quinta-feira, 6 de março de 2014

Capítulo 5
O Psicoscópio
A partir do presente capítulo, e após o notável estudo do instrutor Albério, assumirá o Assistente Áulus o comando dos nossos comentários sobre a mediunidade.
Através do verbo bondoso e sábio desse Espírito, perlustraremos os maravilhosos e complexos caminhos do mediunismo, aprendendo com ele muita coisa que os clássicos não podiam mencionar no século 19, tendo em vista a imaturação do espírito humano para tais problemas.
Aliás, o que dá sentido de eternidade à Doutrina Espírita é, exatamente, esse caráter progressivo, assegurando a continuidade das notícias do Espaço, dando expansibilidade à Codificação, desdobrando-a em nuances cada vez mais belas e empolgantes e, para júbilo de todos nós, enriquecendo-a com novos e magníficos conhecimentos da vida no Além-Túmulo.
Tivesse a Doutrina parado com os livros básicos, sem esta complementação magnificente. o seu destino seria, inevitavelmente, o destino de tantas doutrinas que floresceram, tiveram o seu período áureo, mas que, por se cristalizarem, ficaram sepultadas no sarcófago do esquecimento.
O Espiritismo, pelo seu conteúdo evolutivo e universal, é um movimento em marcha, para frente e para o alto.
É um sol que busca o zênite de seus gloriosos objetivos de Consolador anunciado e prometido pelo Divino Amigo.
Dele, foi dita a primeira palavra e jamais se dirá a última, afirmou, incisivamente. Allan Kardec.
Abençoado seja, nas resplandecentes esferas, o valoroso missionário que estruturou o Espiritismo, deu-lhe bases inamovíveis, deixando-lhe, todavia, as mais positivas, ricas e sublimes perspectivas de engrandecimento, de desenvolvimento e de expansibilidade ilimitada, no Tempo e no Espaço.
*
Definindo o psicoscópio, o Assistente Áulus informa que «é um aparelho a que intuitivamente se referiu ilustre estudioso da fenomenologia espirítica, em fins do século passado. Destina-se à auscultação da alma, com o poder de definir-lhe as vibrações e com capacidade para efetuar diversas observações da matéria. »
O cientista a que Áulus se refere foi Alfred Erny, na sua obra «O Psiquismo Experimental».
Segundo verificamos, tem o psicoscópio a propriedade de definir as vibrações de encarnados e desencarnados, cumprindo-nos, atentos aos objetivos deste livro, ressaltar a faculdade de esse aparelho espiritual, devidamente armado num grupo mediúnico, caracterizar os mais íntimos sentimentos dos presentes, tais como:
a) — Moralidade
b) — Bondade
c) — Perversidade
d) — Falta de confiança
e) — Curiosidade
f) — Irresponsabilidade
g) — Interesses inferiorizados
O psicoscópio tem, no plano espiritual, por analogia, a mesma função que têm, na Terra, o magnetômetro, aparelho inventado pelo abade Fortin para medir a intensidade do fluido magnético, o estetoscópio, os Raios 10º, o eletrocardiógrafo, o eletrencefalógrafo, etc., na medicina terrestre.
O estado orgânico do enfermo é perscrutado pelo clínico ou pelo radiologista, mediante a aplicação do instrumento apropriado.
Utilizando os aparelhos acima, conhecerá o médico a «intimidade física o cliente”.
Saberá se o coração vai normal, se os pulmões passam bem, se o aparelho cerebral vai sem alterações.
Tais aparelhos, indiscretos, são, em síntese, os desvendadores dos segredos internos do corpo humano.
Muita vez, aquilo que o doente não desejava saber, por medo da verdade, ou preferiria que os demais ignorassem, é revelado por esses e outros aparelhos.
O psicoscópio desempenha, sob o ponto de vista espiritual, esta mesma função; descobre e revela, aos benfeitores espirituais, o que os médiuns ocultam ao dirigente dos trabalhos e o que o dirigente oculta aos médiuns.
Sem dúvida, este fato sublima o serviço mediúnico, acentuando o senso de responsabilidade que deve orientar esse abençoado campo de atividade.
Cumpre-nos, entretanto, frisar que tal providência, analisadora dos sentimentos individuais, não se efetiva, pelos amigos espirituais, à guisa de simples curiosidade ou diletantismo. Longe disto. O mais fervoroso sentimento de compreensão e bondade preside a tais verificações, cuja utilidade apreciaremos nas linhas seguintes.
Os instrutores operam com absoluta ausência de qualquer pensamento descaridoso ou humilhante, não só com relação aos encarnados, como para com os desencarnados.
Ouçamos, a este respeito, a palavra do Assistente Áulus:
«Em nosso esforço de supervisão, podemos classificar sem dificuldade, (com o psicoscópio) as perspectivas desse ou daquele agrupamento de serviços psíquicos que aparecem no mundo. Analisando a psicoscopia de uma personalidade ou de uma equipe de trabalhadores é possível anotar-lhes as possibilidades e categorizar-lhes a situação. Segundo as radiações que projetam, planejamos a obra que podem realizar no Tempo. »
Esta declaração do Mentor Espiritual é de suma importância para os agrupamentos mediúnicos que desejam, efetivamente, trabalhar «sob planejamento do Alto», assistidos e orientados por instrutores que, anotando-lhes as possibilidades, programarão tarefas a serem executadas junto aos necessitados, «vivos» ou «mortos».
Um grupo mediúnico que funciona na base da irresponsabilidade e da desconfiança, da negligência ou da má vontade, sem que os seus componentes estejam efetivamente entrelaçados pela mais santa fraternidade e pelos mais elevados propósitos, um grupo desse tipo, analisado «psicoscopicamente pelos Mentores, ficará, sem dúvida, à mercê dos interesses que norteiam a sua existência e o seu funcionamento, possivelmente dirigidos por infelizes entidades.
Entre companheiros invigilantes e entidades menos esclarecidas se estabelecerá, inevitavelmente, a sintonização vibratória de que foram objeto as páginas precedentes.
Os instrutores espirituais compreenderão, compadecidos, que naquele agrupamento não adiantará o concurso elevado, porque se acham ausentes os requisitos fundamentais que justificam a colaboração do Mais Alto: boa vontade, confiança e sinceridade de propósitos!
Que poderão os Benfeitores Espirituais «planejar» para semelhante núcleo, se os interesses menos dignos predominam, com absoluto descaso pelo bem do próximo, embora, via de regra, a palavra «caridade» seja pronunciada, pomposamente, à maneira do sino que tine?...
O oposto sucede quando, pondo o psicoscópio a funcionar num grupo humilde e sincero, as radiações dos seus integrantes falam, através da inconfundível linguagem dos sentimentos, expressos em forma de vibrações, de operosidade e devotamento, de confiança e união espiritual.
Neste caso — afirmemos em alto e bom som — os instrutores espirituais organizarão a ficha psicoscópica do grupo, a fim de que um programa de santificantes realizações lhe seja cometido.
Qualquer um de nós, militantes espíritas, terá observado, aqui ou alhures, que certos grupos mediúnicos não progridem. Porque será?
Não se encontrará, porventura, nas considerações em torno do psicoscópio, a resposta, lógica e racional, para tal indagação?
O bom senso nos diz que muitos grupos funcionam sem programa edificante.
Fazem-se sessões, simplesmente por fazer.
Grupo mediúnico que funciona sem orientação cristã, evangélica, sem cogitar do fundamental problema da elevação moral de todos, melhor seria que cerrasse as suas portas, porque, assim fazendo, cerrá-las-ia, também, às forças da sombra.
Mediunismo é, sem dúvida, atividade sagrada.
Por ele é que vem a Revelação, que é a palavra de Deus para os homens.
Pelos condutos mediúnicos, através da inspiração ou da escrita, é que o Céu tem enviado à Terra, em todos os tempos e lugares, abundantes jorros de luz e consolação.
Os centros espíritas bem orientados não devem ensarilhar armas no esforço de recomendar sessões reservadas, de amparo aos sofredores, a fim de que as tarefas mediúnicas cumpram sua legítima finalidade.
Parece que as recomendações do Codificador, neste sentido, foram esquecidas.
As advertências de Léon Denis permanecem, também, lastimavelmente olvidadas.
Acreditamos que o livro «Nos Domínios da Mediunidade» tenha sido compreendido e que, em resultado de sua leitura e análise, possam as agremiações espíritas traçar elevadas diretrizes para os seus misteres mediúnicos, congregando senhoras e senhores de boa vontade, sinceros e estudiosos, para comporem seus núcleos de amparo aos sofredores.
Não é demasiado tarde para darmos e fazermos o melhor, em nossas atividades no setor mediúnico.
Será este o meio de a Espiritualidade, examinando os sentimentos e as intenções dos trabalhadores desse campo, dispensar-lhes amparo e orientação, traçando-lhes programas que atendam, sobretudo, ao elevado espírito de fraternidade que presidiu a todos os atos e palavras, pensamentos e atitudes de Nosso Senhor Jesus-Cristo — o Médium de Deus.



Este capítulo corresponde ao capítulo 2, com o mesmo título do livro "Nos domínios da mediunidade"

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