15 - Desdobramento
mediúnico
O
capítulo “Desdobramento em Serviço” esclarece essa singular mediunidade,
realmente pouco comum entre nós.
As
ocorrências relacionadas com o desprendimento do Espírito do médium Castro — a
começar no recinto dos trabalhos e terminando em esfera espiritual de reajuste,
onde Oliveira, recém-desencarnado, refazia as próprias forças - favorecem a
compreensão, inclusive de criaturas pouco afeitas a raciocínios mais profundos,
desse maravilhoso fenômeno.
Ainda
existe, mesmo em círculos espiritistas, quem faça uma certa confusão entre
«médium de transporte» e «médium de desdobramento».
Vez por
outra, ouve-se a informação: «Fulano é médium de transporte...
E
quando são pedidos detalhes, verifica-se que o Fulano mencionado é simplesmente
um médium de desdobramento.
Médium
de transporte é o de efeitos físicos e que serve de instrumento para que os
Espíritos transportem objetos, flores, joias, etc., do exterior para o interior
e vice-versa.
Esse é
o médium que, corretamente, podemos denominar de “transporte”.
Médium
de desdobramento é aquele cujo Espírito tem a propriedade ou faculdade de
desprender-se do corpo, geralmente em reuniões.
Desprende-se
e excursiona por vários lugares, na Terra ou no Espaço, a fim de colaborar nos
serviços, consolando ou curando.
Esse é
o médium de desdobramento.
Castro,
nosso conhecido de «Nos Domínios da Mediunidade», é médium de desdobramento e
está sendo preparado para maiores cometimentos na seara da fraternidade.
Dispensamo-nos
de comentários mais amplos, porque essa exigência, mais técnica que moral, já
foi atendida com o diagrama organizado para o estudo dessa faculdade e já
incorporado a este livro, no presente capítulo. Há condições, de ordem moral
especialmente, das quais não pode o médium de desdobramento prescindir, se
deseja aprimorar a sua faculdade e aumentar os seus recursos, como sejam:
a) —
Vida pura
b) —
Aspirações elevadas
c) —
Potência mental
d) —
Cultivo da prece
e) —
Exercício constante
Além
dessas condições, que reputamos indispensáveis ao médium, os componentes do
grupo têm também deveres e responsabilidades, uma vez que lhes compete auxiliar
o desprendimento, acompanhar mentalmente a trajetória do Espírito do médium e
encorajá-lo, também pelo pensamento, em sua viagem.
Assim
sendo, lembramos que três fatores essenciais são requisitados dos encarnados,
nos serviços de desdobramento, a saber:
a) —
Auxílio, através da prece
b) —
Concentração
c) —
Exortação
A
exortação, como não podia deixar de ser, é tarefa do dirigente encarnado dos
trabalhos, isto no plano físico.
Há
médiuns de desdobramento que recordam as ocorrências da excursão, enquanto
outros, embora façam o relato durante o desdobramento, voltam ao corpo como se
tivessem saído de prolongado sono.
Sutilezas
do mediunismo...
Alguns
necessitam de auxílio magnético dos encarnados, para conseguirem o
desdobramento, enquanto outros se desprendem facilmente, com a maior
espontaneidade.
A nosso
ver, nos trabalhos do Espiritismo Cristão, onde toda atividade deve
caracterizar-se pela espontaneidade; no Espiritismo Cristão, onde se enxugam
lágrimas e se abraçam almas revoltadas, é mais aconselhável aproveitar-se a
cooperação daqueles que se desdobram com naturalidade, apenas com o concurso
magnético dos Protetores Espirituais.
«Incipiente
ainda nesse gênero de tarefa», Castro contou, em sua excursão astral, com a
cooperação de Rodrigo e Sérgio, dois companheiros da Espiritualidade, os quais
«lhe aplicaram à cabeça um capacete em forma de antolhos», a fim de que a sua
atenção não se desviasse, no trajeto, para as peculiaridades do caminho,
evitando-se a dispersão dos seus próprios recursos, inclusive para não
dificultar o esforço volitivo.
«Vimos
o rapaz, plenamente desdobrado, alçar-se no espaço, de mãos dadas com ambos os
vigilantes» — informa André Luiz.
E mais
adiante:
«O trio
volitou em sentido oblíquo, sob nossa confiante expectação. »
E à
medida que avançavam noite a dentro, espaço a fora, o médium, «adormecido»,
descreve a viagem:
«Seguimos
por um trilho estreito e escuro!... Oh! tenho medo, muito medo... Rodrigo e Sérgio
amparam-me na excursão, mas sinto receio! Tenho a ideia de que nos achamos em
pleno nevoeiro...”
A
situação é perfeitamente compreensível: o Espírito de Castro atravessa zonas
próximas à Terra, impregnadas da substância mental (piche aerificado, como
costumam definir os Amigos Espirituais) expelida pelas Inteligências encarnadas
e a traduzirem os habituais desequilíbrios humanos...
Desejos
inferiores, caprichos, ódios, ambições, crimes...
Raul
Silva, o dirigente dos trabalhos, vigilante, «elevou o padrão vibratório do
conjunto, numa prece fervorosa em que rogava do Alto forças multiplicadas para
o irmão em serviço. »
«A
oração do grupo — informou Áulus —, acompanhando-o na excursão e transmitida a
ele, de imediato constitui-lhe abençoado tônico espiritual.
Ah!
sim, meus amigos — prosseguia Castro, qual se o corpo físico lhe fosse um
aparelho radiofônico para comunicações a distância —, a prece de vocês atua
sobre mim como se fosse um chuveiro de luz... Agradeço-lhes o benefício!...
Estou reconfortado... Avançarei!... »
E
assim, estimulado pela prece de Raul Silva, pela concentração dos encarnados e
pelo concurso de Rodrigo e Sérgio, chega Castro ao ponto terminal da excursão,
onde se entrega às alegrias do reencontro com Oliveira, dedicado companheiro do
núcleo mediúnico, recentemente desencarnado.
Essa
visita possibilita-nos a observação de interessante fenômeno: Oliveira transmite
ao grupo, por Intermédio de Castro, uma mensagem de reconhecimento e júbilo:
«Meus amigos, que o Senhor lhes pague. Estou bem, etc. etc.»
Castro
(Espírito) recebe e retransmite ao próprio corpo as palavras do amigo
desencarnado. E elas ressoam, efetivamente, junto aos companheiros encarnados:
«Meus
amigos, que o Senhor lhes pague. Estou bem, etc., etc...»
Esse
fato leva-nos a recordar oportunas conclusões doutrinárias, no tocante ao
mecanismo de certas comunicações de entidades superiores.
Suas
palavras, até chegarem ao cenário terrestre, nos grupos mediúnicos, sofrem uma
série de não sabemos quantas retransmissões, à maneira das recomendações de um
general que, passando pelos oficiais imediatos, em escala descendente, chegam
até ao simples soldado...
É a
confirmação do princípio doutrinário de que, quanto maior a elevação, maior
também a distância do comunicante.
Retornando
ao corpo, Castro esfrega os olhos, como quem desperta de grande sono».
A
tarefa da noite estava concluída.
Este capítulo faz referência ao Capítulo 11 (Desdobramento em Serviço) do livro Nos domínios da Mediunidade pelo espírito
André Luís e psicografia de Francisco Cândido Xavier.
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