Capítulo 3
Problemas
mentais
Iniciaremos
o presente capítulo, recordando a assertiva do instrutor Albério de que «a
mente permanece na base de todos os fenômenos mediúnicos».
Assim
sendo, evidencia-se e se avulta, sobremodo, a responsabilidade de todos nós,
especialmente dos médiuns, nos labores evolutivos de cada dia.
Estudemos,
com simplicidade e clareza, o problema mental.
Assim
como a ingestão de certos alimentos ou de bebidas alcoólicas ocasiona,
fatalmente, a modificação do nosso hálito, alcançando o olfato das pessoas que
próximas estiverem, do mesmo modo os nossos pensamentos criam o fenômeno psíquico
do «hálito mental>>, equivalente à natureza das forças que emitimos ou
assimilamos. Teremos, então, um «hálito mental» desagradável e nocivo ou
agradável e benéfico.
O
hálito bucal será determinado pelo tipo de alimentação ou de bebida que ingerirmos.
O
“hálito mental” será, a seu turno, determinado pelo tipo dos nossos pensamentos.
O nosso
ambiente psíquico será, assim, inexoravelmente determinado pelas forças mentais
que projetamos através do pensamento, da palavra, da atitude, do ideal que
esposamos.
O
ambiente psíquico de uma pessoa, de maus hábitos ou de hábitos salutares, será
notado, sentido pelos Espíritos e pelos encarnados, quando dotados de vidência
ou forem sensitivos.
Ao nos
aproximarmos de pessoa encolerizada, ou que conduza no coração, mesmo em
silêncio, aflitivas preocupações, notaremos o seu hálito mental», do mesmo modo
que notaremos o «hálito bucal» de quem tomou um copo de vinho ou mastigou uma
cebola.
*
As ideias
são criações do nosso Espírito.
Criações
incessantes, ininterruptas, que se projetam no Espaço e no Tempo, adquirindo
forma, movimento, direção e tonalidades equivalentes à natureza, superior ou
inferior, das ideias criadas.
Um
pensamento, que expresse desejos ou objetivos, veiculado poderosamente por
nosso Espírito, poderá até ser fotografado.
Poderá,
inclusive, ser visto pelos médiuns videntes ou percebido pelos médiuns
sensitivos.
O nosso
campo mental é, pois, inteiramente devassável pelos Espíritos e até pelos
encarnados.
Considerando,
por oportuna, a observação de Paulo de Tarso de que «estamos cercados por uma
nuvem de testemunhas», somos compelidos a medir e pensar, na balança
consciencial, as sérias responsabilidades que decorrem do conhecimento que já
temos de tais verdades. Isso porque tais criações determinarão, inevitavelmente,
o tipo e o caráter de nossas companhias espirituais, em virtude das vibrações
compensadas.
Uma
mente invigilante atrairá entidades infelizes, vampirizadoras, porque certos
Espíritos profundamente materializados, arraigados, ainda, às paixões inferiores,
nutrem-se, alimentam-se dessas substâncias produzidas pela mente irresponsável
ou deseducada.
Ser
médium é algo de sublime, determinando tacitamente o imperativo da realização
interior, a necessidade de o indivíduo conquistar a si mesmo pela superação das
qualidades negativas.
Ser
médium é investir-se a criatura de sagrada responsabilidade perante Deus e a
própria consciência, uma vez que é ser intérprete do pensamento das esferas
espirituais, medianeiro entre o Céu e a Terra.
Convenhamos
que será muito difícil aos Mensageiros Celestes utilizarem-se, de modo
permanente, de companheiros encarnados sem a mais leve noção de
responsabilidade, negligentes no cumprimento dos deveres morais, impontuais,
inteiramente alheios ao imperativo da própria renovação para o Bem, ou, ainda,
inclinados à exploração inferior.
A este
respeito, ouçamos a palavra de Emmanuel:
“O
perfume conservado no frasco de cristal puro não será o mesmo, quando
transportado num vaso guarnecido de lodo.”
Poderão
os Bons Espíritos, reconheçamos, comunicar-se algumas vezes.
Poderão
transpor barreiras vibratórias e superar obstáculos da mente irresponsável,
para estender benefícios aos estropiados do caminho.
Poderão,
ainda, extrair notas harmoniosas de mal cuidado instrumento, exaltando, assim,
o Poder e a Glória, o Amor e a Sabedoria do Senhor da Vida.
Todavia,
cumpre-nos admitir, dificilmente tornarão eles, os Grandes Instrutores, por
medianeiro definitivo para as grandes realizações do Cristo o médium que vê,
apenas, na sua faculdade, espetaculoso meio de produzir fenômenos, sem
finalidade educativa para si e para os outros.
A
discriminação e importância do problema mental poderão, talvez, ser melhor
entendidas mediante o gráfico organizado para o estudo e análise do tema
“criações mentais”:
MENTE — Base
de todos os fenômenos mediúnicos = Hálito Mental {Emissão de forças
determinadoras do nosso ambiente psíquico. {Ideia = {“Ser”organizado pelo nosso
Espírito. = {Pensamento (forma) Vontade (movimento e direção). {Criação,
Alimento e Destruição = {de Formas, Situações, Coisas, Paisagens. = {Sublimação
do pensamento incorporando tesouros morais e culturais.
Segundo
depreendemos do diagrama acima, adaptado de acordo com os conceitos e
esclarecimentos do instrutor Albério, o nosso Espírito tem a propriedade de
criar formas, situações, coisas e paisagens, sendo-nos facultado, portanto,
influenciar, benéfica ou maleficamente, a nós e aos outros.
Tem o
nosso Espírito não apenas a faculdade de realizar tais criações.
Tem-na
também para dar-lhes vida ou destruí-las.
Os
chamados “clichês astrais”, referidos pelos estudiosos da Ciência Espírita,
abonam esta informação.
Cenas
violentas, tais como assassínios etc., poderão permanecer durante longos anos
no cenário da luta, até enquanto as suas personagens lhes derem vida, pela
projeção mental.
O ruído
dessas lutas pode ser ouvido pelos médiuns audientes.
Quando
a luz do esclarecimento felicitar o coração dos protagonistas, os tais clichês
astrais, desaparecerão. Deixarão de existir, serão destruídos, porque cessaram
as energias que lhes davam vida.
O
médium não evangelizado, irresponsável, será, via de regra, um permanente
criador de imagens deprimentes, a constituírem verdadeira (ponte magnética),
pela qual terão acesso às entidades perturbadoras.
A prática
do Evangelho e o conhecimento da Doutrina Espírita, pura e simples, sem
qualquer formalidade, sem exorcismos ou aparatos, sem coadjuvantes físicos de
qualquer espécie, serão recursos salutares que, instruindo o médium e
estendendo-lhe ao coração as noções de fraternidade, transformar-lhe-ão o
ambiente psíquico, assegurando-lhe em caráter definitivo, uma série de
vantagens, tais como:
a) —
Paz interior.
b) —
Valiosas amizades espirituais.
c) —
Defesa contra a incursão de entidades da sombra.
d) —
Crédito de confiança dos Espíritos Superiores.
e) —
Iluminação própria.
f) —
Outorga de tarefas de maior valia no serviço do Senhor.
Sim,
outorga de novos encargos no campo do mediunismo edificante.
Ouçamos,
mais uma vez, o pensamento de Emmanuel:
«O
sábio não poderá tomar uma criança para confidente, embora a criança, invariavelmente,
detenha consigo tesouros de pureza e simplicidade que o sábio desconhece.”
Referindo-se,
ainda, à necessidade de o médium estudar e devotar-se ao bem, assegura também o
respeitável Espírito:
«A
ignorância poderá produzir indiscutíveis e belos fenômenos, mas só a noção de
responsabilidade, a consagração sistemática ao progresso de todos, a bondade e
o conhecimento conseguem materializar na Terra os monumentos definitivos da felicidade
humana.)
Quando
o médium se despoja de tudo quanto representa irresponsabilidade, o seu
ambiente psíquico se consolida.
O seu
hálito mental se exterioriza mediante expressões edificantes e com tonalidades
maravilhosas.
É,
como, segundo a afirmativa do Divino Amigo, “àquele que mais tem, mais lhe será
dado”, o médium sincero e de boa vontade, mesmo que tenha pouca instrução,
conseguirá, sem dúvida, iluminado pela fé e pelo amor, sublimar os pensamentos,
enriquecendo a mente de tesouros morais e culturais, convertendo-se, por fim,
num medianeiro cristão para o serviço de intercâmbio com o Plano Superior.
*
Um
Espírito inclinado à perversidade ou à turbulência, incorporando-se num médium
espiritualizado, não resistirá ao suave, amoroso e fraterno envolvimento
fluídico resultante do próprio estado psíquico do medianeiro, circunstância
que, aliada à colaboração amiga do dirigente dos trabalhos e ao socorro dos
protetores, facilitará a execução das reais finalidades do serviço mediúnico:
levar, ao coração endurecido ou sofredor, o orvalho da bondade e da
compreensão.
Quem
ama, irradia forças benéficas e irresistíveis, em torno de si, envolvendo,
salutarmente, os que dele se acham próximos.
O
episódio do lobo de Gúbio, com Francisco de Assis, é expressivo.
Demonstra
como a violência e a agressividade se estiolam, inermes, diante do incoercível
e ilimitado poder do Amor.
A
faculdade de, pelo pensamento, criarmos ideias e de, pela vontade, imprimirmos
movimento e direção a tais ideias, abre prodigioso campo de fraternas
realizações para a alma humana, encarnada ou desencarnada.
Com o
Evangelho no coração e a Doutrina Espírita no entendimento poderemos, sem
dúvida, promover o bem-estar, físico e psíquico, de quantos, realmente
interessados na própria renovação, se tornarem objeto das nossas criações
mentais.
E o que
será não menos importante e fundamental: consolidaremos o próprio equilíbrio
interior, correspondendo, assim, à confiança daqueles que, na Espiritualidade
Mais Alta, aguardam a migalha da nossa boa vontade.
Este capítulo faz referência ao Capítulo sobre Raios, Ondas, Médiuns, Mentes do livro Nos domínios da Mediunidade pelo espírito André Luís e psicografia de Francisco Cândido Xavier
Este capítulo faz referência ao Capítulo sobre Raios, Ondas, Médiuns, Mentes do livro Nos domínios da Mediunidade pelo espírito André Luís e psicografia de Francisco Cândido Xavier
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