Capítulo 6 - No círculo de oração do livro Ação e
reação
Na terceira noite de
nossa permanência na casa, o Instrutor Druso convidou-nos para o círculo de
oração.
Silas explicava-nos,
generoso, que teríamos oportunidade para interessantes estudos.
O serviço da prece
em conjunto, duas vezes por semana, era realizado na Mansão em local próprio e,
no decurso das atividades que lhe eram afetas, materializavam-se,
habitualmente, um ou outro dos orientadores que, de esferas mais altas,
superintendiam a instituição.
Nessas ocasiões,
Druso e os assessores mais responsáveis recolhiam ordens e instruções
variadas, atinentes aos numerosos
processos de serviço em movimento.
Questões eram
respondidas, providências de trabalho eram, com segurança, indicadas. E,
decerto, mesmo nós, adventícios no estabelecimento, poderíamos apresentar
qualquer dúvida ou indagação para esclarecimento oportuno.
Regozijei-me.
Hilário, algo
preocupado, inquiriu se devíamos obedecer a algum programa especial, informando
o Assistente que nos cabia apenas manter no santuário próximo o coração e a
mente escoimados de quaisquer ideias ou sentimentos indignos da reverência e da
confiança que nos compete dedicar à Providência Divina e incompatíveis com a
fraternidade que devemos sinceramente uns aos outros.
Vali-me de alguns
instantes rápidos e roguei a inspiração de Jesus para que a minha presença não
fosse motivo de perturbação no ambiente amigo que se propunha acolher-nos.
Logo após, seguindo
o companheiro, Hilário e eu tivemos acesso a uma sala simples, em que Druso nos
recebeu, sorridente e bondoso.
Vasta mesa, ladeada
de poltronas modestas em que se acomodavam dez pessoas simpáticas, sete
mulheres e três homens, apresentava cabeceira ampla, pondo em destaque a grande
poltrona em que o diretor da casa se sentaria.
Do outro lado, à
nossa frente, surgia larga tela translúcida, medindo aproximadamente seis
metros quadrados. Fora do círculo de pessoas que evidentemente emprestariam
cooperação mais ampla à tarefa em perspectiva, achavam-se três Assistentes,
cinco Enfermeiros, duas senhoras de aspecto humilde, Silas e nós.
Dispúnhamos, ainda,
de tempo para a conversação edificante e discreta.
Aproveitei o ensejo
para indagar do prestimoso amigo quanto às funções dos dez companheiros que se
formalizavam, em derredor do chefe da casa, como a lhe robustecerem o
pensamento.
Silas não se fez
rogado e aclarou, de pronto:
- São amigos nossos
que aprimoraram condições mediúnicas favoráveis à realização dos serviços a se
desdobrarem aqui. Colaboram com fluidos vitais e elementos radiantes, altamente
sublimados, de que os nossos Instrutores se servem com eficiência para se
manifestarem.
Admirado, meu colega
considerou:
- Podemos
interpretá-los como sendo santos em atividade na Mansão?
- De modo algum -
obtemperou Silas, bem-humorado. - São trabalhadores prestimosos. Tanto quanto
nós, padecem ainda a pressão de reminiscências perturbadoras do plano físico,
carreando consigo as raízes dos débitos que adquiriram no passado, para o justo
resgate em porvir talvez próximo, na reencarnação. Ainda assim, pela disciplina a que se afeiçoam no
devotamento aos semelhantes, conquistam simpatias providenciais que funcionam à
maneira de valores expressivos a lhes atenuarem dificuldades e provas nas lutas
porvindouras.
- Isto quer dizer...
A palavra
reticenciosa de Hilário, no entanto, ficou no ar, de vez que o nosso amigo,
apreendendo-lhe a inquirição, asseverou,
otimista:
- Sim, isso quer
dizer que, nas zonas infernais, também dispomos de preciosas oportunidades de
trabalho, não somente vencendo as
aflições purgatoriais que estabelecemos em nós mesmos, como também preparando
novos caminhos para o céu interior que devemos edificar.
O ensinamento
resumia imensas consolações para nós. A essa altura do entendimento, Hilário
centralizou a atenção nas duas damas presentes, cuja apresentação exterior
demonstrava singular diferença do meio a que nos ajustávamos, pela extrema
tristeza que lhes senhoreava a fisionomia, e perguntou, respeitoso:
- Meu caro Silas,
quem são essas irmãs nossas que, francamente, se distanciam do tom psíquico
aqui reinante?
O interpelado sorriu
e informou:
- São irmãs que, por
mérito em serviço, receberam o direito de partilhar a reunião de hoje, de modo
a suplicarem auxílio na solução dos problemas que lhes tocam a alma de perto.
Conheço-as
pessoalmente. São mulheres desencarnadas que primam pela abnegação, atuando em
socorro de Espíritos familiares que sofrem nestas regiões as duras
consequências dos delitos a que se entregaram, imprevidentes.
Após lhes dirigir um
olhar fraterno, aduziu:
- Madalena e Sílvia
desposaram na existência última dois irmãos consanguíneos que se odiaram
terrivelmente, desde a mocidade até a morte e, em razão dessas desavenças,
cometeram erros deliberados e clamorosos nos setores da política regional em
que estiveram situados. Nutriram vastas sementeiras de egoísmo e discórdia,
impedindo o progresso da coletividade que lhes cabia servir e alimentando a
cizânia e a crueldade entre os companheiros
que lhes abraçavam os pontos de vista.
Muitos crimes foram postos em execução, incitados por eles ambos, que
estimavam acalentar a discórdia incessante entre os consócios de arregimentação
partidária, e, por essa razão, expiam nas linhas inferiores do sofrimento os
delitos de lesa-fraternidade que praticaram contra si próprios.
Pretendia indagar em
que consistiam as provações dos amigos infortunados a que nos referíamos, mas a
palavra de Druso se fez ouvida, concitando-nos à necessária preparação.
Certamente ajuizando quanto às faltas involuntárias em que poderíamos incorrer,
pediu para que nós outros, os que partilhávamos a prece, ali, pela primeira
vez, guardássemos plena abstenção de
pensamentos menos dignos, abolindo quaisquer recordações desagradáveis, para que não se verificassem interferências
na câmara cristalina, nome pelo qual designou o grande espelho à nossa frente,
durante a manifestação do venerável mensageiro, cuja visita aguardava.
Explicou que as
forças associadas dos médiuns presentes se caracterizariam por extremo poder
plástico e que uma simples ideia nossa, incompatível com a dignidade do
recinto, poderia materializar-se, criando imagens impróprias, não obstante
temporárias, na face do aparelho sob nossa vista. Convidados finalmente pelo
generoso diretor a externar qualquer dúvida ou preocupação que nos assomassem à
mente, perguntei se poderíamos apresentar uma ou outra indagação ao emissário
prestes a chegar, ao que ele assentiu
plenamente, recomendando-nos, porém,
conservar em qualquer assunto a nobreza espiritual de quem se consagra
ao bem de todos, sem se deter em perquirições ociosas, alusivas às estreitas
inquietações da esfera particular.
Logo após, avisou
que, através de dispositivos especiais, todos os recursos dos medianeiros
presentes seriam concentrados na câmara que, daquele minuto em diante, estaria sensibilizada para os misteres da
hora em curso.
Brando silêncio
passou a reinar sobre nós.
Em atitude
respeitosa e expectante, o diretor da instituição ergueu-se e orou
comovidamente:
"Mestre Divino,
digna-te abençoar-nos a reunião nesta casa de paz e serviço.
Por tua bondade, em
nome do Infinito Amor de Nosso Pai Celeste, recebemos a sublime dádiva do
trabalho regenerador.
Somos, porém, nestas
regiões atormentadas, vastas falanges de Espíritos extraviados no
sofrimento expiatório, depois dos crimes
impensados em que chafurdamos a nossa consciência. Apesar de prisioneiros,
agrilhoados às penas que geramos para nós mesmos, saudamo-te a glória divina, tocados de reconforto.
Concede-nos, Senhor,
a assistência de teus abnegados e sublimes embaixadores, a fim de que não
desfaleçamos nos bons propósitos.
Sabemos que, sem o
calor de tuas mãos compassivas, nos fenece a esperança, à maneira de planta
frágil sem a bênção do Sol!...
Mestre, somos também
tutelados teus, embora permaneçamos no cárcere de clamorosas defecções,
suportando as lamentáveis consequências de nossos crimes.
Destes lugares
tenebrosos partem angustiosos gemidos, em busca de tua piedade
incomensurável... Somos nós, os calcetas da penitência, que, muitas vezes,
soluçamos desarvorados, suspirando pelo retorno à paz...
Somos nós, os
homicidas, os traidores, os ingratos e perversos trânsfugas das Leis Divinas
que recorremos à tua intercessão, para que as nossas consciências, em purgação
dolorosa, se depurem e reergam ao teu encontro!
Compadece-te de nós,
que merecemos as dores que nos retalham os corações. Ajuda-nos para que a
aflição nos seja remédio salutar e socorre os nossos irmãos que, nas trevas destes sítios, se entregam à
irresponsabilidade e à indisciplina, dificultando sua própria regeneração, por multiplicarem as lavas de desespero que
vertem, arrasadoras, de suas
almas!..."
Nesse ponto da
rogativa, Druso fez longa pausa para enxugar as lágrimas que lhe transbordavam
dos olhos.
A inflexão de suas
palavras, repletas de dor, como se ele próprio fosse ali um Espírito recluso em
padecimentos amargos, impressionava-me vivamente. Não conseguia desviar dele a
atenção. Incoercível emotividade constringia-me o peito e o pranto jorrou-me,
irresistível.
"Confiaste-nos,
Senhor - prosseguiu ele, compungido -, a tarefa de examinar os problemas dos
irmãos desventurados que nos batem à porta... Somos, assim, compelidos a sondar-lhes o infortúnio para,
de algum modo, encaminhá-los ao reajuste. Não permitas, ó Eterno Benfeitor, que
nosso coração se enrijeça, ainda mesmo diante da suprema perversidade!... Não
desconhecemos que as moléstias da alma são mais aflitivas e mais graves que as
doenças da carne... Enche-nos, desse modo, de infatigável compaixão para que
sejamos fiéis instrumentos de teu amor!...
Permite que teus
prepostos nos amparem as decisões nos compromissos por assumir.
Não nos relegues à
fraqueza que nos é peculiar.Dá-nos, Cristo de Deus, a tua inspiração de amor e
luz!..."
Nesse instante,
ainda mesmo que o tom de voz não anunciasse o fim da oração, o generoso amigo
não conseguiria continuar, porque a emoção lhe estrangulava a prece na
garganta.
Todos chorávamos,
contagiados por suas lágrimas abundantes...
Quem era Druso,
afinal, para entregar-se daquele modo à oração, como se ele próprio fosse,
entre nós, o maior dos torturados?
Não tive tempo para
estender qualquer consideração, porquanto, respondendo ao apelo ardente que
ouvíramos, extensa massa de vaporosa neblina cobriu a face do espelho próximo.
Fixei-a, admirado, e pareceu-me identificar largo floco de névoa primaveril a
distender-se, alva e móvel.
Extáticos e felizes,
vimos emergir da leitosa nuvem a figura respeitável de um homem aparentemente
envelhecido na forma, revelando, porém, a mais intensa juvenilidade no olhar.
Vasta auréola de safirino esplendor coroava-lhe os cabelos brancos que nos
infundiam inexcedível respeito, a
derramar-se em sublimes cintilações na túnica simples e acolhedora que lhe velava
o corpo esguio. No semblante nobre e calmo, bagava um sorriso que não chegava a
fixar-se. Após um minuto de silenciosa contemplação, levantou a destra, que despediu grande jorro
de luz sobre nós, e saudou; - A paz do
Senhor seja conosco.
Havia tanta doçura e
tanta energia, tanto carinho e tanta autoridade naquela voz, que procurei
manter o melhor governo das emoções para não cair de joelhos.
- Ministro Sânzio -
exclamou Druso, reverente -, bendita seja a sua presença entre nós.
A claridade a
irradiar-se do venerável visitante e a dignidade com que se nos revelava
impunham-nos fervoroso respeito; entretanto, como querendo desfazer a impressão
de nossa inferioridade, o Ministro,
surpreendentemente materializado, mantendo o campo vibratório em que nos
encontrávamos, avançou para nós, estendeu-nos as mãos num gesto paternal e
colocou-nos à vontade.
Não desejava
cerimônias - acrescentou, entre afetuoso e convincente.
Em seguida,
demonstrando o valor das horas, recomendou ao diretor apresentasse os processos
em estudo.
Com admiração, vi Druso
exibir os documentos solicitados:
vinte e duas fichas
de largo tamanho, cada qual condensando a síntese das informações necessárias
ao socorro de vinte e duas entidades, recentemente internadas na instituição.
Naquele momento, não
pude ensaiar qualquer pergunta direta; todavia, mais tarde, Silas me esclareceu
que Sânzio, investido nas elevadas funções de Ministro da Regeneração, tinha
grandes poderes sobre aquela casa de reajuste, com o direito de apoiar ou
determinar qualquer medida, referente à obra assistencial, em benefício dos
sofredores, podendo homologar e ordenar providências de segregação e justiça,
reencarnação e banimento.
O emissário, atento,
examinou todos os autos ali expressos em rápidas súmulas, das quais
transpareciam, não apenas informes escritos, mas também microfotografias e
recursos de identificação que lembram os elementos dactiloscópicos da Terra,
aceitando ou não as sugestões de Druso, depois de ligeiras considerações, em
torno de cada caso particular, apondo em cada ficha o selo que lhe assinalava a
responsabilidade das decisões.
Adventícios no
ambiente, sentíamo-nos estranhos a todos os estudos e deliberações efetuados,
menos, porém, quanto ao derradeiro
processo em lide, que se reportava justamente a Antônio Olímpio, o internado da
véspera, a cujo despertar assistíramos.
A presteza com que
os dados do ex-fazendeiro haviam sido relacionados era de causar o maior espanto.
Convidados pelo
Instrutor a compulsá-los, porque percebia ele a importância de que o assunto se
revestia, nós, Hilário e eu, reconhecemo-lhe o retrato e a legitimidade das
declarações que prestara sob a influência magnética a que fora submetido.
Interessando-nos
vivamente pela solução do problema,
ouvimos a palavra do Ministro, que concordava com o parecer da casa
quanto à conveniência de socorro imediato ao irmão infeliz e breve reencarnação
dele no círculo em que delinquira, a fim de restituir, aos irmãos espoliados,
os sítios de que haviam sido expulsos.
Acentuou, contudo,
que o criminoso, conforme as alegações dele mesmo, não desfrutava qualquer
atenuante para as culpas que lhe eram imputadas.
Antônio Olímpio -
concordou o dirigente da casa vivera para si, entregue a desvairada egolatria.
Não conhecera senão as suas conveniências. Conservara no mundo o dinheiro e o
tempo, sem benefícios para ninguém que não fosse ele próprio. Isolara-se em
prazeres perniciosos e, por isso, não trouxera ao campo espiritual a gratidão
alheia funcionando em seu favor, porquanto, em matéria de apoio afetivo,
dispunha somente da simpatia a nascer no quadro diminuto em que se lhe
encerrava o estreito mundo familiar. Era, pois, um companheiro realmente
complexo, com extremas dificuldades para ser auxiliado no retorno à experiência
física.
O magnânimo
mensageiro, entretanto, recordou que a esposa e o filho lhe eram devedores de
insuperável carinho. Esses dois corações surgiam, ali, segundo a Lei, como valores benéficos para o delinquente,
porque todo bem realizado, com quem for e seja onde for, constitui recurso
vivo, atuando em favor de quem o pratica.
Resumindo as
conclusões suscitadas, notificou à pequena assembleia que pediria o
comparecimento da irmã Alzira, para que se manifestasse com alusão às medidas
em andamento, abstendo-se de qualquer apelo imediato ao irmão Luís, o filho favorecido
pela fortuna indébita, por encontrar-se
internado no corpo físico, apelo esse que somente se justificaria em condições
excepcionais.
Confiou-se o
Ministro à prece silenciosa e,
respondendo-lhe à petição, notamos que a tênue matéria justaposta ao
espelho se movimentava, de leve, dando passagem agora a uma figura suave de linda mulher. A irmã Alzira revelava-se-nos ao olhar.
Parecia integrada na
experiência da hora em curso, porquanto
não demonstrava qualquer surpresa.
Saudou-nos com
graciosa gentileza e, às primeiras interpelações de Sânzio, respondeu, humilde:
- Venerável
benfeitor, compreendo a difícil posição de meu antigo companheiro nos
compromissos assumidos e ofereço-me de boa-vontade para coadjuvar-lhe o serviço
restaurador. Aliás, venho suspirando por essa possibilidade que significa para
mim valiosa bênção. Antônio Olímpio terá
sido um carrasco dos próprios irmãos, aniquilando-lhes o corpo para
usurpar-lhes os haveres; contudo, para meu filho e para mim foi sempre um amigo
e um protetor, abnegado e queridíssimo. Ajudá-lo a reerguer-se, para a minha
alma não é apenas dever, mas também inexprimível felicidade...
O Ministro fitou-a,
satisfeito, como se não lhe esperasse outra resposta, e ponderou:
- Sabes, no entanto,
que os irmãos assassinados perseveram no ódio e perseguiram-no, até agora, sem
tréguas...
- Sim, sei tudo isso
- aclarou a simpática senhora -, conheço-lhes o poder vingador... Arrebataram
meu esposo da quietação do túmulo para se saciarem no desforço terrível e nunca
me permitiram qualquer aproximação com ele, no vale de trevas em que se demoram
por tantos anos... Além disso, ressarcindo meus débitos do passado, sucumbi por
minha vez às mãos deles dois, em tremenda obsessão, no mesmo lago em que
perderam o corpo físico. Isso, porém, não é motivo para recuo. Estou pronta
para o serviço em que possa ser útil.
Meditou Sânzio
alguns instantes rápidos e aduziu:
- A recuperação de
Olímpio, para a reencarnação, exigirá tempo. Contudo, podes, com o auxílio
deste pouso, iniciar a obra socorrista...
E, à frente da
atitude expectante da esposa abnegada, continuou:
- As vitimas de
ontem, hoje transformadas em verdugos enrijecidos, moram na herdade que lhes
foi arrebatada pelo irmão fratricida, alimentando o ódio contra os seus
descendentes e conturbando-lhes a vida.
É necessário que vás em pessoa suplicar-lhes melhores disposições
mentais para que se habilitem ao amparo de nossa organização, preparando-se
para o renascimento físico em época oportuna. Conseguida essa fase inicial de
assistência, colaborarás na volta de Olímpio ao lar do próprio filho, e, por
tua vez, tornarás à carne, logo após, a fim de que de novo te consorcies com
ele, em abençoado futuro, para que recebas nos braços Clarindo e
Leonel, por filhos
do coração, aos quais Olímpio restituirá a existência terrestre e os haveres...
Um sorriso de
ventura brilhou no semblante da sublime mulher e, talvez porque enunciasse
pensamentos de temor, Sânzio acudiu-a, exclamando:
- Não desfaleças.
Serás sustentada por esta Mansão, em todos os teus contactos com os nossos
amigos fixados na vingança e atenderemos pessoalmente a todos os assuntos que
se refiram à transferência de tuas atividades para este sitio, perante as
autoridades a que te subordinas. Nossos irmãos infortunados não estarão
insensíveis aos teus rogos...
Sofreste-lhes
impiedosos golpes nos derradeiros dias de tua permanência no mundo e a
humildade dos que sofrem é fator essencial na renovação dos que fazem sofrer...
A digna criatura, em
lágrimas de jubiloso reconhecimento, osculou-lhe a destra e afastou-se.
A cena tocante e
simples emocionara-nos, fundamente.
Senti o
incomensurável amor de Deus alicerçando os fundamentos de Sua Justiça
indefectível e, no imo d_alma, bradei para os meus próprios ouvidos: - Louvado
sejas Tu, Pai de Infinita Bondade, que semeias a esperança e a alegria até nos
infernos do crime, como desabotoas rosas de beleza e perfume no seio doa
sarçais!...
Autorizadas por
Druso, Madalena e Silvia aproximaram-se do Ministro, implorando-lhe a
intercessão para que os esposos fossem atendidos naquele estabelecimento de paz
e fraternidade, para a reconstrução do destino à frente do porvir. Sânzio
acolheu-lhes as súplicas com benevolência e carinho, determinando o
recolhimento de ambos os infelizes no clima do instituto e prometendo
facilitar-lhes a reencarnação para breve.
Ligeiro sinal do
diretor fez-nos sentir que o instante era agora livre para os entendimentos
educativos; assim, impressionados com o
que víramos e observáramos, Hilário e eu acercamo-nos do venerável mensageiro,
com o propósito de ouvi-lo, a fim de aproveitarmos aquela hora de conversação
rara e bela.
Questões para estudo:
1) No início do
capítulo aborda-se o processo da "prece em conjunto" realizada na
Mansão. Qual a relação deste evento que ocorre na Espiritualidade com o Culto
do Evangelho no Lar que é realizado pelos encarnados ?
2) Qual o papel dos
dez colaboradores que se situavam em derredor ao chefe da casa ?
3) Qual a
importância do controle dos pensamentos no sentido de proporcionar um melhor
aproveitamento quer seja nas audiência da "câmara cristalina", quer
seja na manifestaçãodo mensageiro que estava prestes a chegar ?
4) Quais
características da prece de Druso que propiciaram a devida elevação do ambiente
?
5) Comente a frase:
"(...) todo bem realizado, com quem for e seja onde for, constitui recurso
vivo, atuando em favor de quem o pratica."