quarta-feira, 29 de abril de 2015

Ação e Reação - Capitulo 5 - ALMAS ENFERMIÇAS

Findo o repouso a que nos dedicáramos, Silas, por inspiração do dirigente da casa, veio convidar-nos a rápido passeio pelos arredores.
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Hilário e eu, alegremente, pusemo-nos no encalço do companheiro que, transpondo conosco largo portão de acesso ao exterior, nos disse, bem-humorado, decerto ciente de nossos objetivos:
- Sem qualquer dúvida  para nós, que voltamos recentemente da Terra, as províncias infernais, muito mais do que as celeste, são adequadas às nossas pesquisas sobre a lei de causa e efeito, de vez que o crime e a expiação, o desequilíbrio e a dor fazem parte de nossos passos que a gloria e o regozijos angélicos representam estados superiores de consciência que nos transcendem a compreensão.
E, espraiando o olhar pelos quadros tristes em derredor, acrescentou, reduzindo a frase a comovente inflexão:
- Estamos psiquicamente mais perto do mal e do sofrimento....
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 A medida que nos afastávamos, empreendíamos mais vasta penetração na sombra densa, a espressar-se cada vez mais, alumiada, porém, aqui e ali, por tochas mortiças, como se a luz, nos sítios em torno, lutasse terrivelmente para nutrir-se e sobreviver.
 Soluços e gritos, imprecações e blasfêmias emergiam da treva.
...
 Achamo-nos efetivamente na zona posterior ao nosso instituto, em larga faixa superlotada de Espíritos conturbados e sofredores.
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.....Hilário indagou:
- E este ambiente, assim tumultuado pelo infortúnio, conta com o amparo de que necessita?
- Sim - aclarou nosso amigo -, muitas criaturas recuperadas na Mansão aceitam aqui preciosas tarefas de auxilio, incumbindo-se da assistência fraterna, em largos setores desta região torturada. Melhoras lá, trazem para aqui as bênçãos recolhidas, tornando-se em valiosos elementos de serviço de ligação. Através delas, a administração do nosso instituto atende a milhares de consciências necessitadas e sabe com sede acesso a nossa casa, após a transformação  gradual a que se ajustam. Espalhando-se nos campos de sombra em pequenos santuários domésticos, aqui continuam a própria restauração, aprendendo e servindo.
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- Acha justo que tanta gente aqui se aglutine em semelhante desolação?
Silas sorriu, triste, e obtemperou:
- Compreendo-lhe o pesar. Indiscutivelmente, tanta dor reunida não seria justa se não viesse de quantos preferiram no mundo o trato diário com a injustiça. Não é claro, porem, que todos venhamos a colher o fruto da plantação que nos pertence? Na mesma leira de terra dadivosa e neutra, quem protege o jardim tem a flor que perfuma. O solo da vida é idêntico para nós todos. Não encontraremos aqui neste imenso palco de angustia almas simples e inocentes, mas sim criaturas que abusaram da inteligência e do poder, e que, voluntariamente surdas à prudência, se extraviaram nos abismos da loucura e da crueldade, do egoísmo e da ingratidão, fazendo-se temporariamente presas das criações mentais, insensatas e monstruosas, que para si mesmas teceram.
Nossa conversação foi interrompida de imediato, à frente de pequenas casas a confundir-se com o nevoeiro , de cujo interior brotava reconfortante jorro de luz.
Cães enormes que podíamos divisar cá de fora, na faixa de claridade bruxuleante, ganiam de estranho modo, sentindo-nos a presença.
De súbito, um companheiro de alto porte e rude aspecto apareceu e saudou-nos da diminuta cancela, que nos separava no limiar, abrindo-nos passagem.
 Silas no-lo apresentou, alegremente.
 Era orzil, um dos guardas da Mansão, em serviço nas sombras.
...
Afastou-se Orzil para sossegar os grandes animas menos domesticados, no interior da choupana, e, enquanto isso, o Assistente informou-nos:
 - É um amigo de cultura ainda escassa que se comprometeu em delitos lamentáveis no mundo. Sofreu muito sob o império de antigos adversários, mas presentemente, após longo estagio na Mansão, vem presentemente, após longo estagio na Mansão, vem prestando valioso concurso nesta vasta região  em que o desespero se refugia. É ajudado, ajudando. E, servindo com desinteresse e devoção fraterna, não somente se reeduca como também suavizará o campo da nova existência que o aguarda na esfera carnal, pelas simpatias que atraindo em seu favor.
- Vive só? - perguntei, mal sopitando a curiosidade.
- Dedica-se a meditações e estudos de natureza pessoal - comentou Silas, paciente -, mas, como acontece a muitos outros auxiliares, tem consigo algumas celas ocupadas por entidades em tratamento, prestes a serem recebidas em nossa instituição.
 .....
Como quem se punha em socorro do companheiro, Silas aduziu:
....... É necessário se disponham à conformação clara e pacifica para que, ainda mesmo semi-inconscientes, consigam acolher com proveito o auxilio que se lhes estende aos corações.
.......
 - Temos três internados em franca situação  de inconsciência.
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 A medida que nos acercávamos do refugio, desagradável odor nos afetava as narinas.
 Respondendo-nos à inquirição intima, o Assistente salientou:
 - Vocês não ignoram que todas as criaturas vivem cercadas pelo halo vital das energias que lhes vibram no âmago do ser e esse halo é constituído por partículas de força s se irradiarem por todos os lados, impressionando-nos o olfato, de modo agradável ou desagradável, segundo a natureza do individuo que as irradia. Assim sendo, qual ocorre na própria Terra, cada entidade aqui se caracteriza por exalação peculiar.
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 Silas percebeu-nos a estranheza e endereçou interrogativo olhar ao encarregado daquele oratório de purgação, o qual informou, presto:
- Temos conosco o irmão Corsino, cujo pensamento continua enrodilhado ao corpo sepulto, de maneira total. Enredado à lembrança dos abusos a que se entregou na carne ainda não conseguiu desvensilhar-se da lembrança daquilo que foi, o primeiro a imagem do próprio cadáver à tona de todas as suas recordações.
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 Deixamos o doente, imprecando contra nós, de punhos cerrados, e abeirando-nos de outra cela.
Ante a  palavra de Silas, que nos recomendava observar o quadro em foco, fitamos o novo enfermo, um homem profundamente triste, sentado ao fundo da prisão, de cabeça pendida entre as mãos e de olhos fixos em parede próxima. Seguindo-lhe a atenção  no ponto que concentrava os seus raios visuais, a modo de espelho invisível retratando-lhe o próprio pensamento, vimos larga tela viva na rua, conseguimos distingui-lo no volante de um carro, perseguindo um transeunte bêbado, até matá-lo, sem compaixão.
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- Vimos dois irmãos infelizes, vivendo entre as imagens mantidas por eles mesmos, através da força mental com que as alimentam.
Neste instante, alcançávamos o terceiro cubículo , em que um homem feridente esvurmava as feias chagas usando as próprias unhas.
A atmosfera francamente pestilencial exigia enorme disciplina contra a eclosão de nossas náuseas.
Assinalando-nos a presença, avançou para nós, clamando amargamente:
- Compadecei-vos de mim! Sois médicos? Atendei-me por amor de Deus! Vede os detritos em que me apoio.
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A repetição os rogos, contudo, derramava-se em tom imperativo, como se as palavras humildes do petitório fossem apenas o disfarce de uma ordem tiranizante.
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De regresso ao tugúrio de Orzil, perguntei sem preâmbulos:
- Nossos irmãos doentes desse modo, estarão segregados, até que se renovem?
- Perfeitamente - aclarou  Silas, bondoso.
- É que devem fazer para atingir a melhora necessária? - indagou Hilário com insofreável assombro.
Nosso amigo sorriu e obtemperou:
- O problema é de natureza mental. Modifiquem as próprias ideias e modificar-se-ão.
......
Fiquem pois sabendo que nossas criações mentais preponderam fatalmente em nossa vida. Libertam-nos quando se enraízam no bem que sintetiza as Leis Divinas, me encarceram-nos quando se firmando no mal, que por essa razão ao visco sutil da culpa.
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Estudamos três tipos de almas que deixaram na existência ultima somente quadros tristes e lamentáveis nos quais não dispõem de atenuantes que lhes empalideçam as faltas indiscutíveis.
......
Sob forte emoção, Hilário considerou:
- Agora percebo com mais clareza o beneficio concreto da oração e da piedade, da simpatia e do socorro, que na Terra, deveríamos dispensar, sinceramente, aos chamados mortos...
- Sim, sim... - respondeu Silas, prestimoso - todos estamos ligados uns aos outros, na carne e fora da carne, e achamo-nos livres ou prisioneiros, no campo da experiência, segundo as nossa obras, através dos vínculos de nossa vida mental. O bem é a luz que liberta, o mal é a treva que aprisiona ....
Estudando as leis do destino, é preciso atentar para semelhantes realidades indefectíveis e eternas.


QUESTÕES PARA O ESTUDO
1) Apesar de alguns irmãos viverem em locais de profundas sombras fora dos muros da Mansão , não ficam em desamparo. Como é feita a ajuda a esse irmãos?
2) Como podemos justificar esse trabalho que o irmão Orzil presta a ele mesmo nesse trabalho em serviço das sombras?
3) Qual seria o principal motivo que impede a esses irmãos rebeldes a conviver dentro da Mansão?
4) Silas disse a Hilário que o problema desses irmãos eram de ordem mental e que se modificasse as próprias ideias eles se modificar-se-iam. Como podemos justificar essa afirmativa?
5) Qual o caminho que aquelas almas doentias devem trilhar para que possam sair daquele estado doloroso que se encontram?
6) Segundo Hilário, como nós, enquanto encarnados, devemos agir com os "mortos"?



Conclusão do Capítulo 5 - Almas enfermiças do livro Ação e reação
                                                                     
1) Apesar de alguns irmãos viverem em locais de profundas sombras fora dos muros da Mansão , não ficam em desamparo.  Como é feita a ajuda a esses irmãos?
A ajuda dos benfeitores aos espíritos que padecem nas regiões inferiores do mundo espiritual está sujeita ao seu estado  psíquico. A assistência deve ser prestada na forma compatível com a capacidade desses irmãos em aproveitá-la. O mundo espiritual benfeitor, contudo, nunca deixa de prestar-lhes algum tipo de socorro, como vemos nos exemplos de que dá notícia  o presente capítulo. Os espíritos que se encontravam naqueles locais de profundas sombras ainda manifestavam-se em desespero e grave desequilíbrio, com suas consciências nutridas por um permanente sentimento de revolta. Não podiam, no estado em que se encontravam, ser acolhidos pela Mansão Paz, pois, certamente, semeariam a perturbação do ambiente. Mas o auxílio divino não deixa de se fazer presente e, tão logo apresentem-se em condições de atenderem ao socorro, este é  prontamente prestado, na forma que lhes convém naquele momento. Cada um é ajudado de acordo com as suas necessidades. Como aconteceu com os internos na casa que visitavam.

2) Como podemos justificar esse trabalho que o irmão Orzil presta a ele mesmo nesse trabalho em serviço das sombras?
Orzil era um espírito em recuperação. Quando na vida física, comprometera-se em delitos, segundo esclareceu o assistente.
O trabalho valioso que prestava ao cuidar daquele local e dos irmãos ali internados era, após uma passagem na Mansão Paz que o ajudou a readquirir o equilíbrio, não só uma maneira de reeducá-lo, como também de prepará-lo para o faturo retorno à encarnação, atenuando as provações que através dela teria de se submeter. Ajudando, estava, também, sendo ajudado.

3) Qual seria o principal motivo que impede a esses irmãos rebeldes a conviver dentro da Mansão?
Os espíritos que se encontravam internos na casa ainda expressavam um estado de rebeldia e insensatez, manifestando inconformismo com a desencarnação. Suas consciências os condenavam pelos erros praticados em suas últimas passagens terrenas e com isso não se conformavam. Sem que se dispusessem à conformação,  não poderiam acolher com proveito o auxílio que lhes seria prestado pela Mansão, além de, encontrando-se em estado de grave desequilíbrio mental, trazerem prejuízo ao ambiente espiritual reinante no local. Os espíritos que lá se encontravam, como explicou o assistente Silas, não poderiam ser colocados em liberdade sem graves prejuízos para si mesmos. A internação naquela casa era o auxílio de que necessitavam, até conseguirem modificar suas tomadas mentais. 

4) Silas disse a Hilário que o problema desses irmãos era de ordem mental e que se modificassem as próprias ideias eles se modificar-se-iam. Como podemos justificar essa afirmativa?
Como disse o assistente Silas, " ... nossas criações mentais preponderam fatalmente em nossa vida. Libertam-nos quando se enraízam no bem que sintetiza as Leis Divinas, e encarceram-nos quando se firmando no mal, que por essa razão  ao visco sutil da culpa". O pensamento gera ondas de força que interpenetram o fluido universal, irradiando e assimilando energias com as quais se sintonizam. Como explicou, "...nossos pensamentos, ondas de energia sutil, de passagem pelos lugares e criaturas, situações e coisas que nos afetam a memória, agem e reagem sobre si mesmos, em circuito fechado, e trazem-nos, assim, de volta, as sensações desagradáveis, hauridas ao contato de nossas obras infelizes".  Conforme a natureza destas energias, situamos a nossa posição mental. Os espíritos em questão nutriam pensamentos de ódio, vingança e se sentiam condenados pela consciência, recebendo de volta essas energias negativas que deles emanavam, o que gerava a enfermidade que seus psiquismos apresentavam, levando-os àquele estado de perturbação e desequilíbrio.

5) Qual o caminho que aquelas almas doentias devem trilhar para que possam sair daquele estado doloroso que se encontram?
Cabia a eles próprio encontrar o caminho que lhes proporcionasse a saída daquele estado doloroso em que se encontravam. A única maneira que a lei divina lhes oferece é a modificação de seus tônus mentais. Para tanto, fazia-se necessário que se ligassem a pensamentos de natureza diversa daqueles que nutriam, voltando-os para a renovação no bem, orando e vigiando, trabalhando e servindo, aprendendo e amando.

6) Segundo Hilário, como nós, enquanto encarnados, devemos agir com os "mortos"?
De acordo com Hilário, devemos dedicar aos desencarnados " ... o beneficio concreto da oração e da piedade, da simpatia e do socorro, ... ", ou seja, envolvê-los sempre, através de nossas preces e de nossos pensamentos, em vibrações de paz, de amor, de harmonia e rogando a Jesus que, por seus emissários de luz, deem-lhes muita força para que possam prosseguir suas caminhadas, na nova forma de vida em que estagiam.
                                                                     
Muita paz a todos.

Equipe CVDEE
Sala André Luiz
Coordenação: eqpal@cvdee.org.br


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