Cap. IV – Itens 8 a 11
Ressurreição e reencarnação (continuação)
8. Para
se apanhar o verdadeiro sentido dessas palavras, cumpre também se atente na
significação do termo água que ali não fora empregado na acepção que
lhe é própria.
Muito
imperfeitos eram os conhecimentos dos antigos sobre as ciências físicas. Eles
acreditavam que a Terra saíra das águas e, por isso, consideravam a água como
elemento gerador absoluto. Assim é que na Gênese se lê: "O
Espírito de Deus era levado sobre as águas; flutuava sobre as águas; - Que o
firmamento seja feito no meio das águas; - Que as águas que estão debaixo do
céu se reúnam em um só lugar e que apareça o elemento árido; - Que as águas produzam
animais vivos que nadem na água e pássaros que voem sobre a terra e sob o
firmamento.”.
Segundo essa
crença, a água se tornara o símbolo da natureza material, como o Espírito era o
da natureza inteligente. Estas palavras: "Se o homem não renasce da água e
do Espírito, ou em água e em Espírito", significam, pois: "Se o homem
não renasce com seu corpo e sua alma." E nesse sentido que a principio as compreenderam.
Tal
interpretação se justifica, aliás, por estas outras palavras: O que é
nascido da carne é carne e o que é nascido do Espírito é Espírito. Jesus
estabelece aí uma distinção positiva entre o Espírito e o corpo. O que é
nascido da carne é carne indica claramente que só o corpo
procede do corpo e que o Espírito independe deste.
9. O Espírito
sopra onde quer; ouves-lhe a voz, mas não sabes nem donde ele vem, nem para
onde vai: pode-se entender que se trata do Espírito de Deus, que
dá vida a quem ele quer, ou da alma do homem. Nesta última acepção -
"não sabes donde ele vem, nem para onde vai - significa que ninguém sabe o
que foi, nem o que será o Espírito. Se o Espírito, ou alma, fosse criado ao
mesmo tempo que o corpo, saber-se-ia donde ele veio, pois que se lhe conheceria
o começo. Como quer que seja, essa passagem consagra o princípio da
preexistência da alma e, por conseguinte, o da pluralidade das existências.
10. Ora, desde
o tempo de João Batista até o presente, o reino dos céus é tomado pela
violência e são os violentos que o arrebatam; - pois que assim o profetizaram
todos os profetas até João, e também a lei. - Se quiserdes compreender o que
vos digo, ele mesmo é o Elias que há de vir. - Ouça-o aquele que tiver ouvidos
de ouvir. (S. MATEUS, cap. XI, vv. 12 a 15.)
11. Se o
princípio da reencarnação, conforme se acha expresso em S. João, podia, a
rigor, ser interpretado em sentido puramente místico, o mesmo já não acontece
com esta passagem de S. Mateus, que não permite equívoco: ELE MESMO é o
Elias que há de vir. Não há aí figura, nem alegoria: é uma afirmação
positiva. -"Desde o tempo de João Batista até o presente o reino dos céus
é tomado pela violência." Que significam essas palavras, uma vez que João
Batista ainda vivia naquele momento? Jesus as explica, dizendo: "Se
quiserdes compreender o que digo, ele mesmo é o Elias que há de vir." Ora,
sendo João o próprio Elias, Jesus alude à época em que João vivia com o nome de
Elias. "Até ao presente o reino dos céus é tomado pela violência":
outra alusão à violência da lei moisaica, que ordenava o extermínio dos
infiéis, para que os demais ganhassem a Terra Prometida, Paraíso dos hebreus,
ao passo que, segundo a nova lei, o céu se ganha pela caridade e pela brandura.
E acrescentou: Ouça
aquele que tiver ouvidos de ouvir. Essas palavras, que Jesus tanto
repetiu, claramente dizem que nem todos estavam em condições de compreender
certas verdades.
Questões para estudo e diálogo virtual:
1 – No texto,
qual o significado do termo “água”?
2 – Por que
era muito comum a frase de Jesus: “Ouça aquele que tiver ouvidos de ouvir”?
3 – Extraia do
texto acima a frase ou parágrafo que mais gostou e justifique.
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