quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Conclusão do Capítulo 14 - Resgate interrompido


1 - Que motivo levou André Luiz e o Assistente a trabalhar na rearmonização da família de Ildeu e Marcela?
A nossa vinda à Terra para um nova experiência física é programada e supervisionada pelos benfeitores do plano espiritual, que nos instruem durante a vida na erraticidade e nos aconselham quanto aos objetivos a serem atingidos na próxima reencarnação. Durante a vida terrena, estes benfeitores nos acompanham e nos amparam, no sentido de que melhor possamos aproveitar a oportunidade de redenção. O socorro à família em questão se deu por ser Marcela tutelada da Mansão Paz, onde foi projetada sua nova existência e que a amparava nas lides terrenas. O êxito da missão assumida por Marcela dependia da harmonização dos espíritos que compunham aquela família, envolvidos em episódios passados que estavam a exigir reparação. André Luiz, Silas e Hilário eram servidores daquela Instituição e se encontravam em missão de socorro espiritual à família, dando sustentação a Marcela, a fim de que ela pudesse obter êxito na tarefa a que se dispôs..

2 - Sem motivo que justificasse a separação entre mãe e filhos, que recurso Ildeu idealizou para manter para afastar Marcela de sua vida?

R - Ildeu, àquela altura já com a mente doentia e inteiramente voltada para a amante, vislumbrou forjar o suicídio de Marcela, expulsando-a de sua vida através de um homicídio que ficaria imperceptível à lei dos homens. Desconhecia que, perante a Lei de Deus, nada fica descoberto. Supunha que poderia se furtar de assumir a responsabilidade perante a sociedade terrena. Porém, não imaginava que estaria assumindo grave débito, cuja reparação lhe exigiria penosa expiação. Ao intercederem pela preservação da vida de Marcela, os benfeitores espirituais também evitaram que Ildeu agravasse ainda mais suas dívidas, aprofundando sua queda. 

3 - Como Marcela agia em busca de ajuda, para seu sofrimento e dos seus filhinhos?

R - Marcela agia com grande humildade e resignação, orando e buscando sempre evitar que a atmosfera espiritual de seu lar se deteriorasse. Por enfrentar sua provação com paciência e tolerância, aceitando os desígnios superiores, Marcela se fez merecedora do socorro da equipe de benfeitores espirituais.

4 - A presença de Deus se manifesta em todos os momentos nas nossas vidas, como a Espiritualidade operou a favor de Marcela?

R - Silas utilizou-se dos recursos magnéticos de que dispunha para operar o desdobramento da filha do casal, Márcia, trazendo-a à sua presença, em espírito. Através das formas-pensamentos que emanavam da mente de Ildeu, a menina pôde perceber a intenção do pai de assassinar sua mãe. Tomada pelo choque que esta constatação  lhe causou, a criança retomou de inopinado o corpo físico, gritando, alucinadamente, para que o pai não perpetrasse o desatinado ato que planejava. O alarido provocado pelos gritos da menina atraiu a atenção de Marcela, que flagrou Ildeu ao lado da filha, com o revólver nas proximidades. Portadora de sentimentos nobres, Marcela, em sua boa-fé, imaginou que o marido intentara se suicidar e fez patético apelo para que ele fosse demovido da idéia.

5 - Podemos afirmar que o AMOR sempre norteou a vida de Marcela. Qual foi a maior demonstração desse amor por Ildeu?   

R - Em dois momentos, o capítulo em estudo nos traz demonstrações do amor de Marcela por Ildeu. O primeiro, conforme explicou Silas, quando, ainda no plano espiritual, aceitou reencarnar com o compromisso de auxiliar Ildeu em sua tentativa de reabilitação, assumindo, novamente, a condição de esposa fiel e dedicada. O segundo, ao renunciar ao casamento, possibilitando-lhe a constituição de um novo lar, em companhia daquela por quem se sentia atraído e que considerava capaz de lhe fazer feliz. Consciente de que o marido não era feliz ao seu lado, compreendeu que, naquele momento, cabia-lhe abrir mão de seu amor e de seu casamento pelo bem estar de Ildeu. Foram dois momentos diferentes, em que somente um amor puro e sincero poderia motivar semelhantes atitudes. Em ambos, Marcela assumiu conscientemente penosos sacrifícios, dos quais não mais necessitava como expiação, para proporcionar a oportunidade de resgate àqueles espíritos, ainda presos a graves erros do passado.

6 - Como a espiritualidade atuou em Marcela para manter seu equilíbrio diante da tragédia?

R - Através do sono hipnótico e de passes balsamizantes, Silas trouxe Marcela, em desdobramento, ao plano espiritual e a reanimou, aconselhando-a a deixar que o marido se afastasse do lar. Procurou injetar-lhe forças para que prosseguisse na tarefa  a que se comprometera, explicando-lhe que Ildeu, deixando escapar a oportunidade reparatória que se lhe oferecia, estava interrompendo o resgate necessário ao seu reequilíbrio espiritual e onerando-se ainda mais perante a Lei.

7 - No Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XXII, fala da indissolubilidade do casamento. Como entender a orientação dada por Silas diante desse acontecimento?

R - Allan Kardec, no citado capítulo XXII de "O Evangelho segundo o Espiritismo", ensina que "imutável somente há o que vem de Deus. Tudo o que é obra dos homens está sujeito a mudança". No casamento, prossegue Kardec, "o que é de ordem divina é a união dos sexos, para que se opere a substituição dos seres que morrem". As condições que regulam essa união são de natureza humana. A par desta lei divina material, há outra também imutável, essencialmente moral, que é a lei do amor.

Assim, a lei divina quer que dois seres se unam não só pelos laços da carne, mas também pelos do espírito. No caso em estudo,
por parte de Ildeu, não mais havia a união pelo amor, mas, apenas, pelos vínculos materiais. À luz das leis divinas, não se justificava a manutenção dessa união, pois os laços de afeição recíproca inexistiam. A manutenção da união apenas pelos vínculos humanos do casamento formal, em vez de contribuir para o progresso espiritual de ambos, somente poderia trazer-lhes prejuízos neste campo, pois a tendência dos fatos era de que a situação se agravasse a cada dia, como prova a ideia de homicídio que acorreu a Ildeu. A fim de evitar uma tragédia que se desenhava, o orientador espiritual aconselhou Marcela a aceitar o rompimento da vida em comum, àquela altura insustentável.

8 - Em que situação a Espiritualidade entende a necessidade do divorcio?

R - Como dissemos acima, a separação é plenamente justificável quando a manutenção da união não mais se sustenta em valores espirituais, mas, tão somente, em valores terrenos, estabelecidos pela sociedade. Apenas os laços de afinidade espiritual e de mútuo afeto são indissolúveis, porque conforme a lei de Deus. Os interesses materiais são passageiros e logo desaparecem.
Entretanto, se a separação se der unicamente para atender interesses circunstanciais e materiais, aí, sim, podemos considerá-la contrária à Lei de Deus. Se for para evitar um mal maior, que no caso em estudo esteve prestes a se concretizar, é mais humano, mais caridoso e mais moral, restituir a liberdade a seres que não podem mais viver juntos, do que mantê-los unidos à força de um ato de natureza estritamente humana, que é o casamento formal.

9 - Por que Marcela, sempre meiga, responsável e carinhosa esposa era tão odiada pelo seu marido? E como se justifica a preferência pelas filhas e o desdém pelo filho?

R - Os espíritos envolvidos no drama narrado por André Luiz no presente capítulo foram protagonistas de trágicos acontecimentos em suas últimas passagens pela vida terrena. Marcela fora esposa traída por Ildeu. As filhas, Márcia e Sonia, foram jovens seduzidas por Ildeu e levadas à decadência moral, entregando-se ao meretrício. O filho Roberto era o companheiro a quem Marcela se uniu após o abandono por parte do marido e que foi por este morto. Portanto, vemos que os laços de amor e ódio não se desfazem repentinamente, subsistindo ainda em encarnações futuras, se os espíritos envolvidos não se harmonizarem.

10 - Sabemos que uma família é formada para reajustes do passado. Como a espiritualidade nos orienta diante desse "Resgate Interrompido"?

R - Os casamentos na Terra, em sua grande maioria, têm natureza provacional, isto é, são reencontros de espíritos para os devidos reajustes e reparações de equívocos passados, necessários à evolução de ambos. O núcleo familiar que integraremos quando encarnados é constituído ainda no plano espiritual, quando os espíritos que a comporão se encontram preparando-se para a reencarnação. São reunidos num mesmo ambiente familiar devedores em resgate de antigos compromissos, desafetos do passado, companheiros de erros praticados em experiências pretéritas, espíritos ligados por laços afetivos, enfim, alguma  vinculação sempre há que motive a formação do grupo familiar. A família é, dessa forma, o lugar onde se dá esse reencontro de espíritos, que estarão reiniciando novas experiências com vistas à reparação de eventuais equívocos.

Porém, uma vez investidos na indumentária física, pode acontecer que algum dos espíritos envolvidos nessa ligação ou ambos venham a fugir dos compromissos assumidos, como aconteceu com Ildeu. Aquele que assim proceder não irá se liberar dos reajustes necessários ao seu progresso e frustrará, pelo menos com relação a essa questão, a sua reencarnação. O reajuste ficará pendente e terá de ser resolvido em outra oportunidade ou de outra maneira, como explicou Silas, ao esclarecer que Ildeu poderá "pagar em serviço a outras almas o débito que lhe onera o Espírito". A outra parte, ou seja, aquela que não contribuiu para que o compromisso fosse descumprido, ficará livre e, é claro, não poderá sofrer as consequências do seu rompimento, pois buscou honrar aquilo que assumiu.

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