Cap. X – Itens 1 a 4
Perdoai, para que Deus vos perdoe
1.
Bem-aventurados os que são misericordiosos, porque obterão
misericórdia. (S. MATEUS, cap. V,
v. 7.)
2.
Se perdoardes aos homens as faltas que cometerem contra vós, também
vosso Pai celestial vos perdoará os pecados; - mas, se não perdoardes aos
homens quando vos tenham ofendido, vosso Pai celestial também não vos perdoará
os pecados. (S. MATEUS, cap.
VI, vv. 14 e 15.)
3.
Se contra vós pecou vosso irmão, ide fazer-lhe sentir a falta em
particular, a sós com ele; se vos atender, tereis ganho o vosso irmão. - Então,
aproximando-se dele, disse-lhe Pedro: "Senhor, quantas vezes perdoarei a
meu irmão, quando houver pecado contra mim? Até sete vezes?" -
Respondeu-lhe Jesus: "Não vos digo que perdoeis até sete vezes, mas até
setenta vezes sete vezes." (S. MATEUS, cap. XVIII, vv. 15, 21 e 22.)
4. A misericórdia é o complemento da brandura, porquanto aquele que
não for misericordioso não poderá ser brando e pacífico. Ela consiste no
esquecimento e no perdão das ofensas. O ódio e o rancor denotam alma sem
elevação, nem grandeza. O esquecimento das ofensas é próprio da alma elevada,
que paira acima dos golpes que lhe possam desferir. Uma é sempre ansiosa, de
sombria suscetibilidade e cheia de fel; a outra é calma, toda mansidão e
caridade.
Ai daquele que diz: nunca perdoarei. Esse, se não for condenado
pelos homens, sê-lo-á por Deus. Com que direito reclamaria ele o perdão de suas
próprias faltas, se não perdoa as dos outros? Jesus nos ensina que a
misericórdia não deve ter limites, quando diz que cada um perdoe ao seu irmão,
não sete vezes, mas setenta vezes sete vezes.
Há, porém, duas maneiras bem diferentes de perdoar: uma, grande,
nobre, verdadeiramente generosa, sem pensamento oculto, que evita, com
delicadeza, ferir o amor-próprio e a suscetibilidade do adversário, ainda
quando este último nenhuma justificativa possa ter; a segunda é a em que o
ofendido, ou aquele que tal se julga, impõe ao outro condições humilhantes e
lhe faz sentir o peso de um perdão que irrita, em vez de acalmar; se estende a
mão ao ofensor, não o faz com benevolência, mas com ostentação, a fim de poder
dizer a toda gente: vede como sou generoso! Nessas circunstâncias, é impossível
uma reconciliação sincera de parte a parte. Não, não há aí generosidade; há
apenas uma forma de satisfazer ao orgulho. Em toda contenda, aquele que se
mostra mais conciliador, que demonstra mais desinteresse, caridade e verdadeira
grandeza dalma granjeará sempre a simpatia das pessoas imparciais.
Questões para estudo:
1 – Em que consiste a misericórdia?
2 – Por que o texto diz: “Ai
daquele que diz: nunca perdoarei”?
3 – Extraia do texto acima a frase ou parágrafo que mais
gostou e justifique.
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