Cap. IV – Itens 24 a 26
Limites da encarnação
24. Quais os limites da encarnação?
A bem
dizer, a encarnação carece de limites precisamente traçados, se tivermos em
vista apenas o envoltório que constitui o corpo do Espírito, dado que a
materialidade desse envoltório diminui à proporção que o Espírito se purifica.
Em certos mundos mais adiantados do que a Terra, já ele é menos compacto, menos
pesado e menos grosseiro e, por conseguinte, menos sujeito a vicissitudes. Em
grau mais elevado, é diáfano e quase fluídico. Vai desmaterializando-se de grau
em grau e acaba por se confundir com o perispírito. Conforme o mundo em que é
levado a viver, o Espírito reveste o invólucro apropriado à natureza desse
mundo.
O
próprio perispírito passa por transformações sucessivas. Torna-se cada vez mais
etéreo, até à depuração completa, que é a condição dos puros Espíritos. Se
mundos especiais são destinados a Espíritos de grande adiantamento, estes
últimos não lhes ficam presos, como nos mundos inferiores. O estado de
desprendimento em que se encontram lhes permite ir a toda parte onde os chamem
as missões que lhes estejam confiadas.
Se se
considerar do ponto de vista material a encarnação, tal como se verifica na
Terra, poder-se-á dizer que ela se limita aos mundos inferiores. Depende,
portanto, de o Espírito libertar-se dela mais ou menos rapidamente, trabalhando
pela sua purificação.
Deve
também considerar-se que no estado de desencarnado, isto é, no intervalo das
existências corporais, a situação do Espírito guarda relação com a natureza do
mundo a que o liga o grau do seu adiantamento. Assim, na erraticidade, é ele
mais ou menos ditoso, livre e esclarecido, conforme está mais ou menos
desmaterializado. S. Luís. (Paris, 1859.)
25. É
um castigo a encarnação e somente os Espíritos culpados estão sujeitos a
sofrê-la?
A
passagem dos Espíritos pela vida corporal é necessária para que eles possam
cumprir, por meio de uma ação material, os desígnios cuja execução Deus lhes
confia. É-lhes necessária, a bem deles, visto que a atividade que são obrigados
a exercer lhes auxilia o desenvolvimento da inteligência. Sendo soberanamente
justo, Deus tem de distribuir tudo igualmente por todos os seus filhos; assim é
que estabeleceu para todos o mesmo ponto de partida, a mesma aptidão, as mesmas obrigações a cumprir
e a mesma liberdade de proceder. Qualquer
privilégio seria uma preferência, uma injustiça. Mas, a encarnação para todos
os Espíritos, é apenas um estado transitório. E uma tarefa que Deus lhes impõe,
quando iniciam a vida, como primeira experiência do uso que farão do
livre-arbítrio. Os que desempenham com zelo essa tarefa transpõem rapidamente e
menos penosamente os primeiros graus da iniciação e mais cedo gozam do fruto de
seus labores. Os que, ao contrário, usam mal da liberdade que Deus lhes concede
retardam a sua marcha e, tal seja a obstinação que demonstrem, podem prolongar
indefinidamente a necessidade da reencarnação e é quando se torna um castigo. - S. Luís.(Paris, 1859.)
26.
NOTA. - Uma comparação vulgar fará se compreenda melhor essa diferença. O
escolar não chega aos estudos superiores da Ciência, senão depois de haver
percorrido a série das classes que até lá o conduzirão. Essas classes, qualquer
que seja o trabalho que exijam, são um meio de o estudante alcançar o fim e não
um castigo que se lhe inflige. Se ele é esforçado, abrevia o caminho, no qual,
então, menos espinhos encontra. Outro tanto não sucede àquele a quem a
negligência e a preguiça obrigam a passar duplamente por certas classes. Não é
o trabalho da classe que constitui a punição; esta se acha na obrigação de
recomeçar o mesmo trabalho.
Assim
acontece com o homem na Terra. Para o Espírito do selvagem, que está apenas no
início da vida espiritual, a encarnação é um meio de ele desenvolver a sua
inteligência; contudo, para o homem esclarecido, em quem o senso moral se acha
largamente desenvolvido e que é obrigado a percorrer de novo as etapas de uma
vida corpórea cheia de angústias, quando já poderia ter chegado ao fim, é um
castigo, pela necessidade em que se vê de prolongar sua permanência em mundos
inferiores e desgraçados. Aquele que, ao contrário, trabalha ativamente pelo
seu progresso moral, além de abreviar o tempo da encarnação material, pode
também transpor de uma só vez os degraus intermédios que o separam dos mundos
superiores.
Não
poderiam os Espíritos encarnar uma única vez em determinado globo e preencher
em esferas diferentes suas diferentes existências? Semelhante modo de ver só
seria admissível se, na Terra, todos os homens estivessem exatamente no mesmo
nível intelectual e moral. As diferenças que há entre eles, desde o selvagem ao
homem civilizado, mostram quais os degraus que têm de subir. A encarnação,
aliás, precisa ter um fim útil. Ora, qual seria o das encarnações efêmeras das
crianças que morrem em tenra idade? Teriam sofrido sem proveito para si, nem
para outrem. Deus, cujas leis todas são soberanamente sábias, nada faz de
inútil. Pela reencarnação no mesmo globo, quis ele que os mesmos Espíritos,
pondo-se novamente em contato, tivessem ensejo de reparar seus danos
recíprocos. Por meio das suas relações anteriores, quis, além disso,
estabelecer sobre base espiritual os laços de família e apoiar numa lei natural
os princípios da solidariedade, da fraternidade e da igualdade.
Questões para estudo:
1 – O
que define os limites da reencarnação?
2 – Por
que podemos dizer que a encarnação para todos os Espíritos é apenas um estado
transitório?
3 –
Extraia do texto acima a frase ou parágrafo que mais gostou e justifique.
Nenhum comentário:
Postar um comentário