Ação e Reação - Capitulo 5 - ALMAS ENFERMIÇAS
Findo o
repouso a que nos dedicáramos, Silas, por inspiração do dirigente da casa, veio
convidar-nos a rápido passeio pelos arredores.
.....
Hilário e eu,
alegremente, pusemo-nos no encalço do companheiro que, transpondo conosco largo
portão de acesso ao exterior, nos disse, bem-humorado, decerto ciente de nossos
objetivos:
- Sem qualquer
dúvida para nós, que voltamos
recentemente da Terra, as províncias infernais, muito mais do que as celeste,
são adequadas às nossas pesquisas sobre a lei de causa e efeito, de vez que o
crime e a expiação, o desequilíbrio e a dor fazem parte de nossos passos que a
gloria e o regozijos angélicos representam estados superiores de consciência
que nos transcendem a compreensão.
E, espraiando
o olhar pelos quadros tristes em derredor, acrescentou, reduzindo a frase a
comovente inflexão:
- Estamos
psiquicamente mais perto do mal e do sofrimento....
....
A medida que nos afastávamos, empreendíamos
mais vasta penetração na sombra densa, a espressar-se cada vez mais, alumiada,
porém, aqui e ali, por tochas mortiças, como se a luz, nos sítios em torno,
lutasse terrivelmente para nutrir-se e sobreviver.
Soluços e gritos, imprecações e blasfêmias
emergiam da treva.
...
Achamo-nos efetivamente na zona posterior ao
nosso instituto, em larga faixa superlotada de Espíritos conturbados e
sofredores.
.........
.....Hilário
indagou:
- E este
ambiente, assim tumultuado pelo infortúnio, conta com o amparo de que
necessita?
- Sim -
aclarou nosso amigo -, muitas criaturas recuperadas na Mansão aceitam aqui
preciosas tarefas de auxilio, incumbindo-se da assistência fraterna, em largos
setores desta região torturada. Melhoras lá, trazem para aqui as bênçãos
recolhidas, tornando-se em valiosos elementos de serviço de ligação. Através
delas, a administração do nosso instituto atende a milhares de consciências
necessitadas e sabe com sede acesso a nossa casa, após a transformação gradual a que se ajustam. Espalhando-se nos
campos de sombra em pequenos santuários domésticos, aqui continuam a própria
restauração, aprendendo e servindo.
........
- Acha justo
que tanta gente aqui se aglutine em semelhante desolação?
Silas sorriu,
triste, e obtemperou:
-
Compreendo-lhe o pesar. Indiscutivelmente, tanta dor reunida não seria justa se
não viesse de quantos preferiram no mundo o trato diário com a injustiça. Não é
claro, porem, que todos venhamos a colher o fruto da plantação que nos
pertence? Na mesma leira de terra dadivosa e neutra, quem protege o jardim tem
a flor que perfuma. O solo da vida é idêntico para nós todos. Não encontraremos
aqui neste imenso palco de angustia almas simples e inocentes, mas sim
criaturas que abusaram da inteligência e do poder, e que, voluntariamente
surdas à prudência, se extraviaram nos abismos da loucura e da crueldade, do
egoísmo e da ingratidão, fazendo-se temporariamente presas das criações
mentais, insensatas e monstruosas, que para si mesmas teceram.
Nossa
conversação foi interrompida de imediato, à frente de pequenas casas a
confundir-se com o nevoeiro , de cujo interior brotava reconfortante jorro de
luz.
Cães enormes
que podíamos divisar cá de fora, na faixa de claridade bruxuleante, ganiam de
estranho modo, sentindo-nos a presença.
De súbito, um
companheiro de alto porte e rude aspecto apareceu e saudou-nos da diminuta
cancela, que nos separava no limiar, abrindo-nos passagem.
Silas no-lo apresentou, alegremente.
Era orzil, um dos guardas da Mansão, em
serviço nas sombras.
...
Afastou-se
Orzil para sossegar os grandes animas menos domesticados, no interior da
choupana, e, enquanto isso, o Assistente informou-nos:
- É um amigo de cultura ainda escassa que se
comprometeu em delitos lamentáveis no mundo. Sofreu muito sob o império de
antigos adversários, mas presentemente, após longo estagio na Mansão, vem
presentemente, após longo estagio na Mansão, vem prestando valioso concurso
nesta vasta região em que o desespero se
refugia. É ajudado, ajudando. E, servindo com desinteresse e devoção fraterna,
não somente se reeduca como também suavizará o campo da nova existência que o
aguarda na esfera carnal, pelas simpatias que atraindo em seu favor.
- Vive só? -
perguntei, mal sopitando a curiosidade.
- Dedica-se a
meditações e estudos de natureza pessoal - comentou Silas, paciente -, mas,
como acontece a muitos outros auxiliares, tem consigo algumas celas ocupadas
por entidades em tratamento, prestes a serem recebidas em nossa instituição.
.....
Como quem se
punha em socorro do companheiro, Silas aduziu:
....... É
necessário se disponham à conformação clara e pacifica para que, ainda mesmo
semi-inconscientes, consigam acolher com proveito o auxilio que se lhes estende
aos corações.
.......
- Temos três internados em franca
situação de inconsciência.
........
A medida que nos acercávamos do refugio,
desagradável odor nos afetava as narinas.
Respondendo-nos à inquirição intima, o
Assistente salientou:
- Vocês não ignoram que todas as criaturas
vivem cercadas pelo halo vital das energias que lhes vibram no âmago do ser e
esse halo é constituído por partículas de força s se irradiarem por todos os
lados, impressionando-nos o olfato, de modo agradável ou desagradável, segundo
a natureza do individuo que as irradia. Assim sendo, qual ocorre na própria
Terra, cada entidade aqui se caracteriza por exalação peculiar.
........
Silas percebeu-nos a estranheza e endereçou
interrogativo olhar ao encarregado daquele oratório de purgação, o qual
informou, presto:
- Temos
conosco o irmão Corsino, cujo pensamento continua enrodilhado ao corpo sepulto,
de maneira total. Enredado à lembrança dos abusos a que se entregou na carne
ainda não conseguiu desvensilhar-se da lembrança daquilo que foi, o primeiro a
imagem do próprio cadáver à tona de todas as suas recordações.
.........
Deixamos o doente, imprecando contra nós, de
punhos cerrados, e abeirando-nos de outra cela.
Ante a palavra de Silas, que nos recomendava
observar o quadro em foco, fitamos o novo enfermo, um homem profundamente
triste, sentado ao fundo da prisão, de cabeça pendida entre as mãos e de olhos
fixos em parede próxima. Seguindo-lhe a atenção
no ponto que concentrava os seus raios visuais, a modo de espelho
invisível retratando-lhe o próprio pensamento, vimos larga tela viva na rua,
conseguimos distingui-lo no volante de um carro, perseguindo um transeunte
bêbado, até matá-lo, sem compaixão.
.............
- Vimos dois
irmãos infelizes, vivendo entre as imagens mantidas por eles mesmos, através da
força mental com que as alimentam.
Neste
instante, alcançávamos o terceiro cubículo , em que um homem feridente esvurmava
as feias chagas usando as próprias unhas.
A atmosfera
francamente pestilencial exigia enorme disciplina contra a eclosão de nossas
náuseas.
Assinalando-nos
a presença, avançou para nós, clamando amargamente:
-
Compadecei-vos de mim! Sois médicos? Atendei-me por amor de Deus! Vede os detritos
em que me apoio.
........
A repetição os
rogos, contudo, derramava-se em tom imperativo, como se as palavras humildes do
petitório fossem apenas o disfarce de uma ordem tiranizante.
............
De regresso ao
tugúrio de Orzil, perguntei sem preâmbulos:
- Nossos
irmãos doentes desse modo, estarão segregados, até que se renovem?
-
Perfeitamente - aclarou Silas, bondoso.
- É que devem
fazer para atingir a melhora necessária? - indagou Hilário com insofreável
assombro.
Nosso amigo
sorriu e obtemperou:
- O problema é
de natureza mental. Modifiquem as próprias ideias e modificar-se-ão.
......
Fiquem pois
sabendo que nossas criações mentais preponderam fatalmente em nossa vida.
Libertam-nos quando se enraízam no bem que sintetiza as Leis Divinas, me
encarceram-nos quando se firmando no mal, que por essa razão ao visco sutil da
culpa.
.............
Estudamos três
tipos de almas que deixaram na existência ultima somente quadros tristes e
lamentáveis nos quais não dispõem de atenuantes que lhes empalideçam as faltas
indiscutíveis.
......
Sob forte
emoção, Hilário considerou:
- Agora
percebo com mais clareza o beneficio concreto da oração e da piedade, da
simpatia e do socorro, que na Terra, deveríamos dispensar, sinceramente, aos
chamados mortos...
- Sim, sim...
- respondeu Silas, prestimoso - todos estamos ligados uns aos outros, na carne
e fora da carne, e achamo-nos livres ou prisioneiros, no campo da experiência,
segundo as nossa obras, através dos vínculos de nossa vida mental. O bem é a
luz que liberta, o mal é a treva que aprisiona ....
Estudando as
leis do destino, é preciso atentar para semelhantes realidades indefectíveis e
eternas.
QUESTÕES PARA O ESTUDO
1) Apesar de
alguns irmãos viverem em locais de profundas sombras fora dos muros da Mansão ,
não ficam em desamparo. Como é feita a ajuda a esse irmãos?
2) Como
podemos justificar esse trabalho que o irmão Orzil presta a ele mesmo nesse
trabalho em serviço das sombras?
3) Qual seria
o principal motivo que impede a esses irmãos rebeldes a conviver dentro da
Mansão?
4) Silas disse
a Hilário que o problema desses irmãos eram de ordem mental e que se
modificasse as próprias ideias eles se modificar-se-iam. Como podemos justificar
essa afirmativa?
5) Qual o
caminho que aquelas almas doentias devem trilhar para que possam sair daquele
estado doloroso que se encontram?
6) Segundo
Hilário, como nós, enquanto encarnados, devemos agir com os "mortos"?
Conclusão do Capítulo 5 - Almas enfermiças do livro
Ação e reação
1) Apesar de
alguns irmãos viverem em locais de profundas sombras fora dos muros da Mansão ,
não ficam em desamparo. Como é feita a
ajuda a esses irmãos?
A ajuda dos benfeitores aos espíritos que padecem nas
regiões inferiores do mundo espiritual está sujeita ao seu estado psíquico. A assistência deve ser prestada na
forma compatível com a capacidade desses irmãos em aproveitá-la. O mundo espiritual
benfeitor, contudo, nunca deixa de prestar-lhes algum tipo de socorro, como
vemos nos exemplos de que dá notícia o
presente capítulo. Os espíritos que se encontravam naqueles locais de profundas
sombras ainda manifestavam-se em desespero e grave desequilíbrio, com suas
consciências nutridas por um permanente sentimento de revolta. Não podiam, no
estado em que se encontravam, ser acolhidos pela Mansão Paz, pois, certamente,
semeariam a perturbação do ambiente. Mas o auxílio divino não deixa de se fazer
presente e, tão logo apresentem-se em condições de atenderem ao socorro, este é
prontamente prestado, na forma que lhes
convém naquele momento. Cada um é ajudado de acordo com as suas necessidades.
Como aconteceu com os internos na casa que visitavam.
2) Como
podemos justificar esse trabalho que o irmão Orzil presta a ele mesmo nesse
trabalho em serviço das sombras?
Orzil era um espírito em recuperação. Quando na vida
física, comprometera-se em delitos, segundo esclareceu o assistente.
O trabalho valioso que prestava ao cuidar daquele
local e dos irmãos ali internados era, após uma passagem na Mansão Paz que o
ajudou a readquirir o equilíbrio, não só uma maneira de reeducá-lo, como também
de prepará-lo para o faturo retorno à encarnação, atenuando as provações que
através dela teria de se submeter. Ajudando, estava, também, sendo ajudado.
3) Qual seria
o principal motivo que impede a esses irmãos rebeldes a conviver dentro da
Mansão?
Os espíritos que se encontravam internos na casa ainda
expressavam um estado de rebeldia e insensatez, manifestando inconformismo com
a desencarnação. Suas consciências os condenavam pelos erros praticados em suas
últimas passagens terrenas e com isso não se conformavam. Sem que se
dispusessem à conformação, não poderiam
acolher com proveito o auxílio que lhes seria prestado pela Mansão, além de,
encontrando-se em estado de grave desequilíbrio mental, trazerem prejuízo ao
ambiente espiritual reinante no local. Os espíritos que lá se encontravam, como
explicou o assistente Silas, não poderiam ser colocados em liberdade sem graves
prejuízos para si mesmos. A internação naquela casa era o auxílio de que
necessitavam, até conseguirem modificar suas tomadas mentais.
4) Silas disse
a Hilário que o problema desses irmãos era de ordem mental e que se
modificassem as próprias ideias eles se modificar-se-iam. Como podemos
justificar essa afirmativa?
Como disse o assistente Silas, " ... nossas
criações mentais preponderam fatalmente em nossa vida. Libertam-nos quando se
enraízam no bem que sintetiza as Leis Divinas, e encarceram-nos quando se
firmando no mal, que por essa razão ao
visco sutil da culpa". O pensamento gera ondas de força que interpenetram
o fluido universal, irradiando e assimilando energias com as quais se
sintonizam. Como explicou, "...nossos pensamentos, ondas de energia sutil,
de passagem pelos lugares e criaturas, situações e coisas que nos afetam a
memória, agem e reagem sobre si mesmos, em circuito fechado, e trazem-nos,
assim, de volta, as sensações desagradáveis, hauridas ao contato de nossas
obras infelizes". Conforme a
natureza destas energias, situamos a nossa posição mental. Os espíritos em
questão nutriam pensamentos de ódio, vingança e se sentiam condenados pela
consciência, recebendo de volta essas energias negativas que deles emanavam, o
que gerava a enfermidade que seus psiquismos apresentavam, levando-os àquele
estado de perturbação e desequilíbrio.
5) Qual o
caminho que aquelas almas doentias devem trilhar para que possam sair daquele
estado doloroso que se encontram?
Cabia a eles próprio encontrar o caminho que lhes
proporcionasse a saída daquele estado doloroso em que se encontravam. A única
maneira que a lei divina lhes oferece é a modificação de seus tônus mentais.
Para tanto, fazia-se necessário que se ligassem a pensamentos de natureza
diversa daqueles que nutriam, voltando-os para a renovação no bem, orando e
vigiando, trabalhando e servindo, aprendendo e amando.
6) Segundo
Hilário, como nós, enquanto encarnados, devemos agir com os "mortos"?
De acordo com Hilário, devemos dedicar aos
desencarnados " ... o beneficio concreto da oração e da piedade, da
simpatia e do socorro, ... ", ou seja, envolvê-los sempre, através de
nossas preces e de nossos pensamentos, em vibrações de paz, de amor, de
harmonia e rogando a Jesus que, por seus emissários de luz, deem-lhes muita
força para que possam prosseguir suas caminhadas, na nova forma de vida em que
estagiam.
Muita paz a
todos.
Equipe CVDEE
Sala André
Luiz
Coordenação:
eqpal@cvdee.org.br
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