quinta-feira, 28 de maio de 2015

Conclusão do Capítulo 8 - Preparativos para o retorno
1) "Luís, cujo espírito se afinava com os antigos sentimentos paternos, apegando-se aos lucros materiais exagerados informou-nos a interlocutora -, sofria tremenda obsessão no próprio lar. "
1a) Comentar sobre afinidade: o que é? Como se dá? Quais seus efeitos?
Em Espiritismo, podemos definir afinidade como uma relação resultante da semelhança de ações e pensamentos praticados por dois ou mais espíritos, estejam eles encarnados ou desencarnados. Diz-se, então, que se tratam de espíritos afins, pois alimentam ideias da mesma natureza, coincidindo os mesmos gostos e sentimentos. O efeito da relação de afinidade entre os espíritos é a sintonia mental, que é a ressonância psíquica entre espíritos afins, imantando-se pelo pensamento e vinculando-se magneticamente uns aos outros. Dessa forma, identificam-se quanto à faixa vibratória em que transitam. Conforme ensinamento dos Espíritos, pela Lei de Afinidade, os semelhantes se atraem, os diferentes se repulsam e os positivos predominam sobre os negativos.

1b) Comentar sobre obsessão: o que é? Como se dá? Que tipo podemos perceber no caso narrado no capítulo? Quais suas consequências?
 Podemos definir a obsessão como a ação persistente que um espírito mau, encarnado ou desencarnado, exerce sobre outro, que também pode se encontrar encarnado ou não, levando-o a adotar pensamentos diferentes dos que habitualmente pratica.
Apresenta características que vão desde as simples influência moral, sem sinais exteriores, até a perturbação completa do organismo físico e das faculdades mentais da vítima. Decorre sempre de uma imperfeição moral do obsidiado, que permite, pela sintonia, a ascendência de um espírito mau. No caso em questão, Luís, por seus pensamentos e sentimentos apegados aos valores materiais, sem qualquer preocupação com os valores morais, permitiu a sintonia e, em consequência, a influência de espíritos que, como ele, sustentavam paixões de natureza inferior.

1c) Comentar sobre o apego excessivo aos bens materiais.
O apego excessivo aos bens materiais, ainda muito presente na humanidade terrena, é reflexo do estágio evolutivo em que se encontram os espíritos a ela vinculados. É irmão siamês do egoísmo. Do ponto de vista espiritual, as suas consequências estendem-se até após a desencarnação, provocando um desequilíbrio no espírito que está iniciando uma nova passagem pelo mundo espiritual. Para aqueles cuja vida foi toda voltada para as coisas materiais, às quais se manteve excessivamente apegado, o desprendimento do espírito em relação ao corpo físico é mais demorado e penoso. Pode durar dias, semanas e até meses ou anos. O caso de Luís é um exemplo disso. Desdobrado em relação ao corpo físico pelo sono, quando o espírito vive, temporariamente, uma vida semelhante à que levará após deixar a matéria, buscou a companhia do dinheiro, sinalizando o que certamente viria acontecer após a desencarnação, caso não se modificasse. Devemos usufruir, sim, dos bens materiais, utilizando-os como instrumentos indispensáveis ao cumprimento dos nossos compromissos terrenos e ao nosso progresso. Porém, devemos estar sempre conscientes de que esta é uma circunstância passageira e de que, a qualquer momento, podemos ser chamados a partir para uma nova forma de vida, deixando na Terra todos os bens materiais que acumulamos. Devemos utilizá-los, sim, mas sem apego, atribuindo-lhes um valor relativo às nossas necessidades, para que não fiquemos presos a eles e tornemos o momento da partida um instante de sofrimento, que se prolongará durante a vida no plano espiritual.

2) "Registrando-lhe a ruína mental, a notável mulher pediu a Silas permissão para orar, em nossa companhia,  junto do esposo, o que lhe foi concedido prazerosamente."
2a) Comente a oração: o que é? Quais seus benefícios? Quais seus efeitos?
A prece é um dos modos de nos comunicarmos com o plano espiritual superior para (a) pedir, por nós ou por outros, (b) agradecer pelo que já recebemos ou estamos recebendo e (c) para louvar, quando, sentindo e entendendo a sabedoria, bondade e poder de Deus, manifestamos-lhe nossa admiração, contentamento, confiança.
Estando Deus em toda a parte e ligado diretamente ao nosso pensamento, a prece nunca se perde e sempre chega ao seu destino. Deve refletir um sentimento sincero, vindo de dentro. Não é necessário proferir palavras convencionais. Como ensinou Jesus, "quando orares, entra no teu quarto e, fechando a porta, ora a teu Pai que está oculto; e teu Pai, que vê em segredo, te recompensará."  Praticando a prece, estaremos sempre em contato com o Criador e receberemos a influência dos benfeitores espirituais que estão a seu serviço. É abençoada luz, assimilando correntes superiores de força mental que nos auxiliam no resgate ou na ascensão, ou seja, quando estamos expiando algum equívoco do passado, a prece nos auxilia, nos conforta, dando-nos força e resignação para suportar a provação; quando estamos no serviço edificante que nos elevará, não só nos fortifica para que prossigamos no trabalho, como nos dá a intuição e a inspiração para que melhor possamos desempenhar nossa missão.
A prece, por si só, não modifica nem soluciona as dificuldades por que temos que passar, em decorrência da leis de causa e efeito. As leis Naturais são inflexíveis e se fazem cumprir automaticamente, por força de um magnetismo que ainda não estamos capacitados  a compreender inteiramente. No entanto, quando oramos, reunimos energias que nos fortalecem para o enfrentamento das provas. Não logramos nos furtar delas, mas, certamente, estaremos nos habilitando para poder enfrentá-las com outra disposição e, até, atenuá-las. Não derroga mesmo nenhuma das leis divinas. Mas pode acioná-­las em nosso favor. Ao orar, usamos a capacidade de agir e pensar que Deus nos concede. Se obtivermos resultado favorável é porque o que havíamos pedido era possível, faltando apenas que movimentássemos nossas forças nesse sentido, o que fizemos com a oração.

3) "E entidades estranhas, embuçadas em largos véus de sombra, transitavam, absortas, nos grandes terreiros,  como se ignorassem a presença umas das outras.
Com o visível receio de se fazer ouvida, a esposa de Olímpio notificou-nos, em surdina:
- São onzenários desencarnados, trazidos sub-repticiamente até aqui por Leonel e Clarindo, de modo a fortalecerem a usura no espírito de meu filho.
- Não nos enxergam? - perguntou Hilário compreensivelmente intrigado.
- Não - confirmou Silas. - Com certeza nos identificam a chegada, entretanto, pelo que deduzo, encontram-se demasiadamente fixados nas ideias em que se mancomunam.
Não se preocupam com a nossa presença, desde que lhes não penetremos a faixa mental, comungando-lhes os interesses.
- Isso quer dizer - comentei - que se algo lhes falássemos acerca da fortuna terrena, excitando-lhes o gosto da posse humana, indiscutivelmente nos dispensariam a melhor atenção...
- Exatamente."

3a) Comente sobre a fixação mental: o que é? Quais os seus efeitos?
 Fixação mental, como a própria expressão dá a entender, é a atitude adotada pelo espírito que o leva a deter seu psiquismo em determinado fato do passado. Quando ocorre, o espírito abstrai-se de tudo o mais acontecido em sua existência para viver unicamente em função desse fato. Para o  espírito se encontra nessa situação, a presença da vítima é constante em seu pensamento, com os fatos passados aparecendo com frequência em sua tela mental. Abstrai-se de tudo o mais que acontece em sua existência, mantendo seu psiquismo fixado unicamente em torno do fato que a gerou.

3b) Comente sobre faixa mental.
Podemos entender como "faixa mental" a zona fluídica em que o espírito se situa em razão dos atos e pensamentos que pratica. De acordo com a faixa mental em que se situará, o espírito irá se sintonizar com espíritos bons ou com maus espíritos, por eles sendo influenciados. O espírito, mesmo enquanto encarnado, irradia ao seu redor, envolvendo-se numa espécie de atmosfera fluídica. Através do pensamento, o espírito atua sobre esses fluidos. Os fluidos que o envolvem guardam relação direta com a natureza de seus pensamentos. Os maus pensamentos corrompem os fluidos que estão à sua volta, do mesmo modo que os pensamentos bons, resultantes de seu adiantamento moral, são tão puros quanto o seu grau de perfeição. A faixa mental em que o espírito se situará, portanto, é definida pela natureza de seus pensamentos. Essa identidade se dá através do perispírito, cuja constituição é formada de elementos extraídos dos fluidos espirituais.

4) "Com efeito, entramos e o movimento no interior doméstico era de pasmar. Desencarnados de horripilante aspecto iam e vinham, através dos corredores extensos, conversando, aloucados, como se estivessem falando para dentro de si próprios."

4a) Comente sobre ambiente espiritual doméstico
Segundo André Luiz, no livro "Nosso Lar", "o lar é o sagrado vórtice onde o homem e a mulher se encontram para o entendimento indispensável." Assim, são reunidos no mesmo ambiente familiar devedores em resgate de antigos compromissos para o reajuste indispensável. Para que esses compromissos sejam atendidos, é importante que os espíritos envolvidos contem com um ambiente espiritual que favoreça aos ajustes devidos. A manutenção de uma psicosfera propícia se consegue através da sintonia com os bons espíritos, o que somente obtemos se praticarmos pensamentos e sentimentos elevados, abstermo-nos de conversas infamantes, programas televisivos apelativos ao sexo ou à violência e de hábitos viciosos. É importante, também, dedicarmo-nos diariamente à prece e nos habituarmos ao culto do Evangelho no lar, que é também um instrumento poderoso de, transformação do lar numa fortaleza espiritual, trazendo  para a nossa convivência os bons espíritos.

 5) "- Este é Luís, que, desligado do corpo pela influência do sono, vem afagar o dinheiro que lhe nutre as paixões."
 5a) Comente sobre desligamento do corpo pela influência do sono: o que é? Como ocorre? Quais seus aspectos?
 Todos os dias, enquanto o corpo físico dorme, afrouxam-se os laços fluídicos que o prendem ao espírito, que dele se desprende, temporariamente. O espírito, então, fica ligado ao corpo físico por um laço fluídico conhecido como "cordão de prata", indispensável para mantê-lo reencarnado e que somente é rompido no momento da desencarnação. Durante esse período, o espírito passa a viver a verdadeira vida, que é a espiritual, lançando-se ao espaço e indo a vários lugares, onde pode se encontrar com aqueles que lhe são afins por afeição ou desafeição, encarnados também liberados pelo sono físico ou desencarnados. As companhias espirituais bem como as ações que praticaremos durante o sono serão aquelas com as quais mantemos afinidades de pensamentos, sentimentos e desejos. No caso que estamos estudando, Luís, devido ao seu apego aos valores materiais, foi ao encontro do dinheiro que guardava, pois, como ensinou Jesus, "onde está o teu tesouro, aí está o teu coração".

6) "- Sim, aprendemos nas escolas de vingadores (4) que todos possuímos, além dos desejos imediatistas comuns, em qualquer fase da vida, um "desejo-central" ou "tema básico" dos interesses mais íntimos. Por isso, além dos pensamentos vulgares que nos aprisionam a experiência rotineira, emitimos com mais frequência os pensamentos que nascem do "desejo-central" que nos caracteriza, pensamentos esses que passam a constituir o reflexo dominante de nossa personalidade. Desse modo, é fácil conhecer a natureza de qualquer pessoa, em qualquer plano, através das ocupações e posições em que prefira viver. Assim é que a crueldade é o reflexo do criminoso, a cobiça é o reflexo do usurário, a maledicência é o reflexo do caluniador, o escárnio é o reflexo do ironista e a irritação é o reflexo do desequilibrado, tanto quanto a elevação moral é o reflexo do santo...  Conhecido o reflexo da criatura que nos propomos retificar ou punir é, assim, muito fácil superalimentá-la com excitações constantes, robustecendo-lhe os impulsos e os quadros já existentes na imaginação e criando outros que se lhes superponham, nutrindo-lhe, dessa forma, a fixação mental. Com esse objetivo, basta alguma diligência para situar, no convívio da criatura malfazeja que precisamos corrigir, entidades outras que se lhe adaptem ao modo de sentir e de ser, quando não possamos por nós mesmos, à falta de tempo, criar as telas que desejemos, com vistas aos fins visados, por intermédio da determinação hipnótica. Através de semelhantes processos, criamos e mantemos facilmente o "delírio psíquico" ou a "obsessão", que não passa de um estado anormal da mente, subjugada pelo excesso de suas próprias criações a pressionarem o campo sensorial, infinitamente acrescidas de influência direta ou indireta de outras mentes desencarnadas ou não, atraídas por seu próprio reflexo.
(...)
- Cada um é tentado exteriormente pela tentação que alimenta em si próprio."

6a) Comente sobre desejo: o que é? Qual sua ligação com o pensamento? Quais suas consequência?
 O desejo é a vontade de possuir ou de gozar de determinada coisa. Como bem frisou o obsessor no trecho acima citado, demonstrando conhecer o psiquismo humano, além do desejo que manifestamos conscientemente, alimentamos o que ele denominou um "desejo central" ou "tema básico dos interesses mais íntimos". Esse desejo, que se manifesta de modo inconsciente e, às vezes, até contrariamente aos nossos objetivos imediatos, reflete a natureza dos nossos pensamentos e o nível de evolução em que nos situamos, tornando-se um espelho da nossa personalidade. Através das nossas ações e dos nossos pensamentos, é possível conhecer esse "desejo central" e, em consequência, a nossa natureza. Esta circunstância é decisiva para definir as nossas companhias espirituais e as influências às quais estaremos sujeitos, do que podem se aproveitar espíritos obsessores. Com efeito, os espíritos obsessores não nos criam imperfeições para dela se utilizarem. Simplesmente, utilizam-se das imperfeições que cultivamos ao longo de nossas existências físicas. O caso em estudo é um exemplo disso. Leonel, o principal agente obsessor de Luís, explica que se aproveitará de seu apego ao dinheiro para nutrir a fixação mental em torno dele, "robustecendo-lhe os impulsos e os quadros já existentes na imaginação e criando outros que se lhes superponham".
Conclui afirmando que "através de semelhantes processos, criamos e mantemos facilmente o delírio psíquico ou a obsessão."

7) "- Viram? - exclamou Leonel, contente - transmiti-lhe ao campo mental um  quadro fantástico, através do qual as terras do vizinho estariam em leilão, caindo-lhe, enfim, nas unhas. Bastou que eu mentalizasse uma tela nesse sentido, arquitetando o sítio à venda, para que ele a tomasse por realidade indiscutível, porquanto, em se tratando de nosso reflexo fundamental, somos induzidos a crer naquilo que desejamos aconteça...  "

7a)  Comente sobre: (a) transmissão de imagens,  (b) formas-pensamento,  (c) influenciação hipnótica.
 Segundo explicação do assistente Silas, a transmissão de imagens se dá através da energia mental, por meio da qual o obsessor, agindo como hipnotizador, projeta sobre o campo mental do obsidiado os quadros que deseja transmitir. O campo mental do obsidiado funciona "qual mosaico, transformando as impressões recebidas em impulsos magnéticos, a reconstituírem as formas-pensamentos plasmadas nos centros cerebrais, por intermédio dos nervos que desempenham o papel de antenas específicas, a lhes fixarem as particularidades na esfera dos sentidos, num perfeito jogo alucinatório, em que o som e a imagem se entrosam harmoniosamente, como acontece na televisão, em que a imagem e o som se associam com o apoio eficiente de aparelhos conjugados, apresentando no receptor uma sequência de quadros que poderíamos considerar como sendo miragens técnicas."
 Formas-pensamento são criações mentais do espírito, que se materializam através do fluido vital e se exteriorizam por meio de ondas magnéticas que se propagam pelo espaço como raios. Os fluidos são o veículo do pensamento, que atua sobre eles como o som sobre o ar. Mergulhando no fluido cósmico universal, as formas-pensamento são transportadas a distâncias ilimitadas, chegando às mentes de encarnados e desencarnados. Com isso, cria um vínculo fluídico entre os que têm afinidade por pensamentos da mesma natureza, numa troca de valores mentais de idênticas qualidades.
 A influencia hipnótica é a ação de um agente ativo em relação ao passivo, sugestionando-lhe uma ação ou um pensamento.

8)  Comente sobre a seguinte assertiva: "Pela conversação de Leonel, percebi que cruzamos o caminho de duas vigorosas inteligências, cuja modificação inicial há de ser feita com amor para realizar-se com segurança"
Como comentou André Luiz, os benfeitores espirituais não estavam, ali, lidando com um obsessor comum. Tratava-se de obsessor que conhecia o psiquismo humano, suas fraquezas e a forma de utilizá-las para atingir o seu intento. Era um espírito endurecido e fixado no desejo de vingança, porém não um ignorante. Pela força da palavra, com argumentos puramente racionais e ainda que com fundamentos evangélicos, o Assistente percebeu que nada conseguiria de positivo. Somente através da poderosa arma do amor os obsessores poderiam ser vencidos. Apenas os envolvendo num sentimento que talvez jamais tenham experimentado poderiam ser convencidos da necessidade de mudança de comportamento, o que beneficiaria não somente Luís, a vítima de suas ações, mas a eles próprios, pois fomos criados para amarmos uns aos outros e é no amor que encontraremos a felicidade definitiva acenada por Jesus.


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