Cap. V - Item 21
Perda de pessoas
amadas - Morte
Prematura
Prematura
Quando a morte ceifa nas vossas famílias, arrebatando, sem
restrições, os mais moços antes dos velhos, costumais dizer: Deus não é justo,
pois sacrifica um que está forte e tem grande futuro e conserva os que já
viveram longos anos cheios de decepções; pois leva os que são úteis e deixa os
que para nada mais servem; pois despedaça o coração de uma mãe, privando-a da
inocente criatura que era toda a sua alegria.
Humanos, é nesse ponto que precisais elevar-vos acima do
terra-a-terra da vida, para compreenderdes que o bem, muitas vezes, está onde
julgais ver o mal, a sábia previdência onde pensais divisar a cega fatalidade
do destino. Por que haveis de avaliar a justiça divina pela vossa? Podeis supor
que o Senhor dos mundos se aplique, por mero capricho, a vos infligir penas
cruéis? Nada se faz sem um fim inteligente e, seja o que for que aconteça, tudo
tem a sua razão de ser. Se perscrutásseis melhor todas as dores que vos advêm,
nelas encontraríeis sempre a razão divina, razão regeneradora, e os vossos
miseráveis interesses se tornariam de tão secundária consideração, que os
atiraríeis para o último plano.
Crede-me, a morte é preferível, numa encarnação de vinte anos, a
esses vergonhosos desregramentos que pungem famílias respeitáveis, dilaceram
corações de mães e fazem que antes do tempo embranqueçam os cabelos dos pais. Frequentemente,
a morte prematura é um grande benefício que Deus concede àquele que se vai e
que assim se preserva das misérias da vida, ou das seduções que talvez lhe
acarretassem a perda. Não é vítima da fatalidade aquele que morre na flor dos
anos; é que Deus julga não convir que ele permaneça por mais tempo na Terra.
É uma horrenda desgraça, dizeis, ver cortado o fio de uma vida tão
prenhe de esperanças! De que esperanças falais? Das da Terra, onde o liberto
houvera podido brilhar, abrir caminho e enriquecer? Sempre essa visão estreita,
incapaz de elevar-se acima da matéria. Sabeis qual teria sido a sorte dessa
vida, ao vosso parecer tão cheia de esperanças? Quem vos diz que ela não seria
saturada de amarguras? Desdenhais então das esperanças da vida futura, ao ponto
de lhe preferirdes as da vida efêmera que arrastais na Terra? Supondes então
que mais vale uma posição elevada entre os homens, do que entre os Espíritos
bem-aventurados?
Em vez de vos queixardes, regozijai-vos quando praz a Deus retirar
deste vale de misérias um de seus filhos. Não será egoístico desejardes que ele
aí continuasse para sofrer convosco? Ah! essa dor se concebe naquele que carece
de fé e que vê na morte uma separação eterna. Vós, espíritas, porém, sabeis que
a alma vive melhor quando desembaraçada do seu invólucro corpóreo. Mães, sabei
que vossos filhos bem-amados estão perto de vós; sim, estão muito perto; seus
corpos fluídicos vos envolvem, seus pensamentos vos protegem, a lembrança que
deles guardais os transporta de alegria, mas também as vossas dores
desarrazoadas os afligem, porque denotam falta de fé e exprimem uma revolta
contra a vontade de Deus.
Vós, que compreendeis a vida espiritual, escutai as pulsações do
vosso coração a chamar esses entes bem-amados e, se pedirdes a Deus que os
abençoe, em vós sentireis fortes consolações, dessas que secam as lágrimas;
sentireis aspirações grandiosas que vos mostrarão o porvir que o soberano
Senhor prometeu. - Sanson, ex-membro da Sociedade Espírita de Paris. (1863.)
Questões para estudo:
1 - Por que uns, jovens e saudáveis, morrem cedo, enquanto outros, bem idosos e alquebrados, vivem muito tempo?
2 - Será injusto chorar a ausência dos entes queridos que se foram?
3 - Como conseguir consolação ante a perda de pessoas amadas?
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