Cap. XXVIII – Itens 73 a 76
Pelos Espíritos penitentes
73. PREFÁCIO. Fora injusto incluir na categoria dos
Espíritos maus os sofredores e penitentes, que pedem preces. Podem eles ter
sido maus, porém, já não o são, desde que reconhecem suas faltas e as deploram;
são apenas infelizes. Já alguns começam mesmo a gozar de relativa felicidade.
74. Prece. - Deus
de misericórdia, que aceitas o arrependimento sincero do pecador, encarnado ou
desencarnado, aqui está um Espírito que se há comprazido no mal, porém, que
reconhece seus erros e entra no bom caminho. Digna-te, ó meu Deus, de recebê-lo
como filho pródigo e de lhe perdoar.
Bons Espíritos,
doravante ele deseja ouvir a vossa voz, que até hoje desatendeu; permiti-lhe
que entreveja a felicidade dos eleitos do Senhor, a fim de que persista no
desejo de purificar-se para alcançá-la. Amparai-o em suas boas resoluções e
dai-lhe forças para resistir aos seus maus instintos.
Espírito de N... nós
te felicitamos pela mudança que em ti se operou e agradecemos aos bons
Espíritos que te ajudaram.
Se te comprazias
outrora em fazer o mal, é que não compreendias quão doce é o gozo de fazer o
bem; também te sentias por demais baixo para esperar consegui-lo. Mas, do
momento em que puseste o pé no bom caminho, uma luz nova brilhou aos teus
olhos; começaste a gozar de uma felicidade que desconhecias e a esperança te
entrou no coração. E que Deus ouve sempre a prece do pecador que se arrepende;
não repele a nenhum dos que o buscam.
Para entrares de
novo e completamente na sua graça, esforça-te daqui por diante não só para não
mais praticares o mal, senão que para fazeres o bem e, sobretudo, reparares o
mal que fizeste. Terás então satisfeito à justiça de Deus; cada uma das boas
ações que praticares apagará uma das tuas faltas passadas.
Já está dado o
primeiro passo; agora, quanto mais avançares no caminho, tanto mais fácil e
agradável ele te parecerá. Persevera, pois, e um dia terás a glória de ser
contado entre os Espíritos bons e os bem-aventurados.
Pelos Espíritos endurecidos
75. PREFÁCIO. Os maus Espíritos são aqueles que ainda não
foram tocados de arrependimento; que se deleitam no mal e nenhum pesar por isso
sentem; que são insensíveis às reprimendas, repelem a prece e muitas vezes
blasfemam do nome de Deus. São essas almas endurecidas que, após a morte, se
vingam nos homens dos sofrimentos que suportam, e perseguem com o seu ódio
aqueles a quem odiaram durante a vida, quer obsidiando-os quer exercendo sobre
eles qualquer influência funesta. (Cap. X, n° 6; Cap. XII, n° 5 e n° 6.)
Duas categorias há bem distintas de Espíritos perversos: a dos que
são francamente maus e a dos hipócritas. Infinitamente mais fácil é reconduzir
ao bem os primeiros do que os segundos. Aqueles, as mais das vezes, são
naturezas brutas e grosseiras, como se nota entre os homens; praticam o mal
mais por instinto do que por cálculo e não procuram passar por melhores do que
são. Há neles, entretanto, um gérmen latente que é preciso fazer desabrochar, o
que se consegue quase sempre por meio da perseverança, da firmeza aliada à
benevolência, dos conselhos, do raciocínio e da prece. Através da mediunidade,
a dificuldade que eles encontram para escrever o nome de Deus é sinal de um
temor instintivo, de uma voz íntima da consciência que lhes diz serem indignos
de fazê-lo. Nesse ponto estão a pique de converter-se e tudo se pode esperar
deles: basta se lhes encontre o ponto vulnerável do coração.
Os Espíritos hipócritas quase sempre são muito inteligentes, mas
nenhuma fibra sensível possuem no coração; nada os toca; simulam todos os bons
sentimentos para captar a confiança, e felizes se sentem quando encontram tolos
que os aceitam como santos Espíritos, pois que possível se lhes torna
governá-los à vontade. O nome de Deus, longe de lhes inspirar o menor temor,
serve-lhes de máscara para encobrirem suas torpezas. No mundo invisível, como
no mundo visível, os hipócritas são os seres mais perigosos, porque atuam na
sombra, sem que ninguém disso desconfie; têm apenas as aparências da fé, mas fé
sincera, jamais.
76. Prece. - Senhor,
digna-te de lançar um olhar de bondade sobre os Espíritos imperfeitos, que
ainda se encontram na treva da ignorância e te desconhecem, particularmente
sobre N...
Bons Espíritos,
ajudai-nos a fazer-lhe compreender que, induzindo os homens ao mal,
obsidiando-os e atormentando-os, ele prolonga os seus próprios sofrimentos;
fazei que o exemplo da felicidade de que gozais lhe seja um encorajamento.
Espírito que ainda
te comprazes no mal, vem ouvir a prece que por ti fazemos; ela te há de provar
que desejamos o teu bem, conquanto faças o mal.
És desgraçado, pois
não se pode ser feliz fazendo o mal. Por que então te conservarás no sofrimento
quando de ti depende evitá-lo? Olha os bons Espíritos que te cercam; vê quão
ditosos são e se te não seria mais agradável fruir da mesma felicidade.
Dirás que te é
impossível; porém, nada é impossível àquele que quer, porquanto Deus te deu,
como a todas as suas criaturas, a liberdade de escolher entre o bem e o mal,
isto é, entre a felicidade e a desgraça, e ninguém se acha condenado a praticar
o mal. Assim como tens vontade de fazê-lo, também podes ter a de fazer o bem e
de ser feliz.
Volve para Deus o
teu olhar; dirige-lhe por um instante o teu pensamento e um raio da divina luz
virá iluminar-te. Dize conosco estas simples palavras: Meu Deus; eu me
arrependo, perdoa-me. Tenta arrepender-te e fazer o bem, em vez de fazer o
mal, e verás que logo a sua misericórdia descerá sobre ti, que um bem-estar
indizível substituirá as angústias que experimentas.
Desde que hajas dado
um passo no bom caminho, o resto deste te parecerá fácil de percorrer.
Compreenderás então quanto tempo perdeste de felicidade por culpa tua; mas, um
futuro radioso e pleno de esperança se abrirá diante de ti e te fará esquecer o
teu miserável passado, prenhe de perturbação e de torturas morais, que seriam
para ti o inferno, se houvessem de durar eternamente. Dia virá em que essas
torturas serão tais que a qualquer preço quererás fazê-las cessar; porém,
quanto mais te demorares, tanto mais difícil será isso.
Não creias que
permanecerás sempre no estado em que te achas; não, que isso é impossível. Duas
perspectivas tens diante de ti: a de sofreres muitíssimo mais do que tens
sofrido até agora e a de seres ditoso como os bons Espíritos que te rodeiam. A
primeira será inevitável, se persistires na tua obstinação, quando um simples
esforço da tua vontade bastará para te tirar da má situação em que te
encontras. Apressa-te, pois, visto que cada dia de demora é um dia perdido para
a tua felicidade.
Bons Espíritos,
fazei que estas palavras ecoem nessa alma ainda atrasada, a fim de que a ajudem
a aproximar-se de Deus. Nós vo-lo pedimos em nome de Jesus-Cristo, que tão
grande poder tinha sobre os maus Espíritos.
B - Questões para estudo e diálogo virtual:
1 - Qual a
diferença entre Espíritos maus e Espíritos penitentes?
2 - Como
fazer desabrochar o gérmen latente do Bem existente nos Espíritos perversos?
3 - Extraia do texto
acima a frase ou parágrafo que mais gostou e justifique.
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