quarta-feira, 28 de maio de 2014

Conclusão do Capítulo 10 - Sonambulismo Torturado
                   
1. Que tipo de obsessão se verifica no capítulo em estudo? Explique.

No capítulo anterior, estudamos um caso de possessão. Nele, o espírito possessor tomou o corpo do possuído, fazendo-o perder a capacidade de exercer qualquer domínio sobre ele.  Esta é a característica da possessão, fenômeno obsessivo em que o espírito dominante como que substitui o encarnado, passando a se utilizar de corpo como se fosse seu, como explica Kardec no capítulo XIV de "A Gênese". No caso presente, ao contrário, a obsidiada não se afastou de seu corpo físico, como esclarece o instrutor Áulus. Ela agia por si própria, a contorcer-se em pranto convulsivo e a expressar o pensamento do obsessor. Não tendo havido o domínio do corpo físico, o que caracterizaria a possessão, podemos classificar como de subjugação o tipo de obsessão ocorrido, que consiste no domínio moral do obsidiado, controlando-lhe a vontade.


2. O que fazia com que o espírito obsessor se apresentasse de forma repugnante, com os ferimentos descritos?

A forma com que o espírito se apresenta no estado de erraticidade depende de seu psiquismo. Como relata André Luiz, o espírito obsessor encontrava-se mentalmente fixado no desejo de vingança contra a filha adotiva de outrora. Sendo a lei de Deus de amor e de perdão, todas as ações e pensamentos do espírito que contrariem estas duas determinações divinas causam um desequilíbrio em seu psiquismo, que se reflete, de imediato, no corpo perispiritual. Encontrando-se impregnado de maus sentimentos, o obsessor causou um desequilíbrio em seu corpo mental, o que veio ocasionar a desorganização do seu perispírito, resultando naquela forma aterrorizante.


3. Explique a seguinte observação:

"- Poderá, todavia, recordar-se com precisão do que lhe sucede agora? - inquiri, por minha vez.
- De modo algum.  Tem as células do córtex cerebral totalmente destrambelhadas pelo desventurado amigo em sofrimento. 
Nos transes, em que se efetua a junção mais direta entre ela e o perseguidor dementado, cai em profunda hipnose, qual acontece à pessoa magnetizada, nas demonstrações  comuns  de  hipnotismo,  e  passa,  de  imediato,  a  retratar-lhe  os  desequilíbrios."

Como explica Áulus, quando se encontra sob a ação do obsessor, a obsidiada tem o seu cérebro por ele invadido e diversas de suas partes desestruturadas, ficando em estado de hipnose profunda e perdendo o controle  da  máquina cerebral. Com suas células em completo desalinho, o cérebro deixa de exercer as funções para as quais  é  dotado, dentre elas o registro da memória .Além disso, estando com a mente perturbada pela dominação obsessiva,  sequer  consegue perceber o que acontece à sua volta, não tendo como guardar os fatos na memória.


4. Se a jovem senhora não tivesse praticado o aborto, teria evitado a obsessão?

Não houvesse ocorrido o aborto, o espírito que viria se tornar obsessor seria recebido pela futura obsidiada como seu filho, atendendo programação traçada no plano espiritual, num processo de reajuste que a reencarnação propiciaria.
Seria uma convivência provavelmente muito difícil entre mãe e filho, sem dúvida, devido à incompatibilidade fluídica gerada pelo homicídio praticado na anterior existência. Todavia, era uma prova necessária a ambos, principalmente para o espírito que retornava, pois seria uma oportunidade de retomar o seu equilíbrio. Frustrada a reencarnação pela atitude da jovem mulher, sua vítima de outrora se viu novamente por ela vitimada, com o que permitiu que o ódio durante tanto tempo alimentado se potencializasse, passando a obsidiá-la violentamente, como vemos na narrativa de André Luiz.


5. Se a moça obsidiada sofria a presença do obsessor desde a puberdade, como afirma o Assistente, por que somente agora ele se manifesta de forma ostensiva?

O processo obsessivo pode ter várias fases de evolução. No início, é uma influência maléfica, que perturba o obsidiado e o leva a agir de maneira diferente à que normalmente o faria, sempre no sentido de prejudicá-lo.   Agravando-se a obsessão, por não tratar o obsidiado de fechar a sua porta de entrada, através de sua reformulação interior, pode chegar à situação que estamos estudando, de subjugação. Desde cedo, o assédio do obsessor se fazia sentir através dos distúrbios por que passava a mulher quando ainda contava pouca idade. O agravamento da obsessão foi motivado pelo aborto praticado, que impediu o retorno do obsessor para a nova experiência que tanto necessitava.


6. Por que Áulus afirma que a senhora em questão não poderia conseguir nova maternidade?   

Naquele momento, isto não seria possível por ter a obsidiada causado desequilíbrio em seu centro genésico.  Como dissemos na resposta à questão 2 acima, todas as vezes que o espírito violenta a Lei Divina, por mais íntimo que seja o ato ou o pensamento, ainda que permaneça oculto a todos, como explicou Áulus, o seu perispírito  é  danificado.  A jovem mulher, antes de pensar em nova maternidade, terá de reparar o dano causado naquele centro de força.


7. É possível a recuperação de centros de força danificados por invigilância, durante a própria vida corporal? Explique.

Dependendo da gravidade da falta e da extensão da lesão perispiritual, é possível, mediante uma transformação interna do espírito. Para tanto, torna-se necessária a reforma íntima, com a modificação de seus valores morais e, principalmente, com a reparação do dano.

Perguntas extraídas do site www.cvdee.org.br
  
Capítulo 10 - Sonambulismo Torturado
Tornamos ao recinto.
Dona Eugênia acabava de socorrer pobre companheiro recém-desencarnado, a retirar-se sob o fraterno controle dos vigilantes. Fomos recebidos por Clementino, generoso, que nos aproximou de jovem senhora, concentrada em oração, seguida por distinto cavalheiro, na pequena fila dos enfermos que naquela noite receberiam assistência.
Afagando-lhe a cabeça, o supervisor notificou:
— Favoreceremos a manifestação de infeliz companheiro que a vampiriza, não somente com o objetivo de socorrê-lo, mas também com o propósito de estudarmos alguma coisa, com respeito ao sonambulismo torturado.
Observei a dama, ainda muito moça, inclinada para o homem irrepreensivelmente trajado que a amparava de perto. O mentor do recinto afastou-se em tarefa de governança, mas Áulus tomou-lhe o lugar, passando a esclarecer-nos com a bondade que lhe era característica. Indicando-nos o casal, informou:
— São ambos marido e mulher num enlace de provação redentora. A essa altura, porém, os guardas espirituais permitiram o acesso do infortunado amigo: Achamo-nos positivamente frente a frente com um louco desencarnado.
Perispírito denso, trazia todos os estigmas da alienação mental, indiscutível. Olhar turvo, fisionomia congesta, indisfarçável Inquietação... A presença dele inspiraria repugnância e terror aos menos afeitos à enfermagem. Além da cabeça ferida, mostrava extensa úlcera na garganta.
Precipitou-se para a jovem doente, à maneira de um grande felino sobre a presa. A simpática senhora começou a gritar, transfigurada. Não se afastara espiritualmente do corpo. Era ela própria a contorcer-se, em pranto convulsivo, envolta, porém, no amplexo fluídico da entidade que lhe empolgava o campo fisiológico, integralmente. Lágrimas quentes lhe corriam dos olhos semicerrados, o organismo relaxara-se como embarcação à matroca e a respiração se tornara sibilante e opressa. Tentava falar, contudo a voz era um assobio desagradável. As cordas vocais revelavam-se incapazes de articular qualquer frase inteligível.
Raul, sob o comando de Clementino, abeirou-se da dupla em aflitivo reencontro e aplicou energias magnéticas sobre o tórax da médium, que conseguiu expressar-se em clamores roufenhos:
— Filha desnaturada!... Criminosa! Criminosa!... Nada te salva! Descerás comigo às trevas para que me partilhes a dor... Não quero socorro... Quero estar contigo para que estejas comigo! Não te perdoarei, não te perdoarei!...
E, do pranto convulso, passava incompreensivelmente a gargalhadas de vingador. Agora, não podíamos saber se estávamos à frente de uma vítima que se lastimava ou de um palhaço que escarnecia.
— A justiça está em mim! — prosseguia bradando por entre silvos. — Sou o advogado de minha própria causa! E a desforra é o meu único recurso...
Raul, sob a inspiração do benfeitor que o acompanhava, passou a falar-lhe dos valores e vantagens da humildade e do perdão, do entendimento e do amor, procurando renovar-lhe a atitude. E, enquanto desenvolvia o trabalho da doutrinação, buscamos contato com o orientador diligente.
Ante as nossas primeiras perguntas, Áulus acentuou:
— É um caso doloroso como o de milhares de criaturas.
— Vê-se bem — aduziu Hilário, sob forte impressão —, que é a nossa própria irmã quem fala e gesticula...
— Sim — aprovou o Assistente —, entretanto, encontra-se imantada ao companheiro espiritual, cérebro a cérebro.
— Poderá, todavia, recordar-se com precisão do que lhe sucede agora? — inquiri, por minha vez.
— De modo algum. Tem as células do córtex cerebral totalmente destrambelhadas pelo desventurado amigo em sofrimento. Nos transes, em que se efetua a junção mais direta entre ela e o perseguidor dementado, cai em profunda hipnose, qual acontece à pessoa magnetizada, nas demonstrações comuns de hipnotismo, e passa, de imediato, a retratar-lhe os desequilíbrios.
E, designando a garganta da médium, repentinamente avermelhada e intumescida, continuou:
— Nesta hora, tem a glote dominada por perturbação momentânea. Não consegue exprimir-se senão em voz rouquenha, quebrando as palavras. Isso porque o nosso irmão torturado, ao qual se liga pelos laços mais íntimos, lhe transmite as próprias sensações, compelindo-a a copiar-lhe o modo de ser.
— Tão entranhada se revela a associação de ambos — alegou Hilário —, que sou levado a indagar de mim mesmo se na vida comum não serão eles, a bem dizer, duas almas num só corpo, assim como duas plantas distintas uma da outra a se desenvolverem num vaso único... Na experiência diária, vulgar, não será nossa irmã constantemente influenciada, de maneira positiva, embora indireta, pelo companheiro que a obsidia?
— Você examina o assunto com acertado critério. Nossa amiga, na equipe doméstica, é um enigma para os familiares. Moça de notável procedência, possui belas aquisições culturais, entretanto, sempre se comporta de modo chocante, evidenciando desequilíbrios ocultos. A princípio, compareciam a insatisfação e a melancolia ocasionando crises de nervos e distúrbios circulatórios. Doente, desde a puberdade, em vão opinaram clínicos de renome sobre o caso, até que um cirurgião, crendo-a prejudicada por desarmonias da tireóide, submeteu-a a delicada intervenção, da qual saiu com seus padecimentos inalterados. Logo após, conheceu o cavalheiro sob nossa observação, que a desposou convencido de que o matrimônio lhe constituiria renovação salutar. Ao invés disso, porém, a situação se lhe agravou. A gravidez cedo se verificou, consoante a planificação de serviço, traçada na Vida Superior. Nossa irmã doente deveria receber o perseguidor nos braços maternos, afagando-lhe a transformação e auxiliando-lhe a aquisição de novo destino, mas, sentindo-lhe a aproximação, recolheu-se a insopitável temor, adiando o trabalho que lhe compete. Impermeável às sugestões da própria alma, provocou o aborto com rebeldia e violência. Essa frustração foi a brecha que favoreceu mais ampla influência do adversário invisível no círculo conjugal. A pobre criatura passou a sofrer multiplicadas crises histéricas, com súbita aversão pelo marido. Principalmente à noite, é colhida, de assalto, por fenômenos de sufocação e de angústia, amargurando o consorte desolado. Médicos foram trazidos, no entanto os hipnóticos foram empregados em vão... Em franca demência, a enferma foi conduzida à casa de saúde, todavia, a insulina e o eletrochoque não lhe solucionaram o problema. Presentemente, atravessa um período de repouso em família, deliberando o esposo experimentar o concurso do Espiritismo.
Enquanto Silva e Clementino procuravam sossegar a médium e o comunicante, reunidos numa simbiose de extremo desespero, Hilário e eu continuávamos famintos de esclarecimento maior.
— E se ela conseguisse nova maternidade? — inquiriu meu colega, estudioso.
— Sim — concordou Áulus, convicto —, semelhante reconquista ser-lhe-á uma bênção, contudo, pela trama de sentimentos contraditórios em que se emaranhou, na fuga das obrigações que lhe cabem, não pode receber, de pronto, esse privilégio.
Lembrei-me de mulheres que se fazem mães nos hospícios, mas, analisando-me os pensamentos, o orientador explicou:
— A posição de alienada mental não lhe retira os favores da Natureza, mas a crueldade meditada com que se afastou dos compromissos assumidos, imprimiu certo desequilíbrio ao centro genésico. Nossas defecções mais íntimas, embora desconhecidas dos outros, prejudicam-nos o veículo sutil e não podemos trair o tempo nas reparações necessárias, ainda mesmo quando o remorso nos ajude a restaurar as boas intenções. A perfeita entrosagem dos elementos psicofísicos filia-se à mente. A vida corpórea é a síntese das irradiações da alma. Não há órgãos em harmonia sem pensamentos equilibrados, como não há ordem sem inteligência.
O serviço de socorro espiritual, porém, continuava inquietante. A entidade vingadora, jungida à médium, demorava-se contida pelos assessores de Clementino, ao passo que a moça, refletindo-lhe as emoções e os impulsos, tinha o peito arfante e gemia em soluços:
— Para mim não há recurso!... Sou um renegado!...
— Perdoa, meu irmão, e o caminho ser-te-á renovado — dizia Raul, com inflexão de amor. — Desculpando, somos desculpados. Todos temos dívidas... Não se inclinará, porventura, ao auxílio para que seja igualmente ajudado?
— Não posso, não posso... — chorava o infeliz.
E, à frente daquele par de Espíritos sofredores num só corpo, Áulus prosseguiu esclarecendo:
— A fim de examinar com serenidade as agruras da obsessão na mediunidade torturada, não podemos esquecer as causas do suplício de hoje a se enraizarem nas sombras de ontem. Os templos espíritas vivem repletos de dramas comoventes, que se prendem ao passado remoto e próximo.
Apontando o casal com a destra, continuou:
— O esposo de agora foi no pretérito um companheiro nocivo para a nossa irmã obsidiada, induzindo-a a envenenar o pai adotivo, hoje metamorfoseado no verdugo que a persegue. Herdeira de considerável fortuna, com testamento garantido, em sua condição de filha adotiva e única, viu que o velho tutor pretendia alterar decisões. Isso aconteceu em aristocrática mansão do século que passou. O viúvo abastado, que a criara com desvelado carinho, não concordou com a escolha feita. O moço não lhe agradava. Parecia mais interessado em pilhar-lhe as finanças que em fazer a felicidade da jovem desprevenida e insensata. Procurou, então, subtraí-la à influência do noivo, verificando que debalde lhes buscava a separação. Indignado, mobilizava medidas legais para deserdá-la, quando o rapaz, explorando a paixão de que a moça se via possuída, induziu-a a eliminá-lo, através de entorpecentes contínuos. Anulado o velhinho, por duas semanas de falsa medicação, o serviço da morte foi completado por diminuta dose de corrosivo. Findo ligeiro período de luto, a jovem herdeira enriqueceu o marido ao casar-se, contudo, em pouco tempo, viu-se presa de aflitivas desilusões, porque o esposo depressa se revelou jogador inveterado e libertino confesso, relegando-a a profunda miséria moral e física. Não lhe bastou esse gênero de aniquilamento gradativo. O tutor desencarnado imantou-se a ela, com desvairada fome de vingança, submetendo-a a horríveis tormentos íntimos. Em verdade, o parricídio permaneceu ignorado na Terra, mas foi registrado nos tribunais divinos e longo trabalho expiatório vem sendo levado a efeito, porquanto, ainda aqui, estamos observando esse trio de consciências entrelaçadas nos fios dilacerantes da provação redentora.
O infortunado perseguidor recolhia afetuosas admoestações de Raul Silva e, depois de breve intervalo, o Assistente continuou:
— Como vemos, a tragédia de nossa irmã enferma vem de longe. Nos planos inferiores da vida espiritual, vagueou por muito tempo na faixa de ódio da vítima que se lhe fez vingativo credor e, na atualidade, em nova etapa de luta, tem o pensamento enovelado ao dele. Atravessou a infância e a puberdade, experimentando-lhe o assédio à distância, todavia, quando o inimigo de outrora reapareceu na condição de marido atual, com a tarefa de ajudar a companheira e reeducá-la, e fraquejando nossa amiga nos primeiros tentames da responsabilidade maternal, o obsessor aproveitou-se do ascendente magnético sobre a pobrezinha, golpeando-lhe o equilíbrio. Sensibilizados com o quadro de justiça a desdobrar-se sob nossos olhos, não conseguíamos fugir à indagação para melhor fixar ensinamentos.
Fixando a atenção no esposo da vitima, que a amparava carinhosamente, Hilário considerou:
— Com que, então, nosso amigo tem o seu débito a saldar para com a mulher doente...
— Sem dúvida — confirmou Áulus com grave entono —, o Poder Divino não nos aproxima uns dos outros sem fins justos. No matrimônio, no lar ou no círculo de serviço, somos procurados por nossas afinidades, de modo a satisfazer aos imperativos da Lei de Amor, seja na ampliação do bem, ou no resgate de nossas dívidas, resultantes do nosso deliberado contato com o mal. Nossa irmã sofre os efeitos do parricídio a que se entregou pelo anseio de desfrutar prazeres que lhe desajustaram o plano consciencial, e o amigo que lhe inspirou a ação deplorável é agora chamado a ajudá-la na restauração imprescindível.
Olhei penalizado o cavalheiro tristonho e pensei na frustração a que devia sentir-se preso. Bastou a reflexão para que o orientador me explicasse, solícito:
— Decerto, nosso companheiro na atualidade não se sente feliz. Recapitulando a antiga fome de sensações, abeirou-se da mulher que desposou, procurando instintivamente a sócia de aventura passional do pretérito, mas encontrou a irmã doente que o obriga a meditar e a sofrer.
— Transferindo nossos interesses de estudo para este caso — comentou Hilário —, ainda assim poderemos classificar a enferma à conta de médium?
— Como não? É um médium em aflitivo processo de reajustamento. É provável se demore ainda alguns anos na condição de doente necessitada de carinho e de amor. Encarcerada nas teias fluídicas do adversário demente, purifica-se, através das complicações do sonambulismo torturado. Desse modo, por enquanto é um instrumento para a criação de paciência e boa-vontade no grupo de trabalhadores que visitamos, mas sem qualquer perspectiva de produção imediata, no campo do auxílio, de vez que se revela extremamente necessitada de concurso fraternal.
— Naturalmente, porém — aleguei —, mesmo agora, a presença dela aqui não será inútil.
— De modo algum — acrescentou o instrutor —; primeiramente, ela e o esposo constituem valioso núcleo de trabalho em que nossos companheiros de serviço podem adestrar suas qualidades de semeadores da luz. Além disso, o impacto da doutrinação não é perdido. Noite a noite, de reunião a reunião, na intimidade da prece e dos apontamentos edificantes, o trio de almas renovar-se-á, pouco a pouco. O perseguidor compreenderá a necessidade de perdão para melhorar-se, a enferma fortalecer-se-á em espírito para recuperar-se como é preciso e o esposo adquirirá a paciência e a calma, a fim de ser realmente feliz.
Nessa altura, com a colaboração de amigos espirituais da casa, o hóspede foi retirado do ambiente psíquico da jovem senhora, que voltou à normalidade, e, atendendo-nos à inquirição, o Assistente anotou, bondoso:
— Quando nosso irmão Clementino convocou-nos a observar o problema, indubitavelmente quis salientar os imperativos de trabalho e tolerância, compreensão e bondade para construirmos a mediunidade completa no mundo. Médiuns repontam em toda parte, entretanto, raros já se desvencilharam do passado sombrio para servir no presente à causa comum da Humanidade, sem os enigmas do caminho que lhes é particular. E como ninguém avança para diante, com a serenidade possível, sem pagar os tributos que deve à retaguarda, saibamos tolerar e ajudar, edificando com o bem...
A conversação, contudo, foi interrompida. Clementino, diligente, chamava-nos a cooperar em outros setores.

QUESTÕES PROPOSTAS PARA ESTUDO

1. Que tipo de obsessão se verifica no capítulo em estudo? Explique.

2. O que fazia com que o espírito obsessor se apresentasse de forma repugnante, com os ferimentos descritos ?

3. Explique a seguinte observação:
"- Poderá, todavia, recordar-se com precisão do que lhe sucede agora ? - inquiri, por minha vez.
- De modo algum.  Tem as células do córtex cerebral totalmente destrambelhadas pelo desventurado amigo em sofrimento.  Nos transes, em que se efetua a junção mais direta entre ela e o perseguidor dementado, cai em profunda hipnose, qual acontece à pessoa magnetizada, nas demonstrações comuns de hipnotismo, e passa, de imediato, a retratar-lhe os desequilíbrios."

4. Se a jovem senhora não tivesse praticado o aborto, teria evitado a obsessão ?

5. Se a moça obsidiada sofria a presença do obsessor desde a puberdade, como afirma o Assistente, porque somente agora ele se manifesta de forma ostensiva ?

6. Porque Áulus afirma que a senhora em questão não poderia conseguir nova maternidade?


7. É possível a recuperação de centros de força danificados por invigilância, durante a própria vida corporal? Explique. 
Conclusão do Capítulo 9 - Possessão

1) Todo aquele que sofre uma possessão é um médium?

Em sentido amplo, todos somos médiuns, pois, como definiu Kardec no Livro dos Médiuns, "todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por esse fato, médium". Esta, portanto, é uma faculdade inerente ao ser humano, pelo que, podem-se dizer, todos são, mais ou menos, médiuns. Há pessoas, no entanto, em que esta faculdade se mostra bem caracterizada e se manifesta de forma mais intensa, produzindo efeitos mais claramente identificados. São estes que usualmente se denominam médiuns.
A possessão, como uma influência espiritual negativa mais grave que a obsessão, manifesta-se quando duas mentes em desequilíbrio se imantam pela força do ódio recíproco e passam a atuar como se fossem uma só. O transe mediúnico, quando isto acontece, está caracterizado, como esclarece a André Luiz o instrutor Áulus.


2) Qualquer encarnado pode sofrer uma possessão?

Assim como ocorre nos casos de obsessão, qualquer encarnado, desde que permita os vínculos de sintonia que o liguem ao espírito possessor, pode ser vítima de uma possessão.


3) Por que a magnetização do encarnado em tratamento auxilia o possessor?

Conforme explicou o instrutor Áulus, "salutares e renovadores pensamentos assimilados pela dupla de sofredores em foco expressam melhoria e recuperação para ambos, porque, na imantação recíproca em que se veem, as ideias de um reagem sobre o outro, determinando alterações radicais." Assim, a atuação magnética aplicada ao encarnado aproveita ao possuidor, operando em ambos os seus efeitos.

4) Toda mediunidade se aflora sempre para o trabalho?

"Aparelhos mediúnicos valiosos naturalmente não se improvisam", explicou Áulus. A mediunidade é resultado de uma construção do espírito imortal ao longo de sua existência, com esforço e sacrifício. Vindo à carne, o espírito dotado dessa faculdade tem o livre-arbítrio para decidir o rumo que a ela dará. Uns a utilizam para satisfazer seu orgulho, sua vaidade ou, até mesmo, suas necessidades materiais. Outros, mais moralizados, empregam-na no trabalho em favor do bem e do próximo necessitado. É a chamada "mediunidade com Jesus". Para tanto, o médium deve se encontrar livre de qualquer vínculo de compromisso com débitos adquiridos no passado.


5) Como devemos trabalhar a obsessão e a possessão em médiuns?

Tratando do tema em "A Gênese", Allan Kardec recomenda que os casos de obsessão devem ser tratados mediante a substituição do fluido pernicioso, oriundo do obsessor, com que se acha impregnada a vítima, por fluido sadio, que repelirá o fluido malsão, substituindo-o. É uma ação idêntica à utilizada pelos médiuns curadores. Além dessa ação magnetizadora, Kardec recomenda, também, que se atue sobre o obsessor através da doutrinação, feita com firmeza e autoridade moral, buscando convencê-lo a renunciar aos seus maus desígnios.
No caso de possessão, o trabalho deve ser no mesmo sentido, acrescido, em ambas as hipóteses, da transformação moral da vítima e do recurso da prece, que ajudará a ambos: ao obsessor ou possessor, a compreender a necessidade de abandonar seus objetivos maléficos; ao obsediado ou possuído, a proceder a sua reforma íntima.



Capítulo 9 - Possessão
O cavalheiro doente, na pequena fila de quatro pessoas que haviam comparecido à cata de socorro, parecia incomodado, aflito... Articulava palavras que eu não conseguia registrar com clareza, quando o irmão Clementino, consultado por Áulus, disse, cortês, para o Assistente:
— Sim, já que o esforço se destina a estudos, permitiremos a manifestação.
Percebi que o nosso orientador solicitava alguma demonstração importante.
Convidados pelo instrutor, abeiramo-nos do moço enfermo que se fazia assistir por uma senhora de cabelos grisalhos, sua própria mãezinha. Atendendo às recomendações do supervisor, os guardas admitiram a passagem de uma entidade evidentemente aloucada, que atravessou, de chofre, as linhas vibratórias de contenção, vociferando, frenética:
— Pedro! Pedro!...
Parecia ter a visão centralizada no doente, porque nada mais fixava além dele. Alcançando o nosso irmão encarnado, este, de súbito, desfecha um grito agudo e cai desamparado. A velha progenitora mal teve tempo de suavizar-lhe a queda espetacular.
De imediato, sob o comando de Clementino, Silva determinou que o rapaz fosse transferido para um leito de câmara próxima, isolando-o da assembleia. Dona Celina foi incumbida do trabalho de assistência. Junto dela acompanhamos o enfermo com carinhoso interesse. As variadas tarefas do recinto prosseguiram sem quebra de ritmo, enquanto nos insulávamos no aposento para a cooperação que o caso exigia. Pedro e o obsessor que o jugulava pareciam agora fundidos um no outro. Eram dois contendores engalfinhados em luta feroz.
Fitando o companheiro encarnado mais detidamente, concluí que o ataque epiléptico, com toda a sua sintomatologia clássica, surgia claramente reconhecível. O doente trazia agora a face transfigurada por indefinível palidez, os músculos jaziam tetanizados e a cabeça, exibindo os dentes cerrados, mostrava-se flectida para trás, enquanto que os braços se assemelhavam a dois galhos de arvoredo, quando retorcidos pela tempestade.
Dona Celina e a matrona afetuosa acomodaram-no na cama e dispunham-se à prece, quando a rigidez do corpo se fez sucedida de estranhas convulsões a se estenderem aos olhos que se moviam em reviravoltas continuas. A lividez do rosto deu lugar à vermelhidão que invadiu as faces congestas. A respiração tornara-se angustiada, ao mesmo tempo em que os esfíncteres se relaxavam, convertendo o enfermo em torturado vencido.
O insensível perseguidor como que se entranhara no corpo da vítima.
Pronunciava duras palavras, que somente nós outros conseguíamos assinalar, de vez que todas as funções sensoriais de Pedro se mostravam em deplorável inibição. Dona Celina, afagando o doente, pressentia a gravidade do mal e registrava a presença do visitante infeliz, contudo, permanecia alerta de modo a manter-se, valorosa, em condições de auxiliá-lo. Anotei-lhe a cautela para não se apassivar, a fim de seguir, por si própria, todos os trâmites do socorro. Bondosa, tentou estabelecer um entendimento com o verdugo, mas em vão.
O desventurado continuava gritando para os nossos ouvidos, sem acolher-lhe os apelos comovedores.
— Vingar-me-ei! Vingar-me-ei! Farei justiça por minhas próprias mãos!... — bradava, colérico.
Repreensões injuriosas apagavam-se na sombra, porquanto não conseguiam exteriorizar-se através das cordas vocais da vítima, a contorcer-se. Permanecia o cavalheiro plenamente ligado ao algoz que o tomara de inopino. O córtex cerebral apresentava-se envolvido de escura massa fluídica. Reconhecíamos no moço incapacidade de qualquer domínio sobre si mesmo.
Acariciando-lhe a fronte suarenta, Áulus informou, compadecido:
— É a possessão completa ou a epilepsia essencial.
— Nosso amigo está inconsciente? — aventurou Hilário, entre a curiosidade e o respeito.
— Sim, considerado como enfermo terrestre, está no momento sem recursos de ligação com o cérebro carnal. Todas as células do córtex sofrem o bombardeio de emissões magnéticas de natureza tóxica. Os centros motores estão desorganizados. Todo o cerebelo está empastado de fluidos deletérios. As vias do equilíbrio aparecem completamente perturbadas. Pedro temporariamente não dispõe de controle para governar-se, nem de memória comum para marcar a inquietante ocorrência de que é protagonista. Isso, porém, acontece no setor da forma de matéria densa, porque, em espírito, está arquivando todas as particularidades da situação em que se encontra, de modo a enriquecer o patrimônio das próprias experiências.
Fitei, sensibilizado, o quadro triste e perguntei, com objetivo de estudo:
— De vez que nos achamos defrontados por um encarnado e por um desencarnado, jungidos um ao outro, não obstante a dolorosa condição de sofrimento em que se caracterizam, será lícito considerar o fato sob nosso exame como sendo um transe mediúnico?
Embora ativo na tarefa assistencial, o instrutor respondeu:
— Sim, presenciamos um ataque epiléptico, segundo a definição da medicina terrestre, entretanto, somos constrangidos a identificá-lo como sendo um transe mediúnico de baixo teor, porquanto verificamos aqui a associação de duas mentes desequilibradas, que se prendem às teias do ódio recíproco.
E, fixando o par de infelizes em contorções, acrescentou:
— Nessa aflitiva situação achava-se Pedro nas regiões inferiores, antes da presente reencarnação que lhe constitui uma bênção. Por muitos anos, ele e o adversário rolaram nas zonas purgatoriais, em franco duelo. Presentemente, melhorou. Qual ocorre em muitos processos semelhantes, os reencontros de ambos são agora mais espaçados, dando azo ao fenômeno que observamos, em razão de o rapaz ainda trazer o corpo perispirítico provisoriamente lesado em centros importantes.
Nesse ínterim, percebendo a dificuldade para atingir o obsessor com a palavra falada, Dona Celina, com o auxílio de nosso orientador, formulou vibrante prece, implorando a Compaixão Divina para os infortunados companheiros que ali se digladiavam inutilmente. As frases da venerável amiga libertavam jatos de força luminescente a lhe saltarem das mãos e a envolverem em sensações de alívio os participantes do conflito.
Vimos que o perseguidor, qual se houvesse aspirado alguma substância anestesiante, se desprendeu automaticamente da vítima, que repousou enfim, num sono profundo e reparador. Guardas e socorristas conduziram o obsessor semiadormecido a um local de emergência. E enquanto Dona Celina ministrava um pouco d’água fluidificada à genitora do enfermo, chorosa e assustadiça, retornamos à conversação cordial.
— Apesar da carga doentia que suporta na atualidade, devemos aceitar o nosso Pedro na categoria de um médium? — perguntou Hilário, atencioso.
— Pela passividade com que reflete o inimigo desencarnado, será justo tê-lo nessa conta, contudo, precisamos considerar que, antes de ser um médium na acepção comum do termo, é um Espírito endividado a redimir-se.
— Mas não poderá cogitar do próprio desenvolvimento psíquico?
O Assistente sorriu e observou:
— Desenvolver, em boa sinonímia, quer dizer ―retirar do invólucro‖, ―fazer progredir‖ ou produzir. Assim compreendendo, é razoável que Pedro, antes de tudo, desenvolva recursos pessoais no próprio reajuste. Não se constroem paredes sólidas em bases inseguras. Necessitará, portanto, curar-se. Depois disso, então...
— Se é assim — objetou meu colega —, não resultará infrutífera a sua frequência a esta casa?
— De modo algum. Aqui recolherá forças para refazer-se, assim como a planta raquítica encontra estímulo para a sua restauração no adubo que lhe oferecem. Dia a dia, ao contato de amigos orientados pelo Evangelho, ele e o desafeto incorporarão abençoados valores em matéria de compreensão e serviço, modificando gradativamente o campo de elaboração das forças mentais. Sobrevirá, então, um aperfeiçoamento de individualidades, a fim de que a fonte mediúnica surja, mais tarde, tão cristalina quanto desejamos. Salutares e renovadores pensamentos assimilados pela dupla de sofredores em foco expressam melhoria e recuperação para ambos, porque, na imantação recíproca em que se veem, as ideias de um reagem sobre o outro, determinando alterações radicais.
Diante da nossa atitude cismarenta, no exame das questões complexas de que nos sentíamos nodeados, o Assistente ponderou:
— Aparelhos mediúnicos valiosos naturalmente não se improvisam. Como todas as edificações preciosas, reclamam esforço, sacrifício, coragem, tempo... E sem amor e devotamento, não será possível a criação de grupos e instrumentos louváveis, nas tarefas de intercâmbio.
Voltando, porém, a atenção para o doente adormecido, Áulus continuou:
— Nosso amigo está preso a significativo montante de débitos com o passado e ninguém pode avançar livremente para o amanhã sem solver os compromissos de ontem. Por esse motivo, Pedro traz consigo aflitiva mediunidade de provação. É da Lei que ninguém se emancipe sem pagar o que deve. A rigor, por isso, deve ser encarado como enfermo, requisitando carinho e tratamento. Em seguida, como se quisesse recolher dados informativos para completar a lição, tocou a fronte de Pedro, auscultando-a demoradamente.
Decorridos alguns instantes de silêncio, informou:
— A luta vem de muito longe. Não dispomos de tempo para incursões no passado, mas, de imediato, podemos reconhecer o verdugo de hoje como vítima de ontem. Na derradeira metade do século findo, Pedro era um médico que abusava da missão de curar. Uma análise mental particularizada identificá-lo-ia em numerosas aventuras menos dignas. O perseguidor que presentemente lhe domina as energias era-lhe irmão consanguíneo, cuja esposa nosso amigo doente de agora procurou seduzir. Para isso, insinuou-se de formas diversas, além de prejudicar o irmão em todos os seus interesses econômicos e sociais, até incliná-lo à internação num hospício, onde estacionou, por muitos anos, aparvalhado e inútil, à espera da morte. Desencarnando e encontrando-o na posse da mulher, desvairou-se no ódio de que passou a nutrir-se. Martelou-lhes, então, a existência e aguardou-o, além-túmulo, onde os três se reuniram em angustioso processo de regeneração. A companheira, menos culpada, foi a primeira a retornar ao mundo, onde mais tarde recebeu o médico delinquente nos braços maternais, como seu próprio filho, purificando o amor de sua alma. O irmão atraiçoado de outro tempo, todavia, ainda não encontrou forças para modificar-se e continua vampirizando-o, obstinado no ódio a que se rendeu impensadamente.
Respondendo com um olhar amigo à nossa expressão de assombro, acrescentou:
— Penetramos forçosamente no inferno que criamos para os outros, a fim de experimentarmos, por nossa vez, o fogo com que afligimos o próximo. Ninguém ilude a justiça. As reparações podem ser transferidas no tempo, mas são sempre fatais.
O ensinamento era simples, contudo, a terrível situação do enfermo fatigado e triste infundia-nos justificável espanto. Estudando sempre, Hilário considerou:
— Se Pedro, no entanto, é ainda um médium torturado, que poderá fazer num agrupamento como este?
O instrutor sorriu e obtemperou:
— O acaso não consta dos desígnios superiores. Não nos aproximamos uns dos outros sem razão. Decerto, nosso amigo possui aqui ligações afetivas do pretérito com o dever de auxiliá-lo. Se não pode, desse modo, ser um elemento valioso ao conjunto, de imediato, pode e precisa receber o concurso fraterno, imprescindível ao seu justo soerguimento.
— Curar-se-á, contudo, em tempo breve? — indaguei por minha vez.
— Quem sabe? — retrucou Áulus, sereno.
E, com o grave entono de quem pesa a substância das próprias palavras, prosseguiu:
— Isso dependerá muito dele e da vítima com quem se encontra endividado. A assimilação de princípios mentais renovadores determina mais altas visões da vida. Todos os dramas obscuros da obsessão decorrem da mente enfermiça. Aplicando-se com devotamento às novas obrigações de que será investido, caso persevere no campo de nossa Consoladora Doutrina, sem dúvida abreviará o tempo de expiação a que se acha sujeito, de vez que, em se convertendo ao bem, modificará o tônus mental do adversário, que se verá arrastado à própria renovação pelos seus exemplos de compreensão e renúncia, humildade e fé. Ainda assim, depois de se extinguirem os acessos de possessão, Pedro sofrerá os reflexos do desequilíbrio em que se envolveu, a se exprimirem nos fenômenos mais leves da epilepsia secundária, que emergirão, por algum tempo, ante as simples recordações mais fortes da luta que vem atravessando, até o integral reajuste do corpo perispirítico.
— E isso é trabalho de longa duração? — inquiriu Hilário, algo aflito.
Nosso interlocutor estampou significativa expressão fisionômica e ponderou:
— Quem poderá penetrar a consciência alheia? Com o esforço da vontade é possível apressar a solução de muitos enigmas e reduzir muitas dores. O assunto, porém, é de foro íntimo... Estejamos entretanto convencidos de que as sementes da luz jamais se perdem. Os médiuns que hoje se enlaçam a tremendas provas, se persistirem na plantação de melhores destinos, transformar-se-ão em valiosos trabalhadores no futuro que a todos aguarda em abençoadas reencarnações de engrandecimento e progresso...
E, ante a nossa admiração, concluiu:
— O problema é de aprender sem desanimar e de servir ao bem sem esmorecer.
Questões para estudo

1) Todo aquele que sofre uma possessão é um médium?

2) Qualquer encarnado pode sofrer uma possessão?

3) Por quê a magnetização do encarnado em tratamento auxilia o possessor?

4) Toda mediunidade se aflora sempre para o trabalho?

5) Como devemos trabalhar a obsessão e a possessão em médiuns?