Raios, Ondas,
Médiuns, Mentes…
A Ciência do
século XX, estudando a constituição da matéria, caminha de surpresa a surpresa,
renovando aspectos de sua conceituação milenar.
Não obstante a
teoria de Leucipo, o mentor de Demócrito, o qual, quase cinco séculos antes do
Cristo, considerava todas as coisas formadas de partículas infinitesimais
(átomos), em constante movimentação, a cultura clássica prosseguiu detida nos
quatro princípios de Aristóteles, a água, a terra, o ar e o fogo, ou nos três
elementos hipostáticos dos antigos alquimistas, o enxofre, o sal e o mercúrio,
para explicar as múltiplas combinações no campo da forma.
No século XIX,
Dalton concebe cientificamente a teoria corpuscular da matéria, e um
maravilhoso período de investigações se inicia, através de inteligências
respeitabilíssimas, renovando idéias e concepções em volta da chamada
“partícula indivisível”.
Extraordinárias
decobertas descortinam novos e grandiosos horizontes aos conhecimentos humanos.
Crookes
surpreende o estado radiante da matéria e estuda os raios catódicos.
Röntgem
observa que radiações invisíveis atravessam o tubo de Crookes envolvido por uma
caixa de papelão preto, e conclui pela existência dos raios X.
Henri
Becquerel, seduzido pelo assunto, experimenta o urânio, à procura de radiações
do mesmo teor, e encontra motivos para novas indagações.
O casal Curie,
intrigado com o enigma, analisa toneladas de pechblenda e detém o rádio.
Velhas
afirmações científicas tremem nas bases.
Rutherford, à
frente de larga turma de pioneiros, inicia preciosos estudos, em torno da
radioatividade.
O átomo sofre
irresistível perseguição na fortaleza a que se acolhe e confia ao homem a
solução de numerosos segredos.
E, desde o
último quartel do século passado, a Terra se converteu num reino de ondas e
raios, correntes e vibrações.
A eletricidade
e o magnetismo, o movimento e a atração palpitam em tudo.
O estudo dos
raios cósmicos evidencia as fantásticas energias espalhadas no Universo,
provendo os físicos de poderosíssimo instrumento para a investigação dos
fenômenos atômicos e subatômicos.
Bohrs, Planck,
Einstein erigem novas e grandiosas concepções.
O veículo
carnal agora não é mais que um turbilhão eletrônico, regido pela consciência.
Cada corpo
tangível é um feixe de energia concentrada. A matéria é transformada em energia
e esta desaparece para dar lugar à matéria.
Químicos e
físicos, geômetras e matemáticos, erguidos à condição de investigadores da
verdade, são hoje, sem o desejarem, sacerdotes do Espírito, porque, como
conseqüência de seus porfiados estudos, o materialismo e o ateísmo serão
compelidos a desaparecer, por falta de matéria, a base que lhes assegurava as
especulações negativistas.
Os
laboratórios são templos em que a inteligência é concitada ao serviço de Deus,
e, ainda mesmo quando a cerebração se perverte, transitoriamente subornada pela
hegemonia política, geradora de guerras, o progresso da Ciência, como conquista
divina, permanece na exaltação do bem, rumo a glorioso porvir.
O futuro
pertence ao Espírito!
E, meditando
no amanhã da coletividade terrestre, André Luiz organizou estas ligeiras
páginas, em torno da mediunidade, compreendendo a importância, cada vez maior,
do intercâmbio espiritual entre as criaturas.
Quanto mais
avança na ascensão evolutiva, mais seguramente percebe o homem a inexistência
da morte como cessação da vida.
E agora, mais
que nunca, reconhece-se na posição de uma consciência retida entre forças e
fluidos, provisoriamente aglutinados para fins educativos.
Compreende,
pouco a pouco, que o túmulo é porta à renovação, como o berço é acesso à
experiência, e observa que o seu estágio no Planeta é uma viagem com destino às
estações do Progresso Maior.
E, na grande
romagem, todos somos instrumentos das forças com as quais estamos em sintonia.
Todos somos médiuns, dentro do campo mental que nos é próprio, associando-nos
às energias edificantes, se o nosso pensamento flui na direção da vida
superior, ou às forças perturbadoras e deprimentes, se ainda nos escravizamos
às sombras da vida primitivista ou torturada.
Cada criatura
com os sentimentos que lhe caracterizam a vida íntima emite raios específicos e
vive na onda espiritual com que se identifica.
Semelhantes
verdades não permanecerão semi-ocultas em nossos santuários de fé.
Irradiar-se-ão dos templos da Ciência como equações matemáticas.
E enquanto
variados aprendizes focalizam a mediunidade, estudando-a da Terra para o Céu,
nosso amigo procura analisar-lhe a posição e os valores, do Céu para a Terra,
colaborando na construção dos tempos novos.
Todavia, o que
destacamos por mais alto em suas páginas é a necessidade do Cristo no coração e
na consciência, para que não estejamos desorientados ao toque dos fenômenos.
Sem noção de
responsabilidade, sem devoção à prática do bem, sem amor ao estudo e sem
esforço perseverante em nosso próprio burilamento moral, é impraticável a
peregrinação libertadora para os Cimos da Vida.
André Luiz é
bastante claro para que nos alonguemos em qualquer consideração.
Cada médium
com a sua mente.
Cada mente com
os seus raios, personalizando observações e interpretações.
E, conforme os
raios que arremessamos, erguer-se-nos-á o domicílio espiritual na onda de
pensamentos a que nossas almas se afeiçoam.
Isso, em boa
síntese, equivale ainda a repetir com Jesus:
- A cada qual
segundo suas obras.
Emmanuel
Pedro
Leopoldo, 03 de outubro de 1954.
LUIZ,
André (Espírito). Nos domínios da
mediunidade. 4ª impr. Rio de Janeiro: FEB, 2010.
Nenhum comentário:
Postar um comentário