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Desenvolvimento mediúnico
O capítulo
«Sonambulismo torturado», que nos forneceu ensejo ao estudo do vampirismo, é
rico em observações relativas aos variados processos de resgates, os quais se
expressam no mundo à maneira de complexos distúrbios mediúnicos.
Fixemos o
gráfico-base da análise do assunto:
PROTAGONISTAS
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Devedores diretos
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Devedores
Indiretos (cúmplices)
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PROCESSOS DE
AUXÍLIO
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Magnéticos
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Verbais, (doutrinação
fraterna)
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vibracionaIs
(prece e concentração)
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BENEFÍCIOS
DISPENSADOS PELO AMPARO DOS CENTROS
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O perseguidor
sentirá a necessidade de perdoar, para melhorar-se.
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O devedor direto
será compelido a fortalecer-se e perdoando, recuperar-se.
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O devedor indireto
sentirá a necessidade da meditação, da calma, da paciência e da cooperação,
para, reajustando-se, ter paz e felicidade.
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As personagens são
dois encarnados: uma jovem senhora e o seu esposo, e o desencarnado, pai
adotivo da moça, no passado foi por ela envenenado a mando do atual marido.
Três almas
comprometidas com a Lei, em redentora provação.
Três corações
entrelaçados por vínculos sombrios, pedindo compreensão, amor e tolerância.
A moça, como
devedora direta, porque autora do envenenamento do próprio benfeitor.
O atual esposo, como
devedor indireto, inspirador do extermínio, a fim de apossar-se da fortuna
material.
E o desencarnado,
ainda desajustado, incapaz de compreender os benefícios que o perdão sincero
lhe proporcionaria, além de abrir-lhe a rota para o crescimento espiritual, na
direção da Luz.
Trata-se, sem
dúvida, de complexo drama, onde o cúmplice de ontem recebe hoje, na condição de
esposa, a noiva do passado. por ele convertida em criminosa vulgar, a fim de
ajudá-la a reajustar-se, curando a desarmonia que a sua ambição lhe gerou na
mente invigilante.
A Lei — esta Lei
cujo mecanismo ainda ignoramos quase que totalmente — incumbiu-se de promover o
reencontro das três almas necessitadas de carinho.
Certa vez ouvimos um
confrade afirmar que nós, os espíritas, somos os «milionários da felicidade».
Quanta verdade nesta
afirmativa!
Efetivamente somos
«milionários da felicIdade» porque o nosso Espírito se enriquece, incessantemente, de novos
conhecimentos que a Espiritualidade bondosamente nos revela, através da
psicografia ostensiva e da pena inspirada dos escritores-sensitivos.
O Espiritismo nos
ensina que a maioria dos lares terrestres se constitui de casamentos
provacionais.
Antigos desafetos
que se reúnem, respirando no mesmo teto, para a dissipação do rancor.
Almas que,
interpretando defeituosamente as legítimas noções do Amor, se acumpliciaram no
pretérito.
Diminuto o número de
casais reunidos por superiores afinidades.
Vejamos como o
Assistente Áulus descreve o reencontro, na atual reencarnação, das personagens
daquele drama selado com o sangue do pai adotivo da irmã que, na atualidade, se
encontra a braços com a mediunidade torturada:
“Decerto nosso
companheiro na atualidade não se sente feliz. Recapitulando a antiga fome de
sensações, abeirou-se da mulher que desposou, procurando instintivamente a
sócia de aventura passional do pretérito, mas encontrou a irmã doente que o
obriga a meditar e a sofrer.”
Têm razão os
benfeitores espirituais quando asseguram que «os templos espíritas vivem
repletos de dramas comoventes, que se prendem ao passado remoto e próximo».
E por viverem
repletos de tais dramas é que se impõe a todos, imprescindivelmente, a
necessidade do estudo metódico e sério, a fim de que, casos que reclamam,
simplesmente, amorosa ajuda a vítimas e verdugos, não sejam lastimavelmente
confundidos com «mediunidade a desenvolver».
O caso em tela é um
desses.
Uma casa espírita
menos avisada iniciaria logo, com prejuízos para a irmã doente, o seu prematuro
desenvolvimento mediúnico.
Um grupo consciente,
como o visitado pelos irmãos André Luiz e Hilário, cuidaria, antes de tudo, de
curá-la e ao perseguidor.
“É uma médium em aflitivo processo de
reajustamento. É provável se demore ainda alguns anos na condição de doente
necessitada de carinho e de amor.”
E, completando o
informe, com valiosa advertência aos dirigentes:
«Desse modo, por
enquanto é um instrumento para a criação de paciência e boa vontade no grupo de
trabalhadores que visitamos, mas sem qualquer perspectiva de produção imediata,
no campo do auxílio, de vez que se revela extremamente necessitada de concurso
fraterno. »
Deduz-se, assim, que
toda pessoa que procura os centros espíritas, assinalada por complicados
distúrbios mediúnicos, não deve ser levada de imediato, sistematicamente, à
mesa do desenvolvimento.
Antes de tudo a
ajuda fraterna, com o esforço pelo reajustamento.
Depois, sim, servir
ao Bem, com a mente harmonizada e o coração guardando, como sublime tesouro,
aquela paz e aquele anseio de auxiliar o próximo.
Um pormenor que não
pode deixar de ser mencionado é o das consequências advindas do aborto
provocado por aquela irmã, quando a vítima do passado, o próprio pai adotivo
assassinado, tentou o renascimento.
Tivesse ela assumido
a responsabilidade maternal ao primeiro tentame, e não teria passado por tão
cruéis sofrimentos.
É por isso que
proclamamos, alto e bom som: somos, efetivamente, «milionários da felicidade».
Jamais alguém
conceituou os Espíritas com tamanha exatidão.
«Milionários da
felicidade»!
Nenhuma mulher
espírita terá coragem de promover um aborto. E, se o fizer, pobrezinha dela!
A Doutrina Espírita
preceitua que o aborto é um crime horripilante, tão condenável quanto o em que
se elimina a existência de um adulto.
Conhecesse aquela
irmã o Espiritismo e tê-lo-ia evitado, fugindo-lhe, assim, às desastrosas
consequências.
A misericórdia
divina, entretanto, se compadece infinitamente de todos nós.
Via de regra, é
através de acerbas provações que o Espírito humano, redimindo-se, reparando os
erros, destruindo sinais de ódio e de sangue, inicia, esperançoso, a sublime
caminhada para o Monte da Sublimação.
Acolhidos,
inicialmente, em um núcleo cristão, o verdugo, a vítima e o cúmplice serão
beneficiados.
Através de passes
magnéticos, da doutrinação verbal amorosa e das vibrações dos componentes do
grupo, receberão os três as claridades prenunciadoras da reconciliação, quando,
então, o verdugo reingressará “nas correntes da vida física», reencarnando na
condição de filhinho querido daqueles que, ontem, enceguecidos pela avareza,
lhe cortaram impiedosamente o fio da existência...
Com a palavra, mais
uma vez, o Assistente Áulus:
«Noite a noite, de
reunião em reunião, na intimidade da prece e dos apontamentos edificantes, o
trio de almas renovar-se-á pouco a pouco.»
O perseguidor
sentirá a necessidade de perdoar, único caminho para alcançar a indispensável melhoria...
A vítima, devedora
direta, sentirá a necessidade de fortalecer-se e, perdoando, recuperar-se a fim
de, com Jesus, oferecer mais adiante a sua mediunidade aos serviços
assistenciais..
E o esposo, devedor
indireto, autor intelectual do crime, será compelido à meditação, à calma e à
paciência, a fim de que, acertando as suas contas, tenha paz e felicidade.
Este capítulo faz
referência ao Capítulo 10 (Sonambulismo
torturado) do livro Nos domínios da Mediunidade pelo espírito André Luís e
psicografia de Francisco Cândido Xavier.
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