quarta-feira, 10 de junho de 2015

Conclusão da PRIMEIRA PARTE

Noções Preliminares

CAPÍTULO l

EXISTEM ESPÍRITOS?

1.    Em que se funda a crença nos espíritos?
"Seja qual for à ideia que dos Espíritos se faça, a crença neles necessariamente se funda na existência de um princípio inteligente fora da matéria. Essa crença é incompatível com a negação absoluta deste princípio. Tomamos, conseguintemente, por ponto de partida, a existência, a sobrevivência e a individualidade da alma, existência, sobrevivência e individualidade que têm no Espiritualismo a sua demonstração teórica e dogmática e, no Espiritismo, a demonstração positiva".

2.   Onde habitam os Espíritos? Explique!
Segundo a crença vulgar, vai para o céu, ou para o inferno. (...) A razão se recusa a admitir semelhante nulidade do infinito e tudo nos diz que os diferentes mundos são habitados.(...) Não podendo a doutrina da localização das almas harmonizar-se com os dados da Ciência, outra doutrina mais lógica lhes assina por domínio, não um lugar determinado e circunscrito, mas o espaço universal: formam elas um mundo invisível, em o qual vivemos imersos, que nos cerca e acotovela incessantemente." 

3.   O que é o Espírito?
"(...) os Espíritos não são senão as almas dos homens, despojadas do invólucro corpóreo."

4.   Como você explicaria a um descrente a existência e a comunicabilidade dos espíritos?
É complicado demais para explicar para uma pessoa que não crer em
Deus, fazê-lo acreditar na existência dele, visto que muitos de nós temos opiniões diversas a resposta, de qualquer forma, poderia iniciar o debate fazendo apontamentos referente a tudo que está ao nosso redor, tais como questioná-lo, a respeito do ar que respiramos, ou da chuva que cai, de onde vem, etc?
É claro que as respostas estariam vinculadas com o que a Ciência pode explicar, contudo a resposta que esta não pode fornecer e somente algo sobrenatural e inexplicável consegue identificar, é que poderá apresentar um direcionamento para a Verdade.

Finalmente, cada caso é um caso.
PRIMEIRA PARTE

Noções Preliminares

CAPÍTULO l

EXISTEM ESPÍRITOS?

1. A causa principal da dúvida sobre a existência dos Espíritos é a ignorância da sua verdadeira natureza. Imaginam-se os Espíritos como seres à parte na Criação, sem nenhuma prova da sua necessidade. Muitas pessoas só conhecem os Espíritos através das estórias fantasiosas que ouviram em crianças, mais ou menos como as que conhecem História pelos romances.
Não procuram saber se essas estórias, desprovidas do pitoresco, podem revelar um fundo verdadeiro, ao lado do absurdo que as choca. Não se dão ao trabalho de quebrar a casca da noz para descobrir a amêndoa. Assim, rejeitam toda a estória, como fazem os religiosos que, chocados por alguns abusos, afastam-se da religião.
Seja qual for a ideia que se faça dos Espíritos, a crença na sua existência decorre necessariamente do fato de haver um princípio inteligente no Universo, além da matéria. Essa crença é incompatível com a negação absoluta do referido princípio. Partimos, pois, da aceitação da existência, sobrevivência e individualidade da alma, de que o Espiritualismo em geral nos oferece a demonstração teórica dogmática, e o Espiritismo a demonstração experimental. Mas façamos, por um instante, abstração das manifestações propriamente dita, e raciocinemos por indução. Vejamos a que consequências chegaremos.

2. Admitindo a existência da alma e da sua individualidade após a morte, é necessário admitir também: 1°.) Que a sua natureza é diferente da corpórea, pois ao separar-se do corpo ela não conserva as propriedades materiais; 2°) Que ela possui consciência própria, pois lhe atribuímos a capacidade de ser feliz ou sofredora, e que tem de ser assim, pois do contrário ela seria um ser inerte e de nada nos valeria a sua existência. Admitindo isso, é claro que a alma terá de ir para algum lugar. Mas para onde vai, e que é feito dela? Segundo a crença comum, ela vai para o Céu ou para o Inferno. Mas onde estão o Céu e o Inferno? Dizia-se antigamente que o Céu estava no alto e o Inferno embaixo. Mas que é o alto e o baixo no Universo, desde que sabemos que a Terra é redonda; que os astros giram, de maneira que o alto e o baixo se revezam cada doze horas para nós; e conhecemos o infinito do espaço, no qual podemos mergulhar a distâncias incomensuráveis?
É verdade que podemos entender por lugares baixos as profundezas da Terra. Mas que são hoje essas profundezas, depois das escavações geológicas? Que são, também, essas esferas concêntricas chamadas céu de fogo, céu de estrelas, depois que aprendemos não ser o nosso planeta o centro do Universo, e que o nosso próprio Sol nada mais é do que um entre milhões de sóis que brilham no infinito, sendo cada qual o centro de um turbilhão planetário? Que foi feito da antiga importância da Terra, agora perdida nessa imensidade? E por que estranho motivo este imperceptível grão-de-areia, que não se distingue pelo seu tamanho, nem pela sua posição, nem por qualquer papel particular no cosmo, seria o único povoado de seres racionais? A razão se recusa a admitir essa inutilidade do Infinito, e tudo nos diz que esses mundos também são habitados. E se assim é eles também fornecem, os seus contingentes para o mundo das almas. Então, voltamos à pergunta: em que se tomam as almas, depois da morte do corpo, e para onde vão? A Astronomia e a Geologia destruíram as suas antigas moradas, e a teoria racional da pluralidade dos mundos habitados multiplicou-as ao infinito.
Não havendo concordância entre a doutrina da localização das almas e os dados das ciências, temos de aceitar uma doutrina mais lógica, que não lhes marca este ou aquele lugar circunscrito, mas dá-lhes o espaço infinito: é todo um mundo invisível que nos envolve e no meio do qual vivemos, rodeados por elas. Há nisso alguma impossibilidade, qualquer coisa que repugne à razão? Nada, absolutamente. Tudo nos diz, pelo contrário, que não pode ser de outra maneira.
Mas em que se transformam as penas e recompensas futuras, se as almas não vão para determinado lugar? Vê-se que a ideia dessas penas e recompensas é absurda, e que dá motivo à incredulidade. Mas entendemos que as almas, em vez de penarem ou gozarem em determinado lugar, carregam em seu íntimo, a felicidade ou a desgraça, pois a sorte de cada uma depende de sua condição moral, e que a reunião das almas boas e afins é um motivo de felicidade, e tudo se tornará mais claro. Compreendamos que, segundo o seu grau de pureza, elas percebem e têm visões inacessíveis, às mais grosseiras; que somente pelos esforços que fazem para se melhorarem, e depois das provas necessárias, podem atingir os graus mais elevados; que os anjos são as almas humanas que chegaram ao grau supremo e que todos podem chegar até lá, através da boa vontade; que os anjos são os mensageiros de Deus, incumbidos de zelar pela execução de seus desígnios em todo o Universo, sendo felizes com essa missão gloriosa; e a felicidade de após morte será uma condição útil e aceitável, mais atraente que a inutilidade perpétua da contemplação eterna. E os demônios? Compreendamos que são almas das criaturas más, ainda não depuradas, mas que podem chegar, como as outras, ao estado de pureza, e a justiça e a bondade de Deus se tornarão racionais, ao contrário do que nos apresenta a doutrina dos seres criados para o mal de maneira irrevogável. Eis, afinal, o que a mais exigente razão, a lógica mais rigorosa, o bom senso, numa palavra, podem admitir.
Como vemos, as almas que povoam o espaço são precisamente o que chamamos de Espíritos. Assim, os Espíritos são apenas as almas humanas, despojadas do seu invólucro corporal. Se os Espíritos fossem seres à parte na Criação, sua existência seria mais hipotética. Admitindo a existência das almas, temos de admitir a dos Espíritos, que nada mais são do que as almas. E se admitimos que as almas estão por toda parte, é necessário admitir que os Espíritos também estão. Não se pode, pois, negar a existência dos Espíritos sem negar a das almas.

3. Tudo isto não passa de uma teoria mais racional do que a outra. Mas já não é bastante ser uma teoria que a razão e a ciência não contradizem? Além disso, ela é corroborada pelos fatos e tem a sanção da lógica e da experiência. Encontramos os fatos nos fenômenos de manifestações espíritas, que nos dão a prova positiva da existência e da sobrevivência da alma. Há muita gente, porém, que nega a possibilidade dessas comunicações com os Espíritos. São pessoas que acreditam na existência da alma, e consequentemente na dos Espíritos, mas sustentam a teoria de que os seres imateriais não podem agir sobre a matéria. Trata-se de uma dúvida originada pela ignorância da verdadeira natureza dos Espíritos, da qual geralmente se faz uma ideia falsa, considerando-os seres abstratos, vagos e indefinidos, que não é verdade.
Consideremos o Espírito, antes de tudo, na sua união com o corpo. O Espírito é o elemento principal dessa união, pois é o ser pensante e que sobrevive à morte. O corpo não é mais que um acessório do Espírito, um invólucro, uma roupagem que ele abandona depois de usar. Além desse envoltório material o Espírito possui outro, semimaterial, que o liga ao primeiro. Na morte, o Espírito abandona o corpo, mas não o segundo envoltório, a que chamamos de perispírito. Este envoltório semimaterial que tem a mesma forma humana do corpo, é uma espécie de corpo fluídico, vaporoso, invisível para nós no seu estado normal, mas possuindo ainda algumas propriedades da matéria. Não podemos, pois, considerar o Espírito como uma simples abstração, mas como um ser limitado e circunscrito, a que só falta ser visível e palpável para assemelhar-se às criaturas humanas. Por que não poderia ele agir sobre a matéria? Pelo fato de ser fluídico o seu corpo? Mas não é entre os fluidos mais rarefeitos, como a eletricidade, por exemplo, e os que se consideram mais imponderáveis, que encontramos as mais poderosas forças motoras? A luz imponderável não exerce ação química sobre a matéria ponderável? Não conhecemos ainda a natureza íntima do períspirito, mas podemos supor o constituído de substância elétrica, ou de outra espécie de matéria tão sutil como essa. Por que, separado, não poderia agir da mesma maneira, dirigido pela vontade?

4. A existência de Deus e da alma, consequência uma da outra, constitui a base de todo o edifício do Espiritismo. Antes de aceitarmos qualquer discussão espírita, temos de assegurar-nos se o interlocutor admite essa base. Se ele responder negativamente às perguntas:
"Crê em Deus?
Crê na existência da alma?
Crê na sobrevivência da alma após a morte?"
ou se responder simplesmente: "Não sei; desejava que fosse assim, mas não estou certo" que geralmente equivale a uma negação delicada, disfarçada para não chocar bruscamente o que ele considera preconceitos respeitáveis, seria inútil prosseguir. Seria como querer demonstrar as propriedades da luz a um cego que não admitisse a existência da luz. As manifestações espíritas são os efeitos das propriedades da alma. Assim, com semelhante interlocutor, se não quisermos perder tempo, só nos resta seguir outra ordem de ideias.
Admitidos os princípios básicos, não apenas como probabilidade, mas como coisa averiguada, incontestável, a existência dos Espíritos será uma decorrência natural.



QUESTÕES PARA ESTUDO

1.Em que se funda a crença nos espíritos?

2. Onde habitam os Espíritos? Explique!

3. O que é o Espírito?


4. Como você explicaria a um descrente a existência e a comunicabilidade dos espíritos?
PERANTE OS INIMIGOS

Emmanuel

“Reconcilia-te sem demora com o teu adversário...” – Jesus. (MATEUS, 5:25)

Diante dos inimigos, preservemos a própria serenidade.
Reconciliar-se alguém com os adversários, nos preceitos do Cristo, é reconhecer-lhes, acima de tudo, o direito de opinião.
Exigir a estima ou o entendimento dos outros e preocuparmo-nos em demasia com os apontamentos depreciativos que se façam em torno de nós, será perder tempo valioso, quando nos constitui  sadio dever garantir a nós próprios tranquilidade de consciência.
Harmonizar-nos com todos aqueles que nos perseguem ou caluniam será, pois, anotar-lhes as qualidades nobres e desejar sinceramente que triunfem nas tarefas em cuja execução nos reprovam, aprendendo a aproveitar-lhes as advertências e as críticas naquilo que mostrem de útil e construtivo, prosseguindo ativamente no caminho e no trabalho em que a vida nos situou.
Renunciemos, assim, à presunção de viver sem adversários que, em verdade, funcionam sempre por fiscais e examinadores de nossos atos, mas saibamos continuar em serviço, aproveitando-lhes o concurso sob a paz em nós mesmos.
Nem o próprio Cristo escapou de semelhantes percalços.
Ninguém conseguiu furtar a paz do Mestre, em momento algum; entretanto, ele, que nos exortou a amar os inimigos, nasceu, cresceu, lutou, serviu e partiu da Terra, com eles e junto deles.

Do livro Palavras de Vida Eterna


Conclusão do Capítulo XII – Item 10

O ódio

O ódio é fruto da condição inferior em que ainda se encontra o homem. Odiar é ferir a si próprio; é um mal que atinge diretamente quem odeia. Devemos vencê-lo dentro de nós, para desfrutarmos a verdadeira felicidade, cujo caminho é o exemplo de Jesus, contido no seu Evangelho.

1 - De onde provém o ódio?

Da condição inferior em que ainda se encontra o homem, cujo orgulho fala muito alto, impedindo-o de ver, naquele que lhe inspira ódio, alguém que necessita do seu perdão, compreensão e cooperação.

"O ódio é o gérmen do amor que foi sufocado e desvirtuado por um coração sem Evangelho."

"Só a evangelização do homem espiritual poderá conduzir as criaturas a um plano superior de compreensão..." (Emmanuel - O Consolador - questão 339).

2 - Quem é a principal vítima do ódio?

É aquele que alimenta este sentimento, visto que o caminho para se conquistar a felicidade passa, obrigatoriamente, pelo próximo, a quem devemos amar incondicionalmente, e não odiar.

"Amai-vos uns aos outros e serei felizes."

3 - O que ocorre aos que violam a lei de amor?

Sofrerão a corrigenda necessária, através de duras provas restauradoras, porquanto nossa própria consciência nos cobra, nesta ou noutra vida, todos os que violam a lei de amor, uma vez que esta deve presidir todo o nosso relacionamento com o próximo.

A harmonia que preside as leis de Deus impõe que a violação de uma delas determine a observância e o cumprimento de outra, que leve à reparação da falta cometida. É assim que somos impulsionados ao progresso.

4 – Disserte sobre a máxima: “o amor aproxima de Deus a criatura e o ódio a distancia dele”.


Para se estar junto do Criador é preciso estar e ser puro de coração, ser humilde,... e, quando o espírito não consegue e não deseja esquecer as agruras sofridas através do perdão, acaba não percebendo a verdadeira máxima divina: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo.
Capítulo XII – Item 10

O ódio

10. Amai-vos uns aos outros e sereis felizes. Tomai, sobretudo, a peito amar os que vos inspiram indiferença, ódio, ou desprezo. O Cristo, que deveis considerar modelo, deu-vos o exemplo desse devotamento, Missionário do amor, ele amou até dar o sangue e a vida por amor. Penoso vos é o sacrifício de amardes os que vos ultrajam e perseguem; mas, precisamente, esse sacrifício é que vos torna superiores a eles. Se os odiásseis, como vos odeiam, não valeríeis mais do que eles. Amá-los é a hóstia imácula que ofereceis a Deus na ara dos vossos corações, hóstia de agradável aroma e cujo perfume lhe sobe até o seio. Se bem a lei de amor mande que cada um ame indistintamente a todos os seus irmãos, ela não couraça o coração contra os maus procederes; esta é, ao contrário, a prova mais angustiosa, e eu o sei bem, porquanto, durante a minha última existência terrena, experimentei essa tortura. Mas Deus lá está e pune nesta vida e na outra os que violam a lei de amor. Não esqueçais, meus queridos filhos, que o amor aproxima de Deus a criatura e o ódio a distancia dele. - Fénelon, (Bordéus, 1861.)

Questões para estudo
1 - De onde provém o ódio?

2 - Quem é a principal vítima do ódio?

3 - O que ocorre aos que violam a lei de amor?


4 – Disserte sobre a máxima: “o amor aproxima de Deus a criatura e o ódio a distancia dele”.
Conclusão do Capítulo XII – Item 9

A vingança, fruto do atraso moral do homem, é condenável, pois consiste na manifestação de um coração rancoroso. Este sentimento, contrário à lei de Deus, deixará de existir na Terra quando o homem, usando os recursos do Evangelho e da prece, se esforçar por perdoar as ofensas recebidas.

1 - Por que a vingança é condenável?

Porque, sendo ela a manifestação de um coração ressentido pelo ódio e que guarda mágoa do semelhante, torna-se contrária à Lei de Deus, que é toda de amor.

Jesus nos aconselhou a perdoar setenta vezes sete vezes; prescreveu, também, que devemos amar o nosso inimigo. A vingança é a negação desses ensinamentos.

2 - Como devemos agir, se o sentimento de vingança for mais forte que o desejo de perdoar?

Devemos empreender todo o nosso esforço por desenvolver os sentimentos de fraternidade e tolerância, buscando no Evangelho e na prece o amparo e a inspiração para nos libertarmos do desejo de vingança.

A nobreza da alma, cuja principal característica é perdoar indistintamente as ofensas, é conquista de grande esforço.

3 - Qual a consequência da vingança para quem a pratica?

Aquele que se vinga, além de aumentar seus débitos para com a justiça divina, deixa escapara a oportunidade de se regenerar através do perdão ao agressor, com quem terá, inevitavelmente, de se reconciliar um dia.

O vingador é alguém que carrega um pesado fardo de dores, do qual só se libertará quando iniciar a prática do perdão.

4 – Por que o caluniador é vezes mais culpado do que o que enfrenta o seu inimigo e o insulta em plena face?

Porque “assume aparências hipócritas, ocultando nas profundezas do coração os maus sentimentos que o animam. Toma caminhos escusos, segue na sombra o inimigo, que de nada desconfia, e espera o momento azado para sem perigo feri-lo. Esconde-se do outro, espreitando-o de contínuo, prepara-lhe odiosas armadilhas e, em sendo propícia a ocasião, derrama-lhe no copo o veneno. Quando seu ódio não chega a tais extremos, ataca-o então na honra e nas afeições; não recua diante da calúnia, e suas pérfidas insinuações, habilmente espalhadas a todos os ventos, se vão avolumando pelo caminho.”, ou seja, tem todos os conhecimentos de que está errado, porém persiste no erro, prejudicando não só o outro, como a si mesmo.


Capítulo XII – Item 9

A vingança

9. A vingança é um dos últimos remanescentes dos costumes bárbaros que tendem a desaparecer dentre os homens. E, como o duelo, um dos derradeiros vestígios dos hábitos selvagens sob cujos guantes se debatia a Humanidade, no começo da era cristã, razão por que a vingança constitui indício certo do estado de atraso dos homens que a ela se dão e dos Espíritos que ainda as inspirem. Portanto, meus amigos, nunca esse sentimento deve fazer vibrar o coração de quem quer que se diga e proclame espírita. Vingar-se é, bem o sabeis, tão contrário àquela prescrição do Cristo: "Perdoai aos vossos inimigos", que aquele que se nega a perdoar não somente não é espírita como também não é cristão. A vingança é uma inspiração tanto mais funesta, quanto tem por companheiras assíduas a falsidade e a baixeza. Com efeito, aquele que se entrega a essa fatal e cega paixão quase nunca se vinga a céu aberto. Quando é ele o mais forte, cai qual fera sobre o outro a quem chama seu inimigo, desde que a presença deste último lhe inflame a paixão, a cólera, o ódio. Porém, as mais das vezes assume aparências hipócritas, ocultando nas profundezas do coração os maus sentimentos que o animam. Toma caminhos escusos, segue na sombra o inimigo, que de nada desconfia, e espera o momento azado para sem perigo feri-lo. Esconde-se do outro, espreitando-o de contínuo, prepara-lhe odiosas armadilhas e, em sendo propícia a ocasião, derrama-lhe no copo o veneno. Quando seu ódio não chega a tais extremos, ataca-o então na honra e nas afeições; não recua diante da calúnia, e suas pérfidas insinuações, habilmente espalhadas a todos os ventos, se vão avolumando pelo caminho. Em consequência, quando o perseguido se apresenta nos lugares por onde passou o sopro do perseguidor, espanta-se de dar com semblantes frios, em vez de fisionomias amigas e benevolentes que outrora o acolhiam. Fica estupefato quando mãos que se lhe estendiam, agora se recusam a apertar as suas. Enfim, sente-se aniquilado, ao verificar que os seus mais caros amigos e parentes se afastam e o evitam, Ah! o covarde que se vinga assim é cem vezes mais culpado do que o que enfrenta o seu inimigo e o insulta em plena face.
Fora, pois, com esses costumes selvagens! Fora com esses processos de outros tempos! Todo espírita que ainda hoje pretendesse ter o direito de vingar-se seria indigno de figurar por mais tempo na falange que tem como divisa: Sem caridade não há salvação! Mas, não, não posso deter-me a pensar que um membro da grande família espírita ouse jamais, de futuro, ceder ao impulso da vingança, senão para perdoar. - Júlio Olivier. (Paris, 1862.)

Questões para estudo
1 - Por que a vingança é condenável?
                     
2 - Como devemos agir, se o sentimento de vingança for mais forte que o desejo de perdoar?

3 - Qual a consequência da vingança para quem a pratica?

4 – Por que o caluniador é vezes mais culpado do que o que enfrenta o seu inimigo e o insulta em plena face?


segunda-feira, 8 de junho de 2015

Conclusão da Introdução do Livro dos Médiuns

1)    Qual o objetivo desta obra?
O Livro dos Médiuns se constitui na base orientadora para educação da mediunidade, assim como do trabalho mediúnico.
Traz em seu conteúdo o conhecimento necessário tanto para médiuns ostensivos quanto para todos nós que somos apenas intuitivos e nos prepara para o trabalho, seja ele qual for, na Seara do Mestre Jesus.


2)    Qual a mensagem de maior importância desta introdução?
 “Enganar-se-ia igualmente quem supusesse encontrar nesta obra uma receita universal e infalível para formar médiuns. Se bem cada um traga em si o gérmen das qualidades necessárias para se tornar médium, tais qualidades existem em graus muito diferentes e o seu desenvolvimento depende de causas que a ninguém é dado conseguir se verifiquem à vontade”. É com este sentimento que devemos encarar esses ensinamentos: com responsabilidade e lucidez...


INTRODUÇÃO
Diariamente a experiência confirma a nossa opinião de que as dificuldades e desilusões encontradas na prática espírita decorrem da ignorância dos princípios doutrinários. Sentimo-nos felizes ao verificar que foi eficiente o nosso trabalho para prevenir os adeptos para os perigos do aprendizado, e que muitos puderam evitá-los, com a leitura atenta desta obra.
Muito natural o desejo dos que se dedicam ao Espiritismo, de entrarem pessoalmente em comunicação com os Espíritos. Esta obra destina-se lhes facilitar isso, permitindo-lhes aproveitar os frutos de nossos longos e laboriosos estudos. Pois bem errado andaria quem julgasse que, para tornar-se perito no assunto, bastaria aprendera pôr os dedos numa mesa para fazê-la girar ou pegar um lápis para escrever.
Igualmente se enganaria quem pensasse encontrar nesta obra uma receita universal infalível para fazer médiuns. Embora cada qual já traga em si mesmo os germes das qualidades necessárias, essas qualidades se apresentam em graus diversos, e o seu desenvolvimento depende de causas estranhas à vontade humana. Não fazemos poetas, nem pintores ou músicos com as regras dessas artes, que servem apenas para orientar os dons de quem possui os respectivos talentos. Sua finalidade é indicar os meios de desenvolvimento da mediunidade em quem a possui, segundo as possibilidades de cada um, e, sobretudo orientar o seu emprego de maneira proveitosa. Mas não é esse o nosso único objetivo.
Aumenta todos os dias, ao lado dos médiuns, o número de pessoas que se dedica a manifestações espíritas. Orientá-las nas suas observações, apontar-lhes as dificuldades que certamente encontrarão, ensinar-lhes a maneira de se comunicarem com os Espíritos, obtendo boas comunicações, é o que também devemos fazer para completar o nosso trabalho. Ninguém estranhe, pois, se encontrar ensinamentos que poderão parecer descabidos. A experiência mostrará que são úteis. O estudo atencioso deste livro facilitará a compreensão dos fatos a observar. A linguagem de certos Espíritos parecerá menos estranha. Como instrução prática ele não se dirige exclusivamente aos médiuns, mas a todos que querem observar os fenômenos espíritas.
Desejariam alguns que publicássemos um manual prático mais sucinto, indicando em poucas palavras como entrar em comunicação com os Espíritos. Entendem que um livrinho assim, mais barato, podendo ser difundido com mais profusão, seria poderoso meio de propaganda, multiplicando o número de médiuns. Pensamos que isso seria mais nocivo que útil, pelo menos no momento. A prática espírita é difícil, apresentando escolhos que somente um estudo sério e completo pode prevenir. Uma exposição sucinta poderia facilitar experiências levianas, que levariam a decepções. São coisas com as quais não se deve brincar, e acreditamos que seria inconveniente pô-las ao alcance de qualquer estouvado que inventasse conversar com os mortos. Dirigimo-nos aos que veem no Espiritismo um objetivo sério, compreendendo toda a sua gravidade, e não pretendem brincar com as comunicações do outro mundo. Chegamos a publicar uma Instrução Prática para os médiuns, que se encontra esgotada. Fizemo-la com objetivo sério e grave, mas apesar disso não a reimprimiríamos, pois já não corresponde à necessidade de esclarecimento completo das dificuldades que podem ser encontradas. Preferimos substituí-la por esta, em que reunimos todos os dados de uma longa experiência e de um estudo consciencioso. Ela contribuirá, esperamos, para mostrar caráter sério do Espiritismo, que é a essência, e para afastar a ideia e frivolidade e divertimento.
Acrescentaremos uma importante consideração: a de que as experiências feitas com leviandade, sem conhecimento de causa, provocam péssimas impressões nos principiantes ou pessoas mal preparadas, tendo o inconveniente de dar uma ideia bastante falsa do mundo dos Espíritos, favorecendo a zombaria e dando motivos a críticas quase sempre bem fundadas. É por isso que os incrédulos saem dessas reuniões raramente convencidos e pouco dispostos a reconhecerem o aspecto sério do Espiritismo. A ignorância e a leviandade de certos médiuns têm causado maiores prejuízos do que se pensa na opinião de muita gente.
Vem progredindo bastante o Espiritismo, desde alguns anos, mas o seu maior progresso se verifica depois que entrou no rumo filosófico, porque despertou a atenção de pessoas esclarecidas. Hoje não é mais uma diversão, mas uma doutrina de que não riem os que zombavam das mesas-girantes. Esforçando-nos por sustentá-lo nesse terreno, estamos certos de conquistar adeptos mais úteis do que através de manifestações levianas. Temos a prova disso todos os dias, pelo número de adeptos resultante da simples leitura de O LIVRO DOS ESPÍRITOS.
Depois da exposição do aspecto filosófico da ciência espírita em O LIVRO DOS ESPÍRITOS, damos nesta obra a sua parte prática, para aqueles que desejarem ocupar-se das manifestações, seja pessoalmente, seja pela observação de experiências alheias. Verão aqui os escolhos que poderão encontrar e estarão em condições de evitá-los. Essas duas obras, embora se completem, são até certo ponto independentes uma da outra. Mas a quem quiser tratar seriamente do assunto, recomendamos primeiramente a leitura de O LIVRO DOS ESPÍRITOS, porque contém os princípios fundamentais, sem os quais talvez seja difícil a compreensão de algumas partes desta obra.
Esta segunda edição foi bem melhorada, apresentando-se mais completa do que a primeira. Foi corrigida com especial cuidado pelos Espíritos, que lhe acrescentaram grande número de observações e instruções do mais alto interesse. Como eles reviram tudo, aprovando ou modificando à vontade, podemos dizer que ela é, em grande parte, obra deles. Mesmo porque não se limitaram a intervir em algumas comunicações assinadas. Só indicamos os nomes, quando isso nos pareceu necessário para caracterizar algumas exposições mais extensas, como feitas textualmente por eles. De outra maneira, teríamos de mencioná-los quase em cada página, particularmente nas respostas dadas as nossas perguntas, o que nos pareceu inútil. Os nomes pouco importam, como se sabe, neste assunto. O essencial é que o trabalho corresponda, no seu conjunto, aos objetivos propostos. Esperamos assim que esta edição, mais perfeita que a primeira, seja tão bem recebida como aquela.
Como acrescentamos muitas coisas, e muitos capítulos inteiros, assim também suprimimos alguns trechos repetidos, como o da ESCALA ESPÍRITA, que já se encontra em O LIVRO DOS ESPÍRITOS. Suprimimos ainda do vocabulário o que não se refere propriamente a esta obra, substituindo-o por coisas mais úteis. Esse vocabulário, aliás, não está completo, e pretendemos publicá-lo mais tarde, em separado, na forma de um pequeno dicionário da filosofia espírita. Conservamos nesta obra, tão somente, as palavras novas ou específicas, relativas ao assunto de que nos ocupamos. (1)
(1) A segunda edição, que serviu para esta tradução, constitui o texto definitivo do livro. As características que se notam entre este final do prefácio e o das nossas de mais traduções de O Livro dos Médiuns decorrem de modificações nas edições francesas posteriores à morte de Kardec. É de particular interesse doutrinário a referência do Codificador ao seu desejo de publicar um Pequeno Dicionário da Filosofia Espírita, obra que continua a fazer falta na bibliografia doutrinária. (N. do T.)

QUESTÕES DE ESTUDO
1)  Qual o objetivo desta obra?
2)  Qual a mensagem de maior importância desta introdução?


sábado, 6 de junho de 2015

Conclusão do Capítulo XII - Itens 7 e 8
Se alguém vos bater na face direita, apresentai-lhe também a outra

Oferecer a outra face é não revidar às ofensas recebidas; é libertar, tanto o agressor quanto nós mesmos, do desejo de vingança. Quanto maior for nossa fé na vida futura, mais elevaremos, pelo pensamento, acima das coisas materiais e menos nos magoarão as coisas da Terra.

Questões para estudo

1 - Por que, ao orgulhoso, o preceito de Jesus parece covardia?

Porque, como sua visão não ultrapassa o presente, acredita que há mais coragem em vingar-se, do que em suportar um insulto.

A fé na vida futura aplaca o orgulho e a vaidade, tornando menos difícil praticar o preceito cristão de retribuir o mal com o bem.

"Somente a fé na vida futura e na justiça de Deus (...) pode dar ao homem forças para suportar com paciência os golpes que lhe sejam desferidos nos interesses e no amor próprio."

2 - Qual o verdadeiro sentido deste ensinamento?

Jesus quis, com essas palavras, condenar todas as formas de vingança, ensinando-nos a pagar o mal com o bem.

Maior glória lhe advém de ser ofendido do que de ofender, de suportar pacientemente uma injustiça do que de praticar alguma.

3 - Como podemos obter forças para praticar o perdão, ensinado por Jesus?

Buscando nos elevar sempre, pelo pensamento, acima da vida material, pois só assim sofreremos menos pelo mal que praticarem contra nós e, com mais facilidade, perdoaremos.

O estudo do Evangelho de Jesus e a prece nos auxiliam, a encontrar a força necessária para a prática sublime de retribuir o mal com o bem.

4 – Como podemos compreender a máxima: “Se alguém vos bater na face direita, apresentai-lhe também a outra”?
Por que é mais difícil, porém correto ser humilde o suficiente para demonstrar que a coragem está naquele que sede aos ataques do que aquele que ataca.