Conclusão
do Capítulo 14 - Resgate interrompido
1 - Que motivo levou André Luiz e o Assistente a
trabalhar na rearmonização da família de Ildeu e Marcela?
A nossa vinda
à Terra para um nova experiência física é programada e supervisionada pelos
benfeitores do plano espiritual, que nos instruem durante a vida na
erraticidade e nos aconselham quanto aos objetivos a serem atingidos na próxima
reencarnação. Durante a vida terrena, estes benfeitores nos acompanham e nos
amparam, no sentido de que melhor possamos aproveitar a oportunidade de
redenção. O socorro à família em questão se deu por ser Marcela tutelada da
Mansão Paz, onde foi projetada sua nova existência e que a amparava nas lides
terrenas. O êxito da missão assumida por Marcela dependia da harmonização dos
espíritos que compunham aquela família, envolvidos em episódios passados que
estavam a exigir reparação. André Luiz, Silas e Hilário eram servidores daquela
Instituição e se encontravam em missão de socorro espiritual à família, dando
sustentação a Marcela, a fim de que ela pudesse obter êxito na tarefa a que se
dispôs..
2 - Sem motivo que justificasse a separação entre mãe
e filhos, que recurso Ildeu idealizou para manter para afastar Marcela de sua
vida?
R - Ildeu,
àquela altura já com a mente doentia e inteiramente voltada para a amante,
vislumbrou forjar o suicídio de Marcela, expulsando-a de sua vida através de um
homicídio que ficaria imperceptível à lei dos homens. Desconhecia que, perante
a Lei de Deus, nada fica descoberto. Supunha que poderia se furtar de assumir a
responsabilidade perante a sociedade terrena. Porém, não imaginava que estaria
assumindo grave débito, cuja reparação lhe exigiria penosa expiação. Ao
intercederem pela preservação da vida de Marcela, os benfeitores espirituais
também evitaram que Ildeu agravasse ainda mais suas dívidas, aprofundando sua
queda.
3 - Como Marcela agia em busca de ajuda, para seu
sofrimento e dos seus filhinhos?
R - Marcela
agia com grande humildade e resignação, orando e buscando sempre evitar que a
atmosfera espiritual de seu lar se deteriorasse. Por enfrentar sua provação com
paciência e tolerância, aceitando os desígnios superiores, Marcela se fez
merecedora do socorro da equipe de benfeitores espirituais.
4 - A presença de Deus se manifesta em todos os
momentos nas nossas vidas, como a Espiritualidade operou a favor de Marcela?
R - Silas
utilizou-se dos recursos magnéticos de que dispunha para operar o desdobramento
da filha do casal, Márcia, trazendo-a à sua presença, em espírito. Através das
formas-pensamentos que emanavam da mente de Ildeu, a menina pôde perceber a
intenção do pai de assassinar sua mãe. Tomada pelo choque que esta constatação lhe causou, a criança retomou de inopinado o
corpo físico, gritando, alucinadamente, para que o pai não perpetrasse o
desatinado ato que planejava. O alarido provocado pelos gritos da menina atraiu
a atenção de Marcela, que flagrou Ildeu ao lado da filha, com o revólver nas
proximidades. Portadora de sentimentos nobres, Marcela, em sua boa-fé, imaginou
que o marido intentara se suicidar e fez patético apelo para que ele fosse
demovido da idéia.
5 - Podemos afirmar que o AMOR sempre norteou a vida
de Marcela. Qual foi a maior demonstração desse amor por Ildeu?
R - Em dois
momentos, o capítulo em estudo nos traz demonstrações do amor de Marcela por
Ildeu. O primeiro, conforme explicou Silas, quando, ainda no plano espiritual,
aceitou reencarnar com o compromisso de auxiliar Ildeu em sua tentativa de
reabilitação, assumindo, novamente, a condição de esposa fiel e dedicada. O
segundo, ao renunciar ao casamento, possibilitando-lhe a constituição de um
novo lar, em companhia daquela por quem se sentia atraído e que considerava
capaz de lhe fazer feliz. Consciente de que o marido não era feliz ao seu lado,
compreendeu que, naquele momento, cabia-lhe abrir mão de seu amor e de seu
casamento pelo bem estar de Ildeu. Foram dois momentos diferentes, em que
somente um amor puro e sincero poderia motivar semelhantes atitudes. Em ambos,
Marcela assumiu conscientemente penosos sacrifícios, dos quais não mais
necessitava como expiação, para proporcionar a oportunidade de resgate àqueles
espíritos, ainda presos a graves erros do passado.
6 - Como a espiritualidade atuou em Marcela para
manter seu equilíbrio diante da tragédia?
R - Através do
sono hipnótico e de passes balsamizantes, Silas trouxe Marcela, em
desdobramento, ao plano espiritual e a reanimou, aconselhando-a a deixar que o
marido se afastasse do lar. Procurou injetar-lhe forças para que prosseguisse
na tarefa a que se comprometera,
explicando-lhe que Ildeu, deixando escapar a oportunidade reparatória que se
lhe oferecia, estava interrompendo o resgate necessário ao seu reequilíbrio
espiritual e onerando-se ainda mais perante a Lei.
7 - No Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XXII,
fala da indissolubilidade do casamento. Como entender a orientação dada por
Silas diante desse acontecimento?
R - Allan
Kardec, no citado capítulo XXII de "O Evangelho segundo o
Espiritismo", ensina que "imutável somente há o que vem de Deus. Tudo
o que é obra dos homens está sujeito a mudança". No casamento, prossegue
Kardec, "o que é de ordem divina é a união dos sexos, para que se opere a
substituição dos seres que morrem". As condições que regulam essa união
são de natureza humana. A par desta lei divina material, há outra também
imutável, essencialmente moral, que é a lei do amor.
Assim, a lei
divina quer que dois seres se unam não só pelos laços da carne, mas também
pelos do espírito. No caso em estudo,
por parte de
Ildeu, não mais havia a união pelo amor, mas, apenas, pelos vínculos materiais.
À luz das leis divinas, não se justificava a manutenção dessa união, pois os
laços de afeição recíproca inexistiam. A manutenção da união apenas pelos
vínculos humanos do casamento formal, em vez de contribuir para o progresso
espiritual de ambos, somente poderia trazer-lhes prejuízos neste campo, pois a
tendência dos fatos era de que a situação se agravasse a cada dia, como prova a
ideia de homicídio que acorreu a Ildeu. A fim de evitar uma tragédia que se
desenhava, o orientador espiritual aconselhou Marcela a aceitar o rompimento da
vida em comum, àquela altura insustentável.
8 - Em que situação a Espiritualidade entende a
necessidade do divorcio?
R - Como
dissemos acima, a separação é plenamente justificável quando a manutenção da
união não mais se sustenta em valores espirituais, mas, tão somente, em valores
terrenos, estabelecidos pela sociedade. Apenas os laços de afinidade espiritual
e de mútuo afeto são indissolúveis, porque conforme a lei de Deus. Os
interesses materiais são passageiros e logo desaparecem.
Entretanto, se
a separação se der unicamente para atender interesses circunstanciais e
materiais, aí, sim, podemos considerá-la contrária à Lei de Deus. Se for para
evitar um mal maior, que no caso em estudo esteve prestes a se concretizar, é
mais humano, mais caridoso e mais moral, restituir a liberdade a seres que não podem
mais viver juntos, do que mantê-los unidos à força de um ato de natureza
estritamente humana, que é o casamento formal.
9 - Por que Marcela, sempre meiga, responsável e
carinhosa esposa era tão odiada pelo seu marido? E como se justifica a
preferência pelas filhas e o desdém pelo filho?
R - Os
espíritos envolvidos no drama narrado por André Luiz no presente capítulo foram
protagonistas de trágicos acontecimentos em suas últimas passagens pela vida
terrena. Marcela fora esposa traída por Ildeu. As filhas, Márcia e Sonia, foram
jovens seduzidas por Ildeu e levadas à decadência moral, entregando-se ao
meretrício. O filho Roberto era o companheiro a quem Marcela se uniu após o
abandono por parte do marido e que foi por este morto. Portanto, vemos que os
laços de amor e ódio não se desfazem repentinamente, subsistindo ainda em
encarnações futuras, se os espíritos envolvidos não se harmonizarem.
10 - Sabemos que uma família é formada para reajustes
do passado. Como a espiritualidade nos orienta diante desse "Resgate
Interrompido"?
R - Os
casamentos na Terra, em sua grande maioria, têm natureza provacional, isto é,
são reencontros de espíritos para os devidos reajustes e reparações de
equívocos passados, necessários à evolução de ambos. O núcleo familiar que
integraremos quando encarnados é constituído ainda no plano espiritual, quando
os espíritos que a comporão se encontram preparando-se para a reencarnação. São
reunidos num mesmo ambiente familiar devedores em resgate de antigos compromissos,
desafetos do passado, companheiros de erros praticados em experiências
pretéritas, espíritos ligados por laços afetivos, enfim, alguma vinculação sempre há que motive a formação do
grupo familiar. A família é, dessa forma, o lugar onde se dá esse reencontro de
espíritos, que estarão reiniciando novas experiências com vistas à reparação de
eventuais equívocos.
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