segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Conclusão do Capítulo 18 - Apontamentos à Margem

1) Que benefícios o intercâmbio mediúnico pode trazer para encarnados e desencarnados?
A humanidade é uma só. Encarnação e desencarnação são meros estados transitórios, fenômenos biológicos ainda necessários ao espírito imortal em evolução. Ninguém evolui sozinho.  Todos temos de evoluir juntos, impulsionando ao progresso, simultaneamente, o Planeta Terra que nos abriga. Fazendo parte de uma única e grande coletividade, encarnados e desencarnados têm seus destinos atrelados uns aos outros, influenciando-se mutuamente.
Neste contexto, o intercâmbio mediúnico possibilita aos que se encontram encarnados colaborarem, como médiuns, com os benfeitores do plano espiritual, no serviço de amparo e orientação aos que se encontram em trânsito pelo mundo carnal. Colaborando com os Espíritos executores dos planos de Jesus, estarão se creditando a, no futuro, quando retornarem ao plano espiritual, receberem o amparo tão necessário nesse momento de transição entre uma e outra forma de vida. Como explicou Áulus, "os homens, cooperando com os Espíritos esclarecidos e benevolentes, atraem simpatias preciosas para a vida espiritual, e as entidades amigas, auxiliando os reencarnados, estarão construindo facilidades para o dia de amanhã, quando de volta à lide terrestre." 
Martins Peralva, no livro "Estudando a Mediunidade", apresenta, no capítulo XXIX, um quadro em que sintetiza "os principais benefícios da prática mediúnica com Jesus":
            Para os encarnados:
Cooperação com encarnados e desencarnados, no serviço de reconforto e esclarecimento
Auto-educação, pela renovação dos sentimentos, com aproveitamento das mensagens de elevado teor
Construção de afeições preciosas no plano espiritual, consolidando, assim as bases da cooperação e da amizade superior.
          Para os desencarnados:
Preparação de facilidades para os que tiverem de reiniciar o aprendizado, pela reencarnação, mediante o auxílio aos atuais desencarnados.
Auxílio a reencarnados e desencarnados no esforço de libertação das teias da ignorância e do sofrimento.
Transmissão, aos reencarnados, dos esclarecimentos edificantes dos grandes Instrutores que operam com Jesus na redenção da Humanidade.

2) Que lições podemos extrair das seguintes passagens evangélicas mencionadas por Áulus:
" Zaqueu, o rico prestigiado pela visita que lhe foi feita, sentiu-se constrangido  a  modificar  a  sua conduta. Maria de Magdala, que lhe recebeu carinhosa atenção, não ficou livre do dever de sustentar-se  no árduo combate da renovação interior. Lázaro, reerguido das trevas do sepulcro, não foi exonerado da obrigação de aceitar, mais tarde, o desafio da morte. Paulo de Tarso foi por Ele distinguido com um apelo pessoal, às portas de Damasco, entretanto, por isso, o apóstolo não obteve dispensa dos sacrifícios que lhe cabiam no desempenho da nova missão."
Áulus quis demonstrar que mesmo aqueles que, conhecendo os ensinamentos de Jesus, operaram transformações em suas vidas, fizeram-no mediante esforço próprio, sem se isentarem de suas provas. O auxílio do Alto sempre chegará, mas nunca nos carregará no colo. Os Espíritos amigos não nos trazem uma solução pronta.
Como bem mencionou André Luiz, equivocamo-nos quando "no mundo habituamo-nos a esperar do Céu uma solução decisiva e absoluta para inúmeros problemas que se nos deparam...".  Se os Espíritos pusessem termo às dificuldades humanas que temos de experienciar na vida terrena, estariam furtando-nos o trabalho que sustentará o nosso progresso e subtraindo a lição que necessitamos como aprendizes ainda imaturos.
Portanto, o mentor quis deixar claro que os desencarnados não podem oferecer uma solução concreta aos sofrimentos dos encarnados, pois não é esse o papel que devem desempenhar na obra do Criador. O papel do plano espiritual é de cooperação, de fortalecimento, de sustentação na nossa fé, sem, contudo, eliminar uma prova que seja pela qual devamos nos submeter.  Zaqueu, Maria de Magdala, Lázaro e mais notadamente Paulo foram iluminados pelos ensinos de Jesus e souberam assimilá-los, transformando-se profundamente.  No entanto, ainda assim, tiveram que passar por suas provas, como vemos com o exemplo de Paulo, submetido a dolorosos flagelos até o sacrifício final, impostos pela incompreensão e falta de sensibilidade dos poderosos de então, enquanto desempenhava a missão que lhe fora confiada pelo Cristo, de levar o Evangelho a todos os cantos do mundo onde as precárias condições materiais da época o permitiam.

3) André Luiz narra o comparecimento de um espírito suicida, em estado de grande desequilíbrio, que fora evocado pela mãe, presente à reunião. Quais as consequências ocasionadas pelo suicídio para o espírito?
Como é comum aos casos de suicídio, o rapaz evocado pela mãe apresentou-se na reunião em deplorável estado de desequilíbrio, afirmando encontrar-se em grande sofrimento. Como demonstra o infeliz rapaz, a primeira grande decepção com que se depara o suicida é constatar que continuava vivo e que o ato praticado de nada adiantou.
Experimentava o rapaz um sentimento de frustração, consciente que se encontrava de que o fim da vida física resultou absolutamente inútil. Já demonstrava arrependimento pelo desatinado ato e absorvia os efeitos da condenação imposta sua consciência, ao declarar-se envergonhado. Ao invés de se livrar de um problema, adquiriu outro, provavelmente ainda mais graves, com sofrimentos futuros indescritíveis. A vida física nos é concedida por Deus e somente a Ele assiste o direito de definir o momento de dela nos retirar, conforme as leis cósmicas que comanda o Universo.
Uma vez mais recorremos a Martins Peralva, que, na obra acima citada, apresenta, no capítulo XXX, um breve resumo das consequências que o ato do suicídio acarreta para o espírito infrator:
                     - Visão, pela própria alma, do corpo em decomposição;
                     - Flagelações nos planos inferiores;
                     - Frustrações de tentativas para a reencarnação;
                     - Reencarnações dolorosas, com agravamento das provas.

4) Áulus explica que o fenômeno mediúnico não é novo e que "nova é tão somente a forma de mobilização dele." Que ensinamento pretendeu transmitir o orientador com essa afirmação? Como o Espiritismo se enquadra nesse ensino?
A mensagem do mentor é no sentido de que a mediunidade existe de todo o sempre. Vem de épocas remotas. É uma faculdade inerente à condição humana. Todas as criaturas a possuem, umas, em estado de latência, quase imperceptível; outras, de modo permanente e ostensivo. Conforme explicou, as castas sacerdotais de antigamente a guardavam como um privilégio seu, utilizando-a em demonstrações nos culto exteriores, como forma de impor seu domínio sobre as classes menos esclarecidas. Os profetas do passado, que aparecem com frequência tanto no Antigo como no Novo Testamento, eram inspirados por Espíritos Superiores. Tanto um como outro livro são obras de origem mediúnica. 
O uso da mediunidade, então, não tinha o mesmo caráter de ajuda, de comunhão espiritual, de intercâmbio com os espíritos desencarnados, como hoje se pratica nos centros espíritas. Os portadores de mediunidade eram tidos como pessoas especiais, dotadas de poderes sobrenaturais e a prática mediúnica se dava em ambientes fechados, restritos a determinados grupos e com objetivos nem sempre nobres. Com o advento do Espiritismo, o fenômeno mediúnico ganhou nova dimensão e seriedade, passando a ser uma conquista de toda a humanidade. O Espiritismo libertou os seus princípios em benefício de todos, trazendo-os ao seio do povo. Tirou a mediunidade do campo do sobrenatural, transformando-a num instrumento de comprovação da sobrevivência do espírito e da eternidade da Criação.
Para trazer esses novos conceitos à humanidade, Deus enviou ninguém menos que o próprio Jesus, Governador Espiritual do Planeta, o Cristo Planetário, para que, com seus ensinamentos e, principalmente, com seu exemplo, viesse conduzir a humanidade a ingressar numa nova era. Para tanto, legou-nos seu ensino moral, curou enfermos, pacificou aflitos, fez paralíticos andarem, cegos enxergarem, aliviou obsediados e terminou por deixar o sepulcro vazio, como forma de demonstrar a continuação da vida.

5) André Luiz finaliza o presente capítulo com a transcrição de uma mensagem final de Gabriel, dirigente espiritual da reunião. Vamos interpretar alguns trechos desta mensagem:
                                            
5.a) "...é indispensável procurar na mediunidade não a chave falsa para certos arranjos inadequados na Terra, mas sim o caminho direito de nosso ajustamento à vida superior."      
R - A mediunidade deve ser usada para a prática da caridade. É uma oportunidade preciosa que é concedida  ao espírito como meio de impulsionar a sua evolução. Não nos é concedida para a busca de soluções para os problemas do dia a dia, para as questões corriqueiras que a vida na matéria se nos apresenta e que temos de resolver por nós mesmos. Tampouco deve ser exercitada com outra finalidade que não a prática da caridade. O médium que a utiliza como meio de obter alguma vantagem pessoal, seja ela material ou não, ao invés  de  encontrar  "o caminho  direito de nosso ajustamento à vida superior", como ensinou o Instrutor, estará encontrando o duro caminho da queda.  "Dai de graça o que de graça recebeste", como disse Jesus, é o mandamento primeiro do medianeiro.
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5.b) "O Espiritismo, simbolicamente, é Jesus que retorna ao mundo,..."
Pouco antes de deixar a vida física, Jesus prometeu-nos que retornaria. As religiões que se formaram em torno de seus ensinamentos interpretam essa promessa literalmente, como, aliás, desse modo interpretam todo o ensinamento do Mestre. E estão aí, a aguardar uma nova vinda do Cristo à carne. Jesus, na realidade, nunca nos deixou.  Está e sempre esteve no meio de nós, como o guia e modelo da humanidade terrena, governando os destinos do Planeta e nos enviando seus emissários, de tempos em tempos, para nos impulsionar o progresso.
O retorno prometido pelo Cristo não tem natureza material. É um retorno de natureza espiritual, como o foi todo o seu ensinamento. É o retorno de sua Doutrina, que não foi até hoje assimilada corretamente pelos homens. O Espiritismo, como a Terceira Revelação das Leis de Deus, veio para relembrar os ensinamentos e o exemplo do Cristo, esclarecendo sobre coisas que a humanidade, á época de sua passagem pela vida material, não estava ainda evoluída o suficiente para compreender. Cumpre-se, com o seu advento, a promessa de Jesus de que retornaria ao mundo.

5.c) "Não atribuamos, assim, ao médium obrigações que nos competem, em caráter exclusivo, e nem aguardamos da mediunidade funções milagreiras, porquanto só a nós cabe o serviço árduo da própria ascensão, na pauta das responsabilidades que o conhecimento superior nos impõe."
R - Como temos visto, a mediunidade não é salvação para ninguém. Aliás, o Espiritismo nos ensina que ninguém salva ninguém, nem mesmo os Espíritos amigos, que através do fenômeno mediúnico tanto nos auxiliam. A lei é de evolução e a chamada "salvação", tão utilizada por alguns segmentos religiosos, nada mais é do que o  alcance da perfeição relativa a que estamos irreversivelmente destinados e da felicidade definitiva. No entanto, estas são conquistas próprias do espírito imortal, que somente as alcançará através do árduo trabalho em busca da ascensão.
O médium é uma ferramenta preciosa de que os Espíritos benfeitores se utilizam para nos orientarem. São nossos parceiros de luta evolutiva. Não são os nossos salvadores nem a mediunidade nosso porto milagroso. Mais uma vez recordemos a lição de Jesus: "Porque o Filho do homem há de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos;  e  então retribuirá a cada um segundo as suas obras."

5.d) "Diante de nossas assertivas, podereis talvez indagar,  segundo  os  velhos  hábitos  que  nos caracterizam a preguiça mental na Terra: - Se o Espiritismo e a Mediunidade não nos solucionam os enigmas de maneira absoluta, que estarão ambos fazendo no santuário religioso da Humanidade?
Responder-vos-emos, todavia, que neles reencontramos pensamento puro do Cristo, auxiliando-nos a compreensão para mais amplo discernimento da realidade. Neles recolhemos exatos informes, quanto à lei das compensações, equacionando aflitivos problemas do ser, do destino e da dor e deixando-nos perceber, de alguma sorte, as infinitas dimensões para as quais evolvemos. E a eles deveremos, acima de tudo, a luz para vencer os tenebrosos labirintos da morte, a fim de que nos consorciemos, afinal,
com as legítimas noções da consciência cósmica."
No Espiritismo e na Mediunidade encontramos os ensinamentos que, se colocados em prática, nos conduzirão ao caminho da felicidade. Trazem-nos os ensinamentos de Jesus em espírito e verdade, o conhecimento de leis cósmica que regem a matéria e a vida espiritual e que eram até então desconhecidas. Mostram-nos a nossa realidade existencial, como os seres inteligentes do Universo, espíritos imortais em evolução.  No entanto,  como vimos nas questões anteriores, o Espiritismo nem a mediunidade solucionam nossas dificuldades. Dificuldades temos que vencer, usando o nosso livre-arbítrio. Ajudam-nos a nos transformar, mediante o consolo e o esclarecimento. Mas quem opera essa transformação imprescindível somos nós. Com a certeza na vida futura que o Espiritismo comprova de modo tão claro, o homem adquire força para seguir sua caminhada, certo de que um dia esse Deus interno que existe dentro de nós resplenderá inteiramente e ofuscará de vez o homem velho que ainda trazemos conosco.


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