Capítulo
6
IRMÃO
RAUL SILVA
“Jesus
lhe disse: Apascenta as minhas ovelhas.”
EVANGELHO.
Os
estudos de André Luiz e do seu companheiro Hilário, antigos médicos na Terra,
na última encarnação, sob a supervisão do Assistente Áulus, verificam-se em
vários grupos de atividade mediúnica, efetivando-se as instrutivas e
fundamentais observações, de início, num grupo que denominaremos, neste livro,
de «grupo-básico».
Os
elementos que lhe compõem a «equipagem mediúnica», em número de dez — quatro
irmãs e seis irmãos — realizam aquilo que poderemos classificar de “mediunismo
cristão», guardando, todos eles, no Íntimo, elevada noção de responsabilidade
quanto à nobreza da tarefa que, em conjunto, levam a efeito.
Reproduzamos,
aqui, os informes que, à guisa de apresentação, o Assistente Áulus forneceu a
André Luiz e Hilário, em torno da personalidade do diretor, encarnado, dos
trabalhos.
Detendo-se
junto ao irmão Raul Silva, «que dirige o núcleo com sincera devoção à
fraternidade», apresentou:
«Correto
no desempenho dos seus deveres e ardoroso na fé, consegue equilibrar o grupo na
onda de compreensão e boa vontade, que lhe é característica. Pelo amor com que
se desincumbe da tarefa, é instrumento fiel dos benfeitores desencarnados, que
lhe identificam na mente um espelho cristalino, retratando-lhes as instruções.
»
As
palavras de apresentação do companheiro Raul, dirigente do grupo visitado,
ensejam significativas apreciações no tocante a determinados requisitos que não
podem estar ausentes daqueles que se dispõem a presidir trabalhos mediúnicos.
Afirma-se,
de modo geral, que Espíritos menos esclarecidos costumam acabar com centros
espíritas ou agrupamentos mediúnicos, provocando confusões, desanimando uns, ou
espalhando a cizânia entre outros.
Ninguém,
em sã consciência, negará a evidência desse assédio.
Efetivamente,
os Espíritos têm desmanchado muitos centros e continuarão sem dúvida, por muito
tempo ainda, obtendo êxito em sua obra desagregadora, até que se dê a tais
atividades, em toda a sua plenitude, o sentido e a feição superiores por que se
bate o Espiritismo Cristão, através das bem orientadas instituições.
Enquanto
a boa vontade e a correção, o estudo e o amor não forem, primacialmente, a mola
real de todos os grupos mediúnicos, os Espíritos menos esclarecidos encontrarão
sempre fácil acesso, eis que a prática mediúnica, sem Evangelho sentido e
vivido, e sem Doutrina estudada e compreendida, constitui porta aberta à
infiltração dos desencarnados ainda não felicitados pela luz do esclarecimento.
Todavia,
uma outra verdade se patenteia. E essa verdade precisa de ser focalizada, como
advertência fraterna e em nome do imenso amor que consagramos à Doutrina Espírita.
Há,
também, os «desmanchadores», encarnados, de centros e de grupos espíritas!
São os
dirigentes intratáveis e grosseiros, destituídos, completamente, daquele senso
psicológico indispensável a quem dirige e, acima de tudo, sem possuir aquela
abnegação pelo trabalho e aquela bondade sincera para com os companheiros que,
na posição de médiuns, lhes compartilham as tarefas.
Há
muitos dirigentes de centros, ou mesmo simples cooperadores, que ajudam os
Espíritos inferiores a encerrar-lhes as atividades, ou, então, a estacionarem
pelo tempo a fora, numa improdutividade que faz dó.
São
aqueles que nunca têm uma palavra amiga, de reconforto e estímulo para os
médiuns.
São
aqueles que não possuem elementares recursos de paciência para com os
sofredores ou endurecidos, trazidos, pelo devotamento dos guias, ao serviço de
consolação ou esclarecimento, segundo o caso.
São
aqueles que, hiperbólicos e insofreáveis no seu entusiasmo, não sabem dosar a
palavra incentivadora ao medianeiro iniciante, estiolando, pelo elogio
indiscriminado e inconsequente, preciosas faculdades medianímicas.
São
aqueles que mais se parecem com «funcionários de cadastro» das organizações do
mundo. Indagam, a todo o custo e sem qualquer objetivo edificante, o nome do
comunicante, onde nasceu e em qual cartório será encontrado o seu registro de
nascimento; em qual igreja poderá ser examinado o batistério, quanto ganhava no
último emprego que ocupou na Terra e qual o número da Carteira Profissional; o
nome da esposa do chefe da secção, qual a penúltima cidade onde viveu, nome da
rua e a respectiva numeração, quem era o vizinho da direita e se o filho mais
velho do vizinho da esquerda era aplicado nos estudos e se tinha boa
caligrafia...
São
esses os “desmanchadores”, encarnados, que colaboram, por falta de compreensão
dos deveres de fraternidade, preceituados no Evangelho, com os desencarnados
que, poderosamente organizados no Espaço, assediam os núcleos espíritas de
esclarecimento.
Meditemos,
todos, na admirável apresentação do dirigente Raul Silva. Analisemos, uma a
uma, as referências em torno da sua pessoa.
Devoção
à fraternidade, correção no cumprimento dos deveres, pontualidade, fé ardorosa,
compreensão, boa vontade, equilíbrio, prudência e muito amor no coração — eis
as apreciáveis qualidades que exornam a sua personalidade.
Simboliza,
ele, o trabalhador sincero e bem intencionado.
Representa,
ele, o tipo ideal do dirigente de reuniões mediúnicas ou do presidente de
instituições espíritas.
Tomemo-lo,
pois, por modelo, afeiçoando, paulatinamente, a nossa à sua conduta evangélica,
e veremos, então, fora de qualquer dúvida, o progresso cada vez maior dos
núcleos que o Senhor Jesus nos confiou ao coração necessitado de luz e
ascensão.
Raul
Silva é, como acentua o Assistente Áulus, pessoa comum.
Não é
um santo, nem um herói extraordinário, transitando, singularmente, pelo mundo.
Come,
bebe e veste-se normalmente. Na Terra, nos labores de cada dia, nenhuma
diferenciação apresenta das demais criaturas.
Esforça-se,
contudo, para melhorar-se, a fim de retratar», dos benfeitores espirituais, as
instruções necessárias ao serviço de amparo aos companheiros desencarnados
trazidos à incorporação.
É
sincero e ama o seu trabalho.
Cultiva
a bondade com todos, não se enerva e nem se impacienta com aqueles que ainda
não podem compreender os alevantados objetivos do Espiritismo Cristão.
Procura
amar a todos, pequenos e grandes, pobres e ricos, pretos e brancos, pela
convicção de que não poderá dirigir ou orientar quaisquer agrupamentos quem não
tiver muito amor para ofertar, desinteressadamente, inclusive com o sacrifício
próprio, conforme depreendemos das três famosas perguntas de Jesus ao velho
apóstolo galileu:
Pedro,
tu me amas?
E, ante
a resposta afirmativa do venerando pescador, recomenda-lhe, jubiloso, com a alma
inundada de esperança:
“Se me
amas, Pedro, apascenta as minhas ovelhas.”
Um
grupo mediúnico é, em miniatura, um rebanho de ovelhas.
Se o
dirigente não amar bastante, a fim de «equilibrar o grupo na onda de
compreensão e boa vontade», nunca poderá apascentá-las, nem conduzi-las ao
aprisco da paz e do trabalho.
Deixá-las-á
desamparadas, à mercê dos temporais e das surpresas do mundo das sombras.
Tanto este capítulo (6) quanto o posterior (7) referem-se ao capítulo 3 - Equipamento mediúnico do livro Nos domínios da mediunidade.
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