Comportamentos
exóticos
A
dependência psicológica do morbo da queixa, traduzindo insegurança e instabilidade
emocional, leva a estados perturbadores que se podem evitar, mediante o cuidado
na elaboração das ideias e do otimismo na observação das ocorrências.
O
queixoso perdeu o endereço de si mesmo, transferindo-se para os departamentos
da fiscalização da conduta alheia.
Síndrome
compulsiva para aparecer, o paciente oculta-se na mentirosa postura de vítima
ou na condição de portador de conduta inatacável, escorregando pela viciação
acusadora, que mais lhe agrava o distúrbio no qual estertora.
Da
simples fixação do erro e apenas dele — conforme afirma o brocardo popular,
enxerga uma agulha num palheiro — modifica o comportamento perdendo a linha
convencional do que é correto e saudável para viver de maneira alienada,
cultivando exotismos, dando largas ao inconsciente, responsável pelas
repressões que se transformaram em mecanismos de afirmação da personalidade.
Saúde,
em realidade, é estado de bom humor, com inalterável tolerância pelas
excentricidades dos outros e seus correspondentes erros.
O homem
saudável sobressai pela harmonia e otimismo em todas as situações, mantendo-se
equilibrado, sem os azedumes perturbadores, os ademanes chamativos, nem as
agravantes manifestações anômalas.
A
doença caracteriza-se pela inarmonia em qualquer área da pessoa humana, gerando
os distúrbios catalogados nos diferentes departamentos do corpo, da mente, da
emoção.
A
insegurança, a frustração, os complexos de inferioridade, perturbando o equilíbrio
psicológico, transferem-se para as reações nervosas, manifestando-se em
contrações musculares, fixações, repetições de gestos, palavras e conduta
alienadoras, que degeneram nas psicoses compulsivas, específicas, cada vez mais
constritoras, em curso para o desajuste total...
O
excêntrico é ser atormentado, ególatra; frágil, que se faz indiferente; temeroso,
que se apresenta com reações imprevisíveis; insensível, que se recusa
enfrentar-se. Ignora os outros e vive comportamentos especiais, como única
maneira de liberar os conflitos em que se aturde.
A
psicoterapia própria, reajustadora, apresenta-se propondo-lhe uma revisão de
valores culturais e sociais, envolvendo-o no grupo familiar e nos problemas da
comunidade, a fim de que rompa a carapaça da dissimulação e assuma as
responsabilidades que interessam a todos, tornando-se célula harmônica, ativa,
ao invés de manter-se em processo degenerativo, ameaçador...
Atavicamente
herdeiro dos hábitos pretéritos, conduz, de reencarnações infelizes,
excentricidades multiformes, como arquétipos do inconsciente coletivo que, no
entanto, são gerados por ele próprio.
Nessa
área, surgem os distúrbios do sexo, predominando a psicologia à morfologia,
caracterizando biótipos extravagantes, que chamam a atenção pelo desvio de
conduta, por fenômeno psicológico de não aceitação de sua realidade, compondo
uma personificação que agride aos outros, e a si mesmo se realiza em fenômeno
de autodestruição.
A
exibição não é apenas uma forma de assumir o estado interior, psicológico, mas,
também, de chocar, em evidente revolta contra o equilíbrio mente-corpo,
emoção-função fisiológica...
Por
extensão, a compulsão psicótica leva-o à extroversão exagerada, em todas as
formas da sua comunicação com o mundo exterior, pondo para fora os conflitos,
mascarados em expressões que lhe parecem afirmar-se perante si mesmo e as
demais pessoas.
Outrossim,
algumas dessas personalidades exóticas fazem-se isoladas onde quer que se
encontrem, evitando o relacionamento com o grupo, em postura excêntrica, de
natureza egoísta.
Exigem
consideração, que não dispensam a ninguém; auxílio, que jamais retribuem;
gentilezas, que nunca oferecem, sendo rudes, mal-humorados, insensíveis e
presunçosos.
Essa é
uma fase adiantada do comportamento exótico, que exige mais acentuada terapia
de profundidade.
Nesse
estágio da conduta, os sonhos são-lhes caracterizados pela necessidade
tormentosa de conseguirem a realização plenificadora, que não atingem.
Devaneios
íntimos povoam-lhes o campo onírico, referto de transtornos e pesadelos, que
mais os inquietam quando no estado de consciência lúcida.
Os
fatos da infância ressurgem-lhes fantasmagóricos, e a imagem da mãe, excessivamente
dominadora ou tragicamente benévola, que transferiu para o rebento suas frustrações
e nele passou a realizar-se, anelando para a felicidade do ser querido tudo
aquilo quanto não fruiu, neurótica, portanto, na sua estrutura maternal.
A
psicoterapia deve apoiar-se na busca da conscientização do paciente, para que
assimile novos hábitos, empenhando-se em harmonizar a sua natureza interior com
a sua realidade exterior, exercitando-se no convívio social sem a tentação de
destacar-se, sendo pessoa comum, identificada com os objetivos normais da vida,
que escolherá conforme as próprias aptidões, trabalhando com esforço a
modelagem da nova personalidade.
O
desenvolvimento da criatividade contribui para o ajustamento da personalidade
ao equilíbrio, gerando o enriquecimento interior, que anulará os condicionamentos
viciosos.
Sem
dúvida, o acompanhamento do psicólogo assim como do analista atentos lhe
propiciará o encontro com o eu profundo e seus conteúdos psíquicos,
liberando-se das heranças neuróticas e dos condicionamentos psicóticos.
O homem
e a mulher saudáveis têm comportamento ético, sem pressão, e tornam-se comuns,
sem vulgarizarem-se.
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