Cap. V - Item 20
Tema: A Felicidade não é deste Mundo
Tema: A Felicidade não é deste Mundo
Não sou feliz! A
felicidade não foi feita para mim! exclama geralmente o homem em todas as
posições sociais. Isso, meus caros filhos, prova, melhor do que todos os
raciocínios possíveis, a verdade desta máxima do Eclesiastes: "A
felicidade não é deste mundo." Com efeito, nem a riqueza, nem o poder, nem
mesmo a florida juventude são condições essenciais à felicidade. Digo mais: nem
mesmo reunidas essas três condições tão desejadas, porquanto incessantemente se
ouvem, no seio das classes mais privilegiadas, pessoas de todas as idades se
queixarem amargamente da situação em que se encontram.
Diante de tal fato,
é incontestável que as classes laboriosas e militantes invejem com tanta ânsia
a posição das que parecem favorecidas da fortuna. Neste mundo, por mais que
faça, cada um tem a sua parte de labor e de miséria, sua cota de sofrimentos e
de decepções, donde facilmente se chega à conclusão de que a Terra é lugar de
provas e de expiações.
Assim, pois, os que
pregam que ela é a única morada do homem e que somente nela e numa só existência
é que lhe cumpre alcançar o mais alto grau das felicidades que a sua natureza
comporta, iludem-se e enganam os que os escutam, visto que demonstrado está,
por experiência arquissecular, que só excepcionalmente este globo apresenta as
condições necessárias à completa felicidade do indivíduo.
Em tese geral pode
afirmar-se que a felicidade é uma utopia a cuja conquista as gerações se lançam
sucessiva mente, sem jamais lograrem alcançá-la. Se o homem ajuizado é uma
raridade neste mundo, o homem absolutamente feliz jamais foi encontrado.
O em que consiste a
felicidade na Terra é coisa tão efêmera para aquele que não tem a guiá-lo a
ponderação, que, por um ano, um mês, uma semana de satisfação completa, todo o
resto da existência é uma série de amarguras e decepções. E notai, meus caros
filhos, que falo dos venturosos da Terra, dos que são invejados pela multidão.
Conseguintemente, se
à morada terrena são peculiares as provas e a expiação, forçoso é se admita
que, algures, moradas há mais favorecidas, onde o Espírito, conquanto
aprisionado ainda numa carne material, possui em toda a plenitude os gozos
inerentes à vida humana. Tal a razão por que Deus semeou, no vosso turbilhão,
esses belos planetas superiores para os quais os vossos esforços e as vossas
tendências vos farão gravitar um dia, quando vos achardes suficientemente
purificados e aperfeiçoados.
Todavia, não
deduzais das minhas palavras que a Terra esteja destinada para sempre a ser uma
penitenciária. Não, certamente! Dos progressos já realizados, podeis facilmente
deduzir os progressos futuros e, dos melhoramentos sociais conseguidos, novos e
mais fecundos melhoramentos. Essa a tarefa imensa cuja execução cabe à nova
doutrina que os Espíritos vos revelaram.
Assim, pois, meus
queridos filhos, que uma santa emulação vos anime e que cada um de vós se
despoje do homem velho. Deveis todos consagrar-vos à propagação desse
Espiritismo que já deu começo à vossa própria regeneração. Corre-vos o dever de
fazer que os vossos irmãos participem dos raios da sagrada luz. Mãos, portanto,
à obra, meus muito queridos filhos! Que nesta reunião solene todos os vossos
corações aspirem a esse grandioso objetivo de preparar para as gerações
porvindouras um mundo onde já não seja vã a palavra felicidade. -
François-Nicolas-Madeleine, cardeal Morlot. (Paris, 1863.)
Questões para estudo:
1 - O que Jesus quis dizer com a frase: "A Felicidade não é deste mundo"?
2 - Como devemos nos preparar para conquistar a verdadeira felicidade?
Nenhum comentário:
Postar um comentário