terça-feira, 29 de setembro de 2015

CURIOSIDADE

Emmanuel

Reunião pública de 18-1-60 - Questão n° 31 - LM

A curiosidade, quando respeitável, é princípio da ciência, mas somente princípio. Sem trabalho perseverante, assemelhar-se-ia, decerto, ao primeiro passo de uma longa excursão, interrompida no limiar.
E observando-se que o progresso é obra de todos, é preciso que o seareiro da ação palmilhe a senda dos precursores para realizar o serviço que lhe compete.
Colombo descobre as terras do Novo Mundo, depois de anotar os apontamentos de Perestrelo.
Planté articula os acumuladores de eletricidade, sob a forma de energia química, mas toma por base a pilha de Volta.
Marconi, para alcançar o telégrafo sem fios, utiliza as experiências de Branly.
Pasteur demonstra definitivamente a origem microbiana das doenças infecciosas, precedido, porém, por Davaine e outros.
Para tudo isso, no entanto, não se imobilizam em poltronas de sonho, nem param à frente de esboços.
Lutam e sofrem, gastando fósforo e tempo.

Por outro lado, é imprescindível reconhecer que a curiosidade, ante o deslumbramento, é qual semente de árvore destinada a bons frutos, conservada, porém, sob uma campânula de vidro.
Imaginemos um índio, habituado aos sons da inúbia e do boré, que aspirasse a conhecer melodias mais elevadas.
Apresentar-lhe, só por isso, uma partitura de Beethoven seria o mesmo que propor a filosofia de Spinosa a uma criança de berço.
Antecedendo a conquista, é imperioso que a educação lhe administre o solfejo na iniciação musical.

Não esperes, assim, que os Espíritos Angélicos venham ferir-nos o aprendizado.
Quaisquer recursos demasiado transcendentes, que nos trouxessem, serviriam apenas como fatores de encantamento inútil, à maneira de fogos de artifício, tumultuando a emoção dos meninos necessitados da escola.
Da pedra ao micróbio, do micróbio ao verme, do verme ao homem, e do homem à estrela, o Universo é todo um conjunto de soberbos fenômenos, desafiando-nos o conhecimento e a interpretação.
Também, na mediunidade, não aguardes concessões de pechincha.
Há, nos reinos do espírito, leis e princípios, novas revelações e novos mundos a conquistar.
Isso, entretanto, exige, antes de tudo, paciência e trabalho, responsabilidade e entendimento, atenção e suor.

Do livro Seara dos médiuns


Conclusão do Capítulo XVI - Item 4
Jesus em casa de Zaqueu

A riqueza tanto pode ser motivo de atraso - quando seu detentor a utiliza apenas em proveito próprio -, como ocasião de progresso espiritual - quando é colocada a serviço do próximo.

1 - Como podemos interpretar a excessiva curiosidade de Zaqueu, por ver Jesus?
Sabendo da natureza dos ensinamentos de Jesus - baseado na justiça e na caridade - Zaqueu, afligia-se, por reconhecer o mau uso que fazia de sua vida e de sua riqueza; e, desejoso de dar a ambas um novo sentido, buscava encontrar o Mestre.
A consciência de Zaqueu o acusava do mau uso da riqueza, e ele buscava em Jesus a força para redimir-se.
A riqueza é a mais difícil das provas, porque favorece o desenvolvimento das paixões e bloqueia o sentimento da fraternidade, entravando o progresso das criaturas.

2 - Por que as pessoas que presenciaram o fato criticaram a decisão de Jesus, de hospedar-se em casa de Zaqueu?
Porque Zaqueu, sendo um publicano, era considerado pelos judeus como pessoa de má vida, indigno, portanto, de receber a visita do Mestre.
Jesus buscava a companhia dos errados, para auxiliá-los no caminho da própria salvação.
"(...) O Filho do homem veio procurar e salvar o que estava perdido."

3 - O que mudou na vida de Zaqueu, a partir do seu encontro com o Mestre?
O destino que ele passou a dar a sua própria vida, pois antes cuidava apenas dos próprios interesses e de acumular bens, passando depois a reparar as faltas cometidas e a dividir sua riqueza com os necessitados.
Quando alguém se encontra com o Mestre e lhe abre o coração aos sentimentos, não pode mais viver como vivia antes, mas torna-se um novo homem, no amor e na caridade.

4 - Qual o sentido da palavra "salvação", usada por Jesus?
Jesus referia-se ao esclarecimento que lograra alcançar o espírito de Zaqueu e à caminhada que iniciava em direção ao Reino de Deus, através do auxílio ao próximo.

"Esta casa recebeu hoje a salvação porque também este é filho de Abraão."
Capítulo XVI - Item 4
Jesus em casa de Zaqueu

4. Tendo Jesus entrado em Jericó, passava pela cidade - e havia ali um homem chamado Zaqueu, chefe dos publicanos e muito rico, - o qual, desejoso de ver a Jesus, para conhecê-lo, não o conseguia devido à multidão, por ser ele de estatura muito baixa. - Por isso, correu á frente da turba e subiu a um sicômoro, para o ver, porquanto ele tinha de passar por ali. - Chegando a esse lugar, Jesus dirigiu para o alto o olhar e, vendo-o, disse-lhe: Zaqueu, dá-te pressa em descer, porquanto preciso que me hospedes hoje em tua casa. - Zaqueu desceu imediatamente e o recebeu jubiloso. Vendo isso, todos murmuravam, a dizer: Ele foi hospedar-se em casa de um homem de má vida(Veja-se: "Introdução", artigo - Publicanos.)
Entretanto, Zaqueu, pondo-se diante do Senhor, lhe disse: Senhor, dou a metade dos meus bens aos pobres e, se causei dano a alguém, seja no que for, indenizo-o com quatro tantos. Ao que Jesus lhe disse: Esta casa recebeu hoje a salvação, porque também este é filho de Abraão; visto que o Filho do Homem veio para procurar e salvar o que estava perdido. (S. LUCAS, cap. XIX, vv. 1 a 10.)

Questões para estudo

1 - Como podemos interpretar a excessiva curiosidade de Zaqueu, por ver Jesus?

2 - Por que as pessoas que presenciaram o fato criticaram a decisão de Jesus, de hospedar-se em casa de Zaqueu?

3 - O que mudou na vida de Zaqueu, a partir do seu encontro com o Mestre?

4 - Qual o sentido da palavra "salvação", usada por Jesus?


Capítulo XVI - Item 3
Preservar-se da avareza

3. Então, no meio da turba, um homem lhe disse: Mestre, dize a meu irmão que divida comigo a herança que nos tocou. - Jesus lhe disse: Ó homem! quem me designou para vos julgar, ou para fazer as vossas partilhas? - E acrescentou: Tende o cuidado de preservar-vos de toda a avareza, seja qual for a abundância em que o homem se encontre, sua vida não depende dos bens que ele possua.
Disse-lhes a seguir esta parábola: Havia um rico homem cujas terras tinham produzido extraordinariamente - e que se entretinha a pensar consigo mesmo, assim: Que hei de fazer, pois já não tenho lugar onde possa encerrar tudo o que vou colher? -Aqui está, disse, o que farei: Demolirei os meus celeiros e construirei outros maiores, onde porei toda a minha colheita e todos os meus bens. - E direi a minha alma: Minha alma, tens de reserva muitos bens para longos anos; repousa, come, bebe, goza. Mas, Deus, ao mesmo tempo, disse ao homem: Que insensato és! Esta noite mesmo tomar-te-ão a alma; para que servirá o que acumulaste?

É o que acontece àquele que acumula tesouros para si próprio e que não é rico diante de Deus. (S. LUCAS, cap. XII, vv. 13 a 21.)
Conclusão do Capítulo XVI - Itens 1 e 2
Salvação dos Ricos

A riqueza não é condenável em si mesma. O emprego que lhe damos é que a torna empecilho ou um poderoso auxílio para o nosso progresso espiritual.

1 - O que podemos entender com a frase de Jesus: "ninguém pode servir a dois senhores"?
Que não podemos viver, simultaneamente, fascinados pelas coisas materiais e comprometidos com a salvação do espírito, pois é impossível conciliar dois princípios tão opostos entre si.
"Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou odiará a um e amará a outro, ou se prenderá a um e desprezará a outro."

2 - Por que Jesus recomendou ao moço que se desfizesse da sua fortuna?
Certamente porque esta fortuna, utilizada apenas em proveito próprio, aprisionava-o, impedindo-o de praticar a caridade e afastando-o do único caminho que conduz à salvação.
A fortuna daquele jovem constituía-se em empecilho para o seu progresso espiritual; por isso, Jesus o aconselhou a desfazer-se dela.
A verdadeira riqueza é a do espírito.

3 - Nesta passagem Jesus nos ensina a despojarmo-nos do que possuímos, para obtermos a salvação?
Não. Jesus nos ensina o desapego dos bens materiais, mostrando-nos que nada na vida é mais importante que a busca das coisas espirituais. Os bens materiais são meios que nos são concedidos para esse fim, porém não podem constituir obstáculos para nosso avanço espiritual.

Os bens materiais são concessões passageiras que Deus nos permite, a fim de que os administremos em favor do próximo.
Capítulo XVI - Itens 1 e 2
Salvação dos Ricos
Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou odiará a um e amará a outro, ou se prenderá a um e desprezará o outro. Não podeis servir simultaneamente a Deus e a Mamon. (S. LUCAS, cap. XVI, v. 13.)
Então, aproximou-se dele um mancebo e disse: Bom mestre, que bem devo fazer para adquirir a vida eterna? - Respondeu Jesus: Por que me chamas bom? Bom, só Deus o é. Se queres entrar na vida, guarda os mandamentos. - Que mandamentos? retrucou o mancebo. Disse Jesus: Não matarás; não cometerás adultério; não furtarás; não darás testemunho falso. - Honra a teu pai e a tua mãe e ama a teu próximo como a ti mesmo.
O moço lhe replicou: Tenho guardado todos esses mandamentos desde que cheguei à mocidade. Que é o que ainda me falta? -Disse Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me.
Ouvindo essas palavras, o moço se foi todo tristonho, porque possuía grandes haveres. - Jesus disse então a seus discípulos: Digo-vos  em verdade que bem difícil é que um rico entre no reino dos céus. - Ainda uma vez vos digo: É mais fácil que um camelo passe pelo buraco de uma agulha, do que entrar um rico no reino dos céus (1). (S. MATEUS, cap. XIX, vv. 16 a 24. - S. LUCAS, cap. XVIII, vv. 18 a 25. - S. MARCOS, cap. X, vv. 17 a 25.)

Questões para estudo

1 - O que podemos entender com a frase de Jesus: "ninguém pode servir a dois senhores"?

2 - Por que Jesus recomendou ao moço que se desfizesse da sua fortuna?

3 - Nesta passagem Jesus nos ensina a despojarmo-nos do que possuímos, para obtermos a salvação?



terça-feira, 22 de setembro de 2015

Lugar para ela

Emmanuel

Todos nós precisamos da verdade, porque a verdade é a luz do espírito, em torno de situações, pessoas e coisas; fora dela, a fantasia é capaz de suscitar a loucura, sob o patrocínio da ilusão. Entretanto, é necessário que a caridade lhe comande as manifestações para que o esclarecimento não se torne fogo devorador nas plantações da esperança.
Todos nós precisamos da justiça, porque a justiça é a lei, em torno de situações, pessoas e coisas; fora dela, a iniquidade é capaz de premiar o banditismo, em nome do poder. Entretanto, é necessário que a caridade lhe presida as manifestações para que o direito não se faça intolerância, impedindo a recuperação das vítimas do mal.
Todos nós precisamos da lógica, porque a lógica é a razão em si mesma, em torno de situações, pessoas e coisas; fora dela, a paixão é capaz de gerar o crime, à conta de sentimento. Entretanto, é necessário que a caridade lhe inspire as manifestações, para que o discernimento não se converta em vaidade, obstruindo os serviços da educação.
Todos nós precisamos da ordem, porque a ordem é a disciplina, em torno de situações, pessoas e coisas; fora dela, o capricho é capaz de estabelecer a revolta destruidora, sob a capa dos bons intentos. Entretanto, é necessário que a caridade lhe oriente as manifestações para que o método não se transforme em orgulho, aniquilando as obras do bem.
Cultivemos a verdade, a justiça, a lógica e a ordem, buscando a caridade e reservando, em todos os nossos atos, um lugar para ela, porquanto a caridade é a força do amor e o amor é a única força com bastante autoridade para sustentar-nos a união fraternal, sob a raiz sublime da vida, que é Deus.
É por isso que Allan Kardec, cônscio de que restaurava o Evangelho do Cristo para todos os climas e culturas da Humanidade, inscreveu nos pórticos do Espiritismo a divisa inolvidável, destinada a quantos lhe abraçam as realizações e os princípios: Fora da caridade não há salvação.



Conclusão do Capítulo XV – Itens de 8 a 10

Fora da Igreja não há salvação. Fora da verdade não há salvação
Fora da caridade não há salvação

1 – Por que não existe o lema: “Fora do Espiritismo não há salvação”?
Porque não adianta aprender sem praticar.
“O Espiritismo, de acordo com o Evangelho, admitindo a salvação para todos, independente de qualquer crença, contanto que a lei de Deus seja observada, não diz: Fora do Espiritismo não há salvação; e, como não pretende ensinar ainda toda a verdade, também não diz: Fora da verdade não há salvação, pois que esta máxima separaria em lugar de unir e perpetuaria os antagonismos.”

2 – Por que estão encerrados os destinos dos homens na máxima: “Fora da caridade não há salvação”?
Porque se ele não coloca em prática e com amor aquilo que aprende, tudo fica sem efeito.
Fora da caridade não há salvação, estão encerrados os destinos dos homens, na Terra e no céu; na Terra, porque à sombra desse estandarte eles viverão em paz; no céu, porque os que a houverem praticado acharão graças diante do Senhor. Essa divisa é o facho celeste, a luminosa coluna que guia o homem no deserto da vida, encaminhando-o para a Terra da Promissão. Ela brilha no céu, como auréola santa, na fronte dos eleitos, e, na Terra, se acha gravada no coração daqueles a quem Jesus dirá: Passai à direita, benditos de meu Pai. Reconhecê-los-eis pelo perfume de caridade que espalham em torno de si Nada exprime com mais exatidão o pensamento de Jesus, nada resume tão bem os deveres do homem, como essa máxima de ordem divina.”

3 - Porque a prática da caridade define o destino dos homens, tanto "na Terra quanto no céu"?
Porque aqueles que praticam, ainda na Terra encontram a paz, e na vida espiritual acham graça diante de Deus Pai.
"Ela brilha no céu como auréola santa, na fronte dos eleitos, e, na Terra, se acha gravada no coração daqueles a quem Jesus dirá: passai à direita, benditos de meu Pai."

4 - Não fazer o mal é uma forma de praticar a caridade?
Na prática do bem, o que conta não é o mal que deixamos de fazer mas o bem que conseguimos realizar.
"Uma virtude passiva não basta: é necessário uma virtude ativa."
"Para fazer-se o bem, mister sempre se torna a ação da vontade; para se não praticar o mal, basta, as mais das vezes, a inércia e a despreocupação."

5 - A "salvação" do espírito depende de alguma religião em particular?
Não. As religiões têm a função de esclarecer as pessoas na prática do bem quue as conduz a Deus, mas não lhes garante a salvação do espírito.

O que nos salva não é estarmos filiados a esta ou àquela religião, mas praticarmos boas obras em favor do próximo.
Capítulo XV – Itens de 8 a 10

Fora da Igreja não há salvação. Fora da verdade não há salvação

8. Enquanto a máxima - Fora da caridade não há salvação - assenta num princípio universal e abre a todos os filhos de Deus acesso à suprema felicidade, o dogma - Fora da Igreja, não há salvação -se estriba, não na fé fundamental em Deus e na imortalidade da alma, fé comum a todas as religiões, porém numa fé especial, em dogmas particulares; é exclusivo e absoluto. Longe de unir os filhos de Deus, separa-os; em vez de incitá-los ao amor de seus irmãos, alimenta e sanciona a irritação entre sectários dos diferentes cultos que reciprocamente se consideram malditos na eternidade, embora sejam parentes e amigos esses sectários. Desprezando a grande lei de igualdade perante o túmulo, ele os afasta uns dos outros, até no campo do repouso. A máxima - Fora da caridade não há salvação consagra o princípio da igualdade perante Deus e da liberdade de consciência. Tendo-a por norma, todos os homens são irmãos e, qualquer que seja a maneira por que adorem o Criador, eles se estendem as mãos e oram uns pelos outros. Com o dogma - Fora da Igreja não há salvação, anatematizam-se e se perseguem reciprocamente, vivem como inimigos; o pai não pede pelo filho, nem o filho pelo pai, nem o amigo pelo amigo, desde que mutuamente se consideram condenados sem remissão. É, pois, um dogma essencialmente contrário aos ensinamentos do Cristo e à lei evangélica.

9. Fora da verdade não há salvação equivaleria ao Fora da Igreja não há salvação e seria igualmente exclusivo, porquanto nenhuma seita existe que não pretenda ter o privilégio da verdade. Que homem se pode vangloriar de a possuir integral, quando o âmbito dos conhecimentos incessantemente se alarga e todos os dias se retificam as ideias? A verdade absoluta é patrimônio unicamente de Espíritos da categoria mais elevada e a Humanidade terrena não poderia pretender possuí-la, porque não lhe é dado saber tudo. Ela somente pode aspirar a uma verdade relativa e proporcionada ao seu adiantamento. Se Deus houvera feito da posse da verdade absoluta condição expressa da felicidade futura, teria proferido uma sentença de proscrição geral, ao passo que a caridade, mesmo na sua mais ampla acepção, podem todos praticá-la. O Espiritismo, de acordo com o Evangelho, admitindo a salvação para todos, independente de qualquer crença, contanto que a lei de Deus seja observada, não diz: Fora do Espiritismo não há salvação; e, como não pretende ensinar ainda toda a verdade, também não diz: Fora da verdade não há salvação, pois que esta máxima separaria em lugar de unir e perpetuaria os antagonismos.

INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS

Fora da caridade não há salvação

10. Meus filhos, na máxima: Fora da caridade não há salvação, estão encerrados os destinos dos homens, na Terra e no céu; na Terra, porque à sombra desse estandarte eles viverão em paz; no céu, porque os que a houverem praticado acharão graças diante do Senhor. Essa divisa é o facho celeste, a luminosa coluna que guia o homem no deserto da vida, encaminhando-o para a Terra da Promissão. Ela brilha no céu, como auréola santa, na fronte dos eleitos, e, na Terra, se acha gravada no coração daqueles a quem Jesus dirá: Passai à direita, benditos de meu Pai. Reconhecê-los-eis pelo perfume de caridade que espalham em torno de si Nada exprime com mais exatidão o pensamento de Jesus, nada resume tão bem os deveres do homem, como essa máxima de ordem divina. Não poderia o Espiritismo provar melhor a sua origem, do que apresentando-a como regra, por isso que é um reflexo do mais puro Cristianismo. Levando-a por guia, nunca o homem se transviará. Dedicai-vos, assim, meus amigos, a perscrutar-lhe o sentido profundo e as consequências, a descobrir-lhe, por vós mesmos, todas as aplicações. Submetei todas as vossas ações ao governo da caridade e a consciência vos responderá. Não só ela evitará que pratiqueis o mal, como também fará que pratiqueis o bem, porquanto uma virtude negativa não basta: é necessária uma virtude ativa. Para fazer-se o bem, mister sempre se torna a ação da vontade; para se não praticar o mal, basta as mais das vezes a inércia e a despreocupação.
Meus amigos, agradecei a Deus o haver permitido que pudésseis gozar a luz do Espiritismo. Não é que somente os que a possuem hajam de ser salvos; é que, ajudando-vos a compreender os ensinos do Cristo, ela vos faz melhores cristãos. Esforçai-vos, pois, para que os vossos irmãos, observando-vos, sejam induzidos a reconhecer que verdadeiro espírita e verdadeiro cristão são uma só e a mesma coisa, dado que todos quantos praticam a caridade são discípulos de Jesus, sem embargo da seita a que pertençam. Paulo, o apóstolo. (Paris, 1860.).253


Questões para estudo

1 – Por que não existe o lema: “Fora do Espiritismo não há salvação”?
2 – Por que estão encerrados os destinos dos homens na máxima: “Fora da caridade não há salvação”?
3 - Porque a prática da caridade define o destino dos homens, tanto "na Terra quanto no céu"?
4 - Não fazer o mal é uma forma de praticar a caridade?

5 - A "salvação" do espírito depende de alguma religião em particular?

terça-feira, 15 de setembro de 2015

O  MAIOR  MANDAMENTO

Emmanuel

"Ama a Deus, com toda a tua alma, com todo o teu coração e com todo o teu entendimento!- eis o maior mandamento", proclamou o Senhor. Entretanto, perguntarás, como amarei a Deus que se encontra longe de mim?
Cala, porém, as tuas indagações e recorda que, se os pais e as mães do mundo vibram na experiência dos filhos, se o artista está invisível em suas obras, também Deus permanece em suas criaturas.
Lembra que, se deves esperar por Deus onde te encontras, Deus igualmente espera por ti em todos os ângulos do caminho.
Ele é o Todo em que nos movemos e existimos.
Escuta a Lei Sublime do Bem e vê-Lo-ás sofrendo no irmão enfermo, esperando por tuas mãos; necessitado, no coração ignorante que te pede um raio de luz; aflito, na criancinha sem lar que te estende os braços súplices, rogando abrigo e consolação; ansioso, no companheiro agonizante que te implora a bênção de uma prece que o acalente para a viagem enorme; inquieto, no coração das mães que te pedem proteção para os filhinhos infelizes e expectante, nas páginas vivas da Natureza, aguardando a tua piedade para as árvores despejadas, para as fontes poluídas, para as aves sem ninho ou para os animais desamparados e doentes.
Amemos ao próximo com toda a alma e com todo o coração e estaremos amando ao Senhor com as forças mais nobres de nossa vida.
Compreende e auxilia sempre...
Serve e passa...
Quem se faz útil, auxilia a construção do Reino Divino na Terra e quem realmente ama a Deus, sacrifica-se pelo próximo, fazendo a vida aperfeiçoar-se e brilhar.

Do livro: "Alma e Luz"


Conclusão do Capítulo XV - Itens 6 e 7
Necessidade da Caridade segundo

A caridade, por independer de recursos intelectivos, de crença religiosa, de fé, está ao alcance de todas as pessoas. Por isso, Paulo colocou, tão enfaticamente, acima de todas as virtudes.

1 - O que nos ensina Paulo, nesta 1ª Epístola aos Coríntios?
Paulo nos ensina que a virtude por excelência é a caridade; e que nada nos vale possuir grandes conhecimentos, ter imensa fé ou distribuir riqueza em favor dos necessitados, se não tivermos caridade.
"Ainda quando eu falasse todas as línguas dos homens e a língua dos próprios anjos, se eu não tiver caridade, serei como o bronze que soa e um címbalo que retine."

2 - É possível se praticar a caridade e fazer, ao mesmo tempo, o mal aos outros?
Não. A verdadeira caridade se faz acompanhar dos mais nobres e sublimes sentimentos, repelindo instintivamente os sentimentos inferiores.
"Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou odiará a um e amará a outro, ou se prenderá a um e dispensará o outro."

3 - Por que Paulo considera a caridade mais excelente que a fé e a esperança?
Porque "a caridade está ao alcance de toda gente: do ignorante, como do sábio, do rico, como do pobre e independe de qualquer crença particular."

"Filhos, a estrada real para Deus chama-se Caridade.
(...)
Caridade para com os amigos.
Caridade com os adversários.
Caridade com os bons.
Caridade com os menos bons."
Todas as virtudes são inúteis, sem o veículo da caridade.

4 Dentre as virtudes, por que a caridade é colocada acima até mesmo da fé?
Porque através dela, aprendemos a verdadeira essência de amor incondicional ao próximo.