Capítulo 12 - Dívida agravada
Enquanto
outros servidores da instituição por nós passavam, à pressa, com o evidente
intuito de auxiliar, o dileto companheiro de Druso desceu a escadaria do
templo, em nossa companhia, explicando:
–
Muitos companheiros de serviço valem-se deste horário para o culto espontâneo
do amor fraterno. Ouvem aqui neste locutório os desesperados e os tristes e,
tanto quanto lhes é possível, administram-lhes medicação e consolo, não somente
os exortando à compreensão e à serenidade, mas também os acompanhando aos círculos
tenebrosos ou à esfera dos encarnados, para a obra de assistência aos laços
afetivos que lhes perturbam o coração.
Nesse
instante, entramos mais diretamente em contato com os grupos rumorosos. Agora,
adaptada nossa visão à sombra reinante, conseguíamos diferençar as figuras
lamentáveis e exóticas que nos cercavam, agoniadas... Eram mulheres de duro
semblante que a miséria desfigurava e homens de fisionomias torturadas pelo
ódio e pela angústia.
Dificilmente,
de nossa parte, poderíamos avaliar-lhes a idade, segundo o escalão terrestre. O
infortúnio deles convertera-os em fantasmas de amargura, quase a irmaná-los
integralmente no mesmo tipo de configuração exterior. Muitos mostravam mãos
semelhantes a ressequidas garras, e em quase todos o olhar enraivecido ou
medroso revelava a dolorosa fulguração da mente que desceu ao poço da loucura.
Preces
comoventes misturavam-se a clamores sinistros de revolta.
E,
vendo, contristados, a multidão em movimentos rudes, ante as portas abertas do
santuário tranquilo, perguntamos ao Assistente por que não se acolhia toda ela
ao templo hospitaleiro, então quase deserto.
Silas,
contudo, designando a entrada do edifício que vínhamos de deixar, fixou a
portaria radiante que, da forte penumbra, mais se nos afigurava um túnel aberto
para a luz, e esclareceu:
–
Efetivamente, reportam-se vocês a medida desejável. Entretanto, apenas
ingressam no recinto sagrado quantos lhe podem suportar a claridade com o
respeito devido. Quase todos os irmãos que se congregam nesta praça trazem
mutilações que a perversidade lhes impôs ou são portadores de sentimentos
tigrinos que petições comoventes mal encobrem. E, com semelhantes disposições, não
resistem ao impacto da claridade dominante, dosada em fotônios específicos a se
caracterizarem por determinado teor eletromagnético, indispensável à garantia
de nossa casa. Muitos de nossos irmãos, aqui desarvorados, clamam, com a boca,
que anseiam pelas vantagens da prece, na intimidade do santuário; no entanto,
por dentro, lá estimariam tripudiar sobre o nome sublime de nosso Pai Celeste,
no culto à ironia e à blasfêmia. Para que não tumultuem a atmosfera divina que
nos cabe oferecer à oração pura e reconfortante, recomendam nossos orientadores
que a luz permaneça graduada contra distúrbios e prejuízos, facilmente evitáveis.
Hilário,
espantado, considerou:
–
Significa isso que somente a sincera compunção da alma entrará em sintonia com
as forças eletromagnéticas imperantes no recinto...
–
Exatamente assim é – confirmou o interlocutor. – Nossa instituição permanece de
braços abertos à provação e ao sofrimento, mas não à rebeldia e ao desespero.
De outra sorte, seria condená-la ao aniquilamento e ao descrédito, na região
atormentada em que se localiza.
Nesse
ponto da conversação, fomos interrompidos por dezenas de braços ressequidos a
implorarem socorro. Silas fitava-os, compadecido, mas sem se deter, até que
nosso passo foi cortado por apressada mulher, exclamando, ansiosa:
–
Assistente Silas! Assistente Silas!...
Nosso
amigo identificou-a, porque, parando de súbito, estendeu-lhe a destra amiga,
murmurando:
–
Luísa, a que vens?
Defrontavam-se
em ambos a curiosidade e a aflição. A senhora desencarnada, com sinais de
irreprimível angústia, gritou sem preâmbulos:
–
Socorro!... Socorro!... Minha filha, minha pobre Marina esmorece... Tenho
lutado com todas as minhas forças para furtá-la ao suicídio, mas agora me sinto
enfraquecida e incapaz... Os soluços sufocaram-lhe a garganta, inibindo-lhe a
voz.
– Fala!
– disse o orientador de nossa excursão, em tom imperativo, como se o alarme
daquele instante lhe obscurecesse a serenidade mental, imprescindível ao
entendimento da nova situação.
A
infeliz, ajoelhada agora, ergueu os olhos lacrimosos e suplicou:
– Assistente,
perdoe-me a insistência em falar-lhe de meu infortúnio, mas sou mãe... Minha
desventurada filha pretende matar-se esta noite, comprometendo-se, ainda mais,
com as trevas da sua consciência!...
Silas
aconselhou-lhe a volta ao lar terreno, como lhe fosse possível, e, dando-nos as
mãos, promoveu a viagem rápida para o objetivo a que devíamos atender. Em
caminho, informou:
–
Trata-se de companheira da Mansão, reencarnada há quase trinta anos, sob os
auspícios de nossa casa. Prestar-lhe-emos o necessário auxílio, ao mesmo tempo
que vocês poderão examinar um problema de débito agravado.
Notando
que o nosso amigo entrara em silêncio, meu colega externou:
– É
impressionante observar o número de mulheres em trabalho de oração e
assistência nessas paragens...
Preocupado
qual se achava, nosso generoso companheiro tentou ensaiar um sorriso que lhe
não chegou aos lábios, e juntou:
–
Grande verdade... Raras esposas e raras mães demandam às regiões felizes sem os
doces afetos que acalentam no seio... O imenso amor feminino é uma das forças
mais respeitáveis na Criação divina.
Todavia,
não houve mais tempo para qualquer outra divagação.
Atingíramos
no plano físico pequena moradia constituída de três peças desataviadas e
estreitas. O relógio acusava alguns minutos depois de zero hora.
Acompanhando
Silas, cuja presença deslocou diversas entidades da sombra que ali se ajuntavam
com a manifesta intenção de perturbar, ingressamos num quarto humilde.
Percebemos, sem palavras, que o problema era efetivamente desolador.
Junto
de jovem senhora agoniada e exausta, uma menina de dois a três anos
choramingava, inquieta... Via-se-lhe nos olhos esgazeados e inconscientes o
estigma dos que foram marcados por irremediável sofrimento ao nascer.
Contudo,
através da preocupação indisfarçável de Silas, era fácil reconhecer que a pobre
senhora era o caso mais urgente para os nossos cuidados.
A
infeliz, de joelhos, beijava sofregamente a pequenina, mostrando a indefinível
angústia dos que se despedem para sempre.
Logo
após, em movimento rápido, tomou de um copo em que se encontrava beberagem cujo
teor tóxico não nos deixava qualquer dúvida. Antes, porém, de colá-lo à boca em
febre, eis que o Assistente lhe disse em voz segura:
– Como
podes pensar na sombra da morte, sem a luz da oração?
A
desventurada não lhe ouviu a pergunta com os tímpanos de carne, mas a frase de
Silas invadiu-lhe a cabeça qual rajada violenta.
Lampejaram-lhe
os olhos com novo brilho e o copo tremeu-lhe nas mãos, agora indecisas. Nosso
orientador estendeu-lhe os braços, envolvendo-a em fluidos anestesiantes de
carinho e bondade.
Marina,
pois era ela a irmã para quem aflito coração materno suplicara socorro,
dominada de novos pensamentos, recolocou o perigoso recipiente no lugar
primitivo e, sob a vigorosa influência do diretor de nossa excursão,
levantou-se automaticamente e estirou-se no leito, em prece...
– “Deus meu, Pai de Infinita Bondade –
implorou em voz alta –, compadece-te de mim e perdoa-me o fracasso! Não suporto
mais... Sem minha presença, meu marido viverá mais tranquilo no leprosário e
minha desventurada filhinha encontrará corações caridosos que lhe dispensem
amor... Não tenho mais recursos... Estou doente... Nossas contas esmagam-me...
Como vencer a enfermidade que me devora, obrigada a costurar sem repouso, entre
o marido e a filhinha que me reclamam assistência e ternura?...”
Silas
administrava-lhe passes magnéticos de prostração e, induzindo-a a ligeiro
movimento do braço, fez que ela mesma, num impulso irrefletido, batesse com
força no copo fatídico, que rolou no piso do quarto, derramando o líquido
letal. Em lágrimas copiosas, a pobre criatura insistiu, desolada:
– Ó
Senhor, compadece-te de mim!...
Reconhecendo
no próprio gesto impensado a manifestação de uma força estranha a entravar-lhe
a possibilidade da morte deliberada naquele instante, passou a orar em silêncio,
com evidentes sinais de temor e remorso, atitude mental essa que lhe acentuava
a passividade e da qual se valeu o Assistente para conduzi-la ao sono
provocado.
Silas
emitiu forte jacto de energia fluídica sobre o córtex encefálico dela, e a
moça, sem conseguir explicar a si mesma a razão do torpor que lhe invadia o
campo nervoso, deixou-se adormecer pesadamente, qual se houvera sorvido
violento narcótico.
O Assistente
interrompeu a operação socorrista e falou-nos, bondoso:
– Temos
aqui asfixiante problema de conta agravada.
E
designando a jovem mãe, agora extenuada, continuou:
–
Marina veio de nossa Mansão para auxiliar a Jorge e Zilda, dos quais se fizera
devedora. No século passado, interpôs-se entre os dois, quando recém-casados,
Impelindo-os a deploráveis leviandades que lhes valeram angustiosa demência no
Plano Espiritual. Depois de longos padecimentos e desajustes, permitiu o Senhor
que muitos amigos intercedessem, junto aos Poderes Superiores, para que se lhes
recompusesse o destino, e os três renasceram no mesmo quadro social, para o
trabalho regenerativo. Marina, a primogênita do lar de nossa irmã Luisa,
recebeu a incumbência de tutelar a irmãzinha menor, que assim se desenvolveu ao
calor de seu fraternal carinho, mas, quando moças feitas, há alguns anos, eis
que, segundo o programa de serviço traçado antes da reencarnação, a jovem Zilda
reencontra Jorge e reatam, instintivamente, os elos afetivos do pretérito.
Amam-se com fervor e confiam-se ao noivado. Marina, porém, longe de
corresponder às promessas esposadas no Mundo Maior, pelas quais lhe cabia amar o
mesmo homem, no silêncio da renúncia construtiva, amparando a irmãzinha,
outrora repudiada esposa, nas lutas purificadoras que a atualidade lhe
ofertaria, passou a maquinar projetos inconfessáveis, tomada de intensa paixão.
Completamente cega e surda aos avisos da sua consciência, começou a envolver o
noivo da irmã em larga teia de seduções e, atraindo para o seu escuso objetivo
o apoio de entidades caprichosas e enfermiças, por intermédio de doentios
desejos, passou a hipnotizar o moço, espontaneamente, com o auxílio dos
vampiros desencarnados, cuja companhia aliciara sem perceber... E Jorge,
inconscientemente dominado, transferiu-se do amor por Zilda à simpatia por
Marina, observando que a nova afetividade lhe crescia assustadoramente no
íntimo, sem que ele mesmo pudesse controlar-lhe a expansão... Decorridos breves
meses, dedicavam-se ambos a encontros ocultos, nos quais se comprometeram um
com o outro na maior intimidade... Zilda notou a modificação do rapaz, mas
procurava desculpar-lhe a indiferença à conta de cansaço no trabalho e
dificuldades na vida familiar. Todavia, em faltando apenas duas semanas para a
realização do consórcio, surpreende-se a pobrezinha com a inesperada e aflitiva
confissão... Jorge expõe-lhe a chaga que lhe excrucia o mundo interior... Não
lhe nega admiração e carinho, mas desde muito reconhece que somente Marina deve
ser-lhe a companheira no lar. A noiva preterida sufoca o pavoroso
desapontamento que a subjuga e, aparentemente, não se revolta. Mas,
introvertida e desesperada, consegue na mesma noite do entendimento a dose de
formicida com que põe termo à existência física. Alucinada de dor, Zilda
desencarnada foi recolhida por nossa irmã Luísa, que já se achava antes dela em
nosso mundo, admitida na Mansão pelos méritos maternais. A genitora desditosa
rogou o amparo de nossos Maiores. Na posição de mãe, apiedava-se de ambas as
jovens, de vez que a filha traidora, aos seus olhos, era mais infeliz que a
filha escarnecida, embora esta última houvesse adquirido o grave débito dos
suicidas, em seu caso atenuado pela alienação mental em que a moça se vira,
sentenciada sem razão a inqualificável abandono... Examinado o assunto,
carinhosamente, pelo Ministro Sânzio, que conhecemos pessoalmente, determinou
ele que Marina fosse considerada devedora em conta agravada por ela mesma. E,
logo após a decisão, providenciou a fim de que Zilda fosse recambiada ao lar
para receber aí os cuidados merecidos. Marina falhara na prova de renúncia em
favor da irmã que lhe era credora generosa, mas condenara-se ao sacrifício pela
mesma irmãzinha, agora imposta pelo aresto da Lei ao seu convívio, na situação
de filha terrivelmente sofredora e imensamente amada. Foi assim que Jorge e Marina,
livres, casaram-se, recolhendo da Terra a comunhão afetiva pela qual
suspiravam; entretanto, dois anos após o enlace, receberam Zilda em rendado
berço, como filhinha estremecida. Mas... desde os primeiros meses do rebento
adorado, identificaram-lhe a dolorosa prova. Zilda, hoje chamada Nilda, nasceu surda-muda
e mentalmente retardada, em consequência do trauma perispirítico experimentado
na morte por envenenamento voluntário. Inconsciente e atormentada nos refolhos
do ser pelas recordações asfixiantes do passado recente, chora quase que dia e
noite... Quanto mais sofre, porém, mais ampla ternura recolhe dos pais que a
amam com extremados desvelos de compaixão e carinho... A vida corria-lhes
regularmente, não obstante atribulada pelas provas naturais do roteiro, quando,
há meses, Jorge foi apartado para o leprosário, onde se encontra em tratamento.
Desde então, entre o esposo doente e a filhinha infeliz, Marina, em seu débito agravado,
padece o abatimento em que a encontramos, martelada igualmente pela tentação do
suicídio.
Silenciou
o Assistente.
Achávamo-nos,
eu e Hilário, assombrados e comovidos. O problema era doloroso do ponto de
vista humano, contudo encerrava precioso ensinamento da Justiça Divina.
Silas
acariciou a moça prostrada e acentuou:
–
Auxiliar-nos-á o Senhor para que se recupere e reanime.
Nesse
instante, a irmã Luísa penetrou no recinto, entre deprimida e ansiosa.
Inteirou-se de todas as ocorrências e agradeceu, enxugando as lágrimas. Silas,
no entanto, interessado em conduzir o socorro até ao fim, administrou novos
recursos magnéticos à mãezinha debilitada, e então presenciamos um quadro inesquecível.
Marina
ergueu-se em Espírito sobre o corpo somático e pousou em nós o olhar vago e
inexpressivo... Nosso diretor, porém, como a despertar-lhe as percepções do
Espírito, afagou-lhe as pupilas, com as mãos aureoladas de fluidos
luminescentes e, de repente, à maneira do cego que retorna à visão, a pobre
criatura viu a genitora que lhe estendia os braços amigos e carinhosos.
Com
lágrimas a lhe correrem dos olhos, refugiou-se-lhe no regaço, gritando de
alegria:
– Mãe!
minha mãe!... pois és tu?
Luísa acolheu-a
docemente no colo afetuoso, qual se o fizesse a uma criança doente e, mal
reprimindo a emoção, falou-lhe, triste:
– Sim,
filha querida, sou eu, tua mãe!... Rendamos graças a Deus por este minuto de
entendimento.
E,
beijando-a ternamente, embora aflita, continuou:
– Por
que o desânimo, quando a luta apenas começa? Ignoras que a dor é a nossa
custódia celestial? que seria de nós, Marina, se o sofrimento não nos ajudasse
a sentir e raciocinar para o bem? Regozija-te no combate que nos acrisola e
salva para a obra de Deus... Não convertas o amor em inferno para ti mesma e
nem creias consigas aliviar o esposo e a filhinha com a ilusão da fuga impensada.
Lembra-te de que o Senhor transforma o veneno de nossos erros em remédio
salutar para o resgate de nossas culpas... A enfermidade de nosso Jorge e a
provação de nossa Nilda constituem não somente o caminho abençoado de elevação
para eles mesmos, mas igualmente para teu espírito que se lhes associa à experiência
na trama da redenção!... Aprende a sofrer com humildade para que a tua dor não
seja simplesmente orgulho ferido... Que fizeste do brio de mulher e do
devotamento de mãe? Olvidaste o culto da oração que o lar te ensinou?
Enganaste-te, assim tanto, para abraçar a covardia como glória moral? Ainda é
tempo!... Levanta-te, desperta, luta e vive!... Vive para recuperar a dignidade
feminina que tisnaste com a nódoa da traição... Recorda a irmãzinha que partiu,
acabrunhada ao peso do fardo de aflição que lhe impuseste, e paga em desvelo e
sacrifício, ao pé da filhinha doente, a conta que deves à Eterna Justiça!...
Humilha-te e resgata a própria consciência, com o preço da expiação dolorosa, mas
justa... Trabalha e serve, esperando em Jesus, porque o Divino Médico te
restituirá a saúde do esposo, para que, juntos, possamos conduzir a pequenina
enferma ao porto da necessária restauração. Não penses estar sozinha, nas
longas e ermas noites em que te divides entre a vigília e a desolação!...
Comungamos os mesmos sonhos, partilhamos as mesmas lutas!... Que paraíso haverá
para os corações maternos que choram, além do túmulo, senão a presença dos
filhos abençoados, embora esses muitas vezes lhes ocasionem longos dias de
angústia? Compadece-te de mim, tua mãe, por enquanto sentenciada ao sofrimento
pelo amor com que te ama!...
Calou-se
Luísa, pois que singultos incessantes lhe abafaram a voz. Marina, agora
ajoelhada e lacrimosa, osculava-lhe as mãos, clamando em súplica:
– Mãe
querida, perdoa-me! perdoa-me!...
Luísa
ergueu-a com esforço e, dando-nos ideia dos calvários maternais que costumam
prender as grandes mulheres, depois da morte, conduziu-a em passos vacilantes
até à criança enferma e, acarinhando a fronte da pequenina, empapada de suor,
implorou, humilde:
– Filha
querida, não procures a porta falsa da deserção... Vive para tua filhinha, como
permite o Senhor possa eu continuar vivendo por ti!...
A moça,
renovada, rojou-se sobre a menina triste, mas, como se a emotividade daquela
hora lhe sufocasse a mente desperta, foi repentinamente atraída pelo corpo de
carne, como o grânulo de ferro pelo ímã, e vimo-la acordar, em pranto copioso,
bradando, inconsciente:
– Minha
filha!... minha filha!...
O
Assistente, respeitoso, despediu-se de Luísa e afirmou:
–
Louvado seja Deus! Nossa Marina ressurge, transformada.
Afastamo-nos
sem palavras.
Lá
fora, no céu, nuvens distantes coroavam-se de luz aos clarões purpúreos da
aurora e, de alma embriagada de reconhecimento e esperança, meditei na Infinita
Bondade de Deus, que faz raiar, depois de cada noite, a bênção de novo dia.
Questões para estudo:
1 -
Leia o trecho e responda:
“_Quase todos os irmãos que se congregam
nesta praça trazem mutilações que a perversidade lhes impôs ou são portadores
de sentimentos tigrinos que petições comoventes mal encobrem. E, com
semelhantes disposições, não resistem ao impacto da claridade dominante, dosada
em fotônios específicos a se caracterizarem por determinado teor
eletromagnético, indispensável à garantia de nossa casa._
-Muitos de nossos irmãos, aqui desarvorados, clamam,
com a boca, que anseiam pelas vantagens da prece, na intimidade do santuário;
no entanto, por dentro, lá estimariam
tripudiar sobre o nome sublime de nosso Pai Celeste, no culto à ironia e à blasfêmia. Para que não
tumultuem a atmosfera divina que nos
cabe oferecer à oração pura e reconfortante, recomendam nossos
orientadores que a luz permaneça graduada contra distúrbios e prejuízos,
facilmente evitáveis.”
1.1 O
que podemos dizer de mais este requisito para entrar na colônia?
1.2
Estão estes espíritos acostumados com a trevas, a presença de luz deverá ser
dosada aos poucos?
1.3
Será que a emanação deles poderia atrapalhar a emissão de luz na colônia,
causando algum tipo de interferência?
2 _
Para impedir o suicídio de Marina, Silas lhe sugeriu fazer uma prece.
2.1 _
Como estas sugestões chegam até a assimilação do nosso cérebro, causando no
caso de Marina o impedimento da conclusão do ato?
2.2 _
Porque os demais suicídios que são cometidos todos os dias no mundo todo não
seriam pelo menos em grande parte evitados? O que fez o caso de Marina merecer
atenção especial?
2.3 _ O
que facilitou a assimilação da mensagem enviada por Silas para Marina?
3 _ Comente
sobre a parte da história de Marina onde recusou ajudar a irmã Zilda, onde
acabou recebendo a mesma tarefa posteriormente mas com um adicional de
cometimentos que foi gerado pelo ato suicida. O que vocês acham desta parte que
narra mais um episódio da reencarnação?
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