QUINTA PARTE
PROBLEMAS HUMANOS
Problemas Humanos
Os
problemas humanos ou desafios existenciais fazem parte do organograma da
evolução.
A
criatura pensante é um ser incompleto ainda, em constante processo de aprimoramento,
de transformações, em prolongado esforço para desenvolver os potenciais
psicofísicos, parapsicológicos e mediúnicos nela em latência.
Aferrada
às impressões mais grosseiras do ego, face ao que considera como fatores
indispensáveis à sobrevivência — valores materiais que propiciam alimentação,
vestuário, repouso, prazer e tranquilidade ante a doença e a velhice —
desenvolve o apego e exterioriza o sentimento centralizador da posse,
mantendo-se em alerta para a preservação desses bens, que lhe parecem de
significado único, portanto, essenciais.
Qualquer
ameaça, real ou imaginária, que possa produzir a perda, torna-se problema, que
logo se incorpora à conduta, gerando perturbação, desar.
Além
desses, outros (problemas) há de natureza psicológica, como heranças
reencarnacionistas, que ressumam em forma de fenômenos patológicos,
inquietadores.
Somem-se-lhes
os que se derivam do inseguro inter-relacionamento pessoal, como decorrencia do
que se consigna em condição de imperfeições da alma.
Os problemas
enraízam-se, não raro, nos tecidos da malha delicada do psiquismo, avultando-se
ou perdendo o sentido, de acordo com as resistências fortes ou frágeis da
personalidade individual.
O que a
uns constitui gravame, aborrecimento, a outros não passa de insignificante
acidente de percurso que estimula a marcha.
Quanto
mais se valoriza o problema, mais vitalidade se lhe oferece, aumentando-lhe a
força de ação com os seus correspondentes efeitos.
Nas
personalidades instáveis, normalmente os complexos psicológicos assumem as
responsabilidades pelas ocorrências problematizantes.
Quando
algo em que se confia, ou do qual se espera resultado positivo, transforma-se
em desastre, insucesso, o ego foge, escamoteia-o, por falta de consciência
lúcida, afirmando: Eu sou culpado.
A
inferioridade psicológica desenvolve o complexo em que se refugia, e, mesmo
quando em aparente conflito, nele se realiza, justifica-se, deixa de lutar.
Certamente,
cada problema merece um tipo de atenção, de cuidado especial para a sua solução.
Esse esforço deve ser natural, destituído dos estímulos negativos do medo ou da
ansiedade, de modo a analisar a situação conforme se apresente, e não consoante
os fantasmas da insegurança desenhem na imaginação criativa — refúgio para a
irresponsabilidade que não assume o papel que lhe diz respeito.
Em
outros temperamentos, quando o problema se converte em dificuldade e ocorrência
prejudicial, o ego estabelece: A culpa é do outro; ou da saúde; ou da família;
ou do grupo social; ou da sociedade em geral, ou do destino...
Resolve-se
a questão utilizando-se do complexo de superioridade, e mediante esta conduta
coloca-se acima de qualquer suspeita de fragilidade, escondendo-se nas
justificativas de incompreendido, perseguido, infeliz...
Evitando
considerar o problema na sua real significação, passado o momento, compõe a
consciência de culpa e esse mesmo ego recorre à condicional dos verbos,
afligindo-se: Eu deveria ter feito de tal forma; eu poderia ter enfrentado; eu
tentaria evitar...
Mecanismos
perversos de imaturidade compõem a tecedura protetora do escapismo, para fugir
das consequências dos problemas, cuja finalidade é testar as possibilidades e
valores de cada uma em particular e de todas as criaturas em geral.
O
problema humano, portanto, maior e mais urgente para ser equacionado, é a
própria criatura.
Para
consegui-lo, mister se torna o amadurecimento psicológico, decorrente do
esforço sério e bem direcionado, do estudo do eu profundo e da sua busca
incessante, que são as metas existenciais mais urgentes.
Na
transitoriedade da condição humana, o eu profundo deve emergir, desatando os
inestimáveis recursos que lhe são inatos, graças aos quais o psiquismo comanda
conscientemente a vida, abrindo o leque imenso das percepções paranormais.
Nesse
elenco de registros parapsíquicos desabrocham os recursos mediúnicos que
propiciam o livre trânsito entre as duas esferas da vida: a física e a
espiritual.
Essa
dilatação da capacidade parafísica propicia o mergulho do eu profundo — o
Espírito — na causalidade dos fenômenos humanos, assim interpretando, na
origem, os problemas que sempre procedem das experiências anteriores.
Mesmo
quando são atuais e começaram recentemente, o ser que os enfrenta necessita
deles, recuperando-se moralmente, trabalhando o amadurecimento, porquanto, o
estado de infância psicológica decorre da ausência de realizações evolutivas.
Ninguém
permanece vivo sem o enfrentamento com os problemas, que existem para ser
resolvidos, oferecendo o saldo positivo de evolução.
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