CURIOSIDADE
Emmanuel
Reunião
pública de 18-1-60 - Questão n° 31 - LM
A curiosidade,
quando respeitável, é princípio da ciência, mas somente princípio. Sem trabalho
perseverante, assemelhar-se-ia, decerto, ao primeiro passo de uma longa
excursão, interrompida no limiar.
E
observando-se que o progresso é obra de todos, é preciso que o seareiro da ação
palmilhe a senda dos precursores para realizar o serviço que lhe compete.
Colombo
descobre as terras do Novo Mundo, depois de anotar os apontamentos de
Perestrelo.
Planté
articula os acumuladores de eletricidade, sob a forma de energia química, mas
toma por base a pilha de Volta.
Marconi, para
alcançar o telégrafo sem fios, utiliza as experiências de Branly.
Pasteur
demonstra definitivamente a origem microbiana das doenças infecciosas,
precedido, porém, por Davaine e outros.
Para tudo
isso, no entanto, não se imobilizam em poltronas de sonho, nem param à frente
de esboços.
Lutam e
sofrem, gastando fósforo e tempo.
Por outro
lado, é imprescindível reconhecer que a curiosidade, ante o deslumbramento, é
qual semente de árvore destinada a bons frutos, conservada, porém, sob uma
campânula de vidro.
Imaginemos um
índio, habituado aos sons da inúbia e do boré, que aspirasse a conhecer
melodias mais elevadas.
Apresentar-lhe,
só por isso, uma partitura de Beethoven seria o mesmo que propor a filosofia de
Spinosa a uma criança de berço.
Antecedendo a
conquista, é imperioso que a educação lhe administre o solfejo na iniciação
musical.
Não esperes,
assim, que os Espíritos Angélicos venham ferir-nos o aprendizado.
Quaisquer
recursos demasiado transcendentes, que nos trouxessem, serviriam apenas como
fatores de encantamento inútil, à maneira de fogos de artifício, tumultuando a
emoção dos meninos necessitados da escola.
Da pedra ao
micróbio, do micróbio ao verme, do verme ao homem, e do homem à estrela, o
Universo é todo um conjunto de soberbos fenômenos, desafiando-nos o
conhecimento e a interpretação.
Também, na
mediunidade, não aguardes concessões de pechincha.
Há, nos reinos
do espírito, leis e princípios, novas revelações e novos mundos a conquistar.
Isso,
entretanto, exige, antes de tudo, paciência e trabalho, responsabilidade e
entendimento, atenção e suor.
Do livro Seara
dos médiuns
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