palavras, consegue inspirar confiança ao viajor, o vento ruidoso e forte, provoca medo e reação por onde passa.
A propósito de auxiliar não violentes a ninguém.
Usa a energia bondosa, com quem sabe que o buril há de ser firme para subtrair a estátua primorosa ao mármore selvagem, mas abstém-te indiscriminados, converte a pedra valiosa em estilhaços inúteis.
Não exigirás que a plantinha frágil de hoje te enriqueça aos celeiros num milagre de produção, que só o pomar amadurecido consegue realizar.
Não pedirás ao botão entreaberto o prodígio da rosa que só amanhã desabrochará plena de cor e perfume.
O tempo é condição inalienável para todas as realizações.
Aprende a respeitar o próximo na insipiência da cultura ou do aperfeiçoamento, nos defeitos ou nas falhas com que ainda se te apresenta aos olhos, se desejas realmente cooperar na extensão do bem.
Se sabes ver a imperfeição dos outros, se alcançaste um degrau à frente do companheiro, se contas com mais amplas oportunidades de fazer, estudar, compreender e prosperar, não olvides que a superioridade significa dever de servir e estende mãos fraternas aos que te seguem na retaguarda.
Não acuses, não reclames, não dilacere.
Se já sabes entender, ama e auxilia sempre.
Recorda que Jesus jamais nos violentou nos dias de nossa ignorância maior e, esquecendo o fel da reprovação, usa a paciência e a bondade, as duas chaves do amor que nos descerrarão nova luz nos horizontes da Vida Imperecível.


Do livro  “Assim Vencerás”
Cap. IX - Itens 1 a 5
Injúrias e Violências

Bem-aventurados os que são brandos, porque possuirão a Terra. (S. MATEUS, cap. V, v. 4.)

Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus. (Id., v. 9.)

Sabeis que foi dito aos antigos: Não matareis e quem quer que mate merecerá condenação pelo juízo. - Eu, porém, vos digo que quem quer que se puser em cólera contra seu irmão merecerá condenado no juízo; que aquele que disser a seu irmão: Raca, merecerá condenado pelo conselho; e que aquele que lhe disser: És louco, merecerá condenado ao fogo do inferno. (Id., vv. 21 e 22.)

Por estas máximas, Jesus faz da brandura, da moderação, da mansuetude, da afabilidade e da paciência, uma lei. Condena, por conseguinte, a violência, a cólera e até toda expressão descortês de que alguém possa usar para com seus semelhantes. Raca, entre os hebreus, era um termo desdenhoso que significava homem que não vale nada, e se pronunciava cuspindo e virando para o lado a cabeça. Vai mesmo mais longe, pois que ameaça com o fogo do inferno aquele que disser a seu irmão: És louco.

Evidente se torna que aqui, como em todas as circunstâncias, a intenção agrava ou atenua a falta; mas, em que pode uma simples palavra revestir-se de tanta gravidade que mereça tão severa reprovação? E que toda palavra ofensiva exprime um sentimento contrário à lei do amor e da caridade que deve presidir às relações entre os homens e manter entre eles a concórdia e a união; é que constitui um golpe desferido na benevolência recíproca e na fraternidade que entretém o ódio e a animosidade; é enfim, que, depois da humildade para com Deus, a caridade para com o próximo é a lei primeira de todo cristão.

Mas, que queria Jesus dizer por estas palavras: "Bem-aventurados os que são brandos, porque possuirão a Terra", tendo recomendado aos homens que renunciassem aos bens deste mundo e havendo-lhes prometido os do céu? Enquanto aguarda os bens do céu, tem o homem necessidade dos da Terra para viver.  Apenas, o que ele lhe recomenda é que não ligue a estes últimos mais importância do que aos primeiros.

Por aquelas palavras quis dizer que até agora os bens da Terra são açambarcados pelos violentos, em prejuízo dos que são brandos e pacíficos; que a estes falta muitas vezes o necessário, ao passo que outros têm o supérfluo. Promete que justiça lhes será feita, assim na Terra como no céu, porque serão chamados filhos de Deus. Quando a Humanidade se submeter à lei de amor e de caridade, deixará de haver egoísmo; o fraco e o pacífico já não serão explorados, nem esmagados pelo forte e pelo violento. Tal a condição da Terra, quando, de acordo com a lei do progresso e a promessa de Jesus, se houver tornado mundo ditoso, por efeito do afastamento dos maus.

Questões para estudo:

1 – Por que Jesus repreende com tamanha severidade aquele que disser “Raca”?


2 – Qual o significado de "Bem-aventurados os que são brandos, porque possuirão a Terra"?

3 – Extraia do texto acima a frase ou parágrafo que mais gostou e justifique.


ESCÂNDALO E NÓS

Emmanuel

Acalmar-nos, a fim de trabalhar e servir com segurança  será sempre o processo mais eficiente para liberar-nos  da influência de escândalos, quaisquer que eles sejam.
Não poucas vezes, demoramo-nos acalentando mágoas e  condenações contra nós mesmos, das quais costumamos sair  desolados ou deprimidos, aumentando a incapacidade  própria para qualquer reajuste.
Teremos errado, reconheçamos.
Lamentar-nos, porém, indefinidamente, seria o mesmo que  segregar-nos em remorso, não só improdutivo mas destrutivo  também, porquanto comunicaríamos o fogo de nossas próprias  inquietações aos entes que mais amamos.
Importante aceitar nossas culpas, mas desaconselhável  acomodar-nos voluptuosamente com elas, sem a mínima  diligência para extinguir-lhes os desastrosos resultados.
Queixar-se alguém de si próprio, uma, duas, três vezes,  quanto às dívidas e defeitos de que se lhe onere o caminho,  será claramente compreensível, mas lastimar-se, todos os  dias, e acusar-se, em todas as circunstâncias, sem qualquer  esforço para melhorar de situação, pode transformar-se em  atitude compulsiva, gerando enfermidade e perturbação.
Esterilidade, em qualquer setor, será invariavelmente.
Recordemos a lição viva e constante do livre arbítrio a  conclamar-nos ao próprio burilamento e utilizemos o  empréstimo das horas que nos é concedido, nos recursos em  mão, comandando as oportunidades que o tempo nos faculte  para empreender as renovações de que sejamos carecedores.
Somos espíritos eternos e, conquanto nos caiba o dever de  aproveitar as experiências do passado no que evidenciem de  útil e de preparar o futuro para que o destino se nos faça  mais elevado, lembremo-nos de que somos chamados nas áreas  do agora a viver um dia de cada vez.
Erros, teremos perpetrado inúmeros.
Débitos, temo-los ainda enormes.
Entretanto, se soubermos empregar com critério e equilíbrio  os instrumentos de que dispomos, não há tempo a desperdiçar  com lamentos inúteis, de vez que, quanto mais quisermos  aprender e trabalhar, compreender e servir, mais alto e  mais belo se nos fará o caminho na direção da Vida Melhor.

Do livro “Rumo Certo”


quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015


Livro em estudo: Ação e reação

Tema: Capítulo 1 - Luz nas sombras - Conclusão

         
QUESTÕES PROPOSTAS PARA ESTUDO


1.-  Qual era a finalidade da instituição em que se encontravam os personagens desse relato?
   
Segundo o relato de André Luiz, a "Mansão Paz", onde se encontrava em nova tarefa de aprendizado, dedica-se "a receber espíritos infelizes ou enfermos, decididos a trabalhar pela própria regeneração, criaturas essas que se elevam a colônias de aprimoramento na Vida Superior ou que retornam à esfera dos homens para a reencarnação retificadora." Para cumprir essa finalidade, está instalada em casario com "todos os recursos de segurança e defesa, mantêm setores de assistência e cursos de instrução, nos quais médicos e sacerdotes, enfermeiros e professores encontram, depois da morte terrestre, aprendizados e quefazeres da mais elevada importância."

2.- Por que alguns dos espíritos sofredores que eram observados não podiam ser ajudados?

Porque esses espíritos ainda se encontravam em situação psíquica que não lhes permitia a prestação de socorro espiritual.
Como explicou o Instrutor Druso, "a salvação só é realmente importante para aqueles que desejam salvar-se." Os espíritos vistos por André Luiz em meio ao terrível turbilhão formado pelas forças da Natureza encontravam-se em tal estado de desequilíbrio que sequer tinham consciência da necessidade dessa ajuda. Apresentavam-se sofridos, como feras humanas, proferindo maldições e gemidos. Não se encontravam ainda preparados para o convívio com o ambiente espiritual do local.
Se acolhidos naquele momento, atacariam a todos e arrasariam a Instituição. Só se conseguiria levar a perturbação ao ambiente, sem que se conseguisse efetivamente atingir o objetivo de ajudá-los.

3.- O que o Instrutor quis dizer com: "a ordem é a base da caridade"?
   
Quis o Instrutor demonstrar que, para se prestar a caridade, é indispensável a manutenção da ordem. Os espíritos de ordem superior têm a ordem e a disciplina como a base do trabalho que desenvolvem em prol dos que se encontram em escala evolutiva inferior. Vemos isso com muita clareza em todas as obras em que André Luiz relata o seu trabalho no mundo espiritual. Mesmo nas Colônias, a vida é caracterizada por uma ordem que preside o seu funcionamento e que é observada  por todos, desde os seus dirigentes até os que nela habitam e trabalham.

4.- Qual a razão desses espíritos encontrarem-se nessa situação?


Essa situação de tamanho sofrimento e desequilíbrio espiritual é causada pela natureza dos pensamentos desgovernados  e cruéis que esses espíritos ainda praticam. São espíritos que cultivam o sentimento de ódio, que agridem e ferem os seus semelhantes, afrontando habitualmente a Lei de Amor, que é a mola mestra do Universo.


5.- Como o espírito pode se livrar dessas provações?

O sofrimento é a expiação dos equívocos, é sua consequência, mas não serve como resgate. Não haveria Justiça se o devedor quitasse sua dívida com o sofrimento. Ele serve como instrumento para o despertamento do espírito. É o primeiro passo, que vai levá-lo à conscientização do erro, ao remorso. Mas não basta. É preciso emergir do sofrimento para a sementeira reparadora, como frisou Druso. Ou seja, é preciso dar início ao processo de reparação que o recolocará no caminho da evolução. Não basta sofrer. É preciso construir.


6.- Que tipo ou classe de espíritos habitam essas regiões? Explique por que os selvagens não fazem parte dessa classe de espíritos.

Segundo esclareceu o Instrutor, regiões como essa onde se situa a "Mansão Paz" é habitada por espíritos perseverantes na prática do mal, que se dedicam a toda sorte de crimes. São espíritos que trazem suas consciências enegrecidas pelos atos criminosos a que se devotam. Conhecem as responsabilidades morais com que deveriam se portar mas as desprezam.
Os espíritos que habitam os corpos daqueles que conhecemos como selvagens são de natureza diferente. Vivem o estado primitivo da humanidade, o estado de natureza, que Kardec definiu como "a infância da humanidade e o ponto de partida do seu desenvolvimento intelectual e moral" (O Livro dos Espíritos, questão 776). Confinam-se em florestas, que lhes restringem os interesses materiais. Como seu estado mental ainda é primitivo, são dirigidos por benfeitores espirituais que lhes inspiram as ações. Suas encarnações servem como fonte de ensinamentos, que levam até eles a educação que impulsionará suas evoluções.

7.- O que significa o "inferno" nas palavras do instrutor e qual sua função?

Druso definiu o inferno como regiões onde predominam as vibrações de espíritos desequilibrados, perseverantes no mal, que criam mentalmente seus padecimentos. São regiões onde se aglutinam pela baixa sintonia espíritos que, embora com o conhecimento da verdade e da justiça, inclinam-se para a prática delituosa. Como explica, "desatentos para com o dever nobilitante que o mundo lhes assinala, depois da morte do corpo estagiam nestes sítios por dias, meses ou anos, reconsiderando as suas atitudes, antes da reencarnação que lhes compete abraçar, para o reajustamento tão breve quanto possível."

8.- Por que Deus permite que existam esses lugares de tanto sofrimento?

Deus permite a existência desses lugares não só por respeitar o nosso livre-arbítrio como também para que esses espíritos aprendam a valorizar o bem, vivenciando as consequências do mal que praticaram. Como disse o Instrutor, Deus permite que se corrija o mal com o próprio mal.


AÇÃO E REAÇÃO (FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER, DITADO PELO ESPÍRITO ANDRÉ LUIZ)

Capítulo 1 

"Luz nas sombras"

(...)
Hilário e eu visitávamos a "Mansão Paz", notável escola de reajuste de que Druso era o diretor abnegado e amigo.
O estabelecimento, situado nas regiões inferiores, era bem uma espécie de "mosteiro São Bernardo", em zona castigada por natureza hostil, com a diferença de que a neve, quase constante em torno do célebre convento encravado nos desfiladeiros entre a Suíça e a Itália , era ali substituída pela sombra espessa, que, naquela hora, se adensava, movimentada e terrível, ao redor da instituição, como se tocada por ventania incessante.
O pouso acolhedor, que permanece sob a jurisdição de "Nosso Lar" (Cidade espiritual na Esfera Superior. - Nota do Autor espiritual), está fundado há mais de três séculos, dedicando-se a receber Espíritos infelizes ou enfermos, decididos a trabalhar pela própria regeneração, criaturas essas que se elevam a colônias de aprimoramento na Vida Superior ou que retornam à esfera dos homens para a reencarnação retificadora.
Em razão disso, o casario enorme, semelhante a vasta cidadela instalada com todos os recursos de segurança e defesa, mantém setores de assistência e cursos de instrução, nos quais médicos e sacerdotes, enfermeiros e professores encontram, depois da morte terrestre, aprendizados e que fazeres da mais elevada importância.
Pretendíamos efetuar algumas observações, com referência às leis de causa e efeito-o carma dos hindus e, convenientemente recomendados pelo Ministério do Auxílio, achávamo-nos ali, encantados com a palavra do orientador, que prosseguia, atencioso, após longa pausa.
A conversação fascinava-nos.
(...)
Enquanto nos entendíamos, reparávamos lá fora, através do material transparente de larga janela, a convulsão da Natureza.
Ventania ululante, carregando consigo uma substância escura, semelhante à lama aeriforme, remoinhava com violência, em torvelinho estranho, à maneira de treva encachoeirada...
E do corpo monstruoso do turbilhão terrível rostos humanos surdiam em esgares de horror, vociferando maldições e gemidos.
Apareciam de relance, jungidos uns aos outros como vastas correntes de criaturas agarradas entre si, em hora de perigo, na ânsia instintiva de dominar e sobreviver.
Druso, tanto quanto nós, contemplou o triste quadro com visível piedade a marear-lhe o semblante.
Fixou-nos em silêncio como a chamar-nos para a reflexão. Parecia dizer-nos quanto lhe doía o trabalho naquela paragem de sofrimento, quando Hilário interrogou:
- Por que não descerrar as portas aos que gritam lá fora? Não é este um posto de salvação?
- Sim - respondeu o Instrutor, sensibilizado -, mas a salvação só é realmente importante para aqueles que desejam salvar-se.
E, depois de pequeno intervalo, continuou:
- Para cá do túmulo, a surpresa para mim mais dolorosa foi essa, o encontro com feras humanas, que habitavam o templo da carne, à feição de pessoas comuns. Se acolhidas aqui, sem a necessária preparação,  atacar-nos-iam de pronto, arrasando-nos o instituto de assistência pacífica. E não podemos esquecer que a ordem é a base da caridade.
Apesar da explicação firme e serena, concentrava-se Druso no painel exterior, tal a compaixão a desenhar-se-lhe na face.
Logo após, recompondo a expressão fisionômica, o Instrutor aduziu:
- Somos hoje defrontados por grande tempestade magnética, e muitos caminheiros das regiões inferiores são arrebatados pelo furacão como folhas secas no vendaval.
- E guardam consciência disso? - indagou Hilário, perplexo.
- Raros deles. As criaturas que se mantêm assim desabrigadas, depois do túmulo, são aquelas que não se acomodam com o refúgio moral de qualquer princípio nobre.
Trazem o íntimo turbilhonado e tenebroso, qual a própria tormenta, em razão dos pensamentos desgovernados e cruéis de que se nutrem.
Odeiam e aniquilam, mordem e ferem. Alojá-los, de imediato, nos santuários de socorro aqui estabelecidos, será o mesmo que asilar tigres desarvorados entre fiéis que oram num templo.
- Mas conservam-se, interminavelmente, nesse terrível desajuste? - insistiu meu companheiro agoniado.
O orientador tentou sorrir e respondeu:
- Isso não. Semelhante face de inconsciência e desvario passa também como a tempestade, embora a crise, por vezes, persevere por muitos anos. Batida pelo temporal das provações que lhe impõem a dor de fora para dentro, refunde-se a alma, pouco a pouco, tranqüilizando-se para abraçar, por fim, as responsabilidades que criou para si mesma.
- Quer dizer, então - disse por minha vez -, que não basta a romagem de purgação do Espírito depois da morte, nos lugares de treva e padecimento, para que os débitos da consciência sejam ressarcidos...
- Perfeitamente - aclarou o amigo, atalhando-me a consideração reticenciosa -, o desespero vale por demência a que as almas se atiram nas explosões de incontinência e revolta. Não serve como pagamento nos tribunais divinos. Não é razoável que o devedor solucione com gritos e impropérios os compromissos que contraiu mobilizando a própria vontade. Aliás, dos desmandos de ordem mental a que nos entregamos, desprevenidos, emergimos sempre mais infelizes, por mais endividados.
Cessada a febre de loucura e rebelião, o Espírito culpado volve ao remorso e à penitência. Acalma-se como a terra que torna à serenidade e à paciência, depois de insultada pelo terremoto, não obstante amarfanhada e ferida. Então, como o solo que regressa ao serviço da plantação proveitosa, submete-se de novo à sementeira renovadora dos seus destinos.
Atormentada expectação baixara sobre nós, quando Hilário considerou:
- Ah! se as almas encarnadas pudessem morrer no corpo, alguns dias por ano, não à maneira do sono físico em que se refazem, mas com plena consciência da vida que as espera!...
- Sim - ajuntou o orientador -, isso realmente modificaria a face moral do mundo; entretanto, a existência humana, por mais longa, é simples aprendizado em que o Espírito reclama benéficas restrições para restaurar o seu caminho. Usando nova máquina fisiológica entre os semelhantes, deve atender à renovação que lhe diz respeito e isso exige a centralização de suas forças mentais na experiência terrena a que transitoriamente se afeiçoa.
A palavra fluente e sábia do Instrutor era para nós motivo de singular encantamento, e, porque me supunha no dever de aproveitar os minutos, ponderava em silêncio, de mim para comigo, quanto à qualidade das almas desencarnadas que sofriam a pressão da tormenta exterior.
Druso percebeu-me a indagação mental e sorriu, como a esperar por minha pergunta clara e positiva.
Instado pela força de seu olhar, observei, respeitoso:
- Diante do espetáculo penoso a que nos é dado assistir, somos naturalmente constrangidos a pensar na procedência dos que experimentam o mergulho nesse torvelinho de horror... São delinquentes comuns ou criminosos acusados de grandes faltas?
Encontraríamos por aí seres primitivos como os nossos indígenas por exemplo?
A resposta do amigo não se fez esperar.
- Tais inquirições - disse ele -, quando de minha vinda para cá, me assomaram igualmente à cabeça. Há cinquenta anos sucessivos estou neste refúgio de socorro, oração e esperança. Penetrei os umbrais desta casa como enfermo grave, após o desligamento do corpo terrestre. Encontrei aqui um hospital e uma escola. Amparado, passei a estudar minha nova situação, anelando servir. Fui padioleiro, cooperador da limpeza, enfermeiro, professor, magnetizador, até que, de alguns anos para cá, recebi jubilosamente o encargo de orientar a instituição, sob o comando positivo dos instrutores que nos dirigem. Obrigado a pacientes e laboriosas investigações, por força de meus deveres, posso adiantar-lhes que às densas trevas em torno somente aportam as consciências que se entenebreceram nos crimes deliberados, apagando a luz do equilíbrio em si mesmas. Nestas regiões inferiores não transitam as almas simples, em qualquer aflição purgativa, situadas que se encontram nos erros naturais das experiências primárias. Cada ser está jungido, por impositivos da atração magnética, ao círculo de evolução que lhe é próprio. Os selvagens, em grande maioria, até que se lhes desenvolva o mundo mental, vivem quase sempre confinados a floresta que lhes resume os interesses e os sonhos, retirando-se vagarosamente do seu campo tribal, sob a direção dos Espíritos benevolentes e sábios que os assistem; e as almas notoriamente primitivas, em grande parte, caminham ao influxo dos gênios beneméritos que as sustentam e inspiram, laborando com sacrifício nas bases da instituição social e aproveitando os erros, filhos das boas intenções, à maneira de ensinamentos preciosos que garantem a educação dessas almas. Asseguro-lhes, assim, que, nas zonas infernais propriamente ditas, apenas residem aquelas mentes que, conhecendo as responsabilidades morais que lhes competiam, delas se ausentaram, deliberadamente, com o louco propósito de ludibriarem o próprio Deus. O inferno, a rigor, pode ser, desse modo, definido como vasto campo de desequilíbrio, estabelecido pela maldade calculada, nascido da cegueira voluntária e da perversidade completa. Aí vivem domiciliados, às vezes por séculos, Espíritos que se bestializaram, fixos que se acham na crueldade e no egocentrismo. Constituindo, porém, larga província vibratória, em conexão com a humanidade terrestre, de vez que todos os padecimentos infernais são criações dela mesma, estes lugares tristes funcionam como crivos necessários para todos os Espíritos que escorregam nas deserções de ordem geral, menosprezando as responsabilidades que o Senhor lhes outorga. Dessa forma, todas as almas já investidas no conhecimento da verdade e da justiça e por isso mesmo responsáveis pela edificação do bem, e que, na Terra, resvalam nesse ou naquele delito, desatentas para com o dever nobilitante que o mundo lhes assinala, depois da morte do corpo estagiam nestes sítios por dias, meses ou anos, reconsiderando as suas atitudes, antes da reencarnação que lhes compete abraçar, para o reajustamento tão breve quanto possível.
- Desse modo...
Dispunha-se Hilário a ensaiar conclusões, mas Druso, apreendendo-lhe a ideia, atalhou, sintetizando:
- Desse modo, os gênios infernais que supõem governar esta região, com poder infalível, aqui vivem por tempo indeterminado. As criaturas perversas que com eles se afinam, embora lhes padeçam a dominação, aqui se deixam prender por largos anos. E as almas transviadas na delinquência e no vício, com possibilidades de próxima recuperação, aqui permanecem em estágios ligeiros ou regulares, aprendendo que o preço das paixões é demasiado terrível. Para as criaturas desencarnadas desse último tipo, que passam a sofrer o arrependimento e o remorso, a dilaceração e a dor, apesar de não totalmente livres das complexidades escuras com que se arrojaram às trevas, as casas de fraternidade e assistência como esta funcionam, ativas e diligentes, acolhendo-as quanto possível e habilitando-as para o retorno às experiências de natureza expiatória na carne.
Lembrava-me do tempo em que perlustrara, por minha vez, semiconsciente e conturbado, os trilhos da sombra, quando de meu desligamento do veículo físico, confrontando meus próprios estados mentais do passado e do presente, quando o orientador prosseguiu:
- Segundo é fácil reconhecer, se a treva é a moldura que imprime destaque à luz, o inferno, como região de sofrimento e desarmonia, é perfeitamente cabível, representando um estabelecimento justo de filtragem do Espírito, a caminho da Vida Superior. Todos os lugares infernais surgem, vivem e desaparecem com a aprovação do Senhor, que tolera semelhantes criações das almas humanas, como um pai que suporta as chagas adquiridas pelos seus filhos e que se vale delas para ajudá-los a valorizar a saúde. As Inteligências consagradas à rebeldia e à criminalidade, em razão disso, não obstante admitirem que trabalham para si, permanecem a serviço do Senhor, que corrige o mal com o próprio mal.
Por esse motivo, tudo na vida é movimentação para a vitória do bem supremo.
Druso quis prosseguir, mas invisível campainha vibrou no ar e, mostrando-se alertado pela imposição das horas, levantou-se e disse-nos simplesmente:
- Amigos, chegou o instante de nossa conversação com os internados que já se revelam pacificados e lúcidos. Dedicamos algumas horas, duas vezes por semana, a semelhante mister.
Erguemo-nos sem divergir e acompanhamo-lo, prestamente.



Questões para estudo:



1. Qual era a finalidade da instituição em que se encontravam os personagens desse relato?

2. Por que alguns dos espíritos sofredores que eram observados não podiam ser ajudados?

3. O que o instrutor quis dizer com: "a ordem é a base da caridade"?

4. Qual a razão desses espíritos encontrarem-se nessa situação?

5. Como o espírito pode livrar-se dessas provações?

6. Que tipo ou classe de espíritos habitam essas regiões? Explique porque os selvagens não fazem parte dessa classe de espíritos?

7. O que significa o "inferno" nas palavras do instrutor e qual sua função?


8. Por que Deus permite que existam esses lugares de tanto sofrimento?