Capítulo 7
Médiuns
Focalizando a pessoa
de Raul Silva, tecemos considerações de ordem moral, relativamente às
qualidades que reputamos indispensáveis ao dirigente de sessões mediúnicas que
deseja tornar-se, de fato, eficiente, compreendendo-se, naturalmente, que o
vocábulo «eficiente» terá em nossos estudos significado diverso do
habitualmente conhecido.
Eficiente, sob o
ponto de vista espiritual, será aquele trabalhador que melhor se harmonizar com
a Vontade do Pai Celestial.
Será aquele que se
destacar pelo cultivo sincero da humildade e da fé, do devotamento e da
confiança, da boa vontade e da compreensão. Raul Silva é o modelo do eficiente
condutor, encarnado, de tarefas mediúnicas.
A fim de que os
estudos se processem numa sequência que facilite a consecução de nossos
objetivos, qual seja o de elucidar, em linguagem simplíssima, os pormenores do
livro Nos Domínios da Mediunidade, extraindo de tais pormenores conclusões que
favoreçam a melhor compreensão do elevado sentido do mediunismo, é justo e
oportuno recordemos a apresentação feita pelo Assistente Áulus dos companheiros
que, com Raul Silva, integram o núcleo de serviços cristãos.
Eugênia: «médium de
grande docilidade, que promete brilhante futuro na expansão do bem», tem a
vantagem de conservar-se consciente» enquanto empresta a organização mediúnica
aos Espíritos.
Anélio: vem
conquistando gradativo progresso na clarividência, na clariaudiência e na
psicografia».
Antônio Castro: é
médium sonâmbulo.
Celina: é
clarividente e audiente, além de ser médium de incorporação e de desdobramento.
Pelas observações do
Assistente Áulus, e pelo que apreciaremos nos capítulos subsequentes,
perceber-se-á que Celina é uma colaboradora devotadíssima, conduzindo valiosos
títulos de benemerência espiritual.
Diante de
companheiros tão respeitáveis, pela abnegação e pelo espírito de sacrifício,
Hilário não resistiu ao desejo de indagar se seria lícito aceitar a
possibilidade de ser o campo mental de tais servidores, especialmente da irmã
Celina, invadido por Espíritos menos esclarecidos, respondendo Áulus que sim,
uma vez que a referida médium está numa prova de longo curso e que, nos encargos
de aprendiz, ainda se encontra muito longe de terminar a lição.”
E depois de meditar
um instante, conclui:
«Numa viagem de cem léguas podem ocorrer muitas surpresas no
derradeiro quilômetro do caminho.»
Esta observação é
oportuna e constitui valiosa advertência aos obreiros da Seara Cristã,
especialmente àqueles que foram convocados ao trabalho no setor da mediunidade.
Assim como há
companheiros que se julgam intangíveis ou invulneráveis, também há médiuns que
se julgam isentos de qualquer influenciação menos elevada.
Fazer-lhes sentir
que tais influenciações são ocorrência natural e corriqueira na vida de todos
nós, almas necessitadas e ainda empenhadas em dolorosos resgates, significa,
quase sempre, ferir suscetibilidades e, às vezes, contrair antipatias.
Guardemos, porém,
para uso próprio, a filosófica tirada do benevolente Instrutor:
«Numa viagem de cem
léguas podem ocorrer muitas surpresas no derradeiro quilômetro do caminho. »
O médium, por
excelente que seja a sua assistência espiritual, não deve descurar-se da
própria vigilância, lembrando sempre de que é uma criatura humana, sujeita, por
isso, a oscilações vibratórias, a pensamentos e desejos inadequados.
Devemos ter sempre
na lembrança a palavra de Emmanuel:
«Os médiuns, em sua generalidade, não são missionários na acepção
comum do termo; são almas que fracassaram desastradamente,
que contrariaram, sobremaneira, o curso das leis divinas e que resgatam, sob o
peso de severos compromissos e ilimitadas responsabilidades, o passado obscuro
e delituoso. O seu pretérito, muitas vezes, se encontra enodoado de graves deslizes e erros clamorosos.»
Quando o médium
guarda a noção de fragilidade e pequenez, pela convicção de que é uma alma em
processo de redenção e aperfeiçoamento, pelo trabalho e pelo estudo, está-se
preparando, com segurança, para o triunfo nas lides do Espírito Eterno.
Entretanto, quando
começa a pensar que é um missionário, um privilegiado dos Céus e que os
próprios Espíritos Superiores se sentem honrados e distinguidos por assisti-lo,
é, sem dúvida, um companheiro em perigo.
É um forte candidato
à obsessão e ao fracasso.
A vaidade é o
primeiro passo que o médium dá no caminho da desventura.
A senda do
desequilíbrio se abre, larga e sedutoramente, ao medianeiro encarnado que
entroniza, no altar do coração invigilante, a imponente figura de Sua Majestade
— O EGOISMO.
Esforcemo-nos,
portanto, no sentido de realizar a humildade e o espírito de serviço, em
benefício da nossa paz, porque, em verdade, nenhum de nós venceu, ainda, a si
mesmo.
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