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Clarividência e clariaudiência
Clarividência
é a faculdade pela qual a pessoa vê os Espíritos com grande clareza.
A própria
palavra indica: é a vidência clara.
Clariaudiência
é a faculdade pela qual a pessoa ouve os Espíritos com nitidez.
É, por
conseguinte, a audição clara.
Qualquer
pessoa estudiosa dos assuntos espíritas saberá que o médium clarividente ou
clariaudiente vê e ouve pela mente, sem necessidade do concurso dos olhos e dos
ouvidos corporais.
Quantas vezes,
tentando sustar uma visão desagradável, produzida por um Espírito menos
esclarecido, o médium fecha os olhos e, quanto mais os aperta, a visão se torna
mais nítida e melhor se definem os contornos da entidade?
Quantas vezes,
também, fecha os ouvidos para não ouvi-la, comprimindo-os fortemente, sem,
contudo, deixar de ouvir (a voz dos Espíritos»?
Bastaria isso,
pensamos nós, para a comprovação plena da tese de que não se vê nem se ouve com
os olhos e os ouvidos corporais.
Entretanto,
acrescentemos outro exemplo: durante o sono a nossa alma, libertando-se algumas
horas do corpo, inicia nova atividade, durante a qual vê, ouve e sente sem a
cooperação dos órgãos físicos, o que confirma, pacificamente, a realidade já
bastante conhecida dos espíritas: a visão e a audiência independem dos órgãos
visuais e auditivos.
O médium vê e
ouve através da mente, que, nesse caso, funciona à maneira de um prisma, de um
filtro que reflete, diversamente, quadros e impressões, ideias e sentimentos
iguais na sua origem.
Uma ocorrência
supranormal produzida pelos Espíritos, em recinto fechado ou em qualquer parte,
pode ser vista e ouvida diferentemente por dois, três ou quatro médiuns.
Cada um
vê-la-á a seu modo, de acordo com o seu próprio estado mental e, em última
análise, com os seus próprios recursos psíquicos.
Respondendo a
uma indagação de Hilário sobre este assunto, o Assistente Áulus esclarece:
“O círculo de
percepção varia em cada um de nós.” E, mais adiante, acrescenta, à guisa de
exemplo:
«Uma lâmpada
exibirá claridade lirial, em jacto contínuo, mas, se essa claridade for
filtrada por focos múltiplos, decerto estará submetida à cor e ao potencial de
cada um desses filtros, embora continue sendo sempre a mesma lâmpada a fulgurar
em seu campo central de ação...
O fenômeno
psíquico é como a claridade da lâmpada: sendo o mesmo, pode ser observado e
interpretado de vários modos, segundo a filtragem mental de cada medianeiro.
O gráfico
ilustrativo deste capítulo objetiva comprovar a tese exposta: assim como a
claridade da lâmpada, ao atravessar focos de cores diferentes, faz que a luz
tenha alterada a coloração original, da mesma forma três médiuns (três mentes
diferentes) obviamente registram a seu modo o mesmo fenômeno.
As variações
auditivas e visuais são demonstráveis através da observação seguinte: três são
os médiuns presentes ao grupo visitado por André Luiz e Hilário, sob o comando
do Assistente Áulus.
André Luiz
pondera que, «sutilmente ligados à faixa fluídica de Clementino (supervisor
espiritual da reunião), os três médiuns, cada qual a seu modo, lhe acusavam a
presença», no tocante à vidência e à audiência.
Quanto à
vidência, acompanhemos as variações:
a) — Dona
Celina o vê perfeitamente.
b) — Dona
Eugênia o vê como se estivesse envolvido num lençol.
c) — Castro o
vê com nitidez.
No tocante à
audição, a mesma diversidade:
d) — Dona
Celina ouve-o perfeitamente.
e) — Dona
Eugênia ouve-o “em forma de intuição.”
f) — Castro
nada ouve.
Porque tal
divergência no registro da presença do Espírito amigo?
Clementino não
estava sintonizado com os três médiuns?
Não deveria,
por conseguinte, ser visto e ouvido em igualdade de condições?
Isso é o que
nos parece; entretanto, considerando que o círculo de percepção varia em cada
um de nós» e que a luz, atravessando filtros de várias cores, projeta focos de
coloração diferente, a resposta àquelas indagações é simples e lógica.
Cada mente tem
uma capacidade peculiar de percepção dos fenômenos, registrando-os, assim, de
modo variado.
O médium que
estuda e começa a entender esses delicados matizes do mediunismo, dificilmente
fará juízos temerários quanto à vidência de outrem, ante a certeza de que os
fenômenos por ele não observados podem, indubitavelmente, ser percebidos por
outro companheiro.
Conjugar,
pois, o conhecimento da Doutrina e do Evangelho significa caminhar para a
compreensão e o entendimento.
O médium
esclarecido saberá que os fenômenos espíritas, por transcendentes, estão ainda
muito longe de ser por nós integralmente compreendidos.
E recordará,
além disso, que a palavra do Senhor permanece: «Com a mesma medida com que
medirdes o vosso irmão, sereis também medidos...»
Este
capítulo faz referência ao Capítulo 12 de mesmo nome do livro Nos domínios
da Mediunidade pelo espírito André Luís e psicografia de Francisco Cândido
Xavier.
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