CRACK: UMA ABORDAGEM MULTIDISCIPLINAR
Marcelo Santos Cruz
Renata Werneck Vargens
Marise de Leão Ramôa
O consumo de álcool, tabaco e de outras drogas agrava
os problemas sociais, traz sofrimento para indivíduos e famílias e tem
consequências econômicas importantes.
Nesse contexto, o surgimento e o aumento rápido do
consumo do crack desde a década de 1990, incrementam a gravidade dos problemas,
ampliam e agravam as condições de vulnerabilidade, especialmente para a camada
social mais carente da população.
No Brasil, o consumo cresceu, principalmente, entre
crianças, adolescentes e adultos que vivem na rua, motivando pressões diversas
sobre os atores sociais pela necessidade de ações que deem aos usuários de
crack oportunidades de viverem de forma digna e com saúde.
Para que as ações empreendidas sejam efetivas, há
necessidade de conhecer de forma mais profunda os problemas relacionados ao uso
do crack. A necessidade de conhecimento se estende à importância de capacitar os
profissionais que lidam no dia a dia com pessoas que usam crack e seus
familiares.
O enfoque traz uma compreensão de que o consumo e os
problemas com o crack devem ser entendidos como determinados por múltiplos
aspectos da existência humana, inclusive as dimensões biológicas, psíquicas e socioculturais
tanto na origem dos problemas como nas propostas de sua abordagem.
O que é crack?
Neste tópico, você aprenderá a caracterizar e
diferenciar o crack de outras drogas.
O crack é uma mistura de cloridrato de cocaína
(cocaína em pó), bicarbonato de sódio ou amônia e água destilada, que resulta
em pequeninos grãos, fumados em cachimbos (improvisados ou não).
O nome crack é derivado do ruído característico que é
produzido pelas pedras quando são decompostas pelo fumo. O crack é, portanto,
uma droga que leva a molécula de cocaína ao cérebro.
Vejamos, então, como isso ocorre:
Após os processos químicos utilizados para extrair a
cocaína da folha da coca, produz-se um pó branco (cloridrato de cocaína) que é
utilizado por usuários de cocaína, seja mediante inalação nasal ou dissolvida em
água para injeção nas veias.
As diversas formas de administração da cocaína
(inalada, injetada ou fumada) têm efeitos distintos no indivíduo. Quando a
droga é fumada, faz com que uma grande quantidade de moléculas de cocaína
atinja o cérebro quase imediatamente e produza um efeito explosivo, descrito
pelas pessoas que o usam como uma sensação de prazer intenso. A droga é, então,
velozmente eliminada do organismo e produz uma súbita interrupção da sensação
de bem-estar, seguida, imediatamente, por imenso desprazer e enorme vontade de
reutilizar a droga. Essa sequência é vivida pelos usuários, que adquirem um
comportamento compulsivo, pois, com frequência, sentem necessidade de procurar
meios de usar a droga novamente e, cada vez mais, a vontade se alterna
rapidamente.
Epidemiologia: estudos e pesquisas sobre o crack
Quando analisamos como os diversos tipos de drogas são
distribuídos na população brasileira, percebemos que o uso do crack é muito
raro, considerando a população como um todo. No entanto, quando se enfoca determinadas
parcelas específicas da população, encontramos um consumo cada vez maior.
Por exemplo, de acordo com o II Levantamento
Domiciliar sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas no Brasil, realizado pela SENAD em parceria com o Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas
Psicotrópicas (CEBRID), nas 108 maiores cidades do país, 0,7% da população
adulta relataram já ter feito uso de crack pelo menos uma vez na vida, o que
significa um contingente de mais de trezentos e oitenta mil pessoas.
A maior porcentagem de uso de crack foi encontrada
entre homens, na faixa etária de 25 a 34 anos, que corresponde a 3,2% da
população adulta ou cerca de cento e noventa e três mil pessoas. Além disso, a
comparação dos resultados do I Levantamento, realizado em 2001, e o II,
realizado em 2005, mostrou que houve aumento estatisticamente significativo
daqueles que relataram o uso de crack no mês da pesquisa.
Embora usuários de crack se encontrem em todas as
regiões do País, as regiões Sul e Sudeste concentram a maior parte dos usuários
identificados na pesquisa.
Os estudos que enfocaram estudantes do ensino
fundamental e médio, conduzidos entre 1987 e 2004, em São Paulo, e depois no
Brasil, encontraram um crescimento do consumo de cocaína nas cidades da região Nordeste
(Salvador, Recife e Fortaleza), além de Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Vários
estudos foram feitos com estudantes em várias cidades do Brasil encontrando
taxas de uso de cocaína, pelo menos uma vez na vida, sempre menores que 3,6%.
No entanto, no I Levantamento Nacional sobre o Uso de Álcool, Tabaco e outras
Drogas entre universitários das 27 Capitais Brasileiras, se somados os
percentuais de uso na vida de cocaína, merla e crack, a prevalência é de 9,7%.
Quando a SENAD, em parceria
com o CEBRID, estudou o uso de drogas por meninos e meninas que
vivem em situação de rua, encontrou taxas bem maiores: o estudo apontou o uso
de cocaína em 45% de crianças e adolescentes no Rio de Janeiro, 31% em São
Paulo, e 20% em Recife. O uso frequente de crack foi mencionado em quase todos
os Estados, sendo maior em São Paulo, Recife, Curitiba e Vitória, com variação
de 15 a 26%.
Toda essa realidade nos impulsiona a compreender mais
e mais as razões de crescimento do uso dessa droga e sua ação maléfica no
organismo.
Então, como o
crack atua no organismo?
A ação da droga no organismo humano
Neste tópico, você vai analisar as causas das mudanças
que ocorrem no organismo humano com o consumo do crack e os
possíveis tipos de tratamento.
a) Sistema Nervoso Central
Quando a cocaína é fumada em forma de crack, o vapor
aspirado é rapidamente absorvido pelos pulmões e alcança o cérebro em 6 a 8
segundos.
Quando a droga é injetada nas veias demora de 16 a 20
segundos e, quando cheirada, demora de 3 a 5 minutos para atingir o mesmo
efeito. Fumar crack é a via mais rápida de fazer com que a droga chegue ao cérebro e, provavelmente, essa é a razão para a rápida
progressão da dependência.
b) A ação do crack no cérebro
Quando o crack atinge o cérebro, produz sensação de
prazer e satisfação. A área do cérebro estimulada pela droga é a mesma que é
ativada quando os instintos de sobrevivência e reprodução são satisfeitos,
como, por exemplo, quando a pessoa tem satisfação sexual ou quando bebe água
para saciar a sede. Esta é uma das principais regiões envolvidas com os quadros
de dependência. Com o uso de crack, a região cerebral pode ser
estimulada enormemente, pois causa sensações de prazer que excedem àquelas
experimentadas em situações normais.
A região do cérebro também inclui importantes centros
de memória, que ajudam a lembrar o que foi feito e o que levou
ao estado de prazer. Quando a pessoa faz uso de crack, essas regiões registram
memória de pessoas, lugares, objetos e situações que levaram àquela sensação.
Assim, diversos estímulos associados a essas memórias podem ativar o desejo de
voltar a experimentar aquela situação prazerosa. Este é o mesmo fenômeno que
ocorre quando o indivíduo sente o cheiro de uma comida e seu organismo sofre
reações antes mesmo de ele se alimentar.
Outra região do cérebro atingida pelo crack é
responsável por atividades relacionadas à solução de problemas, à flexibilidade mental, ao
julgamento moral e à velocidade de processamento de informações.
É onde o cérebro integra as informações e avalia as
diversas decisões que pode tomar. Assim, é possível que antes de se tornar
dependente, o indivíduo consiga suprimir a urgência originada nas áreas
relacionadas à satisfação e à memória do prazer, e escolher se quer ou não usar
a droga. Mas uma vez dependente, sua capacidade de julgamento fica prejudicada,
tornando-se mais propenso a seguir os estímulos de urgência que levam ao uso da
droga.
Com o uso continuado, os efeitos de curto e médio
prazo vão se acumulando e permitem o surgimento de efeitos de longo prazo, que
podem durar meses ou anos e até mesmo ser irreversíveis.
No próximo item deste estudo, você conhecerá quais as
consequências que o consumo de crack provoca em outras regiões do organismo
humano.
c) Danos físicos e psíquicos
Fatores
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Descrição
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Intoxicação
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Os
efeitos do crack aparecem quase imediatamente depois de uma única dose. Esses
efeitos incluemaceleração do coração, aumento da pressão arterial, agitação
psicomotora, dilatação das pupilas, aumento da temperatura do corpo,
sudorese, tremor muscular. A ação no cérebro provoca sensação de euforia,
aumento da autoestima, indiferença à dor e ao cansaço, sensação de estar
alerta especialmente a estímulos visuais, auditivos e ao toque. Os usuários
também podem apresentar tonturas e ideias de perseguição (síndrome
paranoide).
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Dependência
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A
dependência é uma complicação que pode ocorrer entre usuários de cocaína e
crack. A dependência estimada é de 5% a 12% dos que experimentam a droga, se
relaciona a problemas pessoais, familiares e sociais bastante graves. Comparando
o uso de crack com outras formas de uso da cocaína, há uma proporção maior de
uso intenso e de aumento da fissura.
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Abstinência
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Os
sintomas de abstinência começam a aparecer de 5 a 10 minutos após o uso. Os
sintomas principais são fadiga, desgaste físico, prostração, tristeza,
depressão intensa, inquietação, ansiedade, irritabilidade, sonhos vívidos e
desagradáveis e intensa vontade de usar a droga (fissura). O auge da
abstinência ocorre em 2 a 4 dias. As alterações do humor podem durar meses.
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Efeitos do crack
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Os
principais efeitos do uso do crack são decorrentes da ação local direta dos
vapores gerados em alta temperatura pela queima da droga (como queimaduras e
olhos irritados) e dos efeitos farmacológicos da substância. Os efeitos
farmacológicos incluem a ação da droga sobre a dopamina e a noradrenalina, com
intensa estimulação do sistema nervoso e cardiovascular.
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Vias aéreas
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O
pulmão é o principal órgão exposto aos produtos da queima do crack. Os
sintomas respiratórios agudos mais comuns são: tosse com produção de escarro
enegrecido, dor no peito com ou sem falta de ar, presença de sangue no
escarro e piora de asma. O escarro escuro é característico do uso e é atribuído
à inalação de resíduos de carbono de materiais utilizados para acender o crack.
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Coração
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O uso
do crack provoca
o aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial; podem ocorrer
isquemias e infartos agudos do coração. A ocorrência de isquemia não está
relacionada à quantidade consumida, à via de administração ou à frequência de
uso. Há ainda risco de arritmias cardíacas e problemas no músculo cardíaco.
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Sistema Nervoso
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O uso
de crack pode resultar em uma variedade de manifestações neurológicas,
inclusive acidente vascular cerebral (derrames cerebrais), dor de cabeça,
tonturas, inflamações dos vasos cerebrais, atrofia cerebral e convulsões.
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Trato Digestório
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Os
sintomas mais comuns são náusea, dor abdominal e perda de apetite.
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Olhos
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O uso
do crack provoca o risco de infecções oculares e de lesões na córnea. Alguns
fatores predispõem a esse quadro: a fumaça tem efeito tóxico direto sobre a
córnea (parte externa do olho), as propriedades anestésicas reduzem o reflexo
de piscar e a exposição repetida à fumaça da droga pode provocar queimaduras
químicas.
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Doenças Sexualmente Transmissíveis/ AIDS
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O
consumo de crack e cocaína tem sido associado diretamente à infecção pelo
vírus da imunodeficiência humana (HIV) e outras doenças sexualmente
transmissíveis (DSTs). Os comportamentos de risco mais frequentemente
observados são o número elevado de parceiros sexuais, o uso irregular de
camisinha e troca de sexo por droga ou por dinheiro para compra de droga. As
mulheres usuárias de crack têm mais relações sexuais em troca de dinheiro ou
droga em relação a usuárias de outras drogas e se expõem a riscos com maior
frequência. Deve ser considerada a vulnerabilidade social a que muitas delas
estão expostas. Vale ressaltar que existe possibilidade de transmissão de HIV
por meio de lesões orais e labiais causadas pelos cachimbos. O uso de crack
também tem sido associado diretamente a outras doenças sexualmente
transmissíveis, como gonorreia, sífilis e HTLV1, entre outras.
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Fome, sono e sexo
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O uso de crack pode diminuir temporariamente a
necessidade de comer e dormir. Muitas vezes, os usuários saem em “jornadas”
em que consomem a droga durante dias seguidos. Frequentemente, a alimentação
e o sono ficam prejudicados, e ocorre processo de emagrecimento e esgotamento
físico.
Os
hábitos básicos de higiene também podem ficar comprometidos. O crack pode
aumentar o desejo sexual no início, porém, com o uso continuado da droga, o
interesse e a potência sexual diminuem.
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Associação com bebidas alcoólicas
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Se o
crack for fumado associado ao consumo de bebidas alcoólicas, as duas
substâncias podem se combinar formando a cocaetileno. Essa substância tóxica
produz um efeito mais intenso que o crack e aumenta o risco de complicações
fatais.
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Intoxicação por metal
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Quando
o consumo de crack é feito em latas, além do vapor da droga, o alumínio se
desprende com o metal facilita da lata aquecida e também é aspirado. O
alumínio é um metal que se espalha pela corrente sanguínea e é capaz de
causar danos ao organismo decorrentes da intoxicação pelo alumínio.
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Outros
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Várias
situações já foram relacionadas ao uso de crack, como lesões do fígado, dos rins, dos músculose
queimaduras em mãos, boca, nariz e rosto.
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d) Alterações cognitivas
Vimos, neste estudo, que o crack afeta o cérebro de diversas
maneiras. A ação vasoconstritora (contração dos vasos sanguíneos) diminuiu a
oxigenação cerebral alterando-o tanto estruturalmente como funcionalmente.
O uso do crack também prejudica as habilidades
cognitivas (inteligência) envolvidas especialmente com a função
executiva e com a atenção. Esse comprometimento altera a capacidade de
solucionar problemas, a flexibilidade mental e a velocidade de processamento de
informações.
Alguns efeitos se revertem rapidamente e outros
persistem por semanas mesmo depois da droga não ser mais detectável no cérebro.
A reversibilidade dos efeitos com a abstinência prolongada ainda é incerta. As alterações
cognitivas devem ser consideradas no plano de tratamento dos pacientes.
O prejuízo cognitivo pode interferir na adesão dos
pacientes ao tratamento proposto e na elaboração de estratégia de enfrentamento
de situações de risco.
Vejamos a seguir outras situações de comprometimento
da função do organismo humano.
e) Quadros psiquiátricos
A presença de outro diagnóstico psiquiátrico
(comorbidade10) é comum entre usuários de cocaína e crack.
A comorbidade pode ser tanto em relação a problemas
relacionados a outras substâncias (álcool, maconha) como em relação a outros
quadros psiquiátricos: transtornos
de personalidade, quadros depressivos, níveis mais altos de ansiedade,
instabilidade do humor, ideias paranoides ou mesmo quadros psicóticos francos,
com delírios e alucinações. Sintomas
agressivos estão mais relacionados ao uso de crack que a outras vias de uso da
cocaína.
A presença de uma comorbidade aumenta a gravidade do
quadro de uso de substâncias e da comorbidade.
Estudos recentes também têm relatado dificuldades
entre pacientes em abstinência de cocaína na “regulagem das emoções”, que se
refere à capacidade de entender e integrar as emoções com outras informações
cerebrais e com o controle de impulsos.
f) Consequências sociais
Um estudo realizado no município de São Paulo
demonstrou que a taxa de mortalidade entre usuários de crack foi de 18%, o que
representou um percentual 7 vezes maior do que da população em geral da cidade
(2,5%).
A maioria que morre é homem e com menos de 30 anos.
g) Abordagens Terapêutica e Psicossocial
O tratamento da dependência do crack reside, em sua
maior parte, em abordagens psicoterápicas e psicossociais.
Terapêutica
Nessa área, deve ser feita uma avaliação abrangente,
com base na motivação do paciente para o tratamento, seu padrão de uso da
droga, comprometimentos funcionais, problemas clínicos e psiquiátricos
associados.
Informações de familiares e amigos podem ser
acrescentadas no tipo de tratamento. Condições médicas e psiquiátricas
associadas também devem ser tratadas de maneira específica.
Farmacoterapia
Estudos sobre o tratamento de dependência de drogas
existentes até o momento não diferenciam as formas de apresentação ou de uso
das drogas. Atualmente, não existe nenhuma medicação aprovada especificamente para
o tratamento da dependência da cocaína.
É importante lembrar que, embora não existam, no
momento, medicações que diminuam a vontade de usar o crack, a prescrição de
medicações pode ser indicada para o tratamento de intoxicações, sintomas da
abstinência e, principalmente, para o tratamento das comorbidades. Assim, se um
usuário de crack melhora
de um possível quadro depressivo com o uso de um antidepressivo, ele tem melhor
resultado no tratamento da dependência do crack.
Psicossocial
Para que as ações sejam eficazes no tratamento à
dependência de crack, é essencial compreender que as abordagens terapêuticas
incluem não apenas os aspectos médicos ou biológicos, mas também ações que privilegiem
o contexto cultural e socioemocional dos indivíduos envolvidos.
A reabilitação psicossocial é uma dessas abordagens
terapêuticas e pode ser compreendida como um conjunto de estratégias adotadas
com o objetivo de aumentar as possibilidades de trocas de recursos e de afetos
e que, só a partir de uma dinâmica de trocas, se cria um efeito habilitador.
Como já foi mencionado anteriormente, não há
medicações que por si sós tratem a dependência do crack. Tanto para o
tratamento e reinserção social como para as atividades de prevenção, é
indispensável realizar atividades que aumentem essas trocas, e,
consequentemente, a vinculação dos usuários aos serviços e profissionais de saúde,
como disponibilizar acolhimento aos usuários ausentes do tratamento, ter um
profissional de referência para o usuário, de modo que ele possa recorrer a
esse profissional sempre que necessitar, além de cumprir sua agenda de
tratamento, ter serviços que ofereçam leitos de retaguarda para evitar recaídas
em situações de maior vulnerabilidade para o usuário, dentre outras. Também, é
importante saber que os usuários de crack procuram, mais frequentemente,
tratamento em serviços informais (como grupos de ajuda mútua). Para isso, contam
com pessoas que conhecem os problemas com o crack e as necessidades dos
usuários.
Intervenções psicossociais podem acontecer
concomitantes ou não ao uso de medicações. Sem prescrição de medicações, mas
com aconselhamento, tais intervenções têm boa relação custo benefício para
pacientes sem complicações.
Em pacientes com quadros mais graves de dependência,
abordagens farmacológicas e psicoterapêuticas individuais ou em grupos são
bastante eficientes.
Pacientes com múltiplas necessidades, como outras
doenças psiquiátricas associadas ao uso de drogas (comorbidades), respondem
melhor à abordagem em grupo com um esquema intensivo e com atividades práticas.
Como o uso de álcool associado é muito comum nesses
casos, bem como os problemas familiares, psicológicos e físicos, é importante
que as intervenções psicossociais também abordem esses problemas adicionais, pois
são determinantes na evolução do tratamento.
Muitos usuários veem um lugar para o tratamento como
um primeiro passo para a abstinência. Por isso, locais que oferecem tratamentos
para outros problemas como unidades básicas de saúde, ambulatórios, de
especialidade, serviços de emergência e serviços de assistência social são uma
ótima fonte de informações sobre a rede de tratamento para a dependência de
álcool e outras drogas.
Há múltiplos serviços que os usuários podem acessar
sem agendamento prévio, como os Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas
(CAPS AD), redes de usuários, grupos de ajuda mútua, como os Narcóticos
Anônimos (NA), e serviços de informações sobre drogas pelo telefone, como é o
VIVAVOZ (132). Esses dispositivos podem ser usados para aumentar o acesso ao
tratamento.
Curso de Prevenção do Uso de Drogas para Educadores de
Escolas Públicas. Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, Ministério da
Educação – 6.e.d., atual – Brasília : Ministério da Justiça, 2014.
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