A nova estrutura do ser humano
À
medida que a Psicologia vem aprofundando a sonda da investigação nos alicerces
psíquicos do ser, tentando compreender as alterações da consciência, mais se
agigantam as perspectivas do conhecimento para tornar a existência humana mais
digna de ser vivida.
A
súbita mudança de conceitos cartesiano-newtonianos a respeito de tempo e espaço
— graças aos admiráveis descobrimentos da física quântica, face aos nobres
intentos vitoriosos das neurociências e da Biologia molecular, em razão do
aprofundado estudo do cérebro através da holografia, diante da análise
cuidadosa dos estados alterados de consciência por meio da hipnose, da
aplicação de drogas psicodélicas, da meditação, — ensejou melhor visão em torno
do ser humano e sua grandiosa dimensão.
Estudos
acurados dos hemisférios cerebrais concluíram que o esquerdo é responsável pela
razão e lógica, pelas funções verbais, pela globalização, enquanto o direito se
encarrega do comportamento místico, indutivo, intuitivo, orientação espacial...
Como consequência, estabeleceu-se que, nos ocidentais, o hemisfério esquerdo é
mais desenvolvido do que o direito, esse mais usado pelos orientais e, por isso
mesmo, portador de mais amplos recursos.
Por
outro lado, graças aos estudos e observações de alguns neuropsiquiatras,
constatou-se que todo o cérebro é detector da memória, necessitando de ser
devassado para melhor compreender-se os múltiplos fenômenos paranormais de que
se faz instrumento, ora inconscientemente, noutras ocasiões mediante induções,
concentrações e contribuições conscientes.
A
Psicologia Transpessoal e a Parapsicologia, unindo-se para interpretar os
estados alterados de consciência, eliminando a esdrúxula e tradicional explicação
de que são fenômenos patológicos, aproximam-se da realidade do Espírito, que é
indissociável de todo acontecimento físico e psíquico.
Toda a
gama de fenômenos parapsicológicos na ordem psigama — clarividência, telepatia,
pre e retrocognição, escrita automática — ou psikapa — transporte, ectoplasmia,
desmaterialização, bicorporeidade —conduz à certeza de um agente racional e
lúcido — o Espírito — como causa de todas as manifestações, encontrando-se
encarnado ou não.
O ser
organicista, em razão disso, cede lugar ao indivíduo psi ou espiritual, portador
de percepções extra-sensoriais e faculdades mediúnicas, que lhe constituem
instrumentos de trabalho e progresso, mediante as experiências continuadas na
esteira das reencarnações.
O
Espírito é a base da Psicologia Transpessoal, conforme demonstra a Ciência
Espírita, em inumeráveis experiências mediúnicas.
Essa
visão nova explica os desarranjos comportamentais, as diferenças de coeficiente
intelectual, os estados patológicos variados, ao mesmo tempo enriquecendo as
psicoterapias com arsenal de informações libertadoras, hauridas no estudo das
obsessões, das reencarnações e dos desconsertos mediúnicos.
Desse
modo, o ser humano supera a condição reducionista a que foi submetido por
alguns psicólogos e amplia a dualidade corpo-espírito, para apresentar-se em
estrutura completa, que abarca todas as ocorrências que lhe sucedem.
Organizando
o corpo somático, o Espírito se utiliza dos equipamentos do perispírito,
tornando-se o indivíduo um ser trino, no qual a morte física dilui a forma sem
aniquilar a sua realidade, transferindo, mediante o corpo intermediário, para o
Espírito que sedia a vida, conquistas e prejuízos que lhe programam os futuros
renascimentos.
A
unicidade da existência corporal não corresponde à realidade, face às diferenças
morais, culturais, sociais, psicológicas, orgânicas, que caracterizam as
criaturas humanas, estagiárias nos mais diferentes patamares da vida.
A
reencarnação, pelo contrário, faculta a compreensão dos fenômenos evolutivos,
favorecendo todos os seres com as mesmas possibilidades de crescimento, desde a
monera ao arcanjo, vivenciando as mesmas oportunidades e adquirindo sabedoria —
conquista do conhecimento e do amor — que culmina em sua plenitude.
Reconhecida
a nova estrutura do ser humano —Espírito, perispírito e matéria — a Psicologia
pode melhor penetrar nos arcanos do inconsciente, que possui todo o
conhecimento de tempo — passado, presente e futuro — como a dimensão de espaço
— o infinito no finito.
Sediando
o Espírito, conforme a visão espírita assevera, a lei de Deus está escrita na
consciência (*) detentora da realidade, que a pouco e pouco se desvela, conforme
a evolução do próprio ser, no seu processo de lapidação de valores e
despertamento das leis que nela dormem latentes.
Nos
alicerces do inconsciente se encontram todas essas bênçãos que, lentamente,
assomam à consciência e se tornam patrimônio da lucidez, fazendo o ser
compreender que nem tudo quanto pode fazer, deve-o; da mesma forma que nem tudo
quanto deve, pode; conseguindo a sabedoria de fazer somente o que deve e pode
como membro consciente que age de acordo com a harmonia cósmica.
Esse, o
grande desafio para a Psicologia profunda, qual seja, avançar cada dia mais na
interpretação do ser humano, sem deter-se em modelos estáticos, tradicionais,
atenta às informações das demais ciências e do Espiritismo, assumindo uma
posição aberta e holística.
(*) Questão 621 de O Livro dos Espíritos de Allan
Kardec. - Nota da Autora espiritual.
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