Conclusão DO Capítulo
17 - Dívida expirante
1 - Leo, o paciente visitado pelo trio de benfeitores,
encontrava-se agonizante, com seu organismo físico de tal modo debilitado que
sequer lhe permitia perceber o que se passava à sua volta. No entanto, André
Luiz manteve um diálogo com ele, em espírito. Como explicar esse fato,
considerando que o enfermo ainda não desencarnara nem se encontrava emancipado
pelo sono?
No
estado de agonia em que o enfermo se encontrava, os laços fluídicos que o
mantinham preso ao organismo físico estavam em processo de afrouxamento. A vida
orgânica estava prestes a se extinguir. Ensinam os Espíritos que, na agonia,
algumas vezes, o espírito começa a deixar o corpo antes mesmo que se esgote a
vida orgânica. "O corpo é a máquina que o coração põe em movimento. Existe,
enquanto o coração faz circular nas veias o sangue, para o que não necessita da
alma" (questão 156 do Livro dos Espíritos).
Já em
parte desprendido da matéria, face à debilidade do organismo físico, o espírito
tem as suas faculdades espirituais ampliadas, pois o obstáculo que o impedia de
manifestá-las mais livremente perde gradativamente a sua força, tornando-o cada
vez mais desimpedido. Com a influência da matéria praticamente aniquilada pela
fragilidade do organismo físico, Leo pôde exercer mais amplamente a faculdade
de se comunicar pelo pensamento com o plano espiritual, por intermédio de André
Luiz.
2 - Em que a compreensão de Leo para com o irmão que o
levara àquela situação ajudou a suportar a expiação?
Leo
praticou o verdadeiro perdão, que envolve a compreensão para com o ofensor. Não
se limitou a relevar o comportamento de seu irmão. Entendeu que ele agira
daquela forma porque era um enfermo moral. Como tal, compreendeu que o irmão
era mais infeliz que ele, que padecia de enfermidade puramente material, pois,
moralmente, demonstrava haver se transformado o suficiente para aceitar o
padecimento com resignação e fé na vida futura.
3 - Que lições podemos extrair das seguintes
assertivas do Assistente Silas:
3.a- "Eis por que, depois do aprendizado breve ou
longo em nosso instituto, somos novamente internados na esfera da carne e, aí,
é óbvio que, apesar de protegidos por nossos mentores, deveremos sofrer a
aproximação dos antigos comparsas de nossos delitos, para demonstrar aproveitamento
e assimilação do amparo recebido."
A vida
no mundo espiritual é importante para o progresso do espírito. Mas é na vida
corporal que ele deve colocar em prática suas conquistas morais. Silas explica
que, embora assistidos por benfeitores espirituais, ao retornarmos ao mundo
material, temos que nos submeter à prova da convivência com antigos parceiros
de atos delituosos do passado, que poderão tentar nos arrastar para a prática
de novos delitos. Este é um dos objetivos da reencarnação: passarmos pelas
provas que demonstrarão ou não nosso "aproveitamento e assimilação do
amparo recebido".
3.b- "Não obstante recuperado, porém, as
reminiscências do crime absorviam-lhe o espírito de tal sorte que, para o
retorno à marcha evolutiva normal, implorou o regresso à carne, a fim de
experimentar a mesma vergonha, a mesma penúria e as mesmas provas por ele
infligidas ao irmão indefeso, pacificando, desse modo, a consciência intranquila."
O
arrependimento, conquanto concorra para a melhoria do espírito, não basta por
si só. Quando sincero, faz com que o espírito sinta a necessidade de sofrer o
mesmo mal que causou, para que sua consciência se liberte do sentimento de
culpa. Leo, recuperado moralmente graças à assistência recebida na Mansão Paz,
compreendeu a necessidade de passar pela expiação que o libertaria das malhas a
que se aprisionara pelo crime cometido na experiência física passada e, por
isso, rogou nova encarnação a fim de experimentar sofrimento idêntico ao que
ocasionou.
4 - Jesus ensinou que "todos os que lançarem mão
da espada, à espada morrerão". Na última encarnação, Leo assassinara o
irmão a golpes de faca. Como considerar cumprido o resgate, se não passou por
semelhante situação?
O
resgate através da expiação se dá pelos efeitos que repercutem naquele que provocou
a ação da lei de causa e efeito. Não importa o ato que venha dar causa ao
resultado. Leo, na encarnação em que se comprometera, provocou a desencarnação
de seu irmão devido à hemorragia originada pela perfuração do tórax, devido às
facadas por ele desferidas. Na existência física atual, pereceu pelo mesmo mal,
embora a causa que o gerou tenha sido diferente. Se o resgate tivesse que se
dar nas mesmas circunstâncias, ou seja, através de homicídio a facadas,
seríamos forçados a admitir que alguém reencarnaria com esta tarefa, o que
viria contraria os objetivos da reencarnação, que é fazer o espírito chegar à
perfeição.
5 - Como podemos reconhecer que um débito contraído no
passado esteja sendo liquidado na atual encarnação?
Conforme
esclarece o instrutor Silas, "quando a nossa dor não gera novas dores e
nossa aflição não cria aflições naqueles que nos rodeiam, nossa dívida está em
processo de encerramento. ... Quando o enfermo sabe acatar os Celestes
Desígnios, entre a conformação e a humildade, traz consigo o sinal da dívida
expirante...".
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