Felicidade em si mesma
Considerando a felicidade como sendo a harmonia entre
o ego e o self, o descobrimento dos valores profundos do ser e a consciência da
sua legitimidade que induz a conquistá-los, eleger os métodos da plenificação interior
torna-se o próximo passo nessa busca desafiadora.
Quem coloque a felicidade como sendo a conquista de
títulos e triunfos mundanos, destaque social e poder, desfrutar de privilégios
e dinheiro, não saiu da periferia imediatista dos prazeres sensuais, que
respondem pela competitividade e pelo desequilíbrio da emoção.
Jesus definiu com segurança o conceito pleno de
felicidade, no conteúdo do pensamento meu reino não é deste mundo, tendo em
vista a impermanência da vida física, a transitoriedade do ser existencial,
terrestre, em constante transformação, no seu contínuo vir-a-ser.
A criatura não é o que se apresenta, nem como se
encontra. Esse estado impermanente é trânsito para o que se será. Em prazer ou
em sofrimento, não se é isso, mas se está isso, conscientizando-se do continuum
no qual se encontra mergulhado.
O empenho para a busca da felicidade conduz à eleição
de objetivos fora do mundo físico.
Todavia, não é necessário alienar-se do mundo,
odiá-lo, para conseguir por meio de transferências e fugas psicológicas. A meta
além do mundo se estabelece como prioritária, porque, na vida terrestre, o que
se constitui essencial numa faixa etária, noutra se transforma em pesada carga,
responsável por arrependimentos e angústias insuportáveis. De acordo com as mudanças
e realizações culturais, alteram-se os objetivos da busca, superando-se uns
anseios e surgindo outros.
Por isso, os valores sensuais tendem a produzir vazio,
e as conquistas existencialistas perdem os seus conteúdos, logo são alcançadas,
transformando-se em tédio.
Parte da Unidade Universal e individual nela, o ser humano
pode desfrutar dos fenômenos existenciais, sem abandono da meta transpessoal,
como degraus vencidos na ascensão que levará ao patamar da felicidade. Quando
se adquire a consciência da unidade e da valorização de si mesmo, sem a
presunção narcisista do excesso de auto importância, avança-se na busca, desenvolve-se
interiormente, acende-se a luz da determinação de fazer-se feliz em quaisquer
circunstâncias, em todos os momentos, prazenteiros ou não.
Embora a felicidade não dependa do prazer, o prazer
bem estruturado é-lhe caminho. A sua ausência, no entanto, em nada a afeta, por
estar acima das sensações e emoções imediatas.
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